sábado, 21 de fevereiro de 2015

O Lambersexual

Pablo Zanella, um lumbersexual brasileiro dá as dicas de como
manter o look num vídeo abaixo.
"Lambersexual" é como se pronuncia "lumbersexual", o novo tipo de homem. Mas não se pronuncia "lambêr", pronuncia-se "lâmbér"...

Lumberjack, ou melhor, lumbersexual, é o novo homem barbudo com aparência de lenhador. Quer dizer, novo para mim que só desconfiei do tipo no ano passado por nunca ter visto tantos barbudos como eu no meio da rua e na mídia.

Moda vem, moda vai, e sempre acabo na moda. Todo mundo parecendo agora com Jesus Cristo.

Anos 70

Os "bogans" (*) australianos cultuam os anos 70. Como nós também cultuamos de certo modo, então somos "bogans" (*). Aqui vai um pouco da minha nostalgia, a exemplo de tanta gente.

Quando eu era bem jovem, gostava de moda e queria me parecer com os caras mais transados. Chegou a um ponto em que passei a lançar moda porque já previa o que ia acontecer na próxima temporada, no próximo ano, sem querer, e os outros imitavam a mim. 

A certo ponto decidi fixar-me no que eu mais gostava e parar de mudar conforme o barco. Já sabia o que era certo pra mim, a imagem que me satisfazia, então me desliguei da moda para viver a minha vida do jeito que eu queria, economizando muito mais. A tal moda ia até o nível das marcas de relógio, uma verdadeira ditadura do consumo dentro da ditadura militar...

Das coisas que passaram a fazer parte da "minha" moda, algumas foram as seguintes:

Sapato de homem tem que caber o pé. Sacrifício é para dondocas.
Sapato Quadrado

O motivo disso é que nestes tipos de sapatos cabem meus dedos sem apertarem. Não sou anglo-saxão que tem os dedos dos pés como uma espátula de pintura a óleo, triangular e pontudos. Tenho pé de brasileiro, largo e com dedos curtos. Pé de índio, então, sapato de índio.

Camisa Xadrez 

Sempre gostei de camisa xadrez, desde o dia em que usei a minha primeira quando era criança participando de uma peça de teatro na escola em que eu fazia o papel de um lenhador do interior. Ela era de xadrez vermelho e preto, e dali em diante sempre mantive uma camisa xadrez no meu guarda-roupa como agora, se bem que só uso muito raramente por diversas razões, a primeira delas é que a camisa é grossa, então só no período de outono ou início da primavera é possível utilizá-la, mas aqui na Austrália todo ano se vendem muitas para os "bogans" (*).

Sapato com Solado de Pneu de Jipe

Quer dizer, solado grosso, com bolachinhas na borracha. Sapatos que, se você levar um chute, vai cair lá com o queixo quebrado. O motivo não é para parecer mais macho ou hétero, é simplesmente porque dá mais segurança, não escorrega, dá mais firmeza no pisar e não faz barulho. Exatamente o contrário de usar sapatos sociais de "pelica"... aqueles que fazem toc-toc, como sapatos altos de mulher...

Bota de Pedreiro

No Brasil eu simplesmente gostava de botas de couro cru estilo coturno, ou seja, amareladas ou ocre, com solado de pneu de jipe, de 1,5 cm de altura na frente. Ainda tenho uma delas guardada em meu guarda-roupas porque é difícil achar ocasião para usá-las, mas já usei em viagem de férias para o Brasil. Aqui na Austrália descobri que ela é um símbolo sexual de masculinidade porque quem usa são os pedreiros, que aqui são carpinteiros uma vez que as casas são feitas de madeira, e todo trabalhador braçal. Eles são símbolos de machos, cultuados pelas fantasias das mulheres, sujeitos musculosos grosseirões que mal sabem ler e escrever, mas que ganham bem o bastante para jamais pensarem em estudar mais. A cerveja semanal é o bastante para os manter vivos e felizes.

Sapato de plataforma conhecido como cavalo-de-pau dos anos 70
Sapato de Plataforma

Na era disco dos anos 70, naturalmente que tais sapatos entraram no meu reportório. Eram bons porque aumentavam nossa altura perante os saltos altos das meninas, e se pareciam ainda mais robustos caso fosse necessária uma pezada numa briga, coisa que nunca foi.

A era disco foi decisiva na minha vida pois foi nela que encontrei minha esposa, e dela temos muitas boas lembranças. Por exemplo, ABBA, a banda disco sueca que é um verdadeiro culto na Austrália inclusive hoje em dia onde suas músicas são tocadas nas rádios diariamente, me transporta para a casa dos meus primos por parte de pai porque um primo ao qual sou muito ligado possuia seus discos naquela época. Apesar de eu ser mais ligado em rock pesado, concedia escutar disco quando estava lá, e não pude evitar a migração para um estilo musical menos agressivo e mais leve quando a mulher entrou na minha vida.

Camiseta com atitude
Camisetas

Sempre adorei T-shirts desde que me entendo de gente. No início era por ser totalmente prática, era só jogar em cima e pronto, podia sair. Se precisasse tirar por causa do calor, era só pendurá-la na cintura ou enrolá-la na mão. Ela mesmo se esticava ao ser vestida de novo, e não precisava ser passada. Eu gostava de camisetas de manga ou sem manga, mas não as de manga comprida que me faziam ficar parecido com um boneco ou robô. Na época eu tinha forma musculosa, então elas me enxiam de orgulho de exibí-la, pois afinal, eu trabalhava muito para construí-la nas academias de ginástica. Algo assim como um peru...

Calças Jeans

Eu as usava para ir a toda parte, inclusive como parte de vestimenta social antes disso virar moda. Claro que as pessoas me olhavam de soslaio, mas eu não me importava. A certa altura foi lançado o jeans elástico que colava na pele. Eu também usava isso, justamente como estes garotos de hoje. A diferença de hoje é que os fundilhos não ficavam nos joelhos, mas até a calça Saint-Tropez também tinha cintura baixa com a diferença de que naquela época não mostrava a barra da cueca cheia de letras, mostrava o cofrinho mesmo.

Certas vezes as calças eram tão baixas, e as camisas tão curtas, que a barriga ficava de fora. Por isso tínhamos obrigação de não ter barriga, mas sim músculos. 

Relógios em largas pulseiras de couro
Relógios Bolachões

Pulseiras e colares coloridos para homens foram lançados pelos hippies e junto com eles vieram os relógios de pulsos sentados em largas pulseiras de couro. 

As pulseiras coloridas nunca fizeram parte do meu reportório, mas os relógios fizeram. Pulseira no tornozelo também não deu...

Camisa Aberta com Corrente de Ouro e Pulseiras

Usei isso também e me orgulhava do meu peito cabeludo. Outro dia assisti a partes do filme Xanadu passando na TV e me lembrei daquela moda porque no filme havia um cara com a camisa aberta mostrando os pelos pretos e fartos. Isso ficou tão raro que hoje em dia a gente sente-se um pouco enojado de olhar aqueles pelos que parecem sujos. 

Léo, de Victor e Léo, retorno aos anos 70 com camisa xadrez. Só 
agora descobri o que me atrai nesse rapaz... ops, no homo. Atrações 
à parte, realmente gosto muito destes dois e tenho músicas deles.
Era tudo uma questão de moda e na época ninguém achava que era sujeira. Como eu não queria parecer esnobe ou atrair assaltantes, minha correntinha era mínima, com cruzinha flutuando nos pelos, e as pulseiras douradas também, bem fininhas, ao contrário dos cantores de Rap americanos de hoje em dia. 

T-Shirts

As camisas brancas básicas eram as minhas preferidas por lembrarem os primeiros jovens rebeldes dos anos 50 personificados no cinema por Marlon Brando e James Dean, e principalmente por realçarem os peitorais e braços musculosos masculinos, símbolos de seu orgulho de pertencer à classe. 

T-shirt, cobre mas não deforma
O homem quando tem pelos no peito e está sem camisa, parece que fica mais nu do que os que não tem pelos. Sua nudez é mais chocante, mais sexualizada, mais masculina, por isso nem sempre é confortável sair por aí exibindo-os pois chama atenção demais

As camisas T-shirts eram ótimas por cobrirem os pelos e manterem as formas musculares aparentes. Hoje os meio-peludos se depilam... 

Com o tempo deixei de usar camisas regatas, sem mangas, quando a barriga começou a crescer. Na Austrália usar camisas regatas é associado com agressores domésticos e são chamadas de "wife-beater" (surradores de esposas) porque quem as usa são os australianos mais grosseiros, pobres, bebarrões, ignorantes e violentos, que voltam do bar e surram as esposas na frente dos filhos. 

Agressão doméstica é um dos grandes problemas da Austrália hoje em dia.

Porém, as camisetas com manga ainda uso, mesmo com a barriguinha, até porque descobri que barriga de urso é sexy. Melhor para mim. 

Barba, Bigode e Costeletas

Scotty ‘Sumo’ Stevenson, jogador de rugby neo-zelandês,
e suas costeletas ("sideburns") dos anos 70
Eu usava barba quando me dava a veneta, tentei o bigode de pistoleiro mexicano nos anos 80 por pouco tempo porque aquela não era exatamente uma imagem com quem eu queria ser associado, mas as costeletas de Elvis na sua decadência fizeram parte do meu figurino por um tempo. Elas eram pontudas e vinham quase até a boca, algo que simplesmente nem todos os caras podia cultivar, era preciso ter barba grossa como a minha.

Sapatos Tênis

Sempre adorei sapatos tênis brancos, e os que mais gostei na vida foram umas botinhas brancas inportadas da Reebok. Eu usava meus tênis até eles se desmancharem, e quanto mais sujos e rasgados, mais eu gostava. Pareciam luvas e se brincasse eles andavam sozinhos para meus destinos rotineiros. Assim também eram minhas calças jeans rasgadas, remendadas por mim mesmo ou com barras desfiadas e bocas largas.

Casaco e calça jeans, tênis Reebok Pump, camiseta rejeitada por
ser estampada
Casaco de Jeans

Eu simplesmente os achava extremamente másculos, e possuia um de estimação no qual eu havia pintado alguns escudos para lembrarem os Hell Angels, motoqueiros que na época eu não sabia que eram fora da lei, baseado num dos meus filmes prediletos, Sem Destino (Easy Rider), com Peter Fonda, Denis Hooper e Jack Nicholson (http://pt.wikipedia.org/wiki/
Easy_Rider). 

As calças acabavam se tornando bermudas curtíssimas de barra cortada na faca como mandava os anos 70, e os casacos se tornavam coletes sem mangas, antes de virarem panos de polir carro.

Filme Sem Destino (Easy Rider), de costa a costa na América, porém
de moto, na era dos hippies, na mesma linha Jack Kerouac,
Rota 66, Juventude Transviada (Rebel Without a Cause), e O 

Selvagem (The Wild One), com Marlon Brando, 1953, que 
influenciou gerações de jovens com seu personagem Johnny Strabler,
o líder de uma gangue de motociclistas, sempre vestido com uma
jaqueta de couro, um boné e pilotando uma Triumph Thunderbird
6T de 1950. 
Os anos foram passando e resolvi aderir às roupas sociais no trabalho de bom grado pois, afinal, já havia usado roupas esportes até os 30 anos. Ao mesmo tempo decidi cultivar a barba de 3 dias, que depois passou a ser de 3 semanas. 

Tudo começou por pura preguiça de fazer barba mais de uma vez por semana, mesmo com barbeador elétrico, mas principalmente foi porque minha mulher adora homens peludos, e fez lobby para eu deixar a barba crescer. Depois disso, nunca mais parei, e hoje nem sei mais como é minha cara sem barba. Deve estar toda amassada com a idade...

Cena do filme A Música Não Pode Parar com personagens
mostrando como eram curtos os shorts masculinos na época.
Na foto a louríssima Valerie Perrine.
Calça com Muitos Bolsos

Calças jeans aposentei e troquei por outro tipo de calça que sempre gostei desde criança, mas usava muito pouco no Brasil porque simplesmente eram muito difíceis de se achar para vender: calças de operário ou militar repleta de bolsos, incluindo as com estampas de camuflagem militar. 

Acontece que aqui na Austrália quando eu cheguei já havia a moda de tais calças, então aquilo foi o céu para mim. Até hoje tenho 4 calças destas no guarda-roupa, inclusive jeans compradas no Brasil nas férias, uma vez que a moda acabou entrando no Brasil e jeans com múltiplos bolsos são raros por aqui, assim como cuecas de cor beje, porque, por alguma razão, homem australiano não veste beje e também mal curte a cor marrom... a moda das calças multi-bolsos jamais passou aqui na Austrália nestes 15 anos.

Capitães de rugby AFL (VFL) em 1975 com seus famosos shorts 
curtos. Os "bogans" (*) costumam parar no tempo e continuar usando 
estes shorts hoje em dia, como representado pelo comediante 
diretor Paul Fenech, Austrália.
O mesmo serve para as bermudas, cheias de bolsos ou estilo camuflagem. Nada de bermudas coloridas, esparrentas e imensas como saias. Tem moda a qual não faço adesão de jeito nenhum. As modas vêm e vão, e eu estou sempre usando o que sempre usei. Não importa a idade. Ainda hoje tem quem se vire pra me olhar, achando ridícula minha vestimenta de jovenzinho, de mãos dada com minha esposa, nada comum, provavelmente.

Fio Dental

Nesta moda não entrei mas vi vendendo nos departamentos masculinos dos magazines da Austrália e sei que tem senhores respeitáveis que usam para suas trelas com suas senhoras respeitáveis, ambos usam...

Tatuagem

Paul Fenech, diretor do seriado de TV "Housos", paródia aos
"bogans" (*) australianos que vivem às expensas dos benefícios
sociais tipo Bolsa Família e jamais arrumam emprego, com seu
clássico shortinho de jogador AFL dos anos 70.
Apesar de ter contemplado a idéia quando desfilava na praia fazendo as garotas desmaiarem, e também por achar bonito... nos outros... pensando bem, decidi não adquirir uma marca permanente e manter meu corpo virgem como ele veio ao mundo. Por outro lado, homem peludo não precisa de outras atrações corporais... 

Mas muitas vezes me pego pensando quanto tempo as pessoas passam examinando certas tatuagens que são verdadeiras obras de arte e se isso de alguma forma aumenta o tesão ou a atração na hora H, porque, realmente, não tenho certeza se vale à pena ostentar uma obra de arte no corpo por aí, principalmente porque elas dóem tanto para serem adquiridas, o resultado final pode não agradar e a moda pode passar...

Reebok Pump estilo atual, suponho
Bem, a moda nunca passou para os motoqueiros de guanges, os quais hoje estão com seus 80 anos, tatuados da cabeça aos pés, o que acaba não sendo uma cena assim tão agradável aos olhos...

Lenhador

Agora usar barba é moda, então estou na moda. A moda veio a mim. Jesus Cristo está na moda.

Mocassins

Hoje a moda também é usar sapatos sociais com bico quadrado porém pontudos, como sapatos de elfos. Simplesmente não se acha sapatos sociais com outro formato em lugar nenhum nessa Austrália, com excessão de pequenas lojinhas de chineses em subúrbios. Advinha onde compro meus sapatos sociais atualmente?

Sapato mocassim, fácil, prático e confortável
Continuo usando meus sapatos largos de solado pesado mesmo com roupas sociais, como meu pai usava já nos anos 60, ou sapatos estilo mocassim de pele-vermelha, sem cadarço.

Ao invés de paletó, uso casacões meio-sociais de cores discretas. Tudo tem jeito de ser contornado...

Cabelo

Já cheguei até a usar cabelo de "emo" só que nos anos 70. Grande só de um lado, caindo e obrigando a dobrar o pescoço para o lado a fim de conseguir enxergar com os dois olhos, jogando os cabelos com frequência o que tornou-se um tique nervoso. Longos, batendo nos ombros, meio hippies, porém eles cacheavam nas pontas apesar de lisos, o que me irritava.

Cheguei a usar cabelo de Ronnie Von, aí em 1967, hoje usado
pelos emos. Não durou muito porque era muito aborrecido ficar
jogando o cabelo para o lado o tempo todo a fim de conseguir
enxergar direito, e já estava ficando com escoliose...
Como esse cara aqui embaixo no vídeo, Pablo Zanella, 25 anos, sempre estive na moda porque ela entra e sai, e logo tudo do passado volta à moda, é só esperar um pouco e manter-se firme, se você realmente se interessa por esse assunto. 

Como tudo meu dura muito (sem trocadilhos), anos e anos, então não preciso me atualizar com frequência. Aliás, que eu saiba nenhum homem gosta de fazer compras, a não ser em lojas de eletrônicos, ferragens, construção ou ferramentas... 

Segundo o Pablo, lenhador é um tipo muito antigo que sempre fez parte das fantasias sexuais de meio mundo, apesar do estereótipo não ter sido usado na banda Village People, reduzida a um policial, um cowboy, um motoqueiro, um índio e um operário da construção.

Pablo Zanella, Lumbersexual, Metrosexual, Modinha e Dinheiro...
barba grande, tatuagem, camisa xadrez...

A seguir mais um dos tantos artigos sobre a ressurreição dos homens, traduzidos.

Lumbersexual: Prosseguindo de Onde os Metrossexuais Pararam

http://www.scoutnetworkblog.com/2014/12/22366/lumbersexual-taking-over-where-metrosexual-left-off/

O que vem depois de "Movember" (Novembrigode)? Obviamente "Decembeard" (Dezembrarba). E em seguida vem "Manuary" (Janeirômem). Mas qual o significado de Decembeard, alguém perguntaria?

Bem, tudo se conecta à aparência "lumbersexual". A rebelião contra a tendência metrossexual do início de 2000 em que lumbersexual é o oposto do metrossexual. Um homem lumbersexual tem o olhar viril, é robusto, despenteado, com uma barba grande e fechada e, muitas vezes, vestindo camisas soltas xadrez e jeans rasgados. Embora ele não deva exatamente estar a cortar madeira, um lumbersexual é alguém que parece saber como fazer isso. Longe vão os dias dos metrossexuais falando sobre seus produtos hidratantes ideais. Estes são os dias em que os homens afirmam sua masculinidade pelo tamanho e espessura de... suas barbas e aparência totalmente despenteada, mesmo que eles passem horas a montar seus equipamentos. Surpreendentemente, os lumbersexuals não vivem na floresta, mas nas grandes metrópoles urbanas, como Nova York, Montreal, Toronto e Vancouver. 

Assim pegue o seu machado e sua camisa xadrez e comece a crescer a barba antes que Decembeard acabe.

Agora minhas considerações.

Cresça-o, mostre-o. Apoie. Novembrigode 2012, apoio à
conscientização da saúde do homem. Cruz Azul de Michigan.
O Macho Fantoche

Movember (trocadilho com "moustache" - bigode e "November" - novembro) é um movimento global criado para fazer os homens crescerem o bigode e rasparem em Novembro numa comemoração para angariar donativos para tratamento de câncer de próstata, testicular e doenças mentais (http://au.movember.com/). 

Decembeard (trocadilho com "December" - dezembro e "beard" - barba) é outro movimento para fazer os homens crescerem barba e rasparem em Dezembro numa celebração para angariar donativos para câncer de reto (http://decembeard.org/). Este diz que os participantes são "homens de verdade" (real men). 

Homens de verdade crescem barba. Dezembrarba.
Manuary (trocadilho de "man" - homem e "January" - janeiro) é outro movimento explorando os homens barbados para aceitarem desafios a fim de angariarem fundos para câncer de cérebro e pescoço (http://manuary.ca/). 

Na realidade, não tenho certeza se eles raspam mesmo nestes meses.

Ou seja, você, macho barbado, tornou-se um palhaço explorado por todos os lados principalmente porque os donativos não são para prevenir câncer, mas para serem canalizados para as maiores corporações do mundo fingirem que estão descobrindo curas, ou mesmo até descobrindo de verdade, mas a preços de tirar-lhe as calças. 

Mais uma manobra corporativa distorcendo o conceito de "donativo" e zombando da masculinidade alheia.

Hoje em dia as agressões ao nosso físico são tantas, que não se pode saber o que causa câncer. Não adianta se cuidar em casa, porque no escritório, no carro ou nas ruas está-se sujeito a poluição química de todos os lados. 

Janeirômem. Mostre sua barba, encontre uma cura. Porque câncer
de cabeça e pescoço? Porque é o sexto tipo de câncer mais comum
no mundo.
Tal poluição passa pelos produtos de higiene que você usa como desodorantes anti-transpirantes, alimentação com os transgênicos, mesmo sendo baseada em vegetais frescos fatalmente comprados em super-mercados (a não ser que você mesmo os cultive em sua horta mas mesmo assim toxinas cairão do céu), e produtos sintéticos que lhe revestem como roupas, lençóis, toalhas, calefação das casas, tintas, carpetes, plásticos no carro esquentados ao sol (o gostoso cheirinho de carro zero quilômetro é tóxico), ar condicionado, poluição do ar, da água, ou seja, não tem como fugir, apenas tentar-se diminuir o uso extremo de produtos artificiais. 

Aqui mesmo na Austrália metade das moradias tem asbestos (amianto), um material dos que causam mais câncer no mundo e popular na construção de casas e apartamentos até recentemente. Até em hospitais tem asbestos! 

Semanas atrás havia reclamações porque numa obra de renovação de uma casa, deixaram o asbesto exposto no jardim, perto de uma parada de ônibus. E, sim, conhecemos vítimas de asbestos, imigrantes que vieram pra Austrália sem qualificação profissional e foram empregados na indústria da construção dos anos 60/70, trabalhando diretamente com asbestos sem terem sido informados que era material cancerígeno, mesmo os fabricantes já sabendo daquilo.

Forma preferida de doação, em lugar de
fazer garage sale (venda de garagem). Jogue

sua doação na lata.
Toda essa movimentação festiva envolvendo doações, que reune pessoas se divertindo, são benvindas por este povo solitário que não pode se tocar, então trata-se de uma manipulação bem bolada desse tipo de problema social pelos aproveitadores de plantão. Eles não fazem isso conscientemente e o fazem com a melhor das intenções, "por uma boa causa", e ai de quem se atrever a dizer o contrário. 

Obviamente que não participo até porque já tenho meu leque de filantropia, e acho uma palhaçada, como bom brasileiro que gosta de festa mas não gosta de ser manipulado mesmo sendo, principalmente pelas mulheres, pois esse tipo de coisa é sempre bolado por elas ou quem se parece com elas. Afinal, trata-se de zombaria com os homens, que para estarem de bem com o mulherio, fazem sempre o que elas querem e caem como patinhos. Por mais machos que eles se achem, sempre fazem as vontades de suas parceiras femininas com medo de perdê-las e ficarem na mão...

Agora eu me pergunto, e quanto aos homens que não tem barba, como eles se sentem? Acho que tem algo que não é justo nesta movimentação de "homens de verdade". Homens sem barba nem pelos não são menos homens, muito pelo contrário. Quem duvidar, vá perguntar aos Maoris neo-zelandeses tatuados até no rosto...

(*) Bogan: tipo de australiano da gema com todas as manias das classes proletárias como um sotaque australiano carregado. O corte de cabelo preferido dos "bogans" é o mullet (pelado com rabicho atrás) da década de 70. Pois bem, ser "bogan" agora está na moda.

4 comentários:

  1. well written! i honestly believe this lumbersexual fashion is ridicuolos. but I like you avoided being openly against or in favour of .... subtle irony as weel

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    1. Julian, thank you for the nice words. I wonder how you read it in Portuguese...

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  2. Oii como vai, tudo bem? Curso publicidade e propaganda em São Paulo e tenho que realizar um Estudo Exploratório sobre Lumbersexuals. Navegando pela internet encontrei seu blog e gostaria de saber se não poderíamos conversar um pouco sobre o assunto. A partir de minha pesquisa, faremos um estudo de marcas e selecionaremos uma a fim de promover uma campanha para esse determinado estilo. Espero contar com sua ajuda, é muito importante pra mim. Poderíamos trocar e-mails. Obrigada desde já!

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