domingo, 21 de maio de 2017

Mani Puliti Manipulada

Juiz da operação Mãos Limpas (Mani Puliti) italiana diz que, se agisse como o inspirado juiz brasileiro na Itália, estaria preso.

http://www.ocafezinho.com/2017/05/20/juiz-da-maos-limpas-diz-que-sergio-moro-seria-preso-na-italia/

E eis que uma grande rede de televisão que comanda o quinto maior país do mundo promove o impeachment de mais um governo em apenas 1 ano, dando um "furo" de reportagem ao propagar com fingida surpresa a delação voluntária do dono da Friboi, que não é o filho de Lula, incriminando fatalmente o governo do golpe e, de passagem, o presidente do partido mais glorificado dos últimos tempos, o PSDB, que acaba levando seus associados do arrebol, que incluem um dos "novos" de FHC, um apresentador de TV casado com a loira rival da Xuxa.

Vocês conhecem a vingança do lambástico touro? Não mexa com
ele. (Touro do logo da Lamborghini)
De repente, na comemoração de um ano do golpe do primeiro impeachment, em 2016, o cenário nacional muda radicalmente como resultado de uma verdadeira hecatombe atômica. A indústria da carne mostrou-se muito mais robusta do que a poderosa indústria da construção, quem diria.

Realmente há um "furo" na linha de reportagens da Globo porque a rede já sabia o que estava acontecendo 10 dias antes, mas antes de divulgar o fato, uma vez que os respingos iriam lhe atingir, ela magistralmente optou por lançar outra reportagem muito bem engenheirada ainda na linha da perseguição a Lula e o PT, a fim de reforçar a repugnância de seus telespectadores ao salvador da pátria em franca ascensão popular, para só então ser obrigada a reportar a queda dos algozes dele, seus ex-ídolos.

O pernambucano Alexandre Guimarães na previsão astral de
O Açougueiro no 25º Festival de Teatro de Curitiba, foto de Lina 
Sumizono/Clix. Parece que já estava "aduvinhando"...
Foi quando, antes da vingança do açougueiro, a maior rede de televisão brasileira abasteceu seu imenso público com um de seus maiores primores em manipulação da notícia. Ao prever que o sangue da navalha na carne podia espirrar em cima da rede impecável, no desespero da sobrevivência, fez seus repórteres trabalharem e passaram noites em claro para produzirem esta obra prima "jornalística" retrospectiva, estado da arte cujo objetivo era, já que não vai ser possível se safadeza, digo, se safar dessa, usar de todo seu poder e inteligência a fim de tentar enterrar de uma vez por todas o mito da alternativa política que está crescendo em disparada no Brasil, que ninguém parece mais poder conter, e o que mais seria senão a ascensão de Lula? 

"Pois bem, vamos ver, seu diabólico sobrevivente dos infernos vermelhos, lancemos todo o nosso poder a fim de 'desmascarar' aquele nunca foi mascarado como nós, vamos mostrar a todos com quantos paus de faz uma canoa", diria a rede se pensamentos já pudessem ser gravados.

Lula e o Massacre do Jornal Nacional

https://www.cartacapital.com.br/politica/lula-e-o-massacre-do-jornal-nacional

Por João Feres Júnior — publicado 12/05/2017


Com quantos paus se faz uma canoa?
O principal telejornal da Rede Globo repetiu na noite da quinta-feira 11 a estratégia da edição em 1989 do debate entre o petista e Fernando Collor.

A prolongada crise política que engolfa o Brasil desde ao menos a eleição passada, em boa medida insuflada pela Operação Lava Jato, teve ontem um dos seus capítulos mais grotescos: a atualização feita pelo Jornal Nacional da edição do debate entre Lula e Collor, ocorrida em 14 de dezembro de 1989, às vésperas do segundo turno da eleição. Tal edição entrou para os anais do jornalismo brasileiro como exemplo máximo de manipulação midiática com fins políticos e projetou uma sombra que iria marcar o comportamento da mídia ao longo de todo período da Nova República até os dias de hoje.

Pois ontem, 11/05/2017, a Rede Globo de televisão repetiu no seu principal programa
jornalístico a mesma disposição para a manipulação da notícia com finalidade de produzir um efeito político:

Foto: Bonner e Vasconcellos: na edição da quinta-feira 11, quando
Moro substituiu Collor
  • A culpabilização de Lula e 
  • A transformação de Sergio Moro em um herói nacional da luta contra a corrupção. 
A edição foi em tudo excepcional.
    Duração

    Durou um total de 53 minutos e 18 segundos, enquanto uma edição normal do JN dura em torno de 30 minutos. 


    Do total, 42 minutos e 32 segundos foram gastos com material sobre Lula, ou seja, 80% do tempo total do jornal. 


    Duração
    Somente a narrativa do depoimento tomou 60% da edição, um total de 31 minutos e 41 segundos.

    A descrição detalhada da edição do Jornal Nacional da noite de 11 de maio precisaria de um livro para ser feita, tamanha a riqueza de detalhes. 

    Aqui vou apresentar um breve sumário. 

    Tom Grave

    Começamos pelo tom grave da apresentadora Renata Vasconcellos anunciando, no início do jornal, que iriam cumprir “o compromisso assumido ontem de mostrar detalhadamente o interrogatório do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva”, coisa que não foi possível no dia anterior porque os vídeos foram liberados muito tardiamente para a edição do jornal. 

    Logo em seguida ressaltam que Lula negou todas as acusações em relação à propriedade do tríplex. 

    Deboche Sutil

    Aí há um certo tom sutil de deboche, principalmente na expressão facial e vocal de Bonner quando relata as negativas de Lula.

    Animação

    Em seguida à introdução, Bonner começa a narrativa do interrogatório e imediatamente ao fundo aparece a animação de um cano de óleo jorrando notas de cem reais. 

    Tal animação seria mostrada em quase todas as matérias do seguimento sobre Lula, quando Vasconcellos ou Bonner apareciam na tela.

    Homer Simpson

    A estrutura narrativa segue o padrão Homer Simpson, lapidarmente definido pelo próprio Bonner ao comentar o estilo do JN. 


    Reforço das Imagens

    Os âncoras fazem uma narrativa do ocorrido e então imagens e falas são mostradas em vídeo, editadas de modo a repetir quase ipsis literis o que foi dito pelos âncoras. 

    Bonner começa por apresentar Moro dizendo que o juiz não tinha “nada contra Lula” no começo do interrogatório, cujo objetivo era o esclarecimento do caso. 

    Corta para o juiz falando tais coisas. 

    Seriedade

    Repetição à exaustão
    A imagem passada é de compostura e seriedade quanto aos procedimentos legais.

    Repetição à Exaustão

    Em seguida o JN mostra as negativas de Lula e depois sua recusa em responder perguntas sobre o sítio em Atibaia, mas já nessa notícia o jornal dá destaque para a repreensão feita por Moro a Cristiano Zanin, advogado de Lula, acusando-o de querer tumultuar a audiência, coisa que o juiz havia feito em outras ocasiões e que os jornais da Globo repetem à exaustão como fato.

    Desqualificação

    Mas a desqualificação da defesa de Lula não é o único elemento importante. 

    Contradição

    Contradição...
    Falando enquanto a animação das cédulas nos encanamentos de óleo corria ao fundo, Vasconcellos volta no meio da matéria para dizer que Lula se contradisse ao confessar que recebeu Leo Pinheiro e Paulo Gordilho em sua casa para discutir a reforma da cozinha do sítio que ele insiste não ser dele e para informar aos telespectadores que a acusação diz que a obra foi paga pela OAS. 

    Editorialização

    Ou seja, ela editorializa abertamente aquilo que é apresentado como uma narrativa dos fatos.

    Ataque

    Lula é então apresentado rapidamente atacando o MP, por induzir testemunhas a acusá-lo sem provas. 

    Na matéria seguinte a âncora começa com uma fórmula adversativa: "apesar das negativas veementes de Lula de que tenha sido um dia dono do tríplex, Moro confrontou o ex- presidente com a afirmação do ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro”. 

    Coragem

    Ou seja, a enunciação ao mesmo tempo que desqualifica os argumentos de Lula, apresenta o juiz como corajoso e decidido.

    Emendam então o tema das indicações políticas dos diretores da Petrobrás. 

    Ironia
    Ironia

    O tom de Bonner aí é levemente irônico ao narrar a resposta de Lula, sinalizando que ele está mentindo. 

    Após longa enumeração de ilícitos cometidos por Renato Duque, ex-diretor da Petrobrás, e do fato de ele ter acusado Lula de ser o coordenador do esquema de propinas da Petrobrás, a âncora começa a narrar o questionamento de Moro acerca de encontro entre Lula e Duque. 

    Ligação

    Âncora...
    Esse seguimento, dominado pela narrativa dos âncoras, é montado de maneira a sugerir ligação inequívoca entre os dois personagens, a despeito das negativas do petista.

    Inconsistência

    No segmento seguinte volta a editorialização, agora na voz de Bonner, que acusa Lula de inconsistência no seu relato sobre a relação entre João Vaccari e Duque. 

    Influência

    Após uma breve passagem, na qual Vasconcellos introduz trecho no qual Moro questiona Lula sobre a indicação de diretores da Petrobrás envolvidos em práticas ilícitas, entra Bonner narrando o questionamento de Moro acerca da influência de Lula dentro do PT no tocante aos financiamentos de campanha.

    Fórmula...
    Fórmula

    A editorialização volta a ser explícita, com o âncora usando uma fórmula adversativa para dizer que apesar de ser “principal líder e fundador do PT”, Lula negou ter influência sobre o partido. 

    Aumento do Tom

    O tom dos âncoras sobe com a entrada de Vasconcellos dizendo que Moro apontou para uma contradição nas falas de Lula, contradição essa em seguida explicada por Bonner: uma vez ainda no seu primeiro mandato, Lula condenou o esquema do mensalão, mas depois disse que o julgamento foi 80% político. 

    Endosso

    Corta para cenas do depoimento em que Moro insiste para que Lula se pronuncie sobre sua relação com personagens implicados no mensalão, coisa a qual ele se nega, aconselhado pelos advogados. 

    Enquanto isso a animação das cédulas adorna o fundo da tela.

    Segmentação

    Repetindo a fórmula do âncora narrando o que o juiz em seguida repete nas imagens, Bonner começa outro segmento dizendo que Lula ameaçou processar delatores, policiais federais e até Moro. 


    Lula violento
    Violência

    O vídeo é editado para fazer parecer que Lula é violento e autoritário.

    Irresponsabilidade

    Vasconcellos então fala sobre as considerações finais, dizendo que Lula defendeu seus mandatos, mas que Moro o advertiu dizendo que aquele não era lugar para propaganda política. 

    Mais uma vez, o juiz é mostrado como compenetrado cumpridor das regras e Lula como irresponsável.

    O longo trecho sobre o depoimento de Lula se encerra com comentários sobre as falas finais do petista. 


    Ninguém falou para o inocente brasileirinho que se tratava da estátua
    de um roedor imóvel...
    Inocência da Mídia

    Vasconcellos narra que ele se diz massacrado por uma campanha de imprensa. 

    Após tal conteúdo, a imagem corta para Moro dizendo que a imprensa "não tem qualquer papel no julgamento desse processo". 

    Divisão do Tempo

    Em seguida, o que se vê são as colocações finais do juiz, a quem é dado farto tempo para atacar Lula, dizendo que ele, Moro, é vítima dos blogs que "patrocinam" Lula, e para se proteger dizendo que o processo transcorrerá normalmente.

    Exclusão

    Na última reportagem sobre o depoimento, o Jornal Nacional deixou de fora os números impressionantes do viés da cobertura midiática contra Lula, divulgados pelo petista ao fim de suas declarações. 

    Astúcia

    A astúcia dos jornalistas globais parecia não estar direcionada para captar contradições na fala de Moro, particularmente na defesa que fez da imprensa. 

    Esquecimento

    Ora, pois o juiz defendeu em texto sobre a operação Mani Pulite a utilidade que vazamentos para a mídia de informações sigilosas têm em manter o interesse público sobre investigações de corrupção e “os líderes partidários na defensiva”. 

    E ele mesmo adotou tal prática ao divulgar conteúdo de grampo ilegal de conversa da então presidente Dilma Rousseff com Lula. 

    Cômodo esquecimento esse dos jornalistas da Globo.

    Associação

    Se não bastasse esse longo trecho sobre o depoimento de Lula, o jornal ainda traz três longas notícias sobre o conteúdo da delação premiada dos publicitários João Santana e Monica Santana. 

    Em duas delas, Lula é acusado de ser chefe do esquema de corrupção da Petrobrás e de caixa 2 dos partidos. 

    A terceira é inteiramente dedicada a acusações de que Dilma sabia tudo acerca do mesmo esquema. 

    Temática

    Novamente a animação das notas de reais saindo dos canos da Petrobrás é usada, talvez com o intuito de dar unidade temática à narrativa.

    Um famoso filósofo alemão escreveu uma vez que os fatos na história acontecem a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. (Karl Marx)


    Sui-Generis Tragédia e Farsa

    Vivente do século XIX, não teve a chance de conhecer o jornalismo praticado pela imprensa brasileira, com destaque para o Grupo Globo. 

    Nele a tragédia e a farsa se misturam de modo indissociável. 

    Ademais, não se trata de uma repetição somente. 

    Farsa e tragédia são duas faces da mesma prática jornalística cotidiana. 

    Modus Operandi

    Álbum Modus Operandi de Mr Woodnote & Lil Rhys rap+jazz, não faz
    meu gênero mas pode fazer o seu. Não resisti à capa, contudo.
    Elas são o modus operandi da cobertura política da mídia brasileira. 

    Adição Extra

    Antes de o JN preparar essa edição escandalosa do depoimento de Lula, o canal GloboNews reservou horas de sua programação do dia anterior para que seus comentaristas ficassem se revezando no ataque a Lula, unanimemente assumindo sua culpabilidade, a despeito de qualquer argumento que o petista tenha apresentado. 

    Surrealismo

    O entrincheiramento político da grande mídia brasileira contra Lula e o PT é tamanho que os rituais de neutralidade e equilíbrio jornalístico adquirem tonalidades surreais. 

    Podemos falar em uma hiperfarsa, uma farsa elevada a potência N, exponencial.

    Moro, num país tropical, abençoado por Deus, e bonito por natureza
    Juiz

    Dessa vez, contudo, o contendor de Lula não é um político, mas um juiz. 

    Capas de Revistas

    É preciso notar que esse enquadramento do embate entre Lula e Moro estampou as capas de três revistas semanais. 

    Estratégia

    A edição do Jornal Nacional é, na verdade, o coroamento de algo que se desenhava como estratégia do oligopólio midiático: representar uma luta de vida ou morte entre o político contra o juiz. 

    Os políticos incensados pela mídia nas últimas décadas falharam fragorosamente frente os candidatos do PT. 

    A vala fétida do esgoto sendo alimentada diariamente
    Acusar e Inocentar

    Agora a estratégia é outra, jogar a política partidária como um todo na vala fétida da corrupção e promover o poder do judiciário, que é comodamente isolado da vontade popular. 

    Nessa jogada para derrotar o PT, o partido da imprensa se autonomizou dos partidos políticos da direita, pondo em risco as instituições básicas da própria democracia brasileira.
    Diário

    Assim a farsa midiática produz diariamente a tragédia de nossa democracia. 

    Retrocesso

    Com a edição de ontem do Jornal Nacional, voltamos ao ano de 1989. 

    O fascínio do arrebatamento hipnótico
    Conclusão

    Haverá limite para esse nosso retrocesso coletivo a um passado tenebroso que uma vez imaginamos ter superado? 

    Fica cada vez mais claro que a única solução para atual crise da democracia brasileira é a reforma radical de nosso sistema de mídia. 

    Ele se mostrou incompatível com o experimento democrático da Nova República. 

    Para voltarmos um dia a sonhar com a democracia teremos que nos livrar de seus mais ardorosos inimigos.

    Parcialidade

    Ora, se de um juiz se espera imparcialidade, o mesmo se aplica a repórteres. O nome do cargo já diz, reporter, para reportar a notícia, não para dar sua opinião pessoal. Afinal, a quem interessa a opinião pessoal de alguém que tem apenas o cargo de relatar? Quando o reporter for entrevistado, então aí ele dá a sua opinião, porque quem entrevistou teve interesse nela. Caras e bocas de repórteres são outra arma usada para influenciar os incautos que assistem aos tele-jornais pois é uma linguagem que repassa sua emoção, estudada ou não.

    Para divertir e espairar, Lava Jato não apenas serve para limpar a sujeira política. O conceito também serviu para o artista Paul Curtis (Moose) criar o conceito de grafite reverso para limpar a sujeira das cidades da Europa ao mesmo tempo em que produzia arte e imagens belas a partir de 2014, o que lhe rendeu um contrato de propaganda do Nissan Folha (Leaf), o carro elétrico mais vendido no mundo. 


    Será que desta vez a Lava Jato nacional produzirá arte com resultados belos e de valor realmente, ao invés de só arrancar dinheiro de quem já pagou para trabalhar? Sim, porque a meu ver, quem recebe é o criminoso que barganhou e foi comprado. Quem compra apenas está tentando sobreviver oferecendo, uma vez que é a prática e única forma de se conseguir realizar alguma coisa dentro de um país colossalmente corrupto como era o Brasil de antes deste possível impeachment legal de um presidente ilegal, diferente do último impeachment do ano passado, que foi ilegal contra uma presidenta legal.

    Compare Você Mesmo

    Aqui você pode deleitar-se com a distilação de ódio propagada pela mais importante rede nacional de comunicação que entra na sua casa sem bater e lhe arrebata de jeito, em todos os seus 52 minutos transcendentais:


    Aqui no Tijolaço, veja os 10 vídeos do depoimento de Lula a Moro para saber como aconteceu na realidade, sem manipulação, digo, falta o vídeo 4, obtido no NúcleoMultimídia Estadão, veja links abaixo. Estadão!


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