quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Lula Macho

Jamais imaginei que, em vida, ainda iria admirar outro homem macho do jeito que hoje admiro Luis Inácio Lula da Silva.

Então, no início deste ano de 2018, resolvi aumentar sua homenagem republicando parte de um artigo de Gustavo Conde no site Brasil 247, onde é colunista. Seu "Blog do Conde", de alto nível, já consta da minha lista de blogs aí ao lado.



Não é por nada não, mas adoro estes bonecos de Lula e Dilma...
O Primeiro Dia do “Ano Lula”
01/01/2018

Por Gustavo Conde, músico, linguista e professor que lida com teorias do humor e com os processos de produção do sentido político, autor do Blog do Conde, espaço de discussão de temas políticos, acadêmicos e literários.

Todo mundo só pensa em Lula, seja para odiar, seja para amar.

Sem ele, não existe história do Brasil de 1978 para cá.

Uma clássica leitura equivocada de Lula o enquadra como "socialista".

Ao invés disso, Lula diz: "sou metalúrgico" como piada sofisticada.

A origem política de Lula é o sindicato. Não tem nada de romântico, nem de intelectual, nem de salvador, nem de utópica. Mas Lula foi quem aceitou e compreendeu o socialismo melhor que os próprios "socialistas" pois quê:
  • Qual socialista no mundo produziu uma política pública como a do bolsa-família (que, mais do que sua função ética de levar comida na mesa do pobre, ainda incendiou a economia, fazendo o país sair daquele marasmo econômico da era FHC)?
    Gustavo Conde utiliza a semiótica para fazer uma homenagem sentida
    ao reitor Cancellier, "suicidado" pela justiça apodrecida do país, e, ao
    mesmo tempo, presta o favor respeitoso de colocar a polícia federal
    diante do espelho.
  • Qual socialista no mundo foi tão exageradamente democrático, perdendo três eleições majoritárias e, ainda assim, submetendo-se a mais um processo eleitoral?
  • Qual socialista no mundo teve 258 milhões de votos ao longo de 40 anos de vida pública (e que, pasmem, continua liderando pesquisas de opinião)?
  • Qual socialista no mundo foi tão perseguido pela imprensa, pela elite, pelo racismo, pela justiça e pelo ódio?
  • Qual socialista no mundo dialogou com tantas forças do tecido democrático com tanta desenvoltura e resultados: empresariado, movimentos sociais, entidades religiosas, sindicatos, imprensa, organizações não governamentais, sociedade civil, estudantes?
  • Qual socialista no mundo acumulou 300 bilhões de dólares de reservas internacionais?
  • Qual socialista no mundo pagou uma das maiores dívidas externas do planeta?
  • Qual socialista no mundo emprestou dinheiro ao FMI?
  • Qual socialista no mundo criou um banco para fazer frente ao FMI?
Todo intelectual sério sabe que Lula nunca foi "socialista". 
  • Não é preciso ser socialista para lutar pela igualdade e pela democracia.
Cargos da dimensão de uma presidência de um país continental em desenvolvimento não são um trampolim carreirista qualquer: trata-se de uma responsabilidade que transcende as ambições chãs e desvirtuadas da classe média.

O ditador autoritário não está em Lula, mas em seus críticos. Reclamam que Lula fez alianças com coronéis, mas o que afinal eles queriam? Que Lula expulsasse os coronéis do país? Os coronéis do PMDB?

Lula é uma esfinge para esses anti-analistas, mestres em diferentes níveis na arte da não argumentação. Para eles, tudo é rótulo, tudo é estereótipo, tudo tende ao sentido único. Eles pouco entendem o que é racismo, quanto mais o que é política.

A história, no entanto, não é uma donzela recatada e do lar. 

Ela não segue a lógica primitiva dos seres não argumentativos. A história gosta de conteúdo.

Veja o artigo completo de Gustavo Conde aqui, O Primeiro Dia do Ano Lula:

Enquanto Isso

Enquanto o Brasil tem o super-macho Lula, que arca com um país inteiro e parte do governo mundial das sombras e das corporações multinacionais sobre suas costas sem arquear, na Austrália os homens estão cada dia mais em crise. 

No dia do ano novo, assisti na TV à reprise de um episódio do documentário "Man Up" (Seja Macho). Entre outras descrições de como andam os machos na Austrália, o protagonista Gus Worland, da radio Triple M, saiu pelas ruas a fim de abraçar uns caras como parte do assunto "falta de intimidade física masculina", uma das causas das crescentes taxas de suicídios. Não pude deixar de notar que dois amigos que foram parados na rua, ambos atléticos, sérios e bem resolvidos, não tiveram problema nem de abraçar o protagonista, nem a eles mesmos, com abraços fortes e demorados, e ainda dizendo que gostavam daquilo. O restante dos 80% dos outros passava ao largo ou dava o clássico abraço tipo A (sem encostar nas partes baixas) com os 3 tapinhas clássicos, tudo monitorado pelo carro da TV estacionado por perto.

Equipe Grill (gréia) do programa Triple M (triplo M) Gus Worland, Matty
Johns e Mark Geyer, tradicionais representantes da ala masculina
australiana
Pra variar, nem mesmo neste documentário voltado a resgatar os homens, eles escaparam de serem feitos de idiotas efeminados, de acordo com a agenda mundial de imposição do LGBT goela abaixo, coisa muito comum na Austrália e praticamente praticada sempre e em toda parte. Não, não sou contra tolerância, sou contra imposições e principalmente de fazer-se os outros de palhaços. 

Numa sequência idiota de demonstrar os últimos modelos de homens no mercado, do hipster ao metrossexual, passando pelo lumbersexual (derivado do lenhador) e do  spornosexual, uma versão mais explícita sexualmente e mais consciente do físico do que o metrosexual, obcecada por selfies, fizeram o protagonista se vestir a carater para tirar fotos estilo modelo fotográfico. O sujeito gordinho e sem jeito se passou pela vergonha, embora não sem criticar e fazer-se de desentendido, mas o fato radical é que não podia faltar vesti-lo de... mulher, com saias e chachecóis. Pois isso é o que mais se faz na sociedade australiana que é exorbitantemente feminista, ou pelo menos tenta. Já falei várias vezes sobre isso. Um dos piores truques é apregoar-se que é preciso ser muito macho para usar cor-de-rosa. Nessa eu não caio e nem as mulheres da minha família que também acham cor-de-rosa a imposição mais ridícula do gênero.

Propaganda de roupa íntima na TV com Nick 'Honey Badger' (Tamanduá) 
Cummins e Danielle Scott, ele jogador de Rugby Union, ela esquiadora. 
Os homens australianos tiram um sarro com a onda de femininizá-los.

Imagine-se vivendo numa casa cheia de mulheres e quase nenhum homem além de você. Não, elas não são suas mulheres de harém, você não pode fazer com elas o que está pensando. Ou seja, é o inferno. Agora imagine-se num país assim. E como cereja no sorvete, imagine que quase metade destas mulheres não são mulheres exceto por possuirem aquela flor ou fruta proibida. Elas são homens, se consideram homens. A moderninha internet então mostra homens com tais flores ao invés de seus órgãos sexuais naturais, versão inacabada das mulheres que se tornam homens trans, o que provoca reações extremamente ambíguas nos clássicos homens heterossexuais pegadores que não sabem se gostam ou se se enojam, se fogem ou ficam. 

Quando vestiram Gus de lumbersexual, o substrato do macho,
botaram-lhe nas mãos um... tricô!
Mas pior do que isso foi onde fui parar na semana passada: um site mostrando como os homens usam suas ferramentas quando em repouso, instrução para os homens trans, ou seja, mulheres que adquiriam o penduricalho ou ainda usam próteses antes da cirurgia, como armazená-las, pra cima, pra um lado, pra o outro, como aprenderem a serem homens... e de quebra os problemas que os homens enfrentam por possuirem aquele objeto do desejo, como sentar-se de pernas abertas, coisa que atualmente merece altas reclamações das tais mulheres feministas brigonas, como se eles fossem iguais a elas e não tivessem nada para machucar, fechando as pernas. Ora, convenhamos, até onde irá esta briga ridícula de gênero? Sou a favor a igualdade, mas nem tanto...

Aqui, o site do Man Up com os três episódios disponíveis, mas só em Inglês.


Mas, convenhamos, no segundo episódio, no outro dia, um rapaz chamado Tom Harkin fez um jogo numa escola secundária, só para os garotos. Umas das tarefas foi pintarem as unhas. O objetivo era quebrar a barreira que todos nós tempos contra o "código" masculino herdado não se sabe nem como. Eles acederam, pintaram, e livraram-se do peso do "não pode isso, não pode aquilo". Durante o jogo foram impelidos a demonstrarem seus sentimentos. No fim eles gostaram tanto que finalizaram o serviço das unhas direitinho. O jogo foi muito bom e merece um estudo aprofundado.

Veja aqui, em Inglês, Man Up Served Up Some of the Most Stirring Television of the Year ("Seja Macho" Serviu ao Público um dos Momentos Mais Desconcertantes do Ano (2016)), num site de mulheres:

Conheça mais de 40 machos reais australianos aqui:

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