terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Malícia

Como se vive em Sydney. Brincadeirinha, trata-se de mais uma foto
do famoso Spencer Tunick no Teatro de Ópera de Sydney.
Recente opinião de um visitante brasileiro sobre a Austrália.
Mesmo sendo uma metrópole, os jovens parecem um tanto alienados que odeiam pentes ou escovas.
Muito homossexualismo, mais notadamente feminino; não se pode fazer um agrado com uma criança que parece pedofilia; tem mais asiático do que na Ásia; gradessíssima variedade de plantas; casas lindíssimas e horrendas convivendo como vizinhas na mesma rua; figurinos ridículos, cafonas e sem noção convivendo nos mesmos ambientes (trabalho, estudos, lazer).
Muitos carros que são colírios para os olhos dos amantes ou não de carros como Lamborghinis, Maserattis, Rolls-Royces, Bentleys, Ferraris, etc.
Quente pra dedéu e muito seco; toma-se muita água. Papel higiênico com 4 folhas, um luxo só.
O que é malícia? Não é a filha da vizinha. Se você viu aqui uma
criança a dormir, você não tem malícia. Existe tal pessoa?
Ele disse que meus filhos precisariam de adquirirem mais malícia. Não entendi a princípio, mas acabei imaginando que ele queria dizer que, se eles fossem viver no Brasil, precisariam de mais malícia. Ele então me respondeu, "Você entendeu sim! Você é muito bom captador das entrelinhas e mensagens subliminares..." Ele estava se referindo a que eles não estão adequados a viverem no Brasil nesta época de hoje onde a sacanagem rola solta em toda parte e o nível de dignidade caiu pelas tabelas onde ninguém tem mais classe nem educação. No Brasil eles precisariam de mais malícia realmente. BINGO!

Eu acrescentaria que eles iriam precisar de avacalhação e cafajestice.

Aqui na Austrália ainda há espaço para a sofisticação deles, ou nos países em que eles pretendem se estabelecerem. Concordo... Espero de coração que o Brasil se recupere de tanta baixaria até nos mais altos níveis, de tanta cachorrada, principalmente no plenário. Estes sim estão ajustados com a sociedade brasileira atual. É preciso melhorar o nível destas pessoas urgente, a fim do país conseguir sobreviver e galgar sua posição de destaque no mundo, conforme ele merece e vinha conseguindo até o ano passado quando a gentalha resolveu grasnar nas ruas e quebrar tudo. Estava bom demais para durar...

A internet é cheia de malícia. O que você vê aqui? Correto, um
chachorro-quente.
Como um exemplo, quando fui mostrar pra ele uma música de um cara brasileiro que eu gosto, cujo disco ele me presenteou, o cantor/compositor tacou um "fudeu" na música e fiquei com cara de tacho, cheio de vergonha. Ele então me falou, eu acho muito irônico você ficar “empulhado” com a merda que os outros fazem... Acontece com muita gente também, incluindo eu próprio... Respondi que era porque eu dava àquele cara o maior valor, ele ainda não tinha baixado o nível, mas acabou caindo como todo mundo na baixaria. É assim que suas fãs querem, então tomem. Porque as fãs deles são dadas à baixaria, que se agitam quando o cara fala um palavrão ou fica se insinuando no palco, mas, como você disse, tudo em prol do maldito dinheiro. L´argeant! Quanto mais eu preciso dele, mais eu o odeio. O tal do cantor/compositor é o Lucas Lucco.

Meus filhos australianos santinhos e sem malícia vêem um mouse.
Fico "empulhado" com coisas ruins que as pessoas fazem quando elas me atingem. Quando não me atingem, é porque não sento em formigueiro. Mas sou fã daquele imbecil, e agora tenho que engolir as merdas dele depois de ter publicado meu fanismo! Vergonha para mim que tentei dar valor a um sequer cantor sertanejo, porque na realidade, sertanejo não é minha praia, que me desculpem tantos profissionais bons que tem no Brasil. Na realidade estou sendo injusto, pois o Victor e Léo e a Paula Fernandes são excelentes e ainda não descambaram para a baixaria.

Daí chega este visitante pra dizer que atualmente a Paula Fernandes é uma versão da Barbie. Vi algumas fotos na internet e fiquei chocado com o peso da maquiagem nos olhos, que ela não precisa. Vem cá, esse povo não tem ninguém em casa que diga, "mulher, tu tá passando da conta no rímel, manera", ou então simples espelhos, ou desconfiômetros, se mancômetros? Mas o resto que vi ainda está muito discreto e de muito bom gosto. 

O que me atraiu no Lucas Lucco foi seu extraordinário forró de sua banda, de altíssima qualidade, além de seu respeito aos homens. Mas, convenhamos, não suporto baixaria. Uma fã dele escreveu num fã site que não gostava mais dele por causa do excesso de tatuagens e músculos. Ele respondeu que, se ela não gostava, arrumasse outro, porque quem gostava dele, gostava de seu trabalho, e não de sua aparência. Bobinho e malcriado! Eu acho a mesma coisa, é tudo uma baixaria só, e ele está piorando. Neste momento estou pensando se não responderam por ele naquele blog, porque o cara ainda não tinha sido grosso desse jeito em público, como foi mudar de uma hora para a outra? Quer dizer, não é de uma hora para a outra, estou fora do Brasil, então só vejo notícias sobre um mesmo assunto a cada 3 meses.

Nem todo mundo suporta o peso da fama, deve ser o caso do Lucas, apesar de todo cuidado do pai dele e da equipe produtora. Sendo decente, ele podia fazer carreira internacional, mas esta baixaria não é suportada pelos estrangeiros. Chame-os de hipócritas, mas é melhor assim nesse caso. Suponho que tenho ouvido palavrões em músicas novas de rock internacional também, vai ver que é por isso que ele anda imitando.

Palavrão...
É tudo tão vulgar...

Nem os ricos brasileiros escapam mais. Não tem mais dignidade, moral, não sabem mais o que falam, não sabem nem se comportarem. Acho que não existem mais famílias tradicionalmente educadas como vim a conhecer décadas atrás, está todo mundo avacalhado. Ou será que eu sonhei e vivia em outro planeta? Sim, é mais provável...


Me chocou as coisas que ele recebia de seus amigos via WhatsApp do Brasil enquanto estava aqui na Austrália pelo baixo nível das piadinhas juntamente com a profusão de palavrões gratuitos. Faz tempo que eu não ouvia tais coisas. Tenho por norma não falar palavrões, mas ainda me dou o direito de falar um ou outro aqui e ali conforme a necessidade ou então para dar um efeito qualquer que desejo no meu discurso, mas procuro não incorporá-los no linguajar diário até porque sei que isso contamina, contagia e acaba se tornando normal. Eu fazia isso desde que vivia no Brasil, não é hábito australiano que adquiri. É bom lembrar que, quanto mais baixo o nível do ser humano, mais ele fala palavrões em profusão. Praticamente tudo pode ser dito usando-se apenas dois ou três palavrões que os semelhantes se entendem.

Dercy Gonçalves, dá pra ter saudades de uma coisa daquelas?
Caralho, me dê a porra da caderneta pra eu escrever esta merda sobre esta porra do filho da puta que tá puta fodendo a porra da minha paciência, puta merda...

O fato dele manter profundo contato com seu telefone celular, mesmo estando do outro lado do mundo, já não me chocou tanto devido ao número de pessoas em toda parte que anda fazendo a mesma coisa. E era recados gravados pra lá e pra cá, e filmezinhos feitos com as paisagens australianas enquanto recebia em troca filmezinhos de gosto discutível.

E tudo isso vem de pessoas de bem, boa situação financeira, bom nível cultural e educacional. Não dá pra entender, ou então me transformei num esnobe metido a moralista.

Só aceitei WhatsApp justamente para ter contato com esta visita. Pelo menos este meu querido amigo que já retornou está sabendo exatamente o nível de filmezinhos pra me enviar. Amigo é assim, respeito é bom e eu gosto.

Alemanha Sabe Mais

E por falar em respeito, para quem sabe Inglês, veja como é que se devia escrever sobre a Petrobras e o governo atual neste artigo alemão. Isso se chama respeito e inteligência.

http://www.dw.de/opinion-petrobras-is-not-brazils-government/a-18258893

E que tal esta outra reportagem interessante, feita no Brasil mesmo, ops! Foi erro. Publicou, lascou. A internet ressuscita os mortos.

http://contrapontopig.blogspot.com.au/2015/02/contraponto-16061-globo-tira-do-ar.html

http://globotv.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/t/todos-os-videos/v/especialista-fala-sobre-os-problemas-e-prejuizos-da-petrobras/3315829/

"Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PIG, Partido da Imprensa Golpista."

Paulo Henrique Amorim

(Pra quem não se lembra, "pig" em Inglês significa "porco")

Praia na sombra dos arranha-céus de Recife.
Cinema

A pressa em divulgar coisas boas é tanta que me vejo divulgando sem sequer ter provado pra dar meu depoimento com base. Vai ver não é nada do que ando pensando, só baseado na crítica dos outros, mas vamos lá. Escrevendo aqui pelo menos tenho uma história para não deixar esquecer, voltar aqui, ver o que não assisti, e providenciar, caso contrário se perderia no tempo e eu jamais veria outra vez. Geralmente quando reproduzo textos de outros aqui é porque assino embaixo, coincidem com meu jeito de pensar, a não ser que eu faça minhas críticas depois. Então, já que não sei escrever tão bem, vale colocar coisas de especialistas pra melhorar o nível desse blog.

Vai ver que o nome desse documentário é "Um Lugar ao Sol" porque lá embaixo a praia já foi coberta pela sombra destes edifícios altíssimos na orla do mar das grandes cidades brasileiras, então o povo, que tinha o sol de graça na praia, agora jão não tem mais a partir das 3 da tarde, enquanto quem mora na cobertura fica com os metros quadrados de sol só pra eles mesmos, enquanto os 50 andares de baixo ficam todos só com uma lateral de sol pelas janelas.

"Um Lugar ao Sol" pasma ao retratar a classe dominante brasileira.

http://www.planetatela.com.br/cri.php?cri_id=491

Por Celso Sabadin, e não Dominguin

Quem já não ouviu a famosa ladainha que “o cinema brasileiro só mostra miséria, favela, gente desdentada e mulher pelada”? Pois bem. Para provar que este chororô não tem razão de ser (aliás, nunca teve), o cineasta pernambucano Gabriel Mascaro coloca nas telas do Brasil um pedaço da classe dominante. Só gente fina. Com o genial documentário “Um Lugar ao Sol” (2011), Mascaro enfoca o seleto universo dos moradores de coberturas de prédios classe A das cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Todos belos, saudáveis e cheios de dentes, onde a favela é uma realidade distante. Há até o depoimento de uma moradora que acha lindo o riscado colorido que as balas perdidas deixam nos céus, quando há confrontos armados entre os morros.

Trailer do documentário Um Lugar ao Sol

Ao abrir sua câmera às classes dominantes, Mascaro escancara o abismo sócio-cultural brasileiro, exibindo a necessidade de muitos em morar acima de tudo. Literalmente. Ao se distanciar do nível da rua, é visível - e risível - a forma como vários destes moradores se colocam acima do bem e do mal diante deste complexo painel de meandros sociais chamado Brasil.

Moradia estilo brasileiro. Esta sala comportaria 25 chineses se fosse
em Sydney.
Além do fator praticamente inédito de abordar uma classe sempre presente nas revistas de fofocas, e quase sempre ausente das telas de cinema, o filme ainda provoca uma importante discussão sobre a ética que deve existir entre os documentaristas e seus depoentes. Numa sessão de “Um Lugar ao Sol” realizada durante a Mostra de Cinema de São Paulo, Mascaro chegou a ser questionado se ele não estaria se aproveitando da boa vontade das pessoas que se deixaram entrevistar para, depois, ridicularizá-las na tela. O cineasta se defendeu alegando que sua obrigação é fazer cinema, e não jornalismo. Diferente do jornalismo, o documentário não tem a obrigação de ser imparcial, muito menos de mostrar todos os lados da questão. É um recorte.

Não é a mesma foto, este é o banheiro. Comportaria 12 chineses,
cada um a $300 reais por semana, $15.000 reais por mês. Só no
banheiro... 166 crianças do terceiro mundo patrocinadas através
da World Vision em um ano...
Concordo totalmente com Mascaro. O cineasta não obrigou ninguém a dizer o que está dito no filme e não manipulou imagens de forma anti-ética . Ele não tem culpa se existe gente no Brasil que, do alto de sua cobertura, se encanta com o colorido dos tiroteios lá em baixo. Ele não provocou as barbaridades ditas no filme, muito menos o despenhadeiro social que motivou tamanhas aberrações. Apenas registrou. Se é que, este caso, cabe a palavra “apenas”.

Sóbrio, simples, sem maneirismos estéticos nem nenhum tipo de espetacularização, o filme mostra que o maior espetáculo da Humanidade continua sendo o próprio Homem. Mesmo quando ele se deslumbra e perde o senso do próprio ridículo ao ser seduzido por uma câmera de cinema.

“Um Lugar ao Sol” foi exibido em mais de 40 festivais internacionais, entre eles os de Los Angeles, Miami, Cartagena, Munique e Toulouse.

Sydney também tem cobertura, mas não na praia. Atualmente está 
uma polêmica de que não se constrói mais na praia de Bondi porque 
transporte para lá é péssimo... isso é primeiro mundo.
Em outro site achei mais alguma informação interessante.
O diretor conseguiu acesso aos moradores através de um curioso livro que mapeia a elite e pessoas influentes da sociedade brasileira. No livro, são catalogados 125 donos de coberturas. Desses, apenas nove cederam entrevistas.
Através desses depoimentos, o documentário traz um rico debate sobre desejo, altura, status e poder. É um filme que reflete sobre a classe dominante brasileira e a verticalização das cidades deste país, abordando o imaginário sócio-cultural de um grupo social pouco problematizado na cinematografia nacional. O projeto transcende as fronteiras do Brasil, consolidando um debate sobre o imaginário humano e as relações e concepções de ideologia, dominação e poder e na forma como isso se concretiza nas produções materiais. Nesse caso, na arquitetura de uma cidade que explicita em seu paradigma a histórica desigualdade social. 
http://cinema10.com.br/filme/um-lugar-ao-sol
Para os interessados, este comentário do link seguinte é melhor ainda:

http://www.brcine.com.br/colunas/um-lugar-ao-sol-ou-como-nao-tremer-de-frio/

Existe desigualdade social na Austrália?

Como em tudo, também nessa área reside a extrema hipocrisia dos australianos, ou do povo anglo em geral.

Estudante no charmoso bairro central de Newtown, Sydney.
http://thevine.com.au/life/thoughts/215-a-week-to-live-on-a-balcony-
20130319-231252/?page=3
Para começar, o australiano não gosta de morar em apartamentos. O sonho deles é aquela casa norte-americana famosa, de primeiro andar com jardim gramado sem muros num subúrbio bem longe onde todas as casas são assim. Morar em cubículo é para pobres, separados, temporário enquando não compra a casa dos sonhos. Apartamentos e duplexes geralmente são ocupados por solteiros, récem-casados até quando nasce os filhos, daí eles se mudam e isso caracteriza a alta rotatividade destes lugares e a anonimidade de vizinhos que não tem nem tempo de se conhecerem. Quando você acabou de conhecer, as pessoas já se mudaram. Morar em apartamento é coisa bem de brasileiro, por isso eles sonham com Gold Coast, o que mais se assemelha às dezenas de cidades litorâneas brasileiras.

O resultado é que o que mais prolifera nos bairros centrais de Sydney é apartamentos de 1 quarto. Mas que raios, estas pessoas não tem família? Não, e quando tem, se separam logo. O fato é que a maioria dos australianos mora sozinha, incluindo os idosos. Quando muito, recebem um "partner" (parceiro sexual) cuja palavra em Inglês não discrimina o sexo e você nunca sabe se o "partner" é homem, mulher, amante, gigolô ou o que mais. Bem bolado.

É assim que se reconhece as casas do governo, mas nem sempre.
Ainda existe gente decente que realmente está atravessando
fase negra.
Gosta-se de abrir a boca pra dizer que não, Austrália não tem pobres, não tem favelas. Meu querido visitante a certo momento olhou pra cima e me perguntou, embasbacado, mas o que diabo é aquilo lá no alto daquele prédio chique bem no meio do CBD de Sydney (distrito central de negócios) que eu não acredito no que os meus olhos estão vendo? Respondi, são o que você está vendo mesmo, roupas estendidas na varanda pra secar. Retruca ele, mas é roupa demais pra varandas tão pequenas, parecem as favelas brasileiras. Continuo então dizendo que trata-se de dezenas de pessoas que moram no mesmo apartamento, pois é assim que se vive em Sydney. 

Enquanto um executivo mora num enorme apartamento de 3 quartos com vista para o porto de Sydney, sozinho, dezenas de estudantes e trabalhadores sem qualificação profissional se amontoam em quartos-e-salas cheios de baratas, sendo que todos são quase vizinhos. O executivo não pisa na rua, sai da garagem subterrânea em seu Range Rover com vidros escuros direto para a garagem do escritório, todos com portas automáticas, enquanto que os desqualificados se acotovelam nas ruas tropeçando nos sem-tetos, levando vento e chuva. Mas todo mundo sorri porque está em Sydney!

Cobertura estilo Sydney, 2 ou 3 quartos apenas. Jardins premiados.
Grande número de pessoas não pode pagar aluguéis ou comprar propriedades, então ou elas se tornam surfistas de sofás dos outros, ou se juntam em bandos para alugarem um pequeno apartamento, de preferência perto de tudo quando podem economizar também com o transporte caríssimo. Muitos proprietários vivem disso, de lotear seus minúsculos apartamentos, cobrando tão caro que o lucro lhe permite comprar mais 3 apartamentos por ano.

Mas estas coisas não são vistas. Raramente alguém vai olhar pra cima, e se olhar, vai achar o colorido das roupas bonito e exótico, parecendo flores. Afinal, trata-se de um prédio no meio de tantos outros super-chiques e de alta-tecnologia abrigando as maiores corporações e bancos do mundo. Quem vai prestar atenção num grupo de asiáticos dentro de um cubículo? 

Coberturas de $15 milhões de dólares ($30 milhões de reais) em
Sydney. http://www.bookmarc.com.au/blog/sneek-peek-sydneys-1
5million-penthouse/
Estas são as modernas favelas do primeiro mundo, cuja cidade maior representante delas é Hong Kong. As favelas do Rio dão de 10 a zero em termos de vista e panorama.

Você circula pelo subúrbio de Vaucluse ou Glenhaven, vê um monte de casas de arrombar, verdadeiros palacetes, mas não parece nos chocar como no Brasil. Em meio a tais palacetes geralmente aparecem prediozinhos de tijolos marrons repletos de apartamentos de segunda classe, mas pelo preço, qualquer buraco é um palácio em Sydney.

Muitas vezes em cima de um prédio destes tem uma pequena
mansão escondida... aqui em Double Bay, Sydney
Casas do Governo

Quem é pobre e tem sorte, mora em casas ou apartamentos que se dizem "do governo". O governo paga um pequeno percentual dos alugués de propriedades da população que gosta porque estão sempre alugados e quem se encarrega de colocar ou tirar os inquilinos é o governo. Você nunca sabe qual casa ou apartamento é do governo ou não, a não ser depois de ter se mudado pra o local, que é quando você vai observar o comportamento dos vizinhos.

Uma pessoa no trabalho, por exemplo, reclamou que depois que mudou-se para uma casa nova, de vez em quando era bloqueado de entrar na sua rua porque ela estava cheia de carros de polícia. A polícia estava tão acostumada a ir a certa casa, que quando ligavam para ela da área, vários carros já apareciam do nada. Não tinha mais jeito a dar, ele já havia comprado a casa, agora teria que aguentar, e se não aguentasse, provavelmente também não acharia rua nenhuma que não tivesse pelo menos um pequeno apartamento do governo.

Cobertura (penthouse) Londres, em Sydney, $15 milhões de dólares,
4 quartos, 6 banheiros, em Hyde Park. As pessoas são sujas assim?

Ah, não, é para os convidados das festas terem um momento para
gastarem ou recobrarem as energias...
O lance destas casas do governo é que elas abrigam todos os rebutalhos que deviam estar morando nas ruas, ganhando a vida como esmoleres. Certo que a cada ano o número de moradores de rua aumenta, mas também aumenta o número de descamisados, desempregados, drogados, separados e doentes mentais.

Mas isso nenhum visitante vê. Estas coisas só se sabe vivendo na Austrália, e isso depois de muitos anos. Nos primeiros anos, tudo parece um paraíso. A desgraça acontece fora das vistas dos turistas.

De modo que existem diferenças sociais abissais também na Austrália, mas tanto os pobres quanto os ricos disfarçam muito bem com a maior hipocrisia. Por exemplo, o centro de negócios do aeroporto de Canberra pertence a uma só pessoa, além de toda a imensa área em volta que inclui vários shopping centers e imensos estacionamentos muito bem pagos. 

O abismo dos infernos
Terry Snow, um dos 200 mais ricos da Austrália, comprou o aeroporto de Canberra por $65 milhões de dólares e deu para seu filho Stephen Byron gerenciar. Aqui, filhinho, venha brincar de aviãozinho com papai.

Veja reportagem com ele e seus filhos, Como os 200 Ricos Investem.

http://www.brw.com.au/p/business/how_the_rich_
invest_terry_snow_u3guEOzYAJrxISrvTy8vRN

Se isso não é concentração de renda e diferença social, então eu não sei mais o que é.

Pra variar, assim como no Brasil ninguém sabia que 80% dos apartamentos de todos os cerca de 15 prédios da rua onde uma irmã minha morava pertenciam a um dono só, em Canberra também ninguém tem a menor noção de que aquela área nobre, incluindo o próprio aeroporto, pertence a um só australiano.

E você? Quantos apartamentos você tem? Perdeu a conta, não interessa, tem quem gerencie pra você? Quantas crianças daria pra patrocinar no terceiro mundo através da World Vision se vendesse um apartamento, unzinho só? Olha que algumas delas poderiam se tornar suas amigas e amá-lo(a) para sempre por tão pouco...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são moderados para evitar a destilacão de ódio que assola as redes sociais, desculpem.