domingo, 15 de março de 2015

Audácia do Bofe

Meu Deus! Estou cansado de falar para as pessoas que 50 milhões de brasileiros saíram da pobreza e hoje são classe "C". 

Isso é quase 3 vezes a população da Austrália.

Mas ninguém presta atenção, todo mundo passa por cima, é se como eu não tivesse escrito, eles fecham os olhos, entra por um ouvido e sai pelo outro, e continuam repetindo o mesmo refrão sobre corrupção, Petrobrás, roubos, mensalão. Como é que pode uma coisa destas?


Sim, pode. Recebi um artigo que me explica porque isso acontece. Mas, sinceramente, como é que uma pessoa, qualquer pessoa, pode não ligar a mínima para 50 milhões de pobres que hoje podem comprar as coisas que nunca tiveram para as casas deles? Como é? Não pode ser uma coisa destas.


Porque isso não tem importância nenhuma?


Daí um bofe escreveu um texto decente e graças a Deus ainda tenho amigos do quilate daquela amiga que nos enviou, porque já não aguento mais tanta ignorância, vergonha e crueldade.


Leonardo Boff
O bofe se chama Leonardo Boff (perdoe quem não conhece a língua gay). 

De seu artigo "O Que Se Esconde Atrás do Ódio ao PT" publicado no dia 5 de março de 2015 na revista Carta Maior, pincei os sequintes sonetos:
Os liberais no império prolongam as velhas elites que da Colônia até hoje nunca mudaram seu ethos (caráter em grego, ethos das elites explorando os pobres eternos).
(Com o PT) não ocorreu simplesmente uma alternância de poder, mas uma troca de classe social, base para um outro tipo de política. Tal saga equivale a uma autêntica revolução social, pacífica e popular.
(As direitas hoje) cogitam a esdrúxula possibilidade da judicialização da política, contando com aliados na Corte Suprema que nutrem semelhante ódio ao PT e sentem o mesmo desdém pelo povo. 
O ódio contra o PT é menos contra PT do que contra o povo pobre que, por causa do PT e de suas políticas sociais de inclusão, foi tirado do inferno da pobreza e da fome e está ocupando os lugares antes reservados às elites abastadas. Estas pensam em fazer apenas caridade, doar coisas, mas nunca em justiça social.
O ódio disseminado na sociedade e nas mídias sociais não é tanto ao PT, mas àquilo que o PT propiciou para as grandes maiorias marginalizadas e empobrecidas de nosso país: sua inclusão social e a recuperação de sua dignidade. Não são poucos os beneficiados dos projetos sociais que testmunharam: “sinto-me orgulhoso, não porque posso comer melhor e viajar de avião, coisa que jamais poderia antes, mas porque agora recuperei minha dignidade”. Esse é o mais alto valor político e moral que um governo pode apresentar: não apenas garantir a vida do povo, mas fazê-lo sentir-se digno, alguém participante da sociedade.
Nenhum governo antes em nossa história conseguiu esta façanha memorável.
Entra por uma orelha e sai pela outra
Nem havia condições para realizá-la porque nunca houve interesse em fazer das massas exploradas de indígenas, escravos e colonos pobres, um povo consciente e atuante na construção de um projeto-Brasil. Importante era manter a massa como massa, sem possibilidade de sair da condição de massa, pois assim não poderia ameaçar o poder das classes dominantes, conservadoras e altamente insensíveis aos padecimentos do próximo. Essas elites não amam a massa empobrecida e têm pavor de um povo que pensa, pois faz valer seus direitos e pode ameaçar os privilégios delas.
Leia o clássico “Conciliação e reforma no Brasil” de José Honório Rodrigues (1965 pp. 23-111). Aí se narra como a dominação de classe no Brasil, desde Men de Sá (1500-1572) até os tempos modernos, foi extremamente violenta e sanguinária, com muitos fuzilamentos e enforcamentos e até com guerras oficiais de extermínio dirigidas contra tribos indígenas, como contra os botocudos em 1808.
Achei isso bonitinho mas não sei bem o que significa. Dizem que é a
mistura de PT com Metralhas, mas que eu saiba, os irmãos Metralha
dos gibis de Disney eram como Tio Patinhas, pareciam ruins mas
tinham muito coração... será que a ignorância chega até esse ponto?
As minorias ricas e dominantes elaboraram uma estratégia de conciliação entre si, por cima da cabeça do povo e contra o povo, para manter a dominação. O estratagema sempre foi mesmo. Como escreveu Marcel Burstztyn (O País das Alianças: As Elites e o Continuismo no Brasil, 1990): “o jogo nunca mudou; apenas embaralharam-se diferentemente as cartas do mesmo e único baralho.”  
Foi a partir da política colonial e continuada até recentemente que se lançaram as bases estruturais da exclusão no Brasil, como foi mostrado por grandes historiadores, especialmente por Simon Schwartzman com o seu Bases do Autoritarismo Brasileiro (1982) e Darcy Ribeiro com seu grandioso O Povo Brasileiro (1995).
A elite brasileira é uma cachorra. Não sabe nem disfarçar. Já perdeu
a noção do ridículo faz tempo. Classe? O que é isso?
Classe é sala de aula...
Segundo o pesquisador Márcio Pochmann em seu Atlas da Desigualdade Social no Brasil, 45% de toda a renda e a riqueza nacionais é apropriada por apenas 5 mil famílias extensas. Estas são nossas elites. Vivem de rendas e da especulação financeira, portanto, ganham dinheiro sem trabalho. Pouco ou nada investem na produção para alavancar um desenvolvimento necessário e sustentável.
Essas elites formaram, atualmente, um bloco histórico cuja base é constituida pela grande mídia empresarial, jornais, revistas e canais de televisão, altamente censuradores do povo, pois lhe ocultam fatos importantes; banqueiros, empresários centrados nos lucros, pouco importando a devastação da natureza, e ideólogos (que não são intelectuais) os quais se especializaram em criticar tudo o que vem do governo do PT fornecendo em troca superficialidades intelectuais em defesa do status quo.
http://cartamaior.com.br/?/Coluna/O-que-se-esconde-atras-do-odio-ao-PT-/33000
https://leonardoboff.wordpress.com/2015/03/07/o-que-se-esconde-atras-do-odio-ao-pt-i/

Prêmio ao Boff
Aqui o Boff recebendo o Prêmio do Direito Sustentável - por uma visão e trabalho notável em nome do nosso planeta e de seu povo, Estocolmo, Suécia.

http://www.rightlivelihood.org/boff.html


Quem é o Boff? (Em Inglês, sorry)


http://word.world-citizenship.org/wp-archive/2555


Filmes que Não Lembram o Brasil

De ontem pra hoje assisti a dois filmes, um na TV e outro em DVD, e nos dois me transportei para o Brasil na época atual, pois não me desligo dele nem um só segundo, mesmo que me envergonhando tanto ultimamente. 

Só eu mesmo pra encontrar semelhanças em tais filmes tão desparatados com o Brasil.

Assim como só eu mesmo costuma dizer que Sydney se parece com Recife e ninguém me acredita, exceto que Recife tem mais pontes, mais arranha-céus e praias muito maiores.

Dois antagonistas, futuros amigos, ex-executivo de NY Changez
Khan (Riz Ahmed) e jornalista americano Bobby Lincoln (Liev
Schreiber) compreendendo os fundamentos do homem
no Paquistão
O Fundamentalista Relutante (The Reluctant Fundamentalist)

Um filme de amor masculino multi-cultural não-gay, amor à humanidade.
Do premiado diretor Mira Nair, e baseado no aclamado romance de Mohsin Hamid, vem este filme explosivo que explora a visão do fenômeno da globalização, que é ao mesmo tempo brilhante e inquietante. 
Um homem paquistanês jovem que está perseguindo o sucesso empresarial em Wall Street logo se vê envolvido em um conflito entre seu sonho americano, a crise dos reféns, e o chamado permanente da pátria de sua família. Com Riz Ahmed, Liev Schreiber, Kiefer Sutherland, Kate Hudson.
Jovem (Riz Ahmed) decide tentar a sorte no mundo dos negócios em Wall Street. Contra sua vontade, ele é envolvido em um conflito diplomático envolvendo reféns, ao mesmo tempo em que sua família implora para que ele volte ao Paquistão. Aos poucos, seu sonho americano desmorona e é substituido por um novo sonho paquistanês que ele tenta construir em seus alunos depois de ter terminado a sociedade na empresa de gerência de negócios norte-americana.
http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-the-reluctant-fundamentalist-legendado-online.html

(Desculpem, não sei se pode-se assistir a filmes online de graça neste site como anunciado, não tentei)

Crítica em Inglês aqui:

http://www.minority-review.com/the-reluctant-fundamentalist-its-well-made-and-beautifully-portrayed-but-a-tad-unoriginal

Tremenda gatona sergeant (sargenta) Calhoun
(voz da insuportável Glee Jane Lynch)
que rouba
a cena do filme 
com atitude (personalidade)
Detona Ralph (Wreck-it Ralph)

Mais um filme de Disney em que os vilões se tornam bons moços.
História de um bandido de um jogo de fliperama determinado a provar que pode ser um mocinho.  
Ralph (voz de John C. Reilly) quer muito ser tão adorado quanto seu adversário de jogo, o mocinho perfeito, Fix-It Felix (voz de Jack McBrayer). O problema é que ninguém gosta de bandidos, mas todo mundo adora heróis... então quando surge um moderno jogo de tiro que mostra a perspectiva do protagonista, apresentando o personagem durão do Sargento Calhoun (voz de Jane Lynch), Ralph encara o jogo como sua chance para o heroísmo e a felicidade.
Ele invade o jogo com um plano simples − ganhar uma medalha, mas não demora a arruinar tudo, libertando sem querer um inimigo mortal que põe em risco todos os jogos de fliperama. Qual a única esperança de Ralph?
Vanellope von Schweetz (voz de Sarah Silverman), uma jovem e encrenqueira “pane” de um game de corrida de carros com cobertura de confeitos, é quem acaba ensinando a Ralph o que significa ser mocinho. Mas será que ele vai perceber que é bom o bastante para se tornar um herói antes do “End of Game” de todos os fliperamas?
http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-detona-ralph-dublado-online.html

Não-violência requer fé dupla, em Deus e no homem,
Mahatma Gandhi
Isso é o que chamo de um filme gostoso!

Este filme, além de ser animação para crianças, carrega a nostalgia dos jovens da minha geração que começaram a jogar os primeiros vídeo games. Obviamente que não tenho saudades daquela época diante do universo maravilhoso que temos hoje sob nossos dedos, e também porque... mal joguei O Príncipe da Pérsia e absolutamente nenhum dos vídeo games atuais, apesar de ficar impressionado com os panoramas das largas avenidas de Miami sob a direção dos carros que mais adoro quando minha filha está jogando. São vídeo-games e motos para eu evitar pois sei que facilmente se tornam vícios perigosos dos quais não preciso, mas não critico o sucesso do que deve se tornar praticamente a única diversão do futuro. E também não critico minha filha porque ela... trabalha com isso.

Carro de corrida feito de biscoitos com cobertura
confeitada
Adoro animações principalmente de Disney e minha filha também, por isso ela me convidou para assistir Detona Ralph com ela. No início pensei comigo mesmo, mas o que estou fazendo aqui? Parecia que o filme era na resolução daqueles primeiros vídeo games terríveis, e quando apareceu animação, os personagens eram meio quadrados e o grupo de pessoas do prédio se mexia como em South Park. De repente adentram o que parecia mais com o filme A Fábrica de Chocolates, e era doces e guloseimas que não acabavam mais, um exemplo meio maldoso para aquelas crianças comilonas que estão acima do peso, obesas. Dali só dá pra sair com vontade de comer até não mais poder. Mas Disney e seus animadores conseguem fazer apagar-se tudo diante da vivacidade dos protagonistas, extremamente expressivos, cada um com uma personalidade mais marcante, uma perfeição, mais uma obra prima.

Executivo sendo vergonhosamente revistado com indignidade em 
NY por ser paquistanês tentando viajar para o exterior depois de 9/11
O que Tem a Ver com o Brasil?

Ambos os filmes mostram a situação atual dos brasileiros entre o "sonho americano" deles e a obrigação de olharem pra seu próprio país e construírem um sonho que não seja invejar e desejar a vida dos outros. Tanto o enorme Ralph quanto o moreno paquistanês Changez desejavam outras vidas que não aquelas que tinham, insatisfeitos ao compará-las com as dos outros em situação financeira melhor, as aparências em mão contrária aos fundamentos. Ambos partem para o mundo dos ricos e lá se dão bem por um período só até descobrirem que a realidade não é exatamente aquilo que lhes parecia de longe, quando a máscara cai e a verdade se descortina. As aventuras mostram que eles estavam errados ao desejarem a vida fora de seus lugares e que sem justiça era impossível viver decentemente, obrigando-os a retornarem para suas terras e seus povos, felizes de poderem contribuir para o engrandecimento de todos eles através da conscientização, abnegação e amor incondicional verdadeiro.

Mas não seria possível saber tudo isso se eles não tivessem ousado sair e ver o mundo lá fora, como ele era de verdade. Muita gente vai mas não desperta.

Este filme nos coloca na berlinda e em cima do muro, de que lado ficar, que partido tomar, americano ou paquistanês? Enquanto o sonho do paquistanês vai dando certo em Nova Iorque, ele vai de vento em pôpa em direção ao sucesso através de sua determinação de aço. Mas ao assistir a queda das torres do WTC, algo detona-se dentro de si, e como se não bastasse, passa a ser humilhado com o tratamento discriminatório e predatório dos arrogantes norte-americanos comuns, como por exemplo, quando o obrigam a ficar nu enquanto metem a mão para investigarem se ele carrega alguma coisa em seus orifícios antes de embarcar em viagem internacional no aeroporto, diferente do tratamento dado a seu colega negro de trabalho e ao dono da empresa que estavam com ele. Com o tempo os preconceitos vão aumentando e sua paciência vai diminuindo até que, por ter passado a prestar mais atenção ao mundo como ele era realmente, ele acaba por decidir retornar ao Paquistão onde pretende lutar para tirar o sonho americano da cabeça de seus compatriotas e substituí-lo por um sonho paquistanês, já que foi ser professor de universidade.

Os dois protagonistas dos dois filmes então retornam às terras deles com visões novas a fim de engrandecerem a visão de todos os outros que ficaram e que viviam uma vida superficial e mentirosa, enganados pela propaganda dos imperialistas mais ricos, atrás de medalhas de ouro que não eram suas.

Amigos improváveis como as elites e o PT, 
o lenhador Ralph perdedor e a glitch (falha de 
computador) sem-teto Vanellope, jóias 
discriminadas tornados heróis
A mensagem mais importante do filme O Fundamentalista Relutante foi a ligação entre o protagonista e o entrevistador norte-americano que passaram por cima de suas posições, nacionalidades, ligações perigosas com a CIA ou os terroristas para serem só dois homens, um confiando no outro, os dois totalmente diferentes, se bem que tarde demais porém ainda em tempo pois continuaram vivos e pensando um no outro à distância física e ideológica mas não à distância humana e espiritual. Não vá assistir a este filme com raiva.

A mensagem importante do filme Detona Ralph foi a amizade impossível de um brutamontes enorme com uma garotinha pequenina, inocente e ingênua, ele travestido de simplicidade, e ela travestida de fortaleza, mas ambos carentes e tão doces quanto os doces fenomenais dos cenários. Suas expressões animadas em 3D são muito superiores às nossas, humanos comuns. Não vá assistir a este filme com fome.

Mensagem poderosa para nós, todos os homens, que costumamos esquecer as nossas essências e sermos capazes de provocar tanto mal apenas por adotarmos falsas ideologias ou não enxergarmos a realidade diante do nosso nariz por pura vaidade momentânea. E o que é pior, não enxergarmos quem está do nosso lado.

E agora com Facebook no telefone celular é que não enxergamos nem o chão em que pisamos.


Tudo por esquecermos os conceitos e embarcarmos nos preconceitos.

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