Brasil de Fato | São Paulo (SP), March 16, 2019 3:37 PM
"I am certain when I say: we will meet again. And Brazil will be able to dream again of a better future for all of us" / Ricardo Stuckert |
The whole letter can be read below.
Dear friends,
First of all, I would like to thank you for your solidarity and for the affection I have been receiving from the Brazilian people as well as from leaderships of other countries during this nearly 1-year period I have been unfairly imprisoned. I’d like to express my special thanks to the comrades of the vigil in Curitiba, who give me comfort every day; to the comrades who are part of the Free Lula committees in Brazil and abroad; to lawyers; jurists; intellectuals; and democrat citizens who have expressed themselves in favor of my release.
The strength that makes me resist this crucible comes from you and from knowing that I am innocent; however, I resist mainly because I know I still have an important mission to accomplish at this moment in which democracy, national sovereignty, and the rights of the Brazilian people are threatened by powerful economic and political interests, including the interests of powerful countries.
As I have always done in my life and my over 45 years of trade union and political activity, I see said mission as a collective challenge. My fight to have a fair trial in which my innocence is acknowledged in view of the irrefutable pieces of evidence produced by the defense only makes sense if understood as part of the defense of democracy, of resumption of the state ruled by law, and of the project of development with social inclusion that country wants to rebuild.
As each day passes, it becomes more evident to the population and to the international public opinion that I was convicted and arrested only because, as a free man and a candidate, the majority of the population would choose me as their president. My candidacy was the people’s response to submissiveness to foreign interests, to the abandonment of social programs, to unemployment, to the return of hunger, to all the evil installed in the country through the coup disguised as impeachment. It is a fight we must be in together, in the name of everyone.
To prevent me from running in the elections, a judicial farce was set up with coverage from the mainstream media, especially Rede Globo. They poisoned the population with hours and hours of false news in which Lava Jato accused me whereas my defense was belittled, if not censored. The Constitution and the laws were disrespected, as if there were a criminal code of exception, exclusively to be applied to Lula, in which my rights were systematically denied to me.
As if were not enough to arrest me for crimes I have not committed, I was forbidden to participate in debates and interviews that are part of the electoral process; my candidacy was rejected in clear disregard for the law and the UN; I was forbidden to give interviews, I was even forbidden to attend my older brother’s funeral. They want me to disappear, but it is not me they are afraid of: they are afraid of the people who identify themselves with our project and who saw in my candidacy hope to recover the path to a better life.
Days ago, when I said goodbye to my dear grandson Arthur, I felt the weight of the injustice that struck my family. Little Arthur was discriminated against at school for being my grandson and suffered a lot because of that. So, I promised him I will not rest until my innocence is acknowledged in a fair trial.
In the emotion of that moment, I remember saying: “I will show to you that the true thieves are those who convicted me.” Shortly after, journalist Luís Nassif revealed to the public the secret illegal agreement between the Lava Jato prosecutors, the 13th Federal Court of Curitiba, the United States government, and Petrobras – said agreement involved the amount of 2,5 billion of reais.
Said amount was taken from Brazilian people’s largest company by a New York court based on plea bargain deals presented by Brazilian prosecutors.
And they went to the United States, with the help of the former head of the Brazilian Federal Prosecution Office, to weaken even more a company in which international powers have always been interested.
In exchange for said fortune, Lava Jato promised to disclose the secrets and strategic information of our Petrobras.
It is not about certainties, but about concrete evidence: signed documents, official acts performed by authorities. These moralists without moral are currently high-rank officials in a government that was only elected because they prevented me from running in the elections. But the one in prison is Lula, who’s never been the owner of an apartment or of countryside property, who’s never signed Petrobras’s contracts, who’s never had secret bank accounts such as the one that has been discovered just now.
In addition to expressing my outrage in view of these facts, I’d like to say to you that time is revealing the truth; tell you that we cannot lose hope that the truth is on our side and will prevail. So, I ask each one of you to strengthen even more our fight for democracy and for justice. And we will only attain these goals by defending the rights of the people and national sovereignty because they promoted the coup and interfered in the elections precisely to act against these values. Their aim is to give away our assets and undo social accomplishments. It is important that Free Lula committees have this very clear and conduct more and more actions in society, on social networks, in schools, and on the streets.
I have faith in God and I trust in our organization, and I am certain when I say: we will meet again. And Brazil will be able to dream again of a better future for all of us.
Thank you very much, and let’s fight, dear comrades.
A warm hug from
Luiz Inácio Lula da Silva
Curitiba, March 16, 2019
Edition: Rafael Tatemoto
https://www.brasildefato.com.br//2019/03/16/read-the-new-letter-from-lula-to-militants/
De Lula aos Militantes
Ativistas acompanham a leitura da carta de Lula aos presentes ao encontro / Pedro Ribeiro Nogueira | Brasil de Fato |
Mais de mil pessoas de todo país estão reunidas neste sábado (16) na capital paulista
Pedro Ribeiro Nogueira e Juliano Vieira
Brasil de Fato | São Paulo (SP), 16 de Março de 2019 às 11:52
"Meus amigos e minhas amigas,
Quero, em primeiro lugar, agradecer a solidariedade e o carinho que tenho recebido do povo brasileiro e de lideranças de outros países, neste quase um ano em que me encontro preso injustamente. Agradeço especialmente aos companheiros da vigília em Curitiba, que me confortam todos os dias, aos companheiros que constituem os comitês Lula Livre dentro e fora do Brasil, aos advogados, juristas, intelectuais e cidadãos democratas que se manifestam pela minha libertação.
A força que me faz resistir a essa provação vem de vocês e da convicção de que sou inocente. Mas resisto principalmente porque sei que ainda tenho uma missão importante a cumprir neste momento em que a democracia, a soberania nacional e os direitos do povo brasileiro são ameaçados por interesses econômicos e políticos poderosos, inclusive de potências estrangeiras.
Como sempre fiz em minha vida, e lá se vão mais de 45 anos de atividade sindical e política, encaro essa missão como um desafio coletivo. A luta que faço para ter um julgamento justo, em que minha inocência seja reconhecida diante das provas irrefutáveis da defesa, só faz sentido se for compreendida como parte da defesa da democracia, da retomada do estado de direito e do projeto de desenvolvimento com inclusão social que o país quer reconstruir.
A cada dia que passa fica mais claro para a população e para a opinião pública internacional que fui condenado e preso pelo único motivo de que, livre e candidato, seria eleito presidente pela grande maioria da população. Minha candidatura era a resposta do povo ao entreguismo, ao abandono dos programas sociais, ao desemprego, à volta da fome, a todo o mal implantado pelo golpe do impeachment. É uma luta que temos de levar juntos, em nome de todos.
Para me tirar das eleições, montaram uma farsa judicial com a cobertura dos grandes meios de comunicação, tendo a Rede Globo à frente. Envenenaram a população com horas e horas de noticiário mentiroso, em que a Lava Jato acusava e minha defesa era menosprezada, quando não era simplesmente censurada. A Constituição e as leis foram desrespeitadas, como se houvesse um código penal de exceção, só para o Lula, no qual meus direitos foram sistematicamente negados.
Como se não bastasse me prender, por crimes que jamais cometi, proibiram que eu participasse dos debates e das sabatinas no processo eleitoral; proibiram minha candidatura, contrariando a lei e a ONU; proibiram que eu desse entrevistas, proibiram até que eu comparecesse ao velório de meu irmão mais velho. Querem que eu desapareça, mas não é de mim que têm medo: é do povo que se identifica com nosso projeto e viu em minha candidatura a esperança de recuperar o caminho de uma vida melhor.
Dias atrás, ao me despedir do meu querido neto Arthur, senti todo o peso da injustiça que atingiu minha família. O pequeno Arthur foi discriminado na escola por ser meu neto e sofreu muito com isso. Então, prometi a ele que não vou descansar até que minha inocência seja reconhecida num julgamento justo.
Na emoção daquele momento, recordo-me de ter dito: “Vou te mostrar que os verdadeiros ladrões são os que me condenaram”. Pouco depois, o jornalista Luís Nassif revelou ao público o acordo ilegal e secreto entre os procuradores da Lava Jato, a 13a. Vara Federal de Curitiba, o governo dos Estados Unidos e a Petrobras, envolvendo uma quantia de 2,5 bilhões de reais.
Essa quantia foi tomada à maior empresa do povo brasileiro por uma corte de Nova Iorque, com base em delações levadas a eles pelos procuradores do Brasil.
E eles foram lá aos Estados Unidos, com a cobertura do então procurador-geral da República, para fragilizar ainda mais uma empresa que é alvo de cobiça internacional.
Em troca dessa fortuna, a Lava Jato se comprometeu a entregar ao estrangeiro os segredos e informações estratégicas da nossa Petrobras.
Não se trata de convicções, mas de provas concretas: documentos assinados, atos de ofício de autoridades públicas. Estes moralistas sem moral ocupam hoje altos cargos no governo que só foi eleito porque eles impediram minha candidatura. Mas quem está preso é o Lula, que nunca foi dono de apartamento nem de sítio, que nunca assinou contratos da Petrobras, que nunca teve contas secretas como essa fundação que foi descoberta agora.
Mais do que manifestar indignação com esses fatos, quero dizer a vocês que o tempo está revelando a verdade. Que não podemos perder a esperança de que a verdade vencerá, e ela está do nosso lado. Por isso, peço a cada um e a cada uma que fortaleçam cada vez mais a nossa luta pela democracia e pela justiça. E só vamos alcançar esses objetivos defendendo os direitos do povo e a soberania nacional, porque foi contra estes valores que fizeram o golpe e interferiram na eleição. Foi para entregar nossas riquezas e reverter as conquistas sociais. Que os comitês Lula Livre tenham isso bem claro e atuem cada vez mais na sociedade, nas redes, nas escolas e nas ruas.
Tenho fé em Deus e confiança em nossa organização para afirmar com muita certeza: nosso reencontro virá. E o Brasil poderá sonhar novamente com futuro melhor para todos.
Muito obrigado, e vamos à luta, companheiros e companheiras.
Um grande abraço do
Luiz Inácio Lula da Silva"
Curitiba, 16 de março de 2019
Edição: Beatriz Pasqualino
https://www.brasildefato.com.br/2019/03/16/encontro-em-sp-traca-estrategias-para-comites-lula-livre-leia-carta-do-ex-presidente/