Você, jovem que nasceu ontem, não pode saber de nada se não estudar. Quando ficar mais velho, vai botar a mão na cabeça e dizer, mas como eu era idiota.
Pois bem, você que saiu nas ruas a gritar "fora Dilma" ou "Lula ladrão", devia saber pelo menos sobre a história da aviação no país chamado Brasil.
Pois que, depois que você conseguiu tirar Dilma e está quase conseguindo tirar Lula também, ganhou de presente a venda da Embraer, a terceira maior fábrica de aviões do mundo, pelo governo do golpe que substituiu a presidenta por sua causa.
Se você não tivesse faltado às aulas de história na escola, talvez esta não se repetisse assim tão cedo.
Pois que, anos atrás aconteceu a mesma coisa, a indústria aeronáutica brasileira foi destruída do mesmo jeito. A história se repete.
Pois veja só esta estória que se desenrola a seguir, para lhe embalar o seu sono neste amanhecer de um novo ano.
O artigo é do Jornal GGN, mas resolvi dar uma ajeitadinha para tentar enfatizar alguns pontos.
Portanto, o original está aqui, Sob Controle da Boeing, Destino da Embraer É o da FNM, por Luiz Carlos Lima, professor e ex-secretário de educação de São José dos Campos, em 24/12/2017:
https://jornalggn.com.br/noticia/sob-controle-da-boeing-destino-da-embraer-e-o-da-fnm-por-luiz-carlos-lima
Ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, a Embraer não foi a primeira incursão de grande envergadura no campo aeronáutico, feita pelo Brasil.
Nascimento da Fênix
Em 1942 o governo do presidente Getúlio Vargas, sob a inspiração do então coronel Guedes Muniz, criou a Fabrica Nacional de Motores (FNM) em Xerém, distrito de Duque de Caxias no Rio de Janeiro. A idéia era produzir motores de aviação para viabilizar a nascente indústria aeronáutica que era obrigada a importar os motores que, com a prolongada segunda guerra mundial, tornara-se artigo raro e caro.
A aliança entre Vargas e Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, permitiu a viabilização da fábrica, juntamente com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em troca da instalação de uma base em Natal, no Rio Grande do Norte.
Avião Vultee A-31/A-35(V-72) Vengeance - Brasil |
É importante lembrar que o Brasil contava à época com 3 fábricas de aviões, uma em Lagoa Santa, Minas Gerais onde foram montados os T-6, a Fábrica do Galeão no Rio de Janeiro, que produziu os bombardeios bimotores Focke-Wulf B 52, e uma indústria privada, a Companhia Aeronáutica Paulista, que produziu os famosos aviões Paulistinhas.
Portanto, produzir motores era essencial para a capacidade do país se defender e garantir sua soberania, especialmente num cenário internacional como da segunda guerra mundial.
Aviões T6 montados no Brasil na década de 40 na equipe da Esquadrilha da Fumaça |
Findo o conflito, nosso aliado americano tinha grande sobra de material de guerra, inclusive motores de aviação. Por outro lado, Getúlio Vargas já havia caído e com ele sua política nacionalista.
O novo governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, de inspiração liberal (direita), eleito em 1946, optou por abandonar o esforço em dominar a produção de motores de aviação e comprar a preços módicos o estoque norte-americano.
Morreu aí a FNM produtora de motores de aeronaves.
Hoje os aviões produzidos no Brasil importam seus motores de fábricas inglesas ou norte-americanas.
Renascimento da Fênix
Mas as primorosas instalações da FNM em Duque de Caxias não foram fechadas. Lá o coronel Guedes Muniz iniciou a produção de bens de consumo, máquinas agrícolas e finalmente caminhões. Primeiro fez uma associação com a Isotta Fraschini e posteriormente com a Alfa Romeo, ambas fábricas italianas, para a produção de caminhões pesados no Brasil.
Caminhão FNM totalmente brasileiro na década de 60 |
Além dos caminhões pesados, a fábrica produzia ônibus e em 1960 lançou um automóvel sedã bastante avançado, o FNM 2000 JK em homenagem ao presidente Juscelino Kubitschek.
Era uma autêntica marca nacional – apelidada pelo povo de FeNeMê.
Apesar do fracasso inicial com a produção de motores aeronáuticos por decisão governamental alinhada aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, a FNM firmou-se como um símbolo da industrialização brasileira concebida no ciclo Vargas – com forte ação do Estado: Petrobras, Companhia Siderúrgica Nacional, FNM e Vale do Rio Doce.
Automóvel FNM JK 2000 sob licença da Alfa Romeo italiana |
Veio o golpe militar de 1964 e colocou uma pá de cal na marca brasileira de automóveis, caminhões e ônibus.
Em 1968, em negociação secreta, o governo do marechal Costa e Silva transferiu o controle da FNM de vez para a italiana Alfa Romeo – até então parceira tecnológica da empresa. A marca desapareceu em uma década.
Nunca mais o Brasil conseguiu consolidar uma marca própria competitiva no ramo automobilístico, apesar do esforço de gente como João Gurgel, Agrale e das fábricas de esportivos e utilitários.
Hoje o mercado brasileiro é dividido entre multinacionais de várias origens – norte americanas, suecas, alemãs, japonesas, francesas, coreanas, francesas, chinesas....
Renascimento da Fênix de Novo
O Brasil detém uma das três grandes indústrias de aviões do ocidente, a EMBRAER, fruto de uma visão cuja origem é a velha política nacionalista de Getúlio Vargas, implantada com o Brigadeiro Montenegro, criado do CTA e ITA, que permitiu a constituição do grupo de trabalho que resultou na produção dos aviões Bandeirante e Embraer.
A Vaca Vai pro Brejo 3
De novo, um governo de direita, desta vez não militar, resolve acabar com a indústria nacional altamente lucrativa, apenas para riscar o Brasil do mapa dos concorrentes norte-americanos, mantendo o país sempre escravo, dominado, inerte, impotente, inviável.
E o povo? O polvo (como distorce o filme Eu Sei que Vou te Amar, de Arnaldo Jabor)? Que é isso?
Governos de direita fazem parte das elites nacionais. As elites são ricas e não são "povo".
O rico brasileiro de verdade já desistiu do Brasil, diz Hildegard Angel, colunista social. Está pouco se lixando se tem gente pobre, vivendo e defecando nas ruas. Não é que ele seja insensível, é que ele não vive aqui. Ele está por aqui. Tem seu apartamento à beira mar, frequenta seu clube, onde joga tênis, convive com seu reduzido círculo de amigos e ponto. Depois, embarca no seu jato para a residência lá fora. O Brasil é para ganhar dinheiro e remeter dinheiro. Este rico não tem mais o embaraço da língua, como alguns ricos de gerações anteriores, pois os filhos e netos já dominam o Inglês desde que nascem e sequer conhecem a nossa História. O rico brasileiro é globalizado, não tem brio patriótico, ao contrário, sente bastante preconceito e desprezo em relação ao nosso país, onde lamenta ter nascido. Existem, naturalmente, as raras exceções, por isso mesmo, louváveis.
Os Ricos se Lixam para o Brasil, Diz Hildegard Angel:
http://www.tijolaco.com.br/blog/os-ricos-ricos-se-lixam-para-o-brasil-diz-hildergard-angel/
http://www.tijolaco.com.br/blog/os-ricos-ricos-se-lixam-para-o-brasil-diz-hildergard-angel/
Assista o filme completo aqui, em péssima resolução. É um filme raro e complexo, mas tornou-se outro símbolo do casal do qual faço parte, pois adoramos quando o assistimos e jamais o esquecemos. É de um tempo em que Arnaldo Jabor ainda não tinha se vendido à Globo.
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