Com sorte, o primeiro homem da sua vida é o seu pai |
De que outra forma eu iria escrever algo sobre meu pai, por exemplo? Escrever sobre ele é como celebrar uma vida.
Assim, qualquer um pode também escrever sobre vários assuntos os quais passariam em branco ao invés de serem divulgados para o mundo.
Mesmo que o mundo não veja, algumas pessoas verão, e se beneficiarão, mas o maior beneficiado é você por escrever sobre coisas guardadas no seu coração. Segundo os terapeutas, escrever é parte do processo de auto-análise psicanalítica.
Paz e amor, seu cabra! |
Fiz as pazes com meu pai depois de muitos anos que ele era falecido.
Pois é, estas coisas acontecem.
Meu pai, pra variar, como na vida de todo homem, teve um papel muito importante na minha vida. Só que nem sempre estive consciente disso e ainda faltava eu render as homenagens devidas à sua figura que cumpriu seu papel com galhardia, na medida do que lhe foi possível e ao seu alcance. Então aqui está uma pequena homenagem.
Como jovem rebelde, à certa altura do campeonato acabei renegando o seu papel e passei a ignorá-lo em minhas andanças para descobrir um mundo que ele não me apresentou por excesso de proteção. Foi falha minha, mas só vim a saber o que estava se passando lá para os meus 30 e poucos anos, quando fiz uma regressão a vidas passadas. Depois desta regressão, entendi muita coisa, e uma delas foi que o problema não era dele, era meu. Então, depois disso, eu perdoei tudo o que ele poderia ter feito de ruim, mas que não fez e se o fez, foi tudo por limitação que qualquer pessoa carrega na vida terrena.
Se perdeu o primeiro homem, pode achar outro |
Meu pai me legou vários princípios fundamentais que regem minha vida, como a maioria dos pais por aí, em grande parte partilhados por minha mãe. Ainda sou daquele tempo em que só tínhamos um pai e uma mãe.
Mas a gente, os filhos, nem sempre nos lembramos que aprendemos isso ou aquilo com nosso pai. Mães, não se preocupem, vai chegar a vez de vocês.
Então está na hora de dar nomes aos bois e agradecer o que ganhei dele, mesmo que ele não tenha querido dar assim, conscientemente, mas foi o seu exemplo que eu copiei durante toda a minha vida que ainda não acabou.
A internet tem destas preciosidades |
Justiça
A justiça é primordial, sem ela, o mundo se torna o caos que existe hoje em dia em tantas partes dele. E justiça estou fazendo agora dando ao meu pai o crédito que ele merece.
Justiça vem de honestidade, então o princípio fundamental da justiça é o seguinte.
Honestidade
Meu pai era absolutamente honesto. Ninguém pode ser honesto nessa vida, pois atrai para si toda sorte de reação contrária, o ódio de quem é desmascarado, e ele era mestre nesse tipo de atração indesejável.
Meu pai foi homem que teve o seguinte.
Uma Mulher Só
Eu também. Com excessão de que, antes de ter uma mulher só, eu fui ver o mundo como era primeiro, e infelizmente esta é uma coisa das quais me arrependo.
Se ele não me levou para os prostíbulos como era comum naquela época certos pais fazerem com os filhos homens, amigos me levaram. Eu não precisava daquilo, mas valeu a experiência. Aprendi muito, mesmo assim, aprendi que prostituta também é gente e que sabe diferenciar seus clientes. Sobre meu pai, esta parte não me foi contada. Ele sempre foi muito discreto e jamais falou de suas trelas não ortodoxas, se é que existiram. Consequentemente, também não lhe falei das minhas estripulias. Como minhas pernas são levemente tortas, suspeito de que ele contraiu doenças venéreas nos portos da vida onde se concentravam as prostitutas de antigamente.
Interessante colocação. Eu costumava ouvir o contrário, que se eu fosse mulher, alguns amigos casariam comigo. Será que isso era bom ou ruim? Eu tomava como um elogio, mas podia não ser... |
Espírita
Ele era um espírita intransigente. Através dele aprendi tudo sobre Espiritismo. Aprendi por osmose, ouvindo ele falar. Tudo tinha muita lógica, e para ele tinha que ser assim.
Tudo tinha que ter o seguinte.
Razão
Tudo tinha que ter uma razão de ser. Por conta disso, meu pai gostava do seguinte.
Ciência
Ele era bastante científico, adorava ciência e teorias espaciais. Ele falava muito, me contava muitas estórias, e por causa disso eu era o furor da escola, o menino sabe-tudo, todo mundo respeitava a minha cultura na escola primária, e muitas vezes eu era o astro das reuniões da manhã, esperando a escola abrir, pois eu sabia tudo!
Não é bem assim, isso é frase antiga. Hoje, com uma ajudazinha da mídia, dos bilhões e das câmeras escondidas, qualquer um pode ser líder. |
Do mesmo jeito eu tinha vergonha de falar minha "religião" Espírita na escola evangélica batista quando era perguntado, porque parece que quando eu falava, as pessoas não apreciavam pois não diziam nada, mas eu sentia o gelo. Meus pais não haviam sido claros comigo. Eles poderiam ter simplesmente dito, bico calado, senão você perde suas bolsas de estudos.
Pra quem não sabe, os evangélicos consideram os espíritas como capetas ainda hoje em dia! É completamente insano, principalmente numa época em que todas as novelas, todos os filmes brasileiros sempre incluem a visão espírita, e agora também os filmes do exterior vão na mesma pisada. Já não era sem tempo da humanidade evoluir de verdade.
Meu pai não estudou, não chegou a concluir o curso primário, mas era o seguinte.
Bóia para o auto-didata não ficar boiando |
Ele ensinava-se a si mesmo, e me legou todo o seu conhecimento na minha infância.
Por conta do meu alto nível de conhecimento, fui primeiro de turma na escola até o curso secundário, quando a coisa degringolou.
Todo mundo se torna auto-didata a certa altura da vida profissional. Depois que já aprendeu tudo na escola, aí é que começa a jornada da realidade, e para realizar algo novo é preciso pensar por si.
Àquelas alturas meu pai havia desenvolvido o seguinte.
Doença Degenerativa
A doença degenerativa acabou lhe levando bem cedo e eu senti seu afastamento como a tirada do chão sob os meus pés. Demorei muito para me ajustar de novo ao mundo lá fora de minha casa. O mundo se transformou completamente da minha infância para minha adolescência e me pegou sem preparo nenhum, exceto os meus princípios. E foi através deles que não descarrilhei. Havia entrado o sexo no meio, e sobre sexo ninguém falava nada dentro do nosso lar, porém os princípios foram firmes pra me protegerem dos ataques do mundo.
Então estes são 3 princípios que governam minha vida, herdados do meu pai:
- Justiça
- Honestidade
- Moral espírita
Integridade Moral
Integridade moral que o Espiritismo exacerbou. Isso nos dá uma rigidez de caráter, uma força muito grande que nos faz ter o seguinte.
Personalidade
Ter personalidade é ser alguém difícil de derrubar, difícil de ser levado pela conversa dos outros.
Minha mulher também é assim. Aliás, se não fosse assim, não seria minha mulher, porque simplesmente, quem é assim como nós, não consegue conviver com pessoas que não tenham metade destes predicados por muito tempo. E minha mãe também era bastante radical em seus pensamentos.
Mas a integridade da minha mulher não veio por intermédio do Espiritismo. Como gostamos de dizer, tem muita gente pobre e ignorante que é íntegra e honesta, ou seja, não é por viver no meio da criminalidade que a pessoa tem que se corromper, o que quer dizer que estes predicados divinos vêm de qualquer lugar a qualquer hora e não de determinada educação religiosa ou situação econômica. A integridade pode vir de outras encarnações...
Na realidade estas virtudes vêm do amor. Mas pra entender o amor é um nó desgraçado...
Amor
Força de vontade para emagrecer... exercite o poder da sua vontade |
Respeito
Esse respeito que vem do amor é aplicado a todo mundo, ao cônjuge, aos filhos, aos amigos e até ao cachorro. Não se ama porque se respeita, respeita-se porque se ama.
Eu e minha esposa somos os parceiros certos para cada um de nós, onde a maioria das coisas combina, e o que não combina, se completa.
Ela seria meu melhor amigo se fosse um homem!
Por isso eu sempre espero dos meus amigos uma dedicação e integridade muito acima do que é considerado normal e tolerável. Meu nível de tolerância é muito restrito, que posso fazer? Sei que exijo demais, mas convenhamos, é para o bem de todo mundo. Na realidade eu não exijo, eles é que se acham na obrigação de atenderem às minhas demandas, e quando não atendem, culpam a mim. Mas então, estes não são amigos!
Meu pai também tinha uma grande coisa.
Força de Vontade
Embora não parecesse porque sua vontade não lhe trouxe o sucesso financeiro, ela entretanto lhe trouxe a paz de espírito e a explicação para todas as suas questões em vida. E o principal, tirou-lhe o medo da morte.
Nossos filhos, consequentemente, herdaram esta força de vontade nossa e de nossos pais, pois os pais da minha esposa não são ou foram muito diferentes dos meus. As histórias são muito diferentes, mas os princípios básicos são idênticos. Nossos filhos herdaram nossa força de caráter, nossa moral, nosso senso de justiça e honestidade. E também a mania de perfeição...
Meu pai me legou este forte aspecto da personalidade chamado o seguinte.
Caráter
Portanto, se você não teve a sorte de nascer numa dinastia de honestidade, dignidade, e caráter, você pode iniciar uma agora mesmo. Tive um conhecido que foi tão radical, mas tão radical, que mudou seu nome oficialmente para Fulano de Tal I, e seu primeiro filho homem foi chamado de Fulano de Tal II. Ele não teve outro filho homem, portanto não sei se o segundo se chamaria Fulano de Tal II A ou II e Meio. Ele me disse que a disnastia dele começava alí.
Yin-yang, cynic.me. Todos os atos originados no amor são morais. Todos os atos originados no ódio são imorais. Simples. |
O engraçado é que na cultura inglêsa, ter estes predicados virtuosos soa como algo impossível ou metiroso, então a reação deles é de desprezo e zombaria disfarçada. Para eles todo mundo é errado e cheio de problemas e defeitos como Homer Simpsom. Começam a zombar de Jesus Cristo e depois passam para Deus e o diabo.
De modo que achei uma desculpa, antes que me critiquem na Austrália: eu digo que sou assim por causa da "minha religião", assim todo mundo se cala já que eles acham que religião é tão primitivo que eles nem discutem.
Na realidade não tenho religião, pois Espiritismo não é religião, apesar de tanta gente achar o contrário, mas ninguém precisa saber disso, faz de conta que é uma religião e ponto final, não preciso mais explicar nada do porque sou um sujeito bizarro ou, conforme a opinião deles, mentiroso. Eles baseiam-se no fato da criação australiana ser do tipo que não acredita no que suas crianças dizem porque toda criança mente. E é assim que os predatores pedófilos as corrompem, porque seus pais não acreditam no que elas tentam denunciar, pobrezinhas.
Grawrr... |
Paz
Eu também sou. O máximo que ele conseguia era discutir verbalmente. Eu também, e isso é um defeito. Porém, muitas vezes ele era muito agressivo nas ruas, principalmente contra quem tocasse em seus filhos com más intenções.
Para nós, filhos, muitas vezes parecia como se nossos pais vivessem brigando, mas isso é porque não conhecíamos como os outros pais viviam por aí. Eram só palavras.
Na realidade tivemos alguns exemplos de vizinhos muito violentos com os filhos, o que incluia bebida alcoólica. Sabíamos que o nosso lar não era daquele jeito.
Cara de jornal |
Apesar de ter passado muito tempo com a imagem do meu pai como sentado numa cadeira de balanço lendo seu jornal, ou seja, eu não via seu rosto, só o jornal, cultivei aquela imagem só pra ter raiva de sua lembrança enquanto convinha ao jovem rebelde sem causa, o filho do James Dean, mas a verdade é que ele dedicou muitos momentos para mim. Eu precisava deixar de ser cego um dia.
James Dean, o Rebelde sem Calça, digo, sem Causa, filme que foi traduzido para o Português como Juventude Transviada, 1955. Fui um rebelde sem causa e sem conhecer o filme, um hippie de boutique. |
James Dean
James tinha as mesmas entradas de calvície que meu pai, estatura, cor de cabelo, olhos, feições, com a diferença de que tinha bem menos pelos corporais.
Dos momentos que me lembro, os mais queridos eram quando James Dean consertava meus brinquedos comigo ao lado. Não só consertava, como transformava alguns em brinquedos mais sofisticados com sua caixa de ferramentas mágica, e eu absorvendo tudo. Acabei me transformando também no faz tudo da casa, com muitas ferramentas de todos os tipos.
Era muito especial como ele consertava meu velocípede, surrado de tanto usar, que vivia se quebrando. Ele o levava pacientemente até a oficina a 3 quadras de distância para soldá-lo tantas vezes quantas necessárias.
Fuzileiro Naval
Meu pai foi um "marine", ou seja, um marinheiro, fuzileiro naval, "cisne branco", mas estou besta como só agora consegui dar valor a isso. Culpa de uma juventude sob o tacão do golpe militar de 64, aposto.
O cisne branco |
Ao que me consta, ele abandonou a carreira na Marinha Mercante por causa das dificuldades enfrentadas pelo setor na época. Seu período na Marinha havia sido o mais difícil talvez da história, uma vez que sua juventude atravessou a Segunda Guerra Mundial que viu 31 navios brasileiros serem torpedeados, com a morte de 470 tripulantes e 502 passageiros. Mas o brasileiro não é dado a idolatrar as guerras como o australiano.
http://www.navioseportos.com.br/cms/index.php?option=com_content&view=category&id=35&Itemid=82
O louro Brad Pitt com corte de cabelo à la Jack Dempsey no filme A Árvore da Vida |
É claro que o que eu mais gostava eram os veículos que, com a crise dos preços dos combustíveis, foram os primeiros a saírem das paradas, as quais perderam seus apelos para mim quando eu já era um jovem.
Versão moderna do solado dos sapatos sociais do meu pai. Ele só usava sapatos marrons da mesma marca. |
A seguir está o hino da Marinha brasileira, um hino que sempre gostei mas havia esquecido, só lembrando agora para este blog, me fazendo nascer de novo. Sou apaixonado por marchas militares e não sabia como explicar isso até antes desse post. Pesquisando para este post, redescobri o hino e senti muitas saudades de um tempo que nem me lembro mais quando foi. O tempo em que eu colhia seixos e mariscos na maré com meu pai.
O marinheiro Popeye da década de 30, infância do meu pai |
Qual cisne branco que em noite de lua
Vai deslizando num lago azul.
O meu navio também flutua
Nos verdes mares de Norte a Sul.
Linda galera que em noite apagada
Vai navegando num mar imenso
Nos traz saudades da terra amada
Da Pátria minha em que tanto penso.
Qual linda garça que aí vai cruzando os ares
Vai navegando
Sob um belo céu de anil
Minha galera
Também vai cruzando os mares
Os verdes mares,
Os mares verdes do Brasil.
Quanta alegria nos traz a volta
À nossa Pátria do coração
Escola de Aprendizes-Marinheiros a qual, não sei porque, sei onde é |
Temos cumprido nossa missão.
Linda galera que em noite apagada
Vai navegando num mar imenso
Nos traz saudades da terra amada
Da Pátria minha em que tanto penso.
Viva,viva
Viva a Marinha,
Viva a Marinha do Brasil.
Viva,viva
Viva a Marinha,
Viva a Marinha do Brasil.
Ouça o hino aqui, mas não prestem atenção à qualidade das imagens, muitas de baixa resolução:
Hino da Marinha - Cisne Branco por Ilton Saba & Banda Terra Nossa
Daquele empreendimento ele não guardava boas lembranças porque sofria bullying sexual dos outros recrutas, cuja reação eram brigas frequentes que o levavam à solitária, segundo minha mãe nos contava. Daquela época ele aprendeu Inglês por si próprio de tanto ser exposto a esta língua em cada porto que parava. E também aprendeu a nadar muito bem, ele era um verdadeiro peixinho e sabia fazer muito malabarismo na água do mar das praias tropicais do nordeste brasileiro. Suponho que sua carreira também findou com o casamento e nascimento dos filhos. Não dava mais para sumir do mapa e cair no mar por meses a fio.
Porém, ele não conseguiu resolver o meu receio pelo mar. Tenho uma verdadeira paixão pelo mar, mas também um grande receio.
Os pés descalços e os percalços da vida |
Meu pai era um sobrevivente. Passou por muitos percalços na vida, como orfanatos, reformatórios, marinha, e também teve uma breve vida de classe alta.
Traumatizado por um acidente na infância, meu pai cresceu sem consciência de sua beleza e seu porte, assim como eu. Estes predicados trouxeram a ambos de nós muitos problemas que poderiam ter sido evitados caso não chamássemos tanta atenção por onde passássemos apenas por sermos diferentes da raça predominante na região brasileira. Aparência pode ser um peso na vida quando você é honesto e não quer se aproveitar dela.
Costumo dizer que ele se parece com James Dean, inclusive fumava até o dia em que queimou a mão da minha irmã. Daquele dia em diante ele abandonou o cigarro para sempre, outra demonstração de sua grande força de vontade, pois conheço muita gente que jamais conseguiu, nem mesmo pregando estes esparadrapos no corpo.
De minha parte, eu jamais fumei, se bem que tenha provado pra saber se era bom, levado por uma garota de programa mais persuasiva e depois de ter tomado umas pílulas para manter o êxtase. Aquela foi a única ocasião em que permiti tal coisa acontecer, para nunca mais. Passei dois dias acordado. Meu lema sempre foi o de que não gosto de perder o controle e me entregar ao aleatório pra no outro dia não saber o que fiz nem assumir as responsabilidades. Portanto, minha vida foi sem drogas nem estimulantes artificiais, exceto algumas cervejas e drinks. Meus filhos também não são adeptos do que praticamente toda a juventude mundial cultua. O exemplo dos pais vai longe...
Outro legado do meu pai foi o seguinte.
Responsabilidade para limpar suas próprias m... |
Uma vez assumida uma tarefa, ele ia até o fim, por sobre paus e pedras. Também herdei esta qualidade e hoje sou conhecido profissionalmente como aquele que pode receber qualquer tarefa que ela é entregue, não interessa se tenho ou não as habilidades necessárias. Aprendi a procurar meios de resolver problemas e isso tornou-se uma rotina. Tornei-me um ótimo investigador e bem esperto.
Inteligência
Meu pai era muito inteligente. Todo mundo fazia sempre questão de frizar isso. Também falaram isso muitas vezes para mim, e ainda continuo ouvindo este tipo de elogio com frequência. Na realidade nunca me achei inteligente, ao contrário, acho sempre muito difícil para mim aprender as coisas, acho até que sou disléxico ou tenho certa deficiência mental. Caso contrário seria milionário.
O pangaré é um alazão bonito de pelo mesclado. Minha mãe era excelente amazona e adorava cavalos. |
Se fosse assim pelas posses, meu pai seria o mais burro dos pangarés. Se fosse pela inteligência, ele seria pelo menos um milionário. Pangaré é um dos apelidos "carinhosos" que ele costumava atribuir a seu filho quadrúpede. Só vim a saber que isso era uma raça de cavalos depois de adulto.
Meu pai também tinha muito do seguinte.
Criatividade
Ele era muito criativo. Sua estória em que todas as palavras começavam com a letra "p" fez sucesso na família, mas que eu saiba, nunca foi publicada como aqui, aqui e aqui.
Porém não se dava bem no trabalho e por isso nunca conseguiu nos dar uma vida de nababo. Verdade que foi capaz de comprar casa e nos manter em escolas privadas caríssimas, mas tudo foi um arranjo de um jeito ou de outro, com minha mãe ajudando. A certa altura, minha mãe tomou as rédeas financeiras da família quando ele já apresentava sinais da doença degenerativa.
Criatividade borbulhante |
Ele não dava certo no trabalho porque dedurava quem estava roubando, quem eram os corruptos. Havia sempre corrupção por toda parte naquele país chamado Brasil, mas ele não se conformava, como eleitor de Getúlio Vargas e bastião do seguinte.
Decência
Ele era o bastião da decência e da integridade. O resultado é que ele é quem levava na cabeça e costumava ser demitido com frequência, cortando suas asas em termos de carreira profissional. Até mesmo quando na gerência de vendas de uma tradicional concessionária de automóveis, ele denunciou o roubo e os desfalques perpretados pela família do proprietário que era seu amigo, mas não adiantou pois ele não teve pulso para controlar e a companhia acabou indo à falência com tanto mau uso do dinheiro. Aquela foi a última empresa ir à falência depois que ele saiu, mas houveram outras como a fábrica de geladeiras e o laboratório fabricante de remédios.
Com meu pai aprendi a não dedurar os corruptos e virar a cara para o outro lado. Contudo hoje trabalho numa empresa que encoraja a "cabuetagem" com promessa de não retaliação, só que ainda não vi nenhuma corrupção por conta disso, claro.
Outro legado que também recebi do meu pai foi o seguinte.
Recebi também sinceridade como legado do meu pai, aquele galego de olhos verdes, de cuja raça só herdei a profusão de pelos mas nem mesmo a cor, mesclada com a da minha mãe, morena brejeira, cuja vantagem foi me proporcionar fácil bronzeamento. Sinceridade, que está ligada à honestidade e à transparência.
Sua sinceridade era tanta que se tornava inconveniente. Ele costumava contar estórias aos visitantes que botavam eles pra correr para não ficarem deprimidos. Por conta disso seus amigos eram poucos, ou quase nenhum.
Não era uma pessoa esportiva, tudo o que fazia era nadar, esporte que, por mais que eu tentasse aprender, nunca consegui passar do estágio de me salvar. Bem que tentei várias vezes depois quando me encontrei sozinho na vida, mas não teve jeito. Diferente da minha mulher que também é uma peixinha. Mas e então, nadar não é um esporte?
Vez por outra ele levava as crianças para a praia, as mesmas que hoje são parte de uma grande metrópole. Na época a areia era fina e branca, e a vegetação era entremeada com cajueiros e coqueiros. O cheiro dos gravetos secos sob o sol tropical jamais foi esquecido.
Por ser fuzileiro naval, ele devia saber atirar, mas jamais vi uma arma sequer dentro de nossa casa, e nem soube o quanto ele poderia ser bom na mira. Entretanto, eu acabei me tornando atirador esportivo como hobby, chegando a representar nosso estado em algumas competições. Muita gente da família também é atiradora e, advinhem, minha mulher também. Minha mulher, além de pianista e bailarina, praticou muitos esportes, dentre eles o tênis e o turfe.
O que consistia no esporte do meu pai era o seguinte.
O conhecimento o libertará... |
Ele estudava e lia muito, e praticamente sabia de tudo, tinha opinião sobre tudo e um pouco mais. Isso eu também herdei, meu conhecimento é tanto sobre tantas coisas que muitas vezes encho o saco dos meus amigos ou da minha família com a minha verbosidade e meus argumentos que ninguém consegue vencer, sem ser especialista em nada. Mas bem que, quando eles precisam, sempre dou excelentes dicas e os oriento com segurança na vida.
Esta segurança na realidade me parece muito tênue quando nos comparamos com as coisas divinas, com o que não sabemos e somos incapazes de entender, como na área espiritual, por exemplo. O universo é tão grande e tão complexo que tudo o que temos que fazer é nos recolhermos à nossa insignificância.
Para o meu pai, só o Espiritismo explicava as coisas e lhe dava as respostas que ele tanto procurava com afinco e verdadeira obsessão. Ele procurava o seguinte.
O Sentido da Vida
Minha mãe também lhe acompanhou neste empreendimento, e nós, os filhos, fomos criados naquela "igreja", a federação Espírita, a assistir as aulas sobre a moral de Jesus, ministradas para as crianças. Era bom porque não havia cantoria religiosa, não haviam imagens a serem adoradas nas paredes, mas em compensação, o local nos parecia muito pobre e despojado. Parecia uma devastação e extremamente entediante para uma criança. A meu ver não é preciso ser tão radical assim pois a beleza faz parte da espiritualidade.
Meu pai adorava o seguinte.
A Cultura Inglêsa
Mas ele não conseguiu mudar de país, apesar de oportunidades haverem aparecido, porque minha mãe era do tipo que não vivia em outro lugar que não fosse no Brasil. Este sonho dele eu realizei, não sei se foi sem querer, ou estava escrito no DNA herdado de sua genética. Ele era descendente de europeus celtas, e por conta disso devia guardar similaridades com a cultura estrangeira, diferente da nossa cultura brasileira em geral, mais relacionada a Portugal e Itália, a judeus da diáspora européia, ou então à cultura africana e indígena, que dominava a descendência da minha mãe.
Nossa radiola era nesse estilo, mas esta é uma versão moderna retrô |
Música Estrangeira
Era comum eu escutar discos dos clássicos norte-americanos cantados por Frank Sinatra e seus comparsas. Por sua causa, aprendi a manipular a "radiola" desde os 4 anos de idade. Subia numa cadeira e trocava os discos de 78 rotações por minuto, uma música de cada lado, era muita paciência quando comparamos com as 500 músicas de hoje numa caixinha de 5 cm.
Hoje escuto Michael Bublé cantando aquelas mesmas músicas modernamente e me emociono sem razão aparente.
Por muito tempo escutei mais música no estilo do vizinho, rock do Elvis, o qual exacerbei e abracei desde Led Zeppelin até Pink Floyd, mas hoje adotei a house music, que não serve para minha idade... mas quem disse que me sinto mais velho do que meus 20 e poucos anos? Acho que parei por ali mesmo e devo ser imaturo...
Papai criou uma família assim.
Família musical (mas não tinha bateria) |
Suponho que foi na Marinha que meu pai aprendeu a assoviar a tocar o clarinete, o qual vivia guardado desmontado no fundo da estante, e eu nunca o ouvi tocar. Sim, ele fazia parte da banda da Marinha, e dessa forma ele se apresentava ao público. Pelo menos assoviar eu o ouvia muitas vezes.
E nem tampouco minha mãe jamais tocou para nós, seus filhos, apesar de também ter um bandolim guardado no fundo do guarda-roupa. Ela tocava e cantava quando era criança, animando festas, mas jamais tocou de verdade para os filhos. Suponho que havia traumas por trás...
Por isso não, minha esposa toca o piano, mas jamais tocou para mim. Quem escuta é o cachorro. Pelo menos ela chegou a dar recital em teatro antes de me conhecer.
Cavaquinho, banjo e bandolim |
Eu toquei sanfona, mas, diferente de todo mundo, cheguei a me apresentar em público e animar festas de escolas secundárias onde minha mãe era professora. Eu sozinho conseguia fazer todos dançarem, cantarem e se divertirem durante várias horas com meu repertório infindável de músicas populares, principalmente da Jovem Guarda, mas não cantava. Já minha irmã, que aprendera a tocar clássicos no acordeão em escola de música, também jamais tocou para ninguém que não fosse ela mesma. Ainda cheguei a aprender um pouco de violão.
Acordeon Veronese 80 baixos, mas não era azul |
O xodó do meu pai era o seguinte.
A Biblioteca
A biblioteca residencial do meu pai era absolutamente organizada: só tinha livros Espíritas. Tudo o que não era Espírita foi sumindo e sumindo até sumir de vez, exceto nossos gibis de Disney.
Mais tarde eu teria uma biblioteca também, porém com obras filosóficas, políticas, biográficas e sobre guerras e automóveis.
A principal paixão do meu pai era o seguinte.
Cinema
Papai nos levava ao cinema todo fim de semana, às matinais e matinês costumeiras onde assistíamos a desenhos animados de Tom e Jerry, Popeye, Pernalonga e Disney. Ir ao cinema naquela época era um programa chique que nos lembramos como festas palaciais regadas a pipocas e confeitos.
Hillman Minx Mark 4 1950, britânico |
O sonho do meu pai era o seguinte.
Automóvel
Certa vez ele comprou um carro. Era um Hilman Imp inglês do final da década de 40, início dos anos cinquenta, que não funcionava bem por ser importado. O carro era muito fuçado apesar da boa aparência e andava na base dos arranjos. Muitos nos orgulhávamos de esperá-lo ir nos buscar, olhando a rua por cima dos muros altos da escola em nível elevado. Certa vez ele demorou tanto que parecia que ia nos deixar lá. O carro havia quebrado, mas ele deu um jeito e acabou chegando bem tarde, mas chegou, embaixo de chuva.
Não durou muito e ele acabou jogando o carro contra o muro da oficina que o consertava com frequência. Ele estava fulo da vida porque o carro estava quase sem freios, e havia passado um susto enorme ao fazer uma manobra numa rodovia comigo dentro à beira de um barranco, e eu só curtindo pois adorava carros cegamente. O susto foi tão grande que ele foi direto na oficina e como o carro não tinha freios, derrubou metade do muro da oficina e quebrou um dos faróis dianteiros. Alí mesmo o carro ficou, onde havia sido comprado, e não voltou mais para casa.
Tinha que ser um carro inglês e bem britânico, não é? Enquanto funcionava, o carro mereceu a construção de um grande portão para entrar no jardim da nossa casa, a casa que ele havia comprado com o resultado do seu suor no trabalho, danado da vida porque o governo havia rachado a casa no meio e o que restou foi meia casa, o que não fazia parte do contrato original do projeto para os comerciários.
A corrupção brasileira vem de longa data.
Também britânica era a sua máquina de escrever clássica e seu abajur Banker de trabalho.
Meu pai, como provedor, sempre fazia o seguinte.
SKF rolamentos |
Meu pai ia à feira comprar vegetais, frutas, verduras, carnes, peixes, legumes, cereais e mantimentos semanalmente, antes de existirem os super-mercados, e eu ia junto, ajudando a trazer as sacolas em longas caminhadas, uma das sacolas montada e amarrada no meu caminhãozinho puxado a cordão.
Era um grande caminhão, muito forte e customisado com molas e direção, tudo transformado pelo meu pai. As grades se baixavam, molas eram adicionadas, os mancais das rodas se gastavam por serem de madeira, e ele reforçava com ripas de latão, prolongando a vida do pequeno veículo. Como havia trabalhado na SKF por muitos anos, uma fabricante de rolamentos ou rolemãs, ele os colocava no caminhãozinho para as rodas durarem. Eu me orgulhava muito dele e os meninos da redondeza invejavam.
A charmosa luminária Banker britânica do meu pai, com sua charmosa correntinha dourada dependurada |
E por falar em Natal, certa vez eu peguei meu pai se esgueirando no meio da noite no escuro a fim de colocar nossos presentes no pé da cama. Daquele dia em diante já sabíamos que Papai Noel não existia, que era o nosso pai mesmo.
Bolas em caquinhos afiados |
Apesar das bolas de Natal naquela época serem feitas de um material altamente perigoso para cortes na pele por se transformarem em cacos afiados quando quebravam com frequência, jamais ninguém da família levou sequer um corte por causa daquilo. Elas foram banidas do mercado justamente por causa disso, mas seus brilhos eram os mais poderosos.
Caminhãozinho de madeira. O meu se parecia com esse, mas era de puxar por barbante e não era Mercedes Benz como este. |
Eu sempre trazia algo para ela, seja o que fosse.
E também colecionava tampinhas de refrigerantes que recolhia nas calçadas.
Todos os nossos aniversários tinham festas com salgadinhos do tipo empada e pasteizinhos, e também havia algo que eu gostava demais.
Eu gostava do seguinte.
Você merece uma boa sacanagem? |
Antigamente eu comia muita sacanagem. A sacanagem lá de casa consistia de um palito enfiado em pedaços de queijo, salsicha e azeitona, tudo regado a guaraná Antarctica ou Coca-Cola e refrescos de frutas.
Meu pai não passou do seguinte.
Curso Primário
Isso foi devido à vida atribulada que teve, mas era como se tivesse nível universitário devido ao grau de conhecimento e à sua postura e educação, um sujeito muito fino mas que não suportava provocação. Minha mãe era muito similar nestes aspectos também, sendo que ela já era formada e acabou se formando de novo em Direito depois que seus filhos já haviam se formado em universidades também. Eu costumava dizer que minha mãe tinha o porte de uma rainha talvez por ter sido ex-rainha da primavera na juventude bem como uma tia, irmã do meu pai.
Meu pai também era o seguinte.
Quem resistiria a uma mensagem deste formato no Facebook da época da Segunda Guerra Mundial? |
Minha mãe teve uma vida bem mais longa do que meu pai, e viveu 20 anos mais. Eles haviam se casado só no civil, como nós. Meu pai "ganhou" minha mãe porque sabia escrever poesias muito bem, com um letra manuscrita que dava inveja a qualquer designer. Eu também troquei cartas de amor com minha primeira namorada adolescente (isso porque eu já havia tido namoradas na infância).
Ele era um homem de muitos recursos. O casal mudou-se de suas pequenas cidades do interior para viver a vida na metrópole, longe da família e sem muitos amigos. Eu também, apesar de achar que jamais sairia da metrópole onde me criei, acabei aceitando a idéia de mudar de cidade dentro do Brasil e depois mudar até de país, e de cidades dentro do outro país.
Meu pai quase foi viver em Chicago, não fosse o pé atrás da minha mãe, sempre muito receosa de viver em país de outra língua. Este era seu sonho, fazer a América, sonho este que nunca conseguiu realizar, e com isso suas aspirações foram esvaecendo até findarem-se numa total acomodação à sua doença degenerativa. Se não fosse a doença, ele acabaria depressivo, ou talvez a doença aconteceu por isso mesmo.
Eu não esperava realizar este seu sonho mas acabei realizando. Para tomar esta decisão de mudar de país, eu perguntei o que ele achava. Ele já estava falecido, mas eu perguntei assim mesmo. Naquela hora eu já havia feito as pazes e ele já havia me treinado para vir me visitar em meus sonhos mediúnicos. Como a questão era muito séria e requeria uma decisão muito radical, ele me deu sua benção, arrumei as malas e embarquei com toda a família de uma vez, sem saber o que ia acontecer do outro lado do mundo e sem olhar pra trás.
Meu pai também possuia o seguinte dom.
Artístico
Desenhista, certa vez começou a desenhar a história de Cristo mas acabou não terminando por causa da doença degenerativa. Um quadro a óleo pintado por ele na nossa parede era a reprodução de uma cena de praia ensolarada de história em quadrinhos do Pato Donald de nossos gibis infantis, porém realista e grande. O que ele não faria com um laptop...
Rotunda do Palácio das Artes no Parque do Presídio em São Francisco da Califórnia |
A primeira coisa foi música sublime de piano, meu instrumento predileto, a segunda foi um cinema imenso de várias telas, outra coisa que adoramos, e a terceira foi um parque paradisíaco cuja única obra similar que achei foi a rotunda do Palácio das Artes no Parque do Presídio em São Francisco da Califórnia, só que a de lá era branca.
Ele provavelmente está vivendo no Nosso Lar, e de acordo com o livro e o filme, lá é realmente um lugar de sonho. Parei de ter estes sonhos provavelmente para não desejar mudar de país de novo, desta vez para um em outra dimensão... Se as pessoas soubessem o que lhes espera depois da morte, se matariam imediatamente...
E por falar em outra dimensão, depois que adquiriu uma televisão, meu pai gostava de assistir ao seguinte.
Seriado de TV Rota 66, o sonho de fazer a América |
Esta série de TV me apavorava, Além da Imaginação (Twilight Zone), mas eu assistia assim mesmo com o meu pai. Tratava de coisas sobre-naturais. Ele também adorava filmes de farwest e assistia a todos junto comigo, como Bonanza e Roy Rogers. Costumo dizer que naquela época havia ocasiões em que a gente advinhava o que estava vendo, de tanto chovisco na tela.
Minhas séries de TV prediletas eram:
- Vigilante Rodoviário com seu Simca Chambord de polícia e seu cão pastor alemão chamado Lobo (veja mais aqui)
- Rota 66, dois caras, Tod e Buz, ganhando o oeste montados num arrebatador Chevrolet Corvette 1960, um dos meus carros de sonho, principalmente os antigos (veja mais aqui)
- Papai Sabe Tudo, seriado cheio de virtudes familiares parecidas com as nossas com Jim pai, Bud filho e as mulheres, começando em 1954, o qual hoje em dia é desprezado e criticado como irreal
- Disneylândia, com filmes, documentários e desenhos animados de Disney começando em 1954, também criticados hoje em dia pelos sobreviventes do caos pós-moderno
Filme Diários de Motocicleta, cuja rota turística é hoje promovida pelo filho mais novo de Guevara, Ernesto |
Estes seriados desprezados pela sociedade "avançada" de hoje contribuíram para a base moral da minha família. Meus filhos até hoje adoram desenhos animados, incluindo os de Disney, mas tem gente que os associa a satanáz.
Influenciado por estas visões é que meu primeiro desenho de concepção própria foi uma batida entre um Simca Chambord com um Ford Gálaxie, e meu primeiro desenho colorido de concepção própria foi uma pickup Chevrolet C-10 com uma Caravan por cima e eu e meu primo viajando nela até atingirmos a América, tal como os argentinos Che Guevara e seu amigo Alberto Granado o fizeram sobre motos, mostrado no filme Diários de Motocicleta.
Epílogo
Apesar de todas as lembranças neste post, milhares de outras ainda existem e não foram exploradas. Não sei se todas elas caberiam nos computadores da NSA norte-americana...
Por conta desta impossibilidade, tenho receio do robô Google, aquele que está sendo treinado para aprender como um ser humano através de inteligência artificial. Será que ele poderá acumular tanto sentimento e tanto amor que nos diferencia das máquinas? Ou será que ele será apenas uma versão mais especializada dos australianos, atualmente em processo de despersonalização e crescente hipocrisia e distanciamento emocional? Para estes, a diferença não será muito grande, mas para instituir a era dos trans-humanos no planeta, os responsáveis terão que matar os nordestinos...
Neste Natal, uma oração a papai do céu.
Influenciado por estas visões é que meu primeiro desenho de concepção própria foi uma batida entre um Simca Chambord com um Ford Gálaxie, e meu primeiro desenho colorido de concepção própria foi uma pickup Chevrolet C-10 com uma Caravan por cima e eu e meu primo viajando nela até atingirmos a América, tal como os argentinos Che Guevara e seu amigo Alberto Granado o fizeram sobre motos, mostrado no filme Diários de Motocicleta.
Epílogo
Apesar de todas as lembranças neste post, milhares de outras ainda existem e não foram exploradas. Não sei se todas elas caberiam nos computadores da NSA norte-americana...
Por conta desta impossibilidade, tenho receio do robô Google, aquele que está sendo treinado para aprender como um ser humano através de inteligência artificial. Será que ele poderá acumular tanto sentimento e tanto amor que nos diferencia das máquinas? Ou será que ele será apenas uma versão mais especializada dos australianos, atualmente em processo de despersonalização e crescente hipocrisia e distanciamento emocional? Para estes, a diferença não será muito grande, mas para instituir a era dos trans-humanos no planeta, os responsáveis terão que matar os nordestinos...
Neste Natal, uma oração a papai do céu.
Luiz Melodia, Papai do Céu, Álbum Zerima
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