sábado, 6 de junho de 2015

MCP

MCP tanto pode se Microsoft Certified Professional como também pode ser Movimento de Cultura Popular.

A história do MCP, de Germano Coelho, baseado
no modelo francês chamado Peuple et Culture
(Povo e cultura). Na época, o Recife tinha milhares
de crianças sem escola e a Prefeitura não tinha
recursos para educação. A missão do MCP
seria mudar radicalmente esse quadro.
Suponho que este post está muito chato, portanto, quem não gosta de ler verdades históricas entendiantes, pule pro próximo blog.

Ao pesquisar sobre o Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (MCP), na década de 60, acabei descobrindo mais analogias com a situação atual brasileira.

Senão vejamos, Movimento de Cultura Popular:
"O Movimento de Cultura Popular - MCP - foi criado no Recife em 13 de maio de 1960, quando o prefeito da cidade era Miguel Arraes (1960-1962). O MCP foi um movimento que teve como objetivo básico difundir as manifestações da arte popular regional e desenvolver um trabalho de alfabetização de crianças e adultos. Seu ideário era, em resumo, "elevar o nível cultural dos instruídos para melhorar sua capacidade aquisitiva de idéias sociais e políticas" e "ampliar a politização das massas, despertando-as para a luta social"."
http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Movimento+de+Cultura+Popular+-+MCP&ltr=m&id_perso=170

Escultura de Abelardo da Hora (1924-2014) foi o escultor da estátua 
que retrata a mãe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 
na entrada do Parque Dona Lindu, no Recife; a obra foi feita 
durante a gestão de João Paulo (PT); também autor da lei que
obriga construcões com mais de 1,5 mil metros quadrados a terem
pelo menos uma obra de arte exposta.
"Para a alfabetizacão de adultos, iniciando em 1962, criou-se o  Livro de Leitura para Adultos do MCP com quarenta e três palavras-chave que foram identificadas, abrangendo cinqüenta e oito sons, que deviam ser aprendidos, porque serviriam para formar todas as palavras da língua portuguesa. 
"O MCP teve seu embrião ainda na gestão do prefeito Pelópidas Silveira, de Recife, em 1958, quando o artista plástico Abelardo da Hora propôs a utilização do Sítio da Trindade como sede de um movimento para agregar atividades culturais, unindo "intelectuais, governo e povo" em uma forma de "universidade popular". 
Sítio da Trindade, a área verde do parque entre norte e sul da
cidade onde ocorrem apresentações folclóricas.
O Sítio da Trindade é uma grande área arborizada no bairro de Casa Amarela em que se promove muitas feiras e eventos culturais.
"Em 1959, já na gestão Arraes na Prefeitura, a proposta seria concretizada, sob a presidência do educador Germano Coelho. A proposta de democratização da cultura e de alfabetização com consciência social criou uma revolução na educação do Recife e depois de Pernambuco, mas foi objeto de reação inflamada entre os grupos conservadores, que consideravam o movimento como uma organização "cripto-comunista". O estado de alerta era tal que, poucos meses antes do golpe, chegou ao Exército a denúncia de que um dos caminhões do MCP levava homens armados e uniformizados no Interior, prontos para a insurreição. Eram os bacamarteiros de Caruaru, que seguiam para uma apresentação cultural."
"Com o golpe militar, dois tanques de guerra e tropa armada de baionetas e fuzis do Exército, cercaram o Sítio da Trindade em 31 de Março, apreendendo e destruindo os arquivos e todo o acervo do Movimento, no afã de sepultar o que, aos olhos da elite reacionária local, parecia a semente de uma insurreição revolucionária."
Segundo a página na internet acima, "Apesar de mirarem em Miguel Arraes, o mesmo tendo apostado na coalizão de forças, a gestão Miguel Arraes estava longe de ser um governo dos comunistas. A maioria de seu secretariado, por exemplo, era oriundo da classe média, e incluía servidores públicos; executivos, como Hélio Mariano, ex-diretor jurídico da Votorantim NE/Norte; e até proprietários de terra, como João Ferreira Lima Filho. O único militante do então clandestino PCB foi o secretário-assistente Antônio Fausto do Nascimento."

Charge publicada no O Estado do Maranhão, da família
Sarney, é claro http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/08/
13/ma-jornal-dos-sarney-e-acusado-de-intolerancia-por-charge-
contra-comunista.htm
Mãe, Lá Vem o Comunismo

Porque as pessoas "normais" tem tanto medo do comunismo? Porque tem medo de perder suas propriedades, suas riquezas, veja como é simples explicar. 

A base do comunismo é que todos tem o mesmo direito, ou seja, toda a riqueza é ou deve ser distribuída igualmente com todas as pessoas. Isso é inadmissível para as pessoas "normais", que na realidade, são "anormais" pois só pensam em si e não pensam nos outros, ou seja, atitude infantil e imatura. Exceto que estas pessoas não sabem disso. Elas apenas foram criadas assim e acham que é "normal" pensar assim. A culpa delas reside em dispenderem a vida inteira e não amadurecerem, não despertarem para a razão. É difícil para elas aceitarem que a sociedade inteira está errada. Obviamente que elas também não estudaram o bastante, ou seja, são ignorantes. É por isso que se diz que comunismo é coisa de intelectual.

Paulo Freire e o Movimento de Cultura Popular:

http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/Files/seminarios/mesa16-c.pdf

"Paulo Freire assumiu, no MCP, a área de pesquisa, e integrou, desde o início, o Conselho de Direção, órgão executivo máximo da instituição, que era assim constituído: Germano Coelho, Anita Paes Barreto, Paulo Feire, Geraldo Vieira, Abelardo da Hora, Reinaldo Pessoa, Arnaldo Marques, Aluízio Falcão, Norma Porto Carreiro Coelho. Todos esses Conselheiros eram voluntários: exerciam os cargos sem remuneração."  

Eu li "sem remuneração"? 

Germano Coelho foi Presidente do Movimento de Cultura Popular (1961-1964) e na época da publicação deste artigo, era Superintendente do Centro de Integração Empresa Escola de Pernambuco.

Mais detalhe no seguinte artigo Como Tudo Começou

http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/Projetos/GOLPE1964/index.html

01/04/1964, Tanques contra livros (Manhã)
"Dois tanques estacionam em frente à sede do Movimento de Cultura Popular (MCP), no Sítio da Trindade. Livros de leitura para adultos foram queimados... eu li "queimados"?... incluindo um acervo raro, contendo todos os 387 volumes da Biblioteca Pedagógica Brasileira, editada pelo Ministério da Cultura. Documentos e obras de arte são destruídos. Professores e dirigentes são perseguidos. O artista plástico Abelardo da Hora, um de seus idealizadores, filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), é detido no mesmo dia - o que se repetiria por mais de 70 vezes durante a ditadura, segundo ele - e preso no Quartel de Motomecanização de Casa Forte, em cela vizinha à de Gregório Bezerra. O MCP seria desfeito em 22 de abril, pelo governador que assumiu, Paulo Guerra."
Marcelo Mário de Melo, Jornalista: 
"A gente seguiu em passeata em direção ao Palácio do Governo, pela Conde da Boa Vista, parando nas esquinas, fazendo comício relâmpago. Quando a gente entra na Dantas Barreto, cantando o Hino Nacional, vem um pelotão daquela altura do Palácio da Justiça e começa a atirar para cima. Na hora que eles começaram a atirar, o pessoal pensou que era festim, mas eu olhei para cima, vi uns pedaços de reboco caindo e alertei que era bala de verdade. Eles começaram a abaixar a linha de tiro e a atirar em linha reta. No final da história, eu vejo um corpo passar nos braços de Osvaldo Coelho, um companheiro que era militante da base do Ginásio Pernambucano e estava estudando direito. Eu não reconheci porque, da boca até o pescoço ficou um buraco, acabou o queixo. Só depois eu soube que o corpo era de Jonas (de Albuquerque Barros) e depois eu soube que tinha sido morto também Ivan Aguiar".
João Goulart, Jango (1918-1976)
Eu estava nesta passeata, ainda garoto, levado por uma irmã universitária ativista. Não tomei conhecimento de violência, não só por ser ainda muito menino, mas também porque fugimos da cavalaria por entre as ruas estreitas e becos do centro da cidade.

E um link puxa o outro, e o cenário vai se formando. Apesar de eu já ser vivo naquela época, sou que nem estes jovens de hoje, na época não sabia de nada, não entendia bulhufas, tal como eles, e não sabia da gravidade do que estava acontecendo à minha volta.

Daí, nas minhas curtas pesquisas superficiais, fui cair no discurso do presidente João Goulart (Jango), na Central do Brasil, o que foi considerado pelas direitas como o estopim de sua destituição da presidência em seguida, sob a desculpa de que ele iria transformar o Brasil numa Rússia, a comunista, na época em guerra fria com os Estados Unidos. Discurso de Jango na Central do Brasil em 1964:

http://www.ebc.com.br/cidadania/2014/03/discurso-de-jango-na-central-do-brasil-em-1964

Vejamos partes do discurso.
"A democracia que eles (os direitistas conservadores) querem é a democracia para liquidar com a Petrobrás". 
Mas que coincidência 50 anos depois! E tu, era nascido? Alguma semelhança com a época atual? É mera coincidência, ou a coisa é velha?
"... antes de dirigir-me para esta grande festa cívica, (assinei) o decreto de encampação de todas as refinarias particulares. A partir de hoje, trabalhadores brasileiros, a partir deste instante, as refinarias de Capuava, Ipiranga, Manguinhos, Amazonas, e Destilaria Rio Grandense passam a pertencer ao povo, passam a pertencer ao patrimônio nacional."
Pensei que não existiam refinarias no Brasil...

Naquela época, o povo era explorado e o governo era de parlamentarismo (onde o presidente não manda).

Mais informações históricas no site Brasil Republicano:

http://brasilrepublicano.com.br/ 
O site Brasil Republicano reúne professores da Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) e de instituições privadas de ensino superior do estado do Rio de Janeiro.
Na Central do Brasil naquele dia, também estava no palanque o Leonel Brizola. Discurso de Leonel Brizola no Comício da Central do Brasil (13 de marco de 1964):

http://brasilrepublicano.com.br/fontes/11.pdf

Trechos de seu discurso/tijolaço:
"O que se passa no estado da Guanabara (na época governado por Carlos Lacerda da UDN - direita - que esperava ser presidente no golpe mas foi passado pra trás pelos militares, com quem se inimizou mais tarde) é uma prova dessa ameaça (às liberdades democráticas e o que ocorre em Belo Horizonte, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, onde um governo reacionário está queimando os ranchos dos camponeses), pois a Guanabara é governada por um energúmeno."
Energúmeno
Energúmeno: toda pessoa inútil que encontramos casualmente, durante nossos dias, que não faz nada certo; que havia sido possuída pelo demônio; possessa; pessoa sem conhecimentos, desnorteada, imbecil ou ignorante.
"Tanto isso é verdade que o próprio presidente da República, para falar em praça pública, precisou mobilizar as valorosas Forças Armadas. 
"Mas o povo olha para um dos poderes da República, que é o Congresso Nacional, e ele diz NÃO, porque é um poder controlado por uma maioria de latifundiários, reacionários, privilegiados e de ibadianos." 
"... ver o país livre da espoliação internacional..." 
"Os poderes da República, até agora, com suas perplexidades, sua inoperância e seus antagonismos, não decide. Por que não conferir a decisão ao povo brasileiro? O povo é a fonte de todo poder. Portanto, a única saída pacífica é fazer com que a decisão volte ao povo através de uma Constituinte, com a eleição de um congresso popular, de que participem os trabalhadores, os camponeses, os sargentos e oficiais nacionalistas, homens públicos autênticos, e do qual sejam eliminadas as velhas raposas da política tradicional. 
"... sem a participação dos grupos econômicos e da imprensa alienada..."
E aí, alguma semelhança com a situação atual do Brasil? Mas seu minino, parece hoje!

Vocês ainda não viram nada quando eu contar a história da Austrália, em tudo semelhante à do Brasil nestes aspectos. 

Ator José Wilker, 1947-2014
José Wilker

O primeiro trabalho do ator José Wilker foi com apenas 13 anos, como figurante no teleteatro da TV Rádio Clube, do Recife, vivendo um cobrador de jornal na peça “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tennessee Williams. 

A paixão aflorou e o levou a ingressar no Movimento de Cultura Popular (MCP) do Partido Comunista, que o levou a dirigir espetáculos pelo sertão e realizar documentários sobre cultura popular.

http://pipocamoderna.virgula.uol.com.br/jose-wilker-1947-2014/302289

Porque um Post Sobre o MCP

Minha mãe foi professora das escolas do MCP enquanto duraram. Foi assim que ela retornou à vida profissional após criar seus filhos.

Facebook Contratado

Essa notícia não tem nada a ver, entrou aqui de gaiata.

http://www.ebc.com.br/noticias/2015/04/dilma-anuncia-parceria-com-o-facebook 
"A presidenta Dilma Rousseff anunciou hoje (10/04/2015) uma parceria com a rede social Facebook para levar a internet a populações pobres ou em áreas isoladas a fim de facilitar o acesso digital a serviços sociais, como educação e saúde."
Seu chique Facebook na favela, estoure pelas costas.
Dilma Rousseff e o criador do Facebook, Mark Zuckerberg
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR) http://g1.globo.com/sao-paulo/
noticia/2015/05/facebook-vai-por-wi-fi-em-heliopolis-e-levar-
laboratorios-outras-favelas.html
Se não tivesse sido a pedido de Mark Zuckerberg, diríamos que foi um golpe para colocar o Facebook a favor do governo, quebrando as pernas do povo e suas passeatas de protestos. Seria um contra-ataque hiper-inteligente na hora em que a presidenta parece ter voltado às boas com os norte-americanos? 

Mas não era isso o que vocês tanto queriam? 

Política é isso, fazer bom uso do que quem quer que seja tenha a dar, unir os opostos e fazê-los conviverem em paz, para o bem de todos e felicidade geral da nação.

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