terça-feira, 29 de abril de 2014

Revolução Azeda III

A Resposta de Washington – Os Protestos

Parte 3 of 6 
Por Gearóid Ó Colmáin / 2 de agosto de 2013

Estas são algumas das razões por que Washington e seus aliados estão a tentar levar a cabo uma vasta, coordenada e dissimulada estratégia de mudança de regime no Brasil, em conivência com as ultra-reacionárias elites compradoras do Brasil, que detestam a orientação centro-esquerda do governo brasileiro e são alucinadas por um retorno aos bons e velhos dias de ditadura fascista de 1964 a 1985.

A classe de pessoas que perderão mais neste jogo são justamente as pessoas que protestam, a nova pequena burguesia, uma classe em que a bolha de crédito é fundamental em suas dívidas, assim caindo de novo no proletariado desocupado da classe chamada lúmpem-proletariado por Marx (os pobres que não têm consciência de classe). 


Como já foi dito, há muitos problemas econômicos e sociais reais no Brasil. O país tem uma das maiores desigualdades do mundo. Mas essas são as conseqüências do capitalismo. Por que, então, os manifestantes não estão a marchar pelo socialismo ou melhores direitos de negociação coletiva dos trabalhadores? Por que razão o fóco da fúria é contra os políticos corruptos e não as corruptas multinacionais? Por que razão é que os meios de comunicação de massa deram tal cobertura e suporte aos protestos? Agências de notícias como a Globo são de propriedade das dinastias de mega-ricos que sempre satanizaram os movimentos populares. A Globo foi uma defensora do regime fascista que governou até 1985. Por que razão o estabelecimento de imprensa de direita que promove a economia neoliberal, a privatização e o Consenso de Washington, de repente se tornou uma simpatizante das pessoas que protestam pelos “serviços públicos”?

Protesto moderno e chique, começou com as invasdes de festinhas
Por que razão é que estrelas de cinema e ídolos pop da nova era, que não têm história de simpatia para com a causa do trabalho, manifestaram o seu apoio aos manifestantes publicamente? Como é que o governador da Califórnia, Arnold Schwartznegger, que lançou um grande programa de privatização que inclui auto-estradas, pensões públicas e água, resultando no empobrecimento de centenas de milhares de cidadãos, é o tipo de homem a apoiar protestos populares pelos serviços públicos no Brasil?A maior parte do movimento de protesto é composta da pequena burguesia emergente; esta é uma classe cujos universitários estão utilizando mídias sociais para organizarem e protestarem contra questões que são ditas que transcendem o espectro político de esquerda e direita, como, por exemplo, o fim da corrupção, mais gastos públicos etc.

Protesto príncipe charming para as gatinhas verem nas revistas
A pequena burguesia é composta de cerca de 40 milhões de pessoas, que saíram da pobreza graças ao boom econômico que permitiu um aumento do mercado consumidor interno através do taxas de juros mais baixas patrocinadas pelo estado. No entanto, o boom do crédito resultou em uma iminente crise na dívida das famílias, uma vez que muitas famílias da classe média baixa lutam para pagar suas dívidas, enquanto a inflação, devido a uma guerra financeira global, colocou mais pressão sobre a economia.Os protestos brasileiros foram desencadeados em São Paulo quando Fernando Haddad, figura importante do Partido dos Trabalhadores, e o governador de direita Geraldo Alcmin decidiram elevar as tarifas de metrô e ônibus em 10 por cento. Os protestos foram organizados por um movimento chamado Movimento Passe-Livre – um movimento pelas passagems de transporte gratuitas, uma agitação anarquista coletiva visando o transporte gratuito. A base de suporte do movimento tende a vir da pequena burguesia das universidades. Apesar de seu muito nobre desejo de transporte gratuito, o movimento tem pouco apoio entre a classe trabalhadora.

Movimento passe-livre em São Paulo... mas onde, meu senhor,
é que existe passe livre no mundo?
O Brasil tem uma longa e orgulhosa história do anarcho-ativismo sindical, tendo organizado algumas das maiores revoltas sociais do país, como a greve insurrecional libertária de 1917 em São Paulo. A tradição anarquista no Brasil veio da história da escravidão brasileira. Escravos fugitivos formaram “quilombos”, comunidades anarquistas como em Palmares onde 20.000 escravos fugitivos formaram uma comunidade igualitária que durou de 1602 a 1695.
As Universidades de São Paulo e Brasília têm oferecido regularmente cursos sobre a história do anarquismo Brasileiro. Em seu ensaio “A História do Movimento Anarquista no Brasil”, Edgar Rodrigues observa que cursos de teoria Anarquista são regularmente ensinados em São Paulo na ELSP, Escola Livre de Sociologia e Política, escola pública de Sociologia e Política de São Paulo. A escola foi criada em 1934 por um grupo de ricos empresários com o objetivo de formação de novos e competentes governantes de elite.

Uma vida sem catraias...
É de se estranhar que um departamento de uma universidade criada por ricos homens de negócios promova o anarquismo. Como Rodrigues admite:“Em 1964 a ditadura militar tomou o poder e, com ela, veio um fecundo período de grande atividade na publicação de obras libertárias. Em meio à repressão, escritores e editores levantaram-se contra a ditadura na década da maior repressão (1970-1980) e, em meio à avalanche de lixo autoritário, a pesquisa e a publicação de livros anarquistas continuou.”

O vídeo do Facebook com voz sensual digital de primeiro mundo é irresistível
A literatura Anarquista foi florescente em um período em que aqueles que eram suspeitos de serem comunistas foram presos, torturados e mortos. Não se trata de dizer que os anarquistas foram coniventes com o regime fascista. Em vez disso, é simplesmente para salientar que o anarquismo nunca foi visto como uma ameaça para o sistema capitalista. Os anarquistas nunca foram contra o modo de produção capitalista, nem foram capazes de converter pessoas suficientes para sua causa. Os comunistas, por outro lado, têm um programa político, como o exemplo da União Soviética e de Cuba, que provou que eles foram capazes de causar revolução social; é por isso que eles, e não os anarquistas, foram objeto dos esquadrões da morte treinados pela CIA durante a ditadura fascista.Não estamos afirmando aqui que o Movimento Passe Livre signifique deliberadamente colaborar com uma agenda imperialista para destruir o Brasil. Mas, como veremos, a anarquia é justamente aquilo que os capitalistas globais querem, ao passo que websites financiados pelo departamento de Estado dos EUA promovem abertamente o Passe de Circulação Livre. O símbolo do punho cerrado (http://en.wikipedia.org/wiki/Raised_fist) é o logotipo dos grupos juvenis fundados nos EUA que operam em muitos países ao redor do mundo. Este é também o símbolo favorito dos trotskistas e alguns grupos anarquistas, que são atraídos por esta isca do imperialismo como moscas para o mel.

O punho cerrado,
serve pra outras coisas tamb
ém

Sem Liderança, Deslocados, Revoltas Espontâneas

O sociólogo Zygmunt Baumann assinalou que o conflito essencial no mundo de hoje ocorre entre o poder e a política. A política, na antiga ordem burguesa, estava confinada a nível de parlamentos nacionais democráticos. No entanto, na era da oligarquia global, o poder está sendo tirado das pessoas por empresas transnacionais e seus organismos internacionais. Uma das características da globalização, segundo Baumann, é a sensação de que “ninguém é responsável”, que o poder foi concentrado nas mãos de uma elite transnacional irresponsável e anônima, enquanto a tradicional área de tomada de decisão democrática, isto é, a área política, tem sofrido erosão. Assim, um inexplicável poder financeiro tem destruído a política.

“Poder é a capacidade de ter as coisas feitas. Política é o poder de decidir quais coisas devem ser feitas. Ambas as habilidades, poder e política foram até recentemente unidos em um só lugar, e o lugar foi chamado de estado-nação. O governo do estado tem os dois, o poder de fazer as coisas e as instituições políticas para decidirem quais coisas devem ser feitas.”

Símbolo do anarquismo
Talvez mais do que qualquer outra figura no comércio internacional e financeiro, o bilionário George Soros tem sido identificado como um jogador-chave na substituição global da política pelo grande capital.

Pioneiro do Instituto da Sociedade Aberta (Open Society Institute, OSI), que promove a ’democracia’, os ‘direitos do homem’ e a ‘liberdade’, de acordo com o dicionário dos grandes negócios, Soros é considerado um dos mais valiosos bens do imperialismo norte-americano. A multiplicidade de organizações de ‘sociedade civil’ financiadas por este bilionário messiânico é espantosa.

O Instituto da Sociedade Aberta teve uma mão na queda da União Soviética com a criação de uma sucursal do seu Instituto em Moscou, em 1987. Depois da apreensão de Boris Ieltsin do poder por um golpe militar em 1993, o mercado livre e as políticas neoliberais promovidas pelo OSI mergulharam o povo russo em níveis de pobreza comparáveis ao século 19. Estima-se que a contra-revolução na Rússia e na Europa Oriental levou à morte mais de um milhão de pessoas.

Wladmir Putin...
Foi a chegada de Vladimir Putin ao poder, em 1994, que resgatou a Rússia do abismo. Putin restabeleceu a autoridade e a autonomia do estado, tendo expulsos e presos alguns dos piores criminosos do país, tais como Mikhail Khodorkovsky, um gangster tido no Ocidente como ‘herói’ e ‘vítima’ do ‘totalitarismo’ de Putin. Vladimir Putin descreveu o desmembramento da União Soviética como uma das maiores catástrofes do século XX. O nacionalismo burguês de Putin fez dele um inveterado inimigo do imperialismo ocidental com sua vasta infantaria de mudança de regime, as ONGS.

Assim é melhor
Como anti-comunistas virulentas, as organizações da sociedade civil apoiadas por Soros se especializam em causas ‘progressivas’, liberais e pequeno-burguêsas. O Open Society Institute de Soros desempenhou um papel significativo nas contra-revoluções ‘Veludo Vermelho’ (Velvet) na Europa Oriental após a queda do Muro de Berlim, que abriu aquelas sociedades capitalistas estatais aos abutres financiadores  capitalistas e especuladores.

Revolução laranja
A estratégia geopolítica das revoluções coloridas foi utilizada por Washington para provocar mudança de regime no espaço pró-russo e pós-soviético que viu mudar o regime em vários países da Europa Oriental, como a Revolução Laranja na Ucrânia em 2006 e a Revolução das Rosas na Geórgia em 2004, onde regimes nacionalistas-burgueses foram substituídos por agentes do capitalismo financeiro ocidental.

Protestos duplicados, mas foi só por acaso, é claro
A estratégia das revoluções coloridas foi implantada mais uma vez durante a infame ‘Primavera Árabe’ com o Centro de Ações e Estratégias Não Violentas (Center For Non Violent Actions and Strategies, CANVAS), a Movements.Org, a Dotação Nacional para a Democracia (National Endowment for Democracy), a Casa da Liberdade (Freedom House) e muitas outras ONGS ligadas ao governo norte-americano, tendo papel-chave na formação e mobilização de militantes pela internet na queda dos governos tunisino e egípcio, a fim de criar as bases para um novo Oriente Médio, de acordo com os objetivos imperiais dos USA.

O trabalho anti-comunista de um estudante do filósofo direitista Karl Popper, ‘A Sociedade Aberta e Seus Inimigos’ (The Open Society and Its Enemies), revela a base da filosofia de Soros, o bilionário que se concentra em apoiar causas que parecem ser de ‘esquerda’ na superfície, mas que realmente avançam os planos corporativos.


Soros tem importantes interesses no Brasil em termos de energia, agronegócio e comunicações. O bilionário detém uma grande participação na companhia de petróleo Petrobras, que recentemente descobriu um dos maiores campos de petróleo do mundo em 2007, em Tupi. Um artigo publicado pela revista brasileira Veja de direita revelou que a Petrobras tinha sido uma das financiadoras do Movimento Passe Livre, a organização anarquista que desencadeou os protestos em junho.

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