A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em nome de 63 reitores das Universidades Federais brasileiras, manifesta "indignação com a violência, determinada por autoridades e praticada pela Polícia Federal, ao conduzir coercitivamente gestores (as), ex-gestores (as) e docentes da Universidade Federal de Minas Gerais, em uma operação que apura supostos desvios na construção do Memorial da Anistia"; os reitores afirmam ser "notória a ilegalidade da medida" e lembram que ela "repete práticas" do caso que levou Luiz Carlos Cancellier, reitor da USC, ao suicídio; "Apenas o desprezo pela lei e a intenção política de calar as Universidades podem justificar a opção de conduzir coercitivamente no lugar de simplesmente intimar para prestar as informações eventualmente necessárias".
Paulão, Depudato federal (PT-AL), Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) criticou a Operação “Esperança Equilibrista”, da Polícia Federal, realizada na UFMG.
Simone Schreiber, Desembargadora do TRF2 e professora de Direito Processual Penal da Unirio, ela classifica a condução coercitiva como "um ato violentíssimo e ilegal", que "só tem razão de ser por sua dimensão de espetáculo"; "Espetáculo de humilhação da pessoa investigada. Não serve para rigorosamente mais nada, só para a polícia federal fazer sua propaganda institucional, mostrando sua 'eficiência no combate ao 'crime'", acrescenta; uma das autoras do voto que deu liberdade ao almirante Othon Pinheiro, ela destaca que "nem o suicídio do Reitor Cancellier serviu para fazermos uma autocrítica"; "Está mais do que na hora de refletirmos sobre nossos atos, sobre o papel que a Justiça Federal tem desempenhado nessa crise institucional e para onde estamos indo", conclui.
João Bosco, cantor e compositor que compôs em parceria com Aldir Blanc a canção "O Bêbado e a Equilibrista", hino contra a ditadura militar, se disse indignado com a agressão da Polícia Federal à UFMG, na manhã de ontem; "Essa canção foi, e permanece sendo, na memória coletiva do país, um hino à liberdade e à luta pela retomada do processo democrático. Não autorizo, politicamente, o uso dessa canção por quem trai seu desejo fundamental", disse ele; o músico também expressou sua "defesa veemente da universidade pública, espaço fundamental para a promoção de igualdades na sociedade brasileira" e merece ser aplaudido de pé por todos os democratas brasileiros
Clá comentou o seguinte, após o texto extraordinário de Denise Assis a seguir, a respeito da falta de respeito às universidades públicas brasileiras a propósito de recente relatório do Banco Mundial que recomenda o ensino brasileiro deixar de ser gratuito:
Maravilha de texto. Ao ler o texto, escuta-se a música. No entanto, a melodia é marcada por um baixo-contínuo, que ameaça a integridade do campo social: o que se pode chamar de capital. Mais chocante do que tudo o que está acontecendo, é o grau de imbecilização da população. Enquanto as minas estão explodindo sob os nossos pés, pessoas ao nosso redor estão olhando o celular, babando e rindo. Se você esticar os olhos para a tela do aparelho, vai ver que ela está postando selfies ou jogando joguinhos imbecilizantes, mas nunca, NUNCA acessando conteúdos para ampliar seu nível cultural ou de instrução. A combinação baixo nível de escolaridade + uso do celular e redes sociais = imbecilização completa, alienação e absoluta disponibilidade para ser subjugado, dominado, psiquicamente morto, robotizado. É insuportável conviver com uma concentração recorde de burrice por metro quadrado de solo.
Que não debochem da nossa esperança equilibrista!
Por Denise Assis
Quando Michel esticou a sua ponte para o passado e se aboletou na cadeira presidencial, em nossas vidas caía a tarde feito um viaduto.
A sociedade brasileira, entorpecida pelo bombardeio midiático, e, crédula nos senhores “da Lei”, seguiu em passos trôpegos, tal qual um bêbado trajando luto. Sim, nós brasileiros, hoje, fazemos papel de palhaços. E isto me lembrou Carlitos.
Somos obedientes e submissos, como se vivêssemos no mundo da lua.
Enquanto isto, Michel, tal qual o dono de um bordel, diz com quem a pátria vai para a cama. Com que empresa estrangeira ela vai se deitar… Por aqui, os ditames da Constituição mais parecem a nós, cada estrela fria a implorar um brilho de aluguel.
Para 2018 prevemos nuvens, lá no mata-borrão do céu. E tememos os tempos em que falar em eleições era o mesmo que chamar os homens que chupavam manchas torturadas, que sufoco.
Sim, o povo brasileiro mais parece o Louco, o bêbado com chapéu-coco. Vai haver um momento, em que se acorde da letargia para impedir que a horda de malucos fascistas queira de volta o batalhão que fazia irreverências mil pra noite do Brasil, meu Brasil…
Esta terra, que hoje não sonha e nem sequer espera a volta do irmão do Henfil, e de tanta gente que partiu num rabo de foguete, apenas chora. Difícil, quase mesmo impossível é prever o futuro da nossa pátria mãe gentil.
Por toda parte choram Marias e Clarices no solo do Brasil, por terem sido banidas dos programas sociais e, com isto, não terem mais o que dar aos seus filhos na hora do jantar.
Esta é uma dor genuína, pungente, a de assistir a um filho desmaiar na escola por não ter sido alimentado. Este retrocesso, no entanto, não há de ser inutilmente vivenciado por esta população desvalida. Pois, certamente, ela não tem o que comer, mas tem boas lembranças do tempo em que havia iogurte na geladeira. Essa gente tem título de eleitor, essa gente tem vontade própria. A esperança de que haja eleições e possam exercer o inalienável direito do voto, dança na corda bamba de sombrinha. Há incertezas. E em cada passo desta linhaa população sabe que pode se machucar. É para ela que sobra sempre.
Mas azar também para os políticos que insistiram em ficar do lado das medidas opressoras para a classe trabalhadora. Para esses, os eleitores podem reservar boas surpresas nas urnas, caso as eleições ocorram.
A esperança equilibrista de tirar de cenas esses “senhores”, pode calar fundo naqueles que sentiram o golpe do roubo dos seus direitos. Cada trabalhador, a cada dia que nasce, sai de casa para buscar o sustento da família, e o faz porque sabe que o show de todo artista tem que continuar. Mas na boca da urna, é ele quem dirige o espetáculo.
- Written by Aldir Blanc, João Bosco • Copyright © Universal Music Publishing Group