Repentista
Interessantes vídeos concentrados da campanha de Haddad à presidência da república do Brasil em 2018, cujo segundo turno será definido neste domingo. Nele, você tem uma noção do que é um repentista nordestino, aqueles caras simples que inventam frases na hora, saídas de suas cabeças, rimando, ao som de música de forró, parecidos com ou precursores do Rap norte-americano de certos negros brasileiros de hoje. Campanha de Haddad Denuncia a Ditadura Bolsonaro, 10 Min:
Eu Explico
Para quem não sabe o que está acontecendo no Brasil atualmente, como meus filhos criados na Austrália que, junto com seus amigos, estão escandalizados com as publicações de parentes brasileiros de teor nazista no Facebook, desde o golpe do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, eleita pelo povo no quarto mandato consecutivo do Partido dos Trabalhadores, o PT, o gás de cozinha, que é derivado do petróleo e vendido no Brasil em bujões ao invés de ser encanado como na Austrália, subiu tanto de preço, e os pobres ficaram tão mais pobres enquanto muitos perderam seus empregos, que eles foram forçados a voltar ao tempo das cavernas e usar lenha (madeira) de gravetos de plantas para cozinharem porque não podem mais comprar gás de cozinha.
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| Bujão de gás de cozinha sendo entregue numa incrível e feliz casa de condomínio fechado do Brasil, sem muros nem grades, mas o condomínio é murado, eletrificado, e tem guarita, portões eletrônicos, vigilância humana e câmeras dia e noite, |
Garantir um preço justo e sem aumentos do gás é permitir àquele povo pobre voltar a poder comprar e cozinhar suas comidas como na época dos governos do PT. O mesmo aconteceu com o salário mínimo que cresceu tanto nos governos do PT que tirou 40 milhões de pessoas da pobreza e da miséria, um dos maiores programas de redução de diferenças sociais na história do planeta, população maior do que a da Austrália inteira. Com o golpe, o salário mínimo estagnou, parou de crescer mas a inflação não, e muita gente perdeu o emprego, voltando à pobreza como antes dos governos do PT. Garantir correção do salário mínimo como Haddad declarou, inclusive para os aposentados, é um passo para recuperar o poder de compra daquela população desgraçada pelo golpe.
No Brasil, cada mandato de governo presidencial dura 4 anos, e o PT, o mesmo partido de Lula que governou dois mandatos, e Dilma governaria mais dois se não tivesse sido removida por um crime inventado pela extrema-direita que jamais conseguiria se eleger democraticamente, ficou no poder de 2002 até 2016, quando foi removida pelo golpe. O impeachment não foi um golpe militar como o de 1964 que estabeleceu uma ditadura militar por 20 anos, desta vez foi um golpe jurídico e mdiático, ou seja, o setor jurídico do país foi manipulado a dar cobertura a um congresso corrupto sendo acobertado pela mídia hegemônica, corporativa, monopolista e bilionária.
As eleições do Brasil possuem dois turnos. Caso ninguém ganhe mais de 50% dos votos, os dois primeiros mais votados disputam o segundo turno 3 semanas depois, que será neste domingo 28 de outubro de 2018 entre os candidatos Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. No primeiro turno deste ano, Bolsonaro, o candidato nazista de extrema-direita conforme suas famosas declarações, quase chegou nos 50%, ficando com 46%. No segundo turno ele tem que enfrentar o segundo lugar que foi Haddad, do Partido dos Trabalhadores, o PT.
Como os brasileiros quase elegeram um nazista para presidente no primeiro turno?
A explicação é muito complicada, envolve não apenas o que é do conhecimento público através da mídia corportativa e altamente manipuladora da opinião pública, que é o descontentamento generalizado do povo com seus líderes políticos causado pela operação Lava Jato que, junto com a mídia, promoveu a maior perseguição política da história do Brasil em nome do combate à corrupção a fim de remover um governo que vinha sendo eleito em quatro mandatos seguidos porque tal governo agia a favor do povo e ameaçava o poderio mundial norte-americano com a soberania deste país continental. O lema era ódio ao PT, ódio a Lula e ódio a Dilma como sendo os maiores ladrões da história do país, e muita gente caiu nessa. Vários anos de perseguição política não conseguiram provas para isso, mas pegaram vários outros políticos, inclusive do PT, e mega-empresários e colocaram na cadeia ou em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Na época do PT no governo, toda a América Latina pendeu para a esquerda, assegurando sua soberania conjunta e deixando apenas 2 ou 3 países de fora, ainda sendo governados pela direita, e aquilo através do efeito dominó da assimilação e também por causa dos acordos de Lula com tais países a fim de promover o desenvolvimento do Brasil e de seus vizinhos no continente, o que o libertou da alcunha de "quintal dos Estados Unidos" como sempre havia sido conhecido nos bastidores críticos da politica e da economia internacional. Até então os países vizinhos do Brasil eram considerados irrelevantes e inexistentes para os brasileiros, e o povo brasileiro manipulado só tinha olhos para Miami ou Nova Iorque.
O outro lado da história
O lado não oficial desta crise atual envolve a Cambridge Analytica quando hackeou os dados do Facebook e a particularidade do Brasil ser o país que mais utiliza o aplicativo WhatsApp de telefone celular, comprado anos atrás pelo Facebook, que é difícil de ser controlado porque envia mensagens diretamente de pessoa pra pessoa e as espalha através de grupos imediatamente como se fossem gangues de fofoqueiros.
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| Ilustracao do livro A Lava Jato e os 40 Petroladrões de Ivo Patarra (não tenho a menor ideia do que tem dentro do livro, apenas achei a ilustração fofinha. |
Basicamente foi como espalhar boatos e provocar intrigas numa vizinhança como costuma acontecer no interior de todos os países do mundo.
Num escândalo descoberto e denunciado imediatamente depois do resultado do primeiro turno das eleições para presidente em 2018, apenas porque o candidato de extrema-direita não foi logo eleito no primeiro turno por causa de 4% faltando para atingir os 50% necessários àquela vitória, empresários bilionários favoráveis a Bolsonaro compraram pacotes de $12 milhões cada um a empresas como Yacows, Quickmobile, Croc Services e SMS Market para espalharem milhares de fake news pelo WhatsApp a fim de provocar o ódio da população ao Partido dos Trabalhadores de Lula, técnica desenvolvida com interferência da NSA norte-americana como primeiro passo das novas guerras híbridas que fazem o próprio povo alimentar o ódio entre eles próprios e liderarem suas próprias guerras por meio de brigas entre famílias e amigos. As pessoas recebem as fake news de amigos e parentes e por isso acreditam cegamente e espalham sem pesquisarem a veracidade.
Para isso a NSA pela Cambridge Analytica executou espionagem ilegal no comportamento do povo brasileiro interagindo nas redes sociais e grampeou até a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, o que foi denunciado pelo célebre Edward Snowden. O Brasil do PT estava ganhando muitos títulos mundiais vertiginosamente e precisava ser quebrado, derrotado, solapado, destruído, aniquilado.
O caso do Brasil é único no mundo e objeto de muitos estudos em várias áreas científicas do conhecimento humano, e o será por um bom tempo, principalmente se o candidato nazista ganhar estas eleições. Ele é o pior caso das tais guerras híbridas nutridas pelos norte-americanos a fim de tomarem conta do mundo num governo global, que é a agenda do seu chamado "governo das sombras", que nada mais é do que o governo dos poderosos trilionários com imenso poder financeiro e apenas interessados na concentração de suas próprias rendas em escala planetária.
Devido à índole do brasileiro em baixar a cabeça e se submeter, herança do passado de escravatura, a guerra civil se desenrolando não deve se assemelhar à da Síria. Não é preciso armas, apenas controle mental dos coitados vira-latas arrogantes mas ignorantes, como os brasileiros são vistos pelas grandes inteligências manipuladoras.
Por conta do poder e da soberania que o Brasil demonstrou ao mundo, ele tornou-se o principal alvo do governo das sombras norte-americano de extrema-direita a fim de eliminá-lo como competidor do poderio daquela nação, destruindo tudo o que o PT havia conseguido, a começar pelo pré-sal, que foi a maior jazida de petróleo do planeta descoberta pela Petrobras, empresa do governo brasileiro, sendo que o petróleo é atualmente o produto comercializado pelas maiores corporações mundiais, principalmente norte-americanas, que dominam o mercado a mais de 100 anos. Naturalmente que corrupção na Petrobras havia, e sempre houve, porque o Brasil é essencialmente corrupto, e corrupção sempre fez parte da sociedade brasileira como coisa normal e obrigatoriamente aceita.
Um amigo meu contava que durante o governo do PT na empresa pública em que ele trabalhava a impressão que se tinha era de que a corrupção havia aumentado muito. Eu costumava dizer pra ele que eram os funcionários descontentes com a política do PT que tornou mais difícil para eles continuarem mantendo as tradicionais escravas empregadas domésticas, então o que eles pudessem fazer para piorar a corrupção, eles faziam, tentando afogar o governo. Como se a corrupção "normal" do país já não bastasse, as classes médias prejudicadas com os direitos das empregadas domésticas e vários outros similares que trouxeram melhoras para as classes baixas porém "pioras" para as classes médias e ricas egoístas e sem senso social, fizeram de tudo para piorar e aumentar ainda mais. Não sabiam eles que estavam sendo manipulados para fazerem exatamente o que estavam fazendo.
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| Veja que PowerPoint mais inteligente, mas só se você é inteligente porque senão não vê |
Em dois anos, o Brasil foi totalmente destruído em tudo o que havia conseguido nos governos do PT e rebaixado a uma situação ainda pior do que no governo precendente de Fernando Henrique Cardoso, o FHC, do partido PSDB, conhecido como os "tucanos" (belo pássaro brasileiro de bico enorme).
Lava Jato
Tudo começou com a operação Lava Jato. Na realidade já havia começado com uma investigação conhecida como "Mensalão", Google no termo para saber mais. Se você for na Wikipedia, vai ler o quanto eficaz e maravilhosa tem sido a operação Lava Jato. O que você não vai ver são os perigosos e traidores bastidores da tal operação e seus desvios traiçoeiros manipulados. Você só vê isso através da mídia alternativa na internet, cujos links pricipais estão aí do lado direito deste blog.
Quem está elegendo o nazista Bolsonaro são as elites milionárias e as classes médias que lambem suas botas. Tais elites sempre fizeram muitos bilhões sob os governos corruptos de todos os tempos, incluindo a ditadura militar que gopeou o Brasil de 1964 até 1984, durante 20 anos em que perseguiu, prendeu, torturou e fez desaparecer a oposição em nome de combater o "comunismo" na época da guerra fria norte-americana contra a Rússia.
Caetano Veloso e Roger Waters
Para entender isso um pouco melhor, assista a estes 37 minutos de entrevista de Caetano Veloso a Roger Waters, ex-integrante da banda de rock Pink Floyd, em bastante polêmica tour pelo Brasil durante estas semanas porque ele é ativista dos direitos humanos internacionais. Caetano Veloso, colunista do Mídia Ninja, Interview: Roger Waters:
Esse conflito atual mostrou como a sociedade brasileira é absurdamente preconceituosa e racista. Antes a gente pensava que eram apenas piadas, mas hoje está provado que não era. Os preconceitos partem principalmente do sul do país, que é mais branco do que o norte e nordeste, que é mais negro. O sul do país abriga os refugiados da Alemanha nazista quando ela perdeu a guerra e por isso se diz que os nazistas sobrevivem no mundo porque se esconderam na América Latina, incluindo a Argentina. O Paraná é o pior estado de todos em termos nazistas, é lá que reside a operação Lava Jato, conhecida no mundo como a maior já realizada contra a corrupção, mas que tem sido usada pelos norte-americanos para só perseguir o Partido dos Trabalhadores. A Lava-Jato foi praticamente criada só para prender o ex-presidente Lula do PT, o que só conseguiram depois de inventarem crimes ridículos baseados em delações de corruptos de verdade que denunciaram Lula em troca da redução de suas sentenças de prisão, um novo tipo de argumento jurídico importado dos americanos baseado não em provas mas em "convicção". Ah, eu não tenho prova de que você comeu a maçã, mas eu sei que você comeu!
Apesar de haver milhares de corruptos no poder e em toda a sociedade brasileira desde o descobrimento do Brasil em 1500 pelos portuguêses, a Lava Jato concentrou-se apenas em quebrar as maiores indústrias privadas brasileiras, que eram a da construção civil e exportação de carne animal, ambas tornadas internacionais nos governos do PT, a fim de abrir espaço para corporações estrangeiras. A perseguição claramente poítica, mas acobertada pela mídia corporativa brasileira como sendo legal, quebrou as maiores empresas brasileiras ao invés de incriminar apenas seus donos ou diretores, como acontece no exterior em casos semelhantes. O objetivo é quebrar o Brasil e eliminá-lo como poderoso concorrente mundial em potencial, para reduzí-lo ao antigo "quintal" norte-americano, como sempre foi conhecida toda a América Latina historicamente, subserviente e fornecedora de matéria prima, como por exemplo, vendendo petróleo e comprando gasolina muito mais cara, que é o petróleo processado por refinarias. Na época do PT, não só o Brasil construiu refinarias, coisa que jamais havia feito antes, como ainda comprou refinaria em Pasadena, Califórnia, adentrando o mercado norte-americano lá mesmo, dentro do território da Exxon, maior empresa mundial. Foi muito descaramento desse paisinho chinfrim, muita ousadia de dona Dilma, provocando o ódio dos magnatas.
A Virada
Neste momento, muita gente está declarando publicamente haver mudado de opinião e resolvido votar em Haddad, o que inclui milhares de evangélicos, e gente que nunca votou no PT, e não votaria de jeito nenhum, mas agora tem que votar para evitar que o país se transforme em nazista.
Ironia do destino, agora você tem que votar no PT, queira ou não. É pra rir ou pra chorar?
Na hora do pega pra capar, o brasileiro ainda demonstra ter bom senso e acreditar mais no amor do que o ódio. Será o bastante para impedir o nazista de liderá-los a partir de primeiro de janeiro de 2019?
O motivo pelo qual tanta gente diz ter ódio ao PT é inexplicável, exceto se você admitir o poder da mídia corporativa brasileira e do WhatsApp que faz com que gente sem consciência civil, sem capacidade crítica, gente ignorante e relaxada tenha sido facilmente levada a esse ódio sem saber porque, apenas porque disseram mentiras para ela, que Lula era o maior ladrão da história do Brasil, através de fakes news como essa. Lula é um bilionário que ninguém consegue achar seus bilhões, mas está preso do mesmo jeito, como se fosse. Lula não quis fugir, se exilar, porque ele acredita na lei e na democracia, e não pode dar o gostinho de fugir como se fosse uma declaração de culpa. Ele vai até o fim para provar sua inocência, nem que morra na cadeia. Haddad foi a chance que o PT de Lula achou para substituí-lo como candidato à presidência este ano, porque a prisão lhe proibiu de candidatar-se, uma vez que se ele o fizesse, ganharia a eleição no primeiro turno, tal tornou-se sua popularidade, resultado oposto ao que os trilhões de dólares investidos na perseguição pretendiam.
Mesmo sendo perseguido desde antes de ser eleito pela primeira vez presidente do Brasil em 2002, e mesmo com a perseguição acirrada norte-americana do PT a partir de 2013, Lula e o PT cresceram muito mais no conceito do povo que tem sido capaz de entender que ele é um preso político e não um criminoso, o que é um bom progresso da inteligência comum nacional. O prestígio do PT subiu muito, quanto mais perseguem Lula e o PT, mais seu conceito sobe na população. Nem a perseguição implacável da mídia corporativa brasileira conseguiu fazer o PT e Lula caírem no conceito do povo, ao contrário, os bilhões gastos pelos perseguidores causaram o efeito contrário, pois o povo se lembra como a vida dele melhorou nos governos do PT, o que é diferente das elites e classes médias que odiaram ver os pobres dividindo os aviões e shopping centers, e os filhos deles tirando notas mais altas do que os filhos das elites nas universidades. Eles odeiam os pobres por causa da herança escravocrata do Brasil, o país que libertou os escravos negros africanos por último no mundo.
Le Monde
Melhor do que meu escrito acima, veja, abaixo, a reportagem do Le Monde na íntegra, em tradução de Sylvie Giraud. Le Monde é um jornal francês, sabe? Como Haddad disse, os estrangeiros são mais capazes de entender a situação brasileira do que os próprios brasileiros dentro do Brasil. Isso tudo que eu falo aqui, obviamente que tem suas excessões, e não é todo brasileiro que é burro, senão não teriam lotado as ruas da cidade ontem para torcerem por Bolsonaro... digo, Haddad... não é que eu esteja com Alzheimer é pra ver se vocês estão ligados mesmo...
Muita gente vira para nós e diz "ah, vocês estão fora do Brasil a muito tempo, não sabem de nada, como é viver aqui dentro" ao que respondemos, neguinho, a gente aqui fora sabe muito mais do que vocês aí dentro porque tem acesso à mídia independente internacional que informa enquanto vocês são manipulados à ignorância pela mídia corporativa brasileira que é corrupta, como tem provado o pastor evangélico da Igreja Universal, Edir Macedo, disponibilizando sua segunda maior cadeia nacional de TV aberta exclusivamente para o candidato nazista, o que é contra a lei, causando demissão voluntária de alguns de seus indignados jornalistas.
Eleição no Brasil: Jair Bolsonaro, ou a falência da classe política
Por Claire Gatinois (São Paulo, Correspondente) para o Le Monde
Escândalos de corrupção varreram da cena política primeiro o partido do ex-Presidente Lula e depois a direita, abrindo caminho para o candidato "anti-sistema" nas eleições presidenciais de domingo.
Dizem que em seu escritório em Curitiba, Capital do estado do Paraná, no sul do Brasil, o juiz anticorrupção Sergio Moro está preocupado. Uma pesquisa do Datafolha, divulgada na quinta-feira, 25 de outubro, atribui 44% de votos a Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda) contra os 56% de brasileiros - enojados com sua elite política - dispostos a votar em Jair Bolsonaro, um militar na reserva reacionário e belicoso, no Domingo 28 de outubro.
Na origem da operação "Lava Jato", que, a partir de 2014, divulgou um amplo sistema de corrupção envolvendo os caciques da política e dos negócios, o juiz é, indiretamente, o arquiteto da ascensão dessa extrema direita nostálgica do regime militar (1985-1964). "Bolsonaro é o outro nome da "Lava Jato "", escreveu em um artigo no jornal Folha de São Paulo, em 22 de outubro, Reinaldo Azevedo, autor do livro "O país dos petralhas" ("O país dos partidários do PT", 2008, Record).
"Justiceiro" do Brasil, o magistrado é sem dúvida a figura mais respeitada dos apoiadores pelos Bolsonaro. Uma vez eleito, o ex-pára-quedista pensa em nomeá-lo para o STF. "Super Moro", como às vezes é chamado, não só colocou Lula, o "pai dos pobres" - único adversário sério da direita - atrás das grades, como também revelou aos contribuintes o cinismo de eleitos de todas as tendências política que haviam se enriquecido às suas custas. Coveiro de um velho mundo político perverso, o juiz abriu o caminho a um "candidato anti-sistema" chamado Jair Bolsonaro.
Saída de Dilma Rousseff
A ascensão dos militares começa em 2015. A "Lava Jato" está nos editoriais de todos os jornais brasileiros divulgando as transgressões dos dirigentes históricos do PT. A multidão, indignada sai à rua para exigir a saída da presidente Dilma Rousseff. Dentre os manifestantes, encontram-se movimentos da direita dura, como o MBL, o Movimento Brasil Livre, mas também um punhado de radicais exigindo uma intervenção militar imediata ("agora mesmo").
Dilma, herdeira de Lula, reeleita em 2014, incapaz de lidar com uma recessão histórica, sofreu um impeachment em dezembro de 2015 por uma questão orçamentária não relacionada à corrupção. O processo é lançado por Janaina Paschoal, uma advogada exaltada que mais tarde será eleita deputada de São Paulo pelo Partido Socialista Liberal (PSL) ... de Jair Bolsonaro.
O país, atônito, descobre na época o ambicioso militar da reserva. O deputado, eleito há mais de vinte e cinco anos deve, em 17 de abril de 2016, pronunciar-se como seus pares, a favor ou contra o impeachment. Tomando o microfone em suas mãos, ele se sai com essa tirada aterradora: "Em memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, meu voto é sim."
O coronel Ustra foi um dos torturadores mais sanguinários do regime militar e Jair Bolsonaro dá voz aos nostálgicos da ditadura. O ódio penetra no cenário político, mas o capitão ainda faz parte do chamado "baixo clero" do Congresso. Um membro insignificante do Parlamento, cujas observações ultrajantes sobre mulheres, negros, homossexuais ou sobre as atrocidades policiais, é um folclore de Brasília.
Exatamente como uma quadrilha
É Michel Temer quem então passa a ser o centro das atenções. O vice-presidente de Dilma Rousseff toma o poder, estabelece um programa sem consulta popular e se alia ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB, à direita), perdedor da eleição de 2014. A esquerda se insurge contra o golpe.
Rapidamente, a política de reformas de Michel Temer se transforma em desastre e o Chefe do Estado, membro do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), é por sua vez, envolvido no arrastão da "Lava Jato". Suspeito de corrupção, lavagem de dinheiro, de participação em uma organização criminosa, salvo pelo Congresso, ele escapa por pouco de um impeachment. Aos olhos da opinião pública, Brasília tem tudo de uma quadrilha organizada. Quando o ex-candidato à presidência, Aécio Neves, do PSDB, deve, por sua vez, justificar-se em um caso de corrupção digno de um filme de série B, a indignação atinge seu auge.
EM AGOSTO, LULA PRESO É AINDA DETENTOR DE 39% DAS INTENÇÕES DE VOTO PARA PRESIDENTE SEGUIDO DE LONGE POR JAIR BOLSONARO COM 19%.
"O PSDB cometeu um erro terrível ao pensar que" Lava Jato "só serviria para varrer seus oponentes." A "Lava Jato" exterminou todo o sistema político brasileiro", diz Paulo Fabio Dantas Neto, professor de ciência política da Universidade Federal da Bahia.
Jair Bolsonaro aproveita-se desta paisagem devastada para promover sua candidatura. Mas ele tem um adversário: Lula. Iniciando uma operação de reconquista de seu eleitorado, tratando de "golpistas" todos aqueles que apoiaram o impeachment contra Dilma Rousseff, o ex-metalúrgico relembra aos eleitores os "anos felizes" de seus dois mandatos. Carismático, eloqüente, ele resgata uma parte de sua popularidade esvaecida depois da "Lava Jato".
Condenado em janeiro de 2018, em segunda instância, a doze anos de prisão por corrupção, o líder da esquerda ressalta as bizarrices de seu julgamento, critica duramente seus juízes e diz que é perseguido. Em abril, após um discurso magistral, ele entra de cabeça erguida pelas portas da prisão em Curitiba para cumprir sua sentença. Em agosto, o preso Lula detém 39% das intenções de voto para a eleição presidencial, seguido de longe por um Jair Bolsonaro com 19%.
Enxurrada de "fake-news"
Nesta altura, ninguém teme ainda o ex-pára-quedista. A direita o deixa espalhar livremente seu veneno contra o PT, enquanto a esquerda vê nele um adversário ideal, fácil de vencer no segundo turno. Confiante, o PT deixa os eleitores acreditarem que Lula será candidato apesar de sua condenação. Quando o Tribunal Eleitoral rejeita, na noite de 31 de agosto, a candidatura do ex-chefe de Estado, seu substituto, Fernando Haddad, ainda é desconhecido do público em geral. O partido acredita, no entanto, ser capaz de vencer de lavada a batalha contra o militar. "Todos subestimaram Jair Bolsonaro", disse Ruy Fausto, professor de filosofia da Universidade de São Paulo.
Ajudado por seus filhos, sem meios, sem tempo de campanha na televisão, Jair Bolsonaro, lidera uma campanha eficaz nas redes sociais, ainda amplamente ignoradas pelos partidos tradicionais. Facebook, Twitter, WhatsApp são tantas plataformas inundadas de "fake-news " obscenas contra seu rival e nas quais o capitão ataca o PT.
Apelidado de "o mito" por seus partidários, Jair Bolsonaro concentra seu discurso sobre a insegurança que gangrena as periferias das cidades, com uma proposta radical: armar os "cidadãos do bem". Ele também põe sobre a mesa seu grande trunfo: Paulo Guedes. Esse conselheiro econômico ultraliberal que promete reformas e privatizações conquista de vez empresários e mercados financeiros.
A burguesia, seduzida pelo capitão que alimenta, como ela, um ódio profundo ao PT, esquece as infâmias do candidato. Ela deixa livre curso à idéia de que Fernando Haddad - na verdade um moderado - seria o representante de uma esquerda ultrapassada, deixando planar a "ameaça comunista". Quanto aos desiludidos do PT, enfurecidos com a ausência de um mea-culpa do partido, alguns deles se deixaram convencer pelo militar que promete restaurar a ordem, a moralidade e a prosperidade.
Jair Bolsonaro teria tido uma progressão tão espetacular se um desequilibrado não o tivesse esfaqueado em pleno comício? Dispensado de participar dos debates televisivos após esta agressão da qual ele escapa in extremis, em 6 de setembro, Jair Bolsonaro se lança desenfreadamente nas redes sociais. No dia seguinte ao ataque, seu filho Flávio Bolsonaro pressentirá a vitória: "Vocês acabaram de eleger meu pai", disse ele.
https://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/373291/Le-Monde-Lava-Jato-abriu-caminho-a-Bolsonaro.htm
https://www.lemonde.fr/ameriques/article/2018/10/26/election-au-bresil-jair-bolsonaro-ou-la-faillite-de-la-classe-politique_5374866_3222.html (parcialmente protegido para não-assinantes)
Exemplar Exemplo de Fake News
BNDES Não Financia Cuba nem Venezuela, 5.33 Minutos (ou vá ser burro assim na casa de car...):
