sábado, 5 de novembro de 2016

Curso de Bitchice

A mulher não era essa...
"Arô!"

"Oiiii, estás viva, mulher?"

"Ah, eu estou viva também, né?" (olhando pros lados, um tom meio enfadado no final da frase como quem diria, "como Deus quer", se ela acreditasse em Deus).

"Então, como está você?"

"Eu? Eu ando muito 'bizi'" ("busy", ocupada). 

"Muito bizi, minha filha, muito bizi".

"Ora, estou bizi do jeito que eu sei que você também anda muito bizi com uorévar você faz".

("Whatever" é uma palavra que substitui quase tudo, principalmente usada pelos jovens australianos com pouco Inglês quando não têm que dar satisfação ou simplesmente querem cortar conversa, como quando respondem a um conselho de alguém, com muito má educação, "ok, ok, whatever" (tá, tá, qualquer coisa), principalmente ao responderem aos pais, inclusive em público, porque eles simplesmente adoram esta insolente palavra mágica).

"Eu, minha filha, tenho estado muito bizi fazendo um 'assessment' para a universidade" ("assessment" é trabalho escolar), então estou tendo que ir lá e tal...

Ele queria o que nós temos, cumplicidade, intimidade, eu não poderia
permitir de jeito nenhum, mas que audácia do bofe!
Conversa vai, conversa vem, lá pras tantas "ah, eu não estou mais 'vendo' ele".

"Eu não estou mais com o cara, é isso o que estou dizendo".

"Não estou vendo o cara, não estou mais com ele (porra!)", repete ela impaciente (o "porra" é meu acréscimo).

"Ah, porque ele queria 'mais' de mim".

"Ele queria mais de mim".

"Ele queria MAIS de mim, minha filha (puta que o pariu!)", mais impaciente ainda (o "puta que o pariu" também é meu acréscimo, para entendermos mais o teor da conversa e as tentativas da mulher em não responder claramente às perguntas da outra), olhando em volta como quem não podia explicar que "mais" era aquele, porque, afinal, estava rodeada de gente.

"Olha, ele queria o que nós temos..." baixando a voz sorrateiramente no final da frase.

Mais conversa, e finalmente, "ah, tá bom, então tchau" ("Ciao" mesmo, em italiano).

Não, não era esse o consultório...
Esta foi uma conversa que ouvi de uma australiana enquanto esperava minha vez de ser atendido por um GP (General Practicioner, ou simplesmente médico clínico geral) num consultório em Sydney. 

A meio-loura de seus cerca de 27 anos estava sentada a duas cadeiras de mim, num corredor, com outros pacientes espalhados pela sala de estar e pelo corredor também, além das duas atendentes à sua frente. Ou seja, era uma conversa "pública", em alto e bom som no silêncio normal daquele ambiente, que por isso dava pra identificar a maioria das palavras que a figura inquieta dizia. 

E nem tampouco esse...
Enquanto eu fingia continuar lendo minha revista, meus ouvidos antenaram para sua conversa por causa da forma como ela falava. Enfim, a conversa era de uma típica "bitch" (cadela) australiana num ambiente repleto de gente de todas as raças como é o daquele subúrbio de Sydney. Estaria ela esnobando os imigrantes inferiores? Um prato cheio para um post no meu blog. Pensei até em gravar no meu celular, se fosse dado a estas coisas (quem sabe no futuro).

Bem típico comportamento destas "bitches", e o que caracteriza uma "bitch" chique australiana, pra você, aprendiz de "bitchice" brasileira, louca pra emigrar e sair deste paizinho de terceiro mundo a fim de morar no paraíso dos países afluentes como os Estados Unidos ou nos ricos do Commonwhealth encabeçados pelo Reino Unido (Inglaterra ou Grã-Bretanha, país que tem muitos nomes e o maior prestígio do mundo), Canadá onde nem cana dá, e... Austrália?

Você é uma gata tão covarde. Que seja, cadela, e daí? ("Pussy" 
quer dizer muitas coisas, uma delas é "pulsilânime", uma palavra
mais leve do que "covarde". Mas também quer dizer "gata" e outras
coisas piores...
Bitchice

São várias as características, então vamos começar a enumerá-las pela principal delas, que é desprezar os homens, tratá-los como cachorros amestrados, e não estar nem um pouco interessada em maiores relacionamentos íntimos com eles, principalmente quando eles começam a demonstrar interesse em aprofundar a relação, que começa quando estão se sentindo bem e querem ser mais amigos, repartir mais intimidades emocionais, realmente repartirem uma vida, e quem sabe no futuro até casar e ter filhos, imagine.

As características de "bitchice" australiana representadas nesta situação são:
  • A mulher não vê a outra a tanto tempo que pergunta, estás viva, mulher?
  • A mulher não vê a outra a tanto tempo que nenhuma das duas sabe porque cada uma anda "bizi".
  • Mas mesmo assim a mulher acha que o que ela tem com a outra é algo que tão superior que ela não quer ter mais nem com o ex-namorado, o que traduzi como "amizade" pois se fosse lesbianismo elas não estariam afastadas por tanto tempo. O que elas devem ter de especial é amizade, e o que ela não quiz com o ex-namorado é exatamente um aprofundamento da relação, bem típica das megeras do mundo afluente que todo homem reclama hoje em dia.
Então, o que uma "bitch" pensa que amizade é? 

Amizade para ela é uma outra "bitch" com quem fala mensalmente, no mínimo, que nem sequer sabe o que está acontecendo com ela, que escolhe um lugar público pra falar com a tal amiga tão cara e íntima que lá pras tantas decide desligar rapidamente, forçando-a a dizer um "tchau" curto e grosso? 

Isso é amizade para elas. Será preciso que eu diga que isso não é amizade, e é pior do que chamamos no Brasil de "uma conhecida minha"? E a mulher não quer nem isso com o namorado? Que diabos de mulher é essa, afinal? 

Ora, simplesmente uma... "bitch", daquelas que adoram colocar isso escrito no vidro traseiro de seus carros, "I am a bitch" (eu sou uma cachorra). Porque elas colocam isso no carro, publicando com orgulho? Porque elas se consideram corajosas de assumirem o que todo mundo as xinga, a fim de reduzir o impacto dos xingamentos a algo que elas já sabem, e daí? 

E daí que elas dão o dedo do lado de fora da janela (sinceramente, já vi muitas fazerem isso), como se elas tivessem "aquilo" pra meter "naquilo" dos outros. Lembrem-se de que um homem dar o dedo pro outro é o cúmulo da provocação pois é o que o outro mais odiaria na vida, levar "aquilo" "naquilo". Uma mulher dar o dedo não provoca ira, é capaz do cara aceitar como efeito colateral de uma transa com ela, coitada de pensar ao contrário em sua ânsia de imitar os homens, de ser igual a eles a todo custo. Mulher dando o dedo não ofende, é um convite.

Suponho que já tenha falado aqui mais de uma vez, mas se não o fiz, acho que finalmente encontrei a origem da palavra "bicha" aplicada em homossexuais escandalosos. Trata-se de uma corruptela do Inglês "bitch" que em seu significado original de "mulher do cachorro" não tem muito a ver com "bichas", mas no sentido em que é aplicado às mulheres, sim, completamente. Pois que "bichas" se comportam exatamente como "bitches", o que significa que eles são uma classe à parte de pessoas "normais". Já bichas como feminino de bichos nunca teve nada a ver, e por isso nunca fez o menor sentido.

Sinceramente, adoro descobrir a razão das coisas.

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