sábado, 10 de dezembro de 2016

Falta Agradecer

Já deu bom dia para o faxineiro hoje? O texto que viralizou nas redes sociais.

Contra o Preconceito, 08/07/2016, por Felipe Silva*

O texto viral publicado por um publicitário tinha como objetivo inicial falar do nascimento do seu filho, mas acabou indo além e apontando a dignidade de quem sobreviveu a uma vida dura recusando-se a aceitar o discurso da meritocracia que esconde a difícil realidade de milhões que nascem com pouca oportunidade no Brasil. Vamos ao texto.

Faxineiro, por Nicole Padilha
Hoje nasce meu filho.

Mas antes de vocês conhecerem o Murilo, precisam me conhecer.


Então vou contar um pedacinho da minha história adulta. Só um pedacinho pra não tomar muito seu tempo.


Ano: 2001


Chuva de balas do auge da guerra CV x ADA**.


Eu, 17 para 18 anos. Preto, favelado, pobre. Raivoso feito um cão magro de rua. Teimoso, teimoso e teimoso.


Segundo grau completo em escola pública com um ano de antecedência, mas claro, nunca passaria num vestibular pra faculdade pública.


Cidade de Deus, filme de Fernando Meirelles
Sem dinheiro, sem emprego.

Duas saídas: escolha fácil, o tráfico de drogas! Direto, rápido, poder batendo na porta. Dinheiro sobrando pra esbanjar. Tava ali, era só querer.


Ou escolha difícil: projeto social do Governo do Estado para jovens de comunidades carentes. Ser Auxiliar de Serviços Gerais. Literalmente: faxineiro de órgão público.


Escolha difícil: virei faxineiro do hospital da Polícia Militar.


Enfermaria A. Varria, limpava e lavava todo o corredor, banheiros e todos os apartamentos. No refeitório, só era permitido almoçar por último. Não iam misturar os faxineiros com os enfermeiros, médicos e policiais, né?


Sabe o que acontecia? Nunca sobrava carnes. A gente tinha que comer ovo, todos os dias. Ovo frito.


Quer ouvir uma coisa triste? Eu achava que estava bom. Que era suficiente. Era o que eu merecia. Tinha um salário.

Consegui comprar um tênis legal. Ajudava minha mãe nas contas de casa. Estava ótimo.


Aí… a polícia invadiu minha casa.

Seja inocente, trabalhador, honesto. Foda-se.


A regra quem faz não é você. Sua mãe no chão, seu sobrinho no chão, tiro de fuzil na sua porta.


De novo, escolha fácil: tráfico, vingança, chapa quente, guerra contras aqueles filhos da puta.


Escolha difícil: conseguir um trabalho, ganhar mais e sair do morro.


Claro, escolha difícil: fui juntar dinheiro pra entrar na faculdade. Mãe foi fazer mais e mais plantões pra ajudar a pagar.


Melhor com isso, ou sem isso?
Comprei um guia do estudante, li tudo. Teimoso, quis fazer Publicidade.

Me disseram: pobre publicitário? Hahahaha…


Quis ser redator. Me dei conta: aos 22, só tinha lido 3 livros em toda a vida. Hahahahah.


6 meses de faculdade. Não consigo mais pagar.

Escolha fácil: desiste moleque.


Escolhe difícil: desiste moleque.


Ok, sem escolhas.


Mas não dizem que sempre tem escolha?


Dizem… hahahahahahah…


Sou teimoso, se é o que eles querem, eu não faço.


Bora ser preto, suspeito na rua, dura da polícia toda semana, segurança de loja mandando abrir a mochila, porta de banco travando.


Mas vão se fuder que vou vencer honesto.


Apesar de arrogante, o australiano detesta arrogância e premia a
humildade, contanto que lhe pareça genuína e o convença
Meritocracia é a puta que pariu. Oportunidade pra todos é a puta que pariu. Não existe, chapa, tudo utopia.

Mas pobre não tem nada a perder. “Se você não tem saída, vença!” Foi o que eu fiz.


Fim do primeiro ato.


Ano: 2016


Eu, 33 anos. Preto, casa de dois andares, carro. Viagem pra NY. Redator de uma das maiores agências de publicidade do mundo. Leão em Cannes. Em print. Categoria foda. Mais de 200 livros lidos. Tatuaram uma frase minha na pele.


O publicitário Felipe Silva


Projeto humano com mais de 1500 kits mensais para moradores de rua. Construí uma casa pra minha mãe.


Venci, saí da favela
E hoje, vejo nas timelines que só se entra no crime porque se quer. Que a oportunidade está aí. Que é só querer. Que é só se esforçar. Que meritocracia funciona.

Que Bolsa Família faz o pobre não trabalhar. Que ajuda do governo deixa pobre mal acostumado. Que a polícia tem que invadir a favela e dar tiro.


Com toda serenidade e conhecimento que aprendi ao longo desse tempo, lhes digo: vão tomar no meio dos seus c...!


EU SOU O CARA DA FAXINA, rapaz. Esse aí que tirou seu lixo hoje.


E esse país só vai melhorar quando você achar certo que que eu divida a mesa do trabalho com você. Que eu frequente o mesmo shopping, faça a mesma viagem, tenha o mesmo carro que você, vá à mesma faculdade que seu filho.


Quando você me der bom dia de verdade e não automático. E agradecer que eu limpei seu café derramado no chão. E ver que eu tenho nome.


Que eu sou gente. Que eu tenho sonhos. Que eu fiz escolhas difíceis pra caralho pra ser um faxineiro.


Pluto e a plutocracia, sistema político em que os ricos comandam.
Que eu não quero comer ovo, porra. Que eu não quero ser parado na rua porque sou preto. Ser olhado feio porque sou pobre.

Antes de falar de preto, de pobre de favelado, saibam: todos esses sou eu. E te digo: viver no morro é uma merda. Ser pobre é uma bosta.


Por que escrevi tudo isso?


Porque hoje nasce o meu filho.


E, afinal, não era justo vocês conhecerem meu filho, se a maioria nem conhece direito o Felipe.


Mas hoje vocês vão poder saber porque eu vou olhar nos olhos dele com a certeza de que não arredei o pé da honestidade.


Não fiz concessões. Não dei um passo atrás. Não falsifiquei 1 porra de carteirinha de estudante sequer.


E fiz tudo isso só pra ele saber que é possível. Só pra poder contar pra ele que é foda pra caralho, mas é possível. E tudo isso feito só com motivos.


E que hoje, ele vai me dar uma razão.


*Felipe Silva é publicitário


**CV (Comando Vermelho) x ADA (Amigo dos Amigos), a maior guerra de traficantes já registrada em áudio em São João de Meriti (https://www.youtube.com/watch?v=x2faQhymurU)


http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/07/ja-deu-bom-dia-para-o-faxineiro-hoje-o-texto-que-viralizou-nas-redes-sociais.html

Ingratidão

Ingrato
. Provavelmente foi por causa da sua mãe que ele continuou sendo honesto, por causa da ajuda financeira da sua mãe se matando que ele terminou a faculdade. Mas cadê a gratidão? Nem sequer uma menção neste "texto viral da internet". Onde está o coração desse povo? "Construí uma casa pra minha mãe", pronto, está agradecido.

Mão amiga
Não deixa de ser interessante observar que a escalada de sucesso de Felipe coincidiu com a era Lula do PT. Qual será a ajuda que ele ou sua mãe eventualmente receberam do governo? Alguma, no mínimo, devem ter recebido. Mas aonde está o agradecimento? Estaria faltando algo nesta viralização? Humanidade, decência?

Ele escreveu "Quer ouvir uma coisa triste? Eu achava que estava bom. Que era suficiente. Era o que eu merecia." Isso seria humildade, mas cadê ela? Que frase mais arrogante e preconceituosa contra si próprio.

E continua: dizem "... que Bolsa Família faz o pobre não trabalhar, que ajuda do governo deixa pobre mal acostumado". Isso é uma crítica a quem diz isso ou uma crítica ao Bolsa Família e à ajuda do governo? Não está claro, pois ele não agradeceu. Isso quer dizer que o povo mente, que Bolsa Família ajuda pobre a vencer na vida como ele, realmente? Que ajudou a ele? Onde está a gratidão explícita a Lula? Aliás, ajudaria, porque agora a Inês é morta, a quem ajudou, ajudou, a quem não, não ajuda mais.

Pronto, assim fica fácil julgar os outros e lavar as mãos.
Problema deles. Esta é a visão do capitalismo que aprendi muito
cedo.
Cadê os méritos, o agradecimento, se isso foi verdade? Humildade? Que raios é isso? Ele está é amaldiçoando o mundo e provavelmente foi assim que não votou no PT nestas últimas eleições, porque não soube reconhecer nem agradecer, não adquiriu consciência, nem civil, nem política. Achou que o esforço foi só e unicamente dele, egoísta que só enxerga o próprio umbigo? Até o filho é só dele. E a mulher? Não menciona não? Só serve para fazer filho?

Minha intenção crítica não é desmerecer o tal "mérito" do rapaz sofrido e humilhado, mas isso então não é "meritocracia"? Ele não fez por onde "merecer" estar onde está agora? Ele não sacrificou-se por uma convicção de honestidade? E, quem sabe, não recebeu uma ajudazinha para continuar sendo honesto? Cadê o resto da história? Virus não pega ni mim desse jeito, quero mais explicações.

Minha intenção crítica é tentar abrir os olhos do povo para agradecerem o que receberam. Não precisa ser de joelhos...

Certamente seu texto foi falho, e ele é melhor do que aquilo que o texto viralizou mundo afora.

Parece meu amigo ex-gay que me contou sua estória mas esqueceu de falar sobre o mais importante, o apoio fundamental que recebeu para conseguir tal proeza. Se eu não o pressionasse exigindo mais explicações e dando as dicas sobre o que eu queria ouvir, ele jamais se lembraria ou reconheceria que o apoio veio de uma porção de amigos heterossexuais masculinos de seu trabalho, que foram amigos dele "antes" e "depois". Para ele aquilo não significou nada, era "normal", não tem a menor noção de que, sem aquilo, ele não conseguiria. Parece que é um mal do brasileiro, desprezar quem lhes ajuda, ser incapaz de reconhecer com humildade a essência das coisas, de repartir os créditos com quem o ajudou. Incapacidade de detectar as emoções mais sutis como o amor.

Quem zela por nós? Agradeçamos. Arte de Norman
Rockwell, Aqueles que Ficam em Casa.
Bem, sempre lembro aqui o caso verídico de outro amigo meu que era faxineiro e tornou-se gerente de sistemas de uma empresa só porque eu lhe dei bom dia e disse-lhe que ele poderia ser igual a mim, então programador da empresa em que ambos trabalhávamos, ao responder à sua pergunta, "sinhô, o sinhô acha que um dia eu posso ser assim como o sinhô?" Mas é claro, meu amigo, para isso é só você querer, se esforçar e estudar para isso. Dito e feito, ele sacrificou-se, estudou, cresceu na vida e depois fez questão de me agradecer e me dar os créditos, para o meu orgulho que nunca esqueci a surpresa de encontrar alguém agradecido. Isso é tão bom! E aquele papo foi nos anos 80, muito antes do Bolsa Família, ou seja, tudo é possível em qualquer época, em qualquer lugar. Não foi assim também com a história verídica do roteiro do filme brasileiro mais vendido no mundo, Cidade de Deus, baseado na vida de Rogério Reis, o fotógrafo que serviu de inspiração e no livro do escritor Paulo Lins? E ainda tem quem se atreva a dizer que aquela história de luta e glória não representa o Brasil.

Tem muita gente na pele do Felipe. Muita gente com o "vírus" da honestidade. E algumas pessoas chegam a devolver carteiras perdidas com todo o dinheiro dentro.

Felipe diz que eles são excessões. Sim, são excessões, porque só as excessões têm força de vontade e apoio para continuarem na linha reta. O resto tem falhas de caráter e famílias desgraçadas, quando têm. A grande maioria não tem apoio de ninguém para nada. E até quem tem, muitas vezes esquece de agradecer e ainda apunhá-la pelas costas, como fizeram com o PT que lhes deu condições de crescerem e saírem da miséria. Pra quê? Pra resultar nisso aí?

Mais raro ainda é alguém só ter exemplo de cafajestice na vida e continuar honesta, mas existe. Provavelmente características trazidas de outras encarnações e comprometimento com a espiritualidade antes de nascer...

Quem foi o apoio de Felipe? Alguém haverá de ter sido. E se não foi, ele pode se considerar um fenômeno animal diferente de todo mundo, coisa que garanto que não é. Todo ser humano necessita de apoio dos humanos, vivos ou mortos.

"Para uma seleção justa, todo mundo tem que passar pela
mesma prova: por favor, subam naquela árvore". Nosso
sistema educacional: "Todo mundo é um gênio. Mas se você
 julgar um peixe por sua capacidade de subir numa árvore,
ele vai viver toda a sua vida acreditando que é burro".
Albert Einstein.
O Discurso da Meritocracia

A retórica da meritocracia teria toda validade se todos nós fôssemos social e economicamente iguais. O problema do discurso da meritocracia é comparar-se todo mundo sob os mesmos parâmetros sem levar em conta as vicissitudes e particularidades da trajédia de cada um, ou seja, a visão global da pessoa. Mas se utilizarmos este discurso aplicando-o no reconhecimento individual de cada um quanto aos seus próprios e exclusivos esforços considerando seus próprios e únicos obstáculos, podemos dizer que a meritocracia existe, pode ser aplicada, e se baseia no livre-arbítrio, na decisão de cada um.

Tudo é uma questão de ponto de vista, de conceito... e de preconceitos.

Quanto às diferenças nas "condições iniciais" da competição de cada um, ela se explica pelo Espiritismo quando diz que são porporcionais ao que fizemos em outras encarnações. Entretanto o mérito ainda reside no sucesso de cada um pelos seus próprios esforços, com ou sem ajuda humana ou espiritual. Tudo é uma questão de "mérito".

O que É Pobreza?

Quando eu era pobre achava que os ricos sabiam mais e por isso deviam comandar. Eles possuiam bibliotecas enormes, pianos de cauda, sabiam tudo sobre livros e filmes, diretores e autores, vestiam-se com dignidade, eram educados, sabiam qual era o copo para vinho. O que eu não sabia era que a "educação" mascarava a hipocrisia, pobre ingênuo que eu era.

E o que eu mais não entendia era porque eles tinham senzalas nos fundos de suas casas onde moravam os empregados negros com seus filhos, os quais não tinham acesso à biblioteca ou o piano de cauda, exceto para tanger a poeira. Porém eu achava que o mundo era daquele jeito, e que não podia ser diferente. Quando eles se relacionavam com os empregados, não eram tão educados.

Um dos meus brinquedos quando eu era pequeno, no lugar de
cavalos ou karts, que eu adorava provavelmente mais do que se
tivesse estes outros...
Porém nossos pais nos criaram tratando todas as pessoas do mesmo jeito (incluindo animais). Me lembro que nos divertíamos muito com uma "criada" negrinha dos meus avós que tinha a mesma idade que nós, porém só a víamos nas férias anuais na fazenda. Brincávamos todos juntos, e por isso eu sei que diferenças de raças não existem, são artificiais e criadas pelos adultos.

Só quando atingi a adolescência foi que uns padres me ensinaram porque existiam diferenças sociais, e eu descobri a maldade do mundo, da qual eu fazia parte sem me dar conta, apenas porque havia nascido assim. Eu havia acordado de um sonho e descoberto que havia sido parte de um pesadelo.

Verdade que minha pobreza não foi de favela e não havia tiroteio nas ruas. Mas havia muitas outras restrições que só pobre sofre. E no entanto eu era feliz. Eu tinha muitos amigos, eu me esbaldava nas brincadeiras de rua, eu era um artista cheio de talento e felicidade. Verdade que eu tinha meus pais que, com todas as suas limitações, possuiam a melhor cultura humana possível, a cultura do Espiritismo, a cultura da moral, da dignidade, do respeito e da decência. A cultura de permanecerem juntos, senão por eles mesmos, mas pelos filhos. Quando eu era pequeno, brigava com meus amigos, mas logo estávamos de volta, porque o amor vencia e a gente esquecia tudo, ninguém guardava rancor e nem se lembrava mais dos motivos das desavenças. Éramos como irmãos.
Não à corrupção também significa negar cair na sedução de sua
colega de trabalho que você sabe ser casada. Tu é macho pra isso?
Claro que não, o idiota sou eu.
Quando melhorei de vida e já estava com filhos morando em subúrbio relativamente chique, aí sim havia tiros na rua. Quando morei em Brasília, pior ainda, pois até ateavam fogo nos moradores de rua. Isso foi antes de 1999 quando emigrei pra Austrália.

Ao longo da minha vida foram várias as oportunidades de corromper-me. Mas fui criado com dignidade, e não me sentiria bem vivendo sob o peso da corrupção na minha consciência. Preferi o caminho mais difícil e por isso não fiz parte de muitas rodas sociais que promoviam a corrupção de todos os tipos, inclusive a sexual (traições, promiscuidade, estas coisas). Hoje não tenho casa de dois andares nem 4x4 na garagem, apenas um carrinho novo, mas chinfrim. Mas tenho filhos muito bem criados na moral e na honestidade e não posso dizer que foi porque cresceram na Austrália porque os filhos dos meus amigos têm os mesmos princípios e cresceram e se formaram no Brasil. 

Eu tive escolha, e exerci meu direito de escolha. Quando ouço que conhecidos estão sendo presos pela Lava Jato, finalmente tenho as provas de como eles ficaram tão ricos e eu não. Ah, agora eu entendo...

Mesmo não sendo os pais mais perfeitos do mundo, foram meus pais que me convenceram de ser intransigente (que o Felipe acima chama de teimoso) e escolher assim, e eu só posso agradecê-los. Foi preciso muita força de vontade, integridade e personalidade forte para escapar às tentações e chantagens, mas eu tive o exemplo em casa. E junto com eles, a ação de alguns irmãos e amigos ao longo da vida, alguns comigo até hoje que, sem eles, a vida teria sido muito mais difícil. Afinal, diz-me com quem andas que te direi quem és.

Amigos até anônimos, pois muitas vezes um simples motorista de ônibus estranho resgata uma garota sozinha na noite escura, num ponto de ônibus, ela sem saber que ali é um lugar tão perigoso de Sydney que o motorista nem ia parar porque evitava ser atacado, se não tivesse examinado a situação e resolvido pisar no freio dezenas de metros adiante, a fim de coletá-la e avisá-la do risco que corria, tirando-a dali e ainda parando em frente à sua casa, depois do terminal e a caminho da garagem. Um samaritano guiado por espíritos do bem que agiram para dar um aviso àquela garota que, provavelmente, não estava merecendo cair nas estatísticas australianas de estupramento e assassinato que vêm se intensificando quase todos os dias como mostra a TV, tornando-se mais uma epidemia junto com a violência doméstica e o suicídio. Que o tal motorista não era australiano, digamos que não vem ao caso nesse instante... mas recentemente atearam fogo num motorista de ônibus de Sydney, crime racista que causou grande comoção na comunidade indiana.

Se saímos da pobreza, não é apenas por nossa decisão e esforço, contamos com a ajuda dos nossos amigos vivos e guias espirituais. Porém eles só nos ajudam se nos ajudamos a nós mesmos, se nos esforçamos. E sem reclamar, humildemente e com persistência.

Carros clássicos da década de 50 norte-americanos em Havana, Cuba
A Pobreza em Cuba

Por Isadora Clemente, 28/11/2016


Às vezes me perguntam sobre o que vi de pobreza em Cuba. E eu acho que essa é uma pergunta curiosa porque me fez pensar sobre o que é pobreza. Ora,
no nosso contexto brasileiro, riqueza é uma associação de bens materiais a uma situação de segurança e bem estar. Pobreza envolve muito mais do que a falta de bens. Pobreza envolve morar num local arriscado, conviver com deslizamento de morros, tiroteios, com o medo de ser desalojado. Envolve estar mais vulnerável a estupros, à violência, à exploração sexual. Envolve perder horas apertado em um transporte público caro e de má qualidade. Muitas vezes envolve passar fome, envolve se desesperar por não ter acesso à medicamentos e cuidados médicos. Envolve não ter lugar adequado para deixar seu filho. 

Pobreza para todos. Qual seria o salário de cada brasileiro se a
riqueza fosse toda dividida igualmente? Asism é Cuba por causa do
bloqueio econômico patrocinado pelos Estados Unidos durante
décadas.
E principalmente, pobreza na sociedade de consumo está associada à baixa auto-estima. Os ricos dizem que são ricos porque eles ou os pais deles trabalharam, fizeram esforço, logo se você é pobre é por que não trabalhou, não é inteligente, não é esforçado. Uma ideia tristemente enraizada.

E eu me lembro de uma foto numa comunidade rural de Havana, as crianças dormindo na creche. Crianças com mais de um ano, porque lá a licença materna ou paterna é de um ano. Crianças que poderão praticar esportes, dançar ballet, independentemente dos pais terem dinheiro para pagar escolinha. Lembro dos idosos nas casas de abuelos compartilhando tantas lembranças. Lembro da tranquilidade com que a gente andava à noite na estrada.

Então, quando me perguntam se em Cuba tem muita pobreza, eu respondo que na verdade o que Cuba tem é outro tipo de riqueza.


O que É Melhor?

Ser gay ou racista? Este é o tema de um filme de 2009 que assisti ontem na TV australiana chamado "Brotherhood" (Irmandade), dinamarquês. O filme mostra um outro tipo de pobreza, a pobreza moral que ocorre num país tido como hiper-avançado e dos melhores lugares de se morar no planeta. Tem algo de podre no reino da Dinamarca...

Trata-se do retorno das direitas conservadoras que tem acontecido globalmente, o que inclui o Brasil agora e os Estados Unidos de Trump. Todos esqueceram completamente o que causou as grandes guerras mundias, e lá vamos nós de novo navegando para a terceira. A não ser que Deus dê um jeito nesta corrupção geral.

Um rapaz, Lars, é mandado embora do exército porque protagonizaram uma delação premiada, ou seja, "cabuetaram" ele como dando cantadas nos colegas. Revoltado, (pois contra uma cantada basta um "não", diria eu) ele junta-se a uma gangue jovem de nazistas e lá se dá bem com um colega chamado Jimmy antes de descobrir que a gangue de skinheads é do tipo que sai para dar surras em gays nas ruas. 

Quando os dois decidem dividir moradia, era de se esperar que algo acontecesse, mas o filme trata o assunto tão bem que não choca quem tem preconceitos e está assistindo, o que não é o caso da gangue que quando descobre, fica chocada e solta as cachorras. Apesar de Lars ter se tornado uma figura chave das mais inteligentes da gangue, fatalmente um componente descobriria que a relação com seu colega não era "como devia ser".

Eu vi você, cara! O ciumento dedo duro que delata o irmão vivendo
com outro membro da gangue nazista
As situações levam os rapazes a momentos de intimidade, e dalí para o toque humano é um passo. Para rapazes que sofrem de carência de toque, que substituem a deficiência pela truculência, pelas pancadas, pela agressividade, a descoberta do carinho, da paz, da amizade, da necessidade um do outro, é como uma dádiva divina. Depois de relutarem, brigarem, se separarem, a necessidade é maior, e quando decidem reunirem-se de novo, um gay que Jimmy havia surrado se vinga dando-lhe uma facada. O filme acaba com Jimmy no hospital sem saber-se se vai acordar, com Lars segurando sua mão e velando com o olhar perdido da conformação. Final melancólico que deixa a pergunta no ar: é melhor ser gay ou racista?

Quem pensa que ser racista é a opção mais masculina, esquece que somos seres humanos que precisamos de amor, e quando o descobrimos, sabemos a riqueza que ele significa. Se não somos carentes, provavelmente não estamos à mercê de cair de amores por nossos colegas do mesmo sexo só por causa de necessidade de afeto.

Sei não, posso estar totalmente errado nos meus "julgamentos morais", mas o que sinto e capto é isso, que posso fazer? Aprendi a respeitar meus sentimentos e me orgulhar de ser representante da raça humana, ser brasileiro, ser homem, ser cristão e estar satisfeito com minhas conquistas e penalidades.

Os loiros de Joaquim Barbosa, autêntico representante da raça
brasileira que se diz não partilhar da cultura das palmadas nas costas
Joaquim Barbosa

De certo modo relacionado, o famoso juiz negro Joaquim Barbosa da era dourada do PT no governo, foi recebido por Jô Soares recentemente para uma entrevista. Como Moro, ele também era visto como justiceiro. O problema de ambos é justamente terem-se voltado exatamente contra quem não deveriam jamais. Ao que eu poderia chamar isso? Digo "eu" porque se dissesse "nós" estaria imaginando que vocês, meus leitores, dividissem suas oponiões comigo, mas bem sei que absolutamente ninguém divide, com raríssimas excessões. Contudo, com leitores ou sem leitores, continuo no meu "diário" solitário aqui, tentando ajudar à cruzada da moralidade e da decência.

Aquele abraço... venha!
Jô Soares recebe Joaquim Barbosa, vídeo de 39 min.

Fui anotando algumas observações para mim mesmo enquanto assistia. Ele não se filia a grupos para manter a independência e falar o que quer, algo altamente elogiável que defendo e ajo da mesma forma. Conhecido por ter a língua solta, ele fala com a convicção daqueles que não têm rabo preso e não devem nada a ninguém. Mas vê tapinha nas costas, amizade e jeitinho brasileiro como condenáveis, em franca associação com a corrupção, dizendo que não tem nada destas famosas características de brasileiros.

Querem criminalizar o tapinha nas costas. Não deixe ele morrer.
Diferente de mim, porque considero-me brasileiro com todas estas características, exceto que todas são honestas de minha parte, e sem absolutamente nenhuma conexão com corrupção, o que quer dizer que jamais darei tapinha nas suas costas com intenção de conseguir alguma coisa. Será sempre por sincera amizade ou então não tem tapinhas.

Ele considera o filme Cidade de Deus como clichê, resultado do complexo de viralata submisso. Isso é que é um clichê. Este filme brasileiro, o mais aclamado de todos internacionalmente até agora, retrata um nicho brasileiro, não a sua sociedade como um todo, porém um nicho intensamente importante e fundamental que pode muito bem definir o Brasil inteiramente em termos de sua cultura preconceituosa que promove e acata as diferenças sociais.

Minha mulher entrou no debate defendendo-o, dizendo que esta é a imagem que o filme mostra no exterior e que o Brasil não é assim, ela concorda. Ao dizer que Joaquim retirou-se no meio do filme por não estar de acordo com a reação da platéia, sabe-se lá que reação foi essa, redargui com ela dizendo que a platéia devia ser de brasileiros. Ela enfureceu-se e disse que o cinema era nos Estados Unidos, mas de acordo com Joaquim, era um cinema alternativo e escondido, ou seja, o público ou era de hippies ou de brasileiros que sabiam que um filme nacional estava sendo passado lá. O contexto, minha gente, cadê o contexto?

Não gosta disso, tem nojo, diz que não é teu país? Elenco de
Cidade de Deus.
Retruquei ainda que isso não ficou claro no que ele disse, que então eu podia pensar muito bem desse jeito. Falei que a intenção do filme não é mostrar que o Brasil é daquele jeito, mas ele é. Apenas nossas classes sociais não sabem o que é viver daquele jeito e considera que pobre não existe e não representa o Brasil. Enfim, na minha opinião aquele filme representa muito bem a maior ferida do Brasil, aquela que só é percebida por artistas sensíveis e por um mundo estrangeiro que sabe reconhecer o que é justiça ou não. Num país em que existe tal tipo de diferença social, que espécie de justiça se pode esperar que se processe nele?

Negro e pobre originalmente e nomeado pelo PT em 2003, ele fugiu da raia quando caiu fora. Ele não fala "presidente Lula", só "presidente". Elogiou a transparência total como efeito purificador, mas quem foi que promoveu tal transparência? O governo de Lula. E tem síndrome de Tourette piscando os olhos, o que não desmerece ninguém, apenas demonstra descontrole diante das situações de pressão. Reconheceu-se nos 5 a 7 anos do "momento mais glorioso" do Supremo a partir de 2005, à frente da sociedade. Época do mensalão e justamente o alge do PT no governo federal também.

Não tem quem escape, não é mesmo? $580 mil em benefícios
atrasados. Você já viu a cor de uma grana assim? Também, quem
manda não ser juiz? Todo sacrifício é válido...
Pra variar, para mim ele é mais um ingrato igual ao ex-faxineiro Felipe. O Supremo também só atingiu o tal momento glorioso sob o PT, mas ele se esquece disso. A ele foram dadas todas as perfeitas condições que incluem a tal transparência que ele elogiou tanto. Para mim ele envergonhou ao não se referir diretamente ao presidente Lula, não dar os créditos de tudo o que foi bom ao PT de Lula, sem falar que foi sob ele, Joaquim, que se armou o circo do mensalão. Não digo que o mensalão não devesse ter sido investigado, mas não só para punir o PT e morder-lhe a mão amiga.

Fugir da raia e se esconder em Buenos Aires, na Argentina por 75 dias, pra não influenciar a eleição de Dilma não adiantou, mas foi total covardia e traição. Uma coisa é ser imparcial como seu cargo exigia, outra coisa é ser ingrato e cego de propósito usando isso como desculpa. Que justiça seja feita, e principalmente por ele, que perdeu grande chance de mostrar sua grandeza, que na realidade não tinha.

A mesma ladainha, mensalão mineiro de 1998, nunca investigado
O fato de querer-se distanciar das particularidades do brasileiro também pegou muito mal, principalmente quando levamos em consideração sua experiência "internacional" e "francêsa" que enchem sua boca de ex-pobre ambicioso, cego e blindado, aquele que acha que tudo se deve ao seu próprio esforço, principalmente quando diz que ter sido nominado pelo PT não significou nada, apenas a coroação de seu próprio esforço de 40 anos de serviço público, como se não houvessem outras opções e passando por cima do fato de ser negro e ex-pobre, ou seja, condições que o impediriam de ser nominado por qualquer outro partido oligarca no poder. Enfim, mais um traidor cheio de arrogância, infelizmente. O que não lhe diminui o valor de sua experiência.


Uso da nova liberdade de expressão via internet enquanto posso, não através das redes sociais, mas através do meu blog para expressar minha indignação também, porque não? Mesmo que ainda não tenha sido contaminado inteiramente pela falta de empatia humana causada por este novo fenômeno social, ainda assim minha língua é ferina.

Pois afinal, é melhor você ser como Dr. Martin da série britânica do mesmo nome, um médico que fala o que quer na cara de quem quer que seja, sendo que geralmente ele está certo, ou ser como sua esposa, professora que é chamada de "moron" (imbecil) por um aluno mal-educado e não responde, ou pai e filho fornecendo sucos num pique-nique da escola em que, ao mesmo tal aluno, eles dizem que é só um suco por pessoa, o qual responde que vai "pegar dois e o que é que vocês vão fazer, seus idiotas?", e fica tudo por isso mesmo? Minha experiência australiana com crianças dessa marca me diz que não é preciso bater ou partir para castigo físico, é só responder com autoridade que eles se assustam com a resposta inesperada, e se você tiver razão, eles se acovardam e não se vingam com medo.

Esfera de valor em Benghazi, Libia
Do artigo abaixo, pincei o seguinte:

"Desde que as redes sociais se transformaram em “tribunais do mundo” está cada vez mais difícil realizar o que Max Weber chama de “separação das esferas de valor”*. No episódio “Urso Branco” da série “Black Mirror”, as pessoas tornaram-se meras espectadoras do mal, sendo incapazes de se solidarizar com o sofrimento humano. E, com celulares na mão, registram a dor alheia imbuídas da ideia de que o marginal, o corrupto não merecem nenhum sopro de misericórdia. Essa incapacidade de ter compaixão (já diz a terminologia: sofrer junto) já era uma alerta de Hannah Arendt com seu conceito de ‘banalidade do mal’. Mas parece que hoje, com toda essa tecnologia de exposição de imagens, o mal é mais que banal, é estruturante da vida social e judicial do Brasil. Outro fenômeno a este adjacente é a moralização dos procedimentos judiciais. As decisões judiciais e as peças do Ministério Público estão cada vez mais impregnadas de juízos de valor. Como que não mais bastasse ser inocente. É preciso ser bom."


Juízos de Valor

O que é isso?

Da seguinte página da internet, extraí o seguinte também.


Juízo de valor é um julgamento feito a partir de percepções individuais, tendo como base fatores culturais, sentimentais, ideologias e pré-conceitos pessoais, normalmente relacionados aos valores morais.

Juízo de valor
Negativo

Um juízo de valor pode ser interpretado a partir de um ponto de vista pejorativo, quando significa que determinada avaliação ou juízo foi feito tendo como base os valores pessoais de determinado indivíduo, sem com que fosse seguido um pensamento imparcial, racional e objetivo sobre o acontecimento.

Neste contexto, o juízo de valor pode ser um caminho para os preconceitos, as discriminações e os julgamentos injustos.

Positivo

No entanto, o juízo de valor, no âmbito jurídico, também pode ser entendido como uma qualidade positiva, desde que o julgamento seja feito tendo como princípio um conjunto de valores universais, de cunho moral e ético.

Saiba mais sobre o significado de Ética e Moral.

Alta e magra, autor desconhecido
Exemplo: 

“A menina é alta e magra” (juízo real, pois apresenta as características físicas da pessoa, assim como é de fato). 

“A menina é bela” (é um juízo de valor, pois as características físicas “alta e magra” foram avaliadas como sendo próprias das pessoas consideradas “bonitas”).

Ver também o significado de senso moral.

Na sociedade, o juízo de valor funciona como um "termômetro", indicando o que é o certo e o errado, o bem e o mal, o bonito e o feio e etc.

Juízo de valor e Juízo de fato

O juízo de fato ou juízo de realidade é um julgamento baseado em uma análise isenta de valores pessoais ou interpretações subjetivas, focando-se unicamente naquilo que é visível ou cientificamente comprovado.

Já o juízo de valor – como o próprio nome sugere – está relacionado com a avaliação obtida de algo a partir de valores, ideias ou conceitos individuais, interpretados por meio da aparência estética, da moralidade ou da credibilidade de determinada situação, por exemplo.

Descubra mais sobre o significado de juízo de fato

Eu diria, "a menina é alta e magra", opinião de uma despeitada. "A menina é bela", opinião de um homem. Desculpem minha "trolagem".

Fica clara aí a distinção entre o humano e o desumano, o intuitivo contra o científico, e difícil de se localizar os limites entre a parcialidade e a imparcialidade. Indo ao fundo do poço, não existem juízes imparciais, se todos se guiam por valores morais sociais. Isso quer dizer que o que vale para uma cultura pode não valer para outra. Então onde estão os tais valores universais para nos guiar na imparcialidade?

Obrigado por "quase" tudo, meu pai.
No cristianismo? No Espiritismo? Bem, em geral as nações ocidentais são "cristãs", mas eu escolhi este último como melhor exemplo a guiar-me. Não está muito longe dos seus princípios, leitor comum. Então estou consciente que meu blog está repleto de julgamentos morais meus. A fim de tentar ser o menos parcial possível, adoto a estratégia de procurar a fundo as razões para tudo e todos. E esta busca incessante desde a mais tenra idade, algo que aprendi com meu pai, me levou a portar uma série de argumentos difícieis de serem derrubados, o que constitui a essência dos meus julgamentos, além de olhar tudo sob o aspecto holístico, ou seja, como um todo interligado e sobretudo considerar os aspectos não tangíveis da humanidade, que são aqueles que não podem ser medidos cientificamente, mas ninguém pode negar que eles existem. Quer dizer, os teimosos podem negar, mas negam o óbvio.

Desta forma defendo meus julgamentos morais aqui que sei tange ou enxota muita gente pra bem longe que provavelmente me taxa de idiota. Não me importo, sinceramente. Pois se taxaram até Lula de ladrão, o que se pode esperar de certa parcela considerável da humanidade? O que posso fazer é tentar contribuir com alguma coisa, e através desse blog achei um modo, pelo menos. Pra quem quiser se beneficiar... ou se corromper com o demônio, depende do seu ponto de vista.

Esferas de valor
* A modernidade na visão de Weber:

1) Separação das esferas de valor:
  • Campos das Atividades Humanas – Ciência/Técnica, Arte, Moral – no ocidente pré-moderno estão articulados sob o imã da religião
  • Ocorre na modernidade a independência entre tais esferas
2) Desencantamento do mundo:
  • O homem moderno perde a magia, a visão mítica do mundo
  • O homem moderno é causa e efeito – é racional
  • Deuses, gênios, demônios, forças extra-naturais caem fora do horizonte do homem, e ele é, de fato um homem moderno
3) Burocratização das instituições:
  • O homem se torna racional e a racionalização da administração é posta em prática através da burocratização 
  • As instituições privadas e públicas, as empresas e, enfim, o Estado, devem ser regidos segundo um plano administrativo.
4) Especialista sem inteligência – Hedonista sem coração
  • A modernidade cria o homem extremamente racional, especialista na sua profissão, um “expert” 
  • Preocupado com o presente, com o futuro e sempre conectado, buscando os prazeres imediatos, os prazeres materiais, satisfazendo o momento. (Hedonista – busca pelo prazer – mente – interior, finalidade da vida é o prazer).

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