domingo, 20 de novembro de 2016

Bolsa-Família Turbinada

Num dos meus sonhos utópicos, pensava eu como seria bom ter um salário para uma vida digna sem que tivéssemos que nos preocupar em como ganhá-lo ou mantê-lo. Assim, como, quem sabe, no Nosso Lar.

Utopia distópica (Dystopian Utopia) por mooname em DeviantArt
Jamais imaginei eu que, ainda em vida, presenciaria alguém tão fora da realidade como eu que fosse capaz sequer de pensar em tal hipótese.

Mas o mundo dá muitas voltas, e suas voltas têm acelerado absurdamente nos tempos atuais da era da informação, da informática, da internet, das redes sociais. Verdadeira revolução humana em todos os sentidos, tanto no bom sentido quanto no mau sentido igualmente.

No sentido mau, pois não é que funcionários filipinos são contratados para censurarem a internet? Porque nas Filipinas? Porque se fosse em qualquer outro país civilizado, tal função seria considerada um crime contra a liberdade de expressão, mas nas Filipinas... onde é mesmo que fica? Ex-protetorado norte-americano, pobre e Católica, nada melhor do que empregar funcionários para extrairem da intenet o que é considerado pernicioso para a moral cristã. 

Convenhamos, estão fazendo a coisa certa, mas pagando um preço altíssimo. Os funcionários não aguentam mais do que alguns meses, e saem de lá direto para os divãs dos psiquiatras, traumatizados desde que viram a primeira cena apresentada para eles decidirem se deletavam ou não. O trabalho deles consiste em verem fotos e vídeos um atrás do outro numa sequência rápida e interminável, só parando para eles apertarem o botão de deleção ou não. São fotos de crimes hediondos, carnificina, gente estourada nas guerras, pedofilia explícita, cabeças cortadas, acidentes pavorosos, sexo extremo. A cada sequência, uma pausa para vomitar. Sem dormir e sofrendo de anorexia, sem conseguirem comer, logo eles pedem demissão e outros os substituem.

Reportagem sobre isso saiu na revista Worlds of Knowledge número 44 australiana, de outubro de 2016, page 60, a mesma que saiu na revista Wonderpedia número 51 britânica em agosto de 2016. No site desta revista diz que ela parou de ser editada. Grandes possibilidades da revista australiana também ser censurada e impedida de continuar sem nenhuma explicação nestes tempos de caça às bruxas. Será que devolveram o dinheiro dos assinantes?

Casa de Doces, arte do fotógrafo alimentício Carl Warner, presente
em seu livro O Mundo da Comida (The World of Food)
Mas nem tudo é natureza apodrecida da humanidade. O lado bom é que os bons ainda prevalecem, senão já teríamos explodido o planeta. 

Apois não é que um bando de aluados decidiu que poderia botar em prática o tal do salário utópico pra todo mundo, independente do trabalho?

Quer saber do melhor ainda? Quem escreveu sobre isso foi uma brasileira. Como o The Intercept - Brasil hoje tem tantos jornalistas colaboradores brasileiros decentes e capazes de pensar direito, responsáveis em suas pesquisas, também existem outros brasileiros em outros lugares que ainda conservam suas boas faculdades mentais. Nem todo brasileiro é igual àqueles que invadiram a imaculada Câmara dos Deputados para enlamearem com seus clamores aos militares dizendo que a bandeira do Japão é comunista por ter uma bola vermelha no meio do centro. Tem brasileiros mais inteligentes do que isso.

Conforme imaginei no meu sonho utópico, se cada um de nós recebêssemos um salário bastante para uma vida frugal mas confortável, nem todos paraíamos de trabalhar e iríamos viver de benefícios sociais, assim como os beneficiários do Bolsa Família não o fizeram. O artigo abaixo confirma.

Publicado pelo Diário do Centro do Mundo, um novo experimento social escandinavo mostra como o Brasil está no caminho errado. Por Claudia Wallin, de Estocolmo, Suécia.

Postado em 19 Nov 2016

Finlândia: o Brasil às Avessas

Enquanto o governo do Brasil se dedica a suprimir direitos sociais a golpes de caneta e cassetete, eis a questão que superaquece os neurônios finlandeses neste cruel inverno nórdico: se o governo der aos cidadãos dinheiro suficiente para pagar as contas do mês, será que eles ficarão em casa jogando a viciante invenção nacional, o Angry Birds? Ou continuarão acordando para trabalhar e fazer coisas produtivas?

O enigma paira sobre o mais novo experimento social projetado pela Finlândia – a introdução de uma renda mínima universal para todos os habitantes do país. Dinheiro livre, sem nada em troca. Não importa se o cidadão é um miserável ou um bilionário. O simples fato de viver na Finlândia daria a ele esse direito.

Louco ou visionário, o plano do governo é pavimentar o caminho para o que os finlandeses definem como o novo modelo de Previdência Social dos anos 2020.

O modelo será testado a partir de janeiro de 2017, com um grupo inicial de dois mil finlandeses. Cada um vai receber do Estado uma renda mínima de 560 euros mensais (o equivalente a cerca de dois mil reais) – isenta de impostos. A ideia é conduzir o teste-piloto durante 2017 e 2018, e produzir uma avaliação dos resultados em 2019.

A proposta da renda mínima universal é substituir todos os auxílios sociais oferecidos atualmente pelo Estado por um único benefício, a ser distribuído igualmente para todos.

Em outras palavras, não haveria mais auxílio-moradia, seguro-desemprego, auxílios para deficientes e nem verbas para estudantes. Estes e outros benefícios atuais seriam em tese desnecessários, pois cada cidadão receberia do Estado, automaticamente, o mínimo suficiente para viver.

Parece paradoxal, mas dar a cada cidadão uma renda mínima pode sair mais barato para o governo do que o sistema atual. Hoje, milhares de funcionários públicos são necessários para administrar uma complexa rede de programas sociais oferecidos pelo Estado de Bem-Estar social finlandês. Já o modelo da renda mínima poderia ser gerenciado por um número bem menor de servidores – já que o sistema enterraria a burocracia exigida para determinar se um indivíduo tem de fato o direito de receber este ou aquele benefício social.

Também soa paradoxal, mas a meta do experimento finlandês também é exatamente promover o trabalho: hoje, conseguir um trabalho temporário, por exemplo, pode significar o corte de diferentes benefícios sociais.

Helsinki, Finlândia, foto iStock
O modelo experimental deste bolsa-família turbinado está sendo articulado pelos estrategistas do Kela, o Instituto Nacional de Seguridade Social da Finlândia, em mutirão com pesquisadores de diferentes organizações do país. Feito o experimento, será possível avaliar se um modelo de Previdência Social sem regras pode resultar em uma sociedade mais feliz, e mais produtiva.

O plano finlandês é pioneiro: um sistema puro de renda mínima universal não existe em nenhum lugar do mundo. Mas a crise financeira internacional, e o consequente aumento da desigualdade social, fazem crescer na Europa os movimentos que defendem a ideia de uma renda mínima universal.

Kela serviços sociais da Finlânida, escritório de Kamppi, Helsinki
Economistas como Thomas Piketty apontam que a concentração da riqueza aumenta em todos os países desenvolvidos, e muitos alertam que talvez todos tenham que aprender a viver com um significativo e permanente índice de desemprego. Uma grande onda de automação industrial, conforme já previu estudo da Universidade de Oxford, tem o potencial de eliminar até 47% dos postos de trabalho em um futuro não muito distante.

O raciocínio é que, em um mundo no qual apenas uma parcela da população terá empregos tradicionais, será preciso criar um novo sistema de bem-estar social a partir de uma distribuição mais justa da riqueza.

Vários países europeus já consideram a ideia de uma renda mínima universal – na Suíça, a proposta foi rejeitada este ano pela população através de um referendo popular, que é como os suíços gostam de tomar as suas decisões.

Já a Holanda também planeja para o próximo ano um teste-piloto sobre uma renda mínima para todos.

Bolsa turbinada...
Mas qual seria o valor ideal de uma renda mínima universal? Há controvérsias.

Teoricamente, a renda mínima deve ser suficiente para um cidadão viver de forma frugal. Antes que se possa abrir um debate improvável sobre a questão no distópico Brasil atual, portanto, seria necessário explicar a políticos e juízes brasileiros o que é viver de forma frugal.

O desafio é encontrar o ponto de equilíbrio: um valor baixo demais não resolveria o problema, e um valor muito alto poderia ser um desestímulo ao trabalho.

“A meta do experimento da renda básica universal é ajustar a Previdência Social finlandesa às mudanças na natureza do trabalho, tornar o sistema mais participatório, fortalecer os incentivos ao trabalho, reduzir a burocracia e simplificar o sistema de benefícios sociais de forma a garantir a sustentabilidade das finanças públicas”, diz a literatura oficial sobre o experimento finlandês.

Engana-se, aparentemente, quem acha que uma renda mínima concedida pelo Estado levaria os cidadãos instantaneamente para debaixo do coqueiro mais próximo: diferentes estudos já conduzidos sobre o tema apontam que apenas uma minoria ficaria em casa, vivendo com o mínimo necessário para sua subsistência.

O fato é que, garantida a estabilidade financeira básica, o indivíduo estaria teoricamente livre para fazer o que desejasse – arriscar-se a abrir o negócio com que sempre sonhou, procurar um trabalho mais satisfatório, reduzir a carga de trabalho em troca de maior qualidade de vida, ou caçar ratos no Congresso.

O que você faria?

A jornalista brasileira Claudia Wallin, radicada em Estocolmo, é autora do livro Um País sem Excelências e Mordomias.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/um-novo-experimento-social-escandinavo-mostra-como-o-brasil-esta-no-caminho-errado-por-claudia-wallin-da-suecia/

Austrália, Brasil, Salve, Salve

Enquanto isso, o Brasil segue atolado, chafurdando-se e afundando. 

Vem a Austrália em seu auxílio para resgatar sua maior riqueza: Lula. 

O advogado de Lula na ONU, Geoffrey Robertson, australiano de Sydney que graduou-se em Oxford e radicalizou-se no Reino Unido, explica ao mundo interessado em proteger as democracias a perseguição absurda jurídico-midiática a um dos líderes mais populares da América Latina, num Inglês impecável pra brasileiro entender e ainda com legendas em Português.


A mulher brasileira não é só a mais bonita do mundo, segundo pesquisas internacionais, mas também podem ser as mais inteligentes, aguerridas, corajosas e destemidas defensoras dos direitos humanos delas próprias, de seus filhos, irmãos, maridos, pais, avós, famílias e amigos. Gleisi Hoffman é uma destas brasileiras, e não é à toa que apoiou Dilma até o fim, digo, até o impeachment, porque fim ainda não é. Veja o que ela esfrega na cara, já que você não pode estar lá na Câmara dos Deputados nem vai ver isso na TV Globo. Lá na página deste vídeo no Youtube, capturei o texto abaixo que me chegou também através de WhatsApp aqui na Austrália. Aprenda a ser mulher assim.



Você foi para as passeatas, para gritar Luladrão.

O Moro continua acalentando o seu sonho de consumo: prender Lula, mas não encontra provas. Ajude-o.

E já que toquei no assunto, lembra quando você falou “somos todos Cunha”? Ele está preso, é ladrão.

E as delações da Odebrecht, você está acompanhando?

Marcelo e os outros executivos da empresa já citaram mais de oitenta nomes: Temer, Serra, Aécio, Aloysio, Temer, Agripino, Jucá, Alkimin, FHC, Cunha, Cabral, Heráclito, Temer...

Sacanagem, o Lula não está, nem a Dilma.

Mas você odeia ladrões.

Agora vamos esquecer os ladrões, vamos falar de Economia.

O Temer está impondo uma política de austeridade, de economia das finanças públicas.

Paga o rega-bofes, miserável, tu merece. Paga e ri! Permita eles
rirem também, huá, huá, huá! Todos felizes na sociedade do povo
mais feliz do mundo.
Deu dois banquetes aos parlamentares golpistas, com o nosso dinheiro, mais de trezentos mil, o custo de cada rega bucho.

Patrocinou um show de pagode com a nossa grana, mais de meio milhão.

De julho para cá o cartão corporativo, aquele que as autoridades usam sem ter que ressarcir as despesas feitas, já estourou mais do que foi estourado no primeiro semestre desse ano, em nome da austeridade.

Os ministros, aspones e puxa sacos já realizaram quase 300 vôos em aviões da FAB, contrariando a lei e queimando o dinheiro público.

Você foi para as ruas para quê mesmo?

Pedir austeridade e responsabilidade, não é mesmo?

Como você disse que o PT aparelhou o Estado, não é?

Só numa tacada Temer nomeou mais de 14 000 para cargos comissionados, rateio entre os partidos que apoiaram o golpe, e aí?

Pelo apoio ao golpe, o Judiciário recebeu aumento, que vai nos custar mais de 56 paus.

Teve ministro do STF que este mês embolsou contra cheque (olerite, na terra do volume morto, Cantareira, cabeça e pinto) de R$ 116 000,00, o que quer dizer que em dezembro vai receber mais de duzentos paus.

Os procuradores receberam aumento, na mesma proporção.

A polícia federal recebeu aumento.

Os deputados e senadores receberam aumento, todos os golpistas, e você?

Recebeu também, claro:  aumento no gás, aumento no arroz, feijão, óleo de soja...

E ainda vai ficar com o salário congelado por 20 anos.

Desculpe-me. Congelado, não. Vai crescer abaixo da inflação, o que quer dizer que vai diminuir.

Isso sem contar os seus direitos em risco: décimo terceiro, aumento na jornada de trabalho, redução nos dias de férias...

E o desemprego continua subindo, a inflação não se estabilizou, a dívida pública se agigantando...

Lembra do patinho da Fiesp?

Ele tinha uma faixa: “eu não vou pagar o pato”.

Realmente a Fiesp não vai pagar, vai receber mais e mais e mais...

Está sabendo da situação do Rio de Janeiro?

Tem mais 22 estados na fila de espera, para o povo dizer nóis si fudemo também.

Termino por aqui, meu caro sacripanta, sei que você não gosta de ler, prefere que o Bonner leia para você, mas me permite só mais três perguntas?

1) O que você fez com as panelas e camisetas da CBF?

2) Doeu?

3) Você usou vaselina sólida ou líquida?

Francisco Costa
Rio, 08/11/2016

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