domingo, 24 de abril de 2016

G-o-l-p-e

Não consegui descobrir quem é esse lobotizado traumatizado nesta
foto...
É Golpe!

Segundo Jô Soares, atualmente na Globo (!), não se trata de um Golpe porque envolveria ação militar, mas para mim e muita gente não existe palavra mais apropriada.

Enfim, golpe ou não, aqui estão duas reportagens importantíssimas enviadas para nós por um amigo dinamarquês indignado e enojado com o que está acontecendo no Brasil (também), e principalmente com os brasileiros seus amigos, todos lobotizados, com quem ele não consegue mais conversar nem trocar palavra, apenas com a gente. O que está acontecendo com esta gente? ele fica repetindo o tempo todo, traumatizado.

Estas reportagens confirmam o que tenho dito, que a mídia internacional tem copiado a mídia nacional por um período, mas nos últimos dias ela resolveu mudar de tom finalmente, e por isso consegui tanta reportagens que merecem serem divulgadas como foram no post anterior.

Glenn Greenwald: Is It A Coup? What Is Happening in Brazil is Much Worse Than Donald Trump (Glenn Greenwald: É um Golpe? O que Está acontecendo no Brasil É Muito Pior do que Donald Trump)

24 de março de 2016 [Com Vídeo]

http://www.democracynow.org/2016/3/24/glenn_greenwald_brazils_democracy_is_under

O Brasil está enfrentando sua pior crise política em mais de duas décadas tendo os adversários brasileiros da Presidenta Dilma Rousseff tentativa de impeachment ela em acusações de corrupção. Mas Rousseff está recusando as chamadas para demitir-se, dizendo que o processo de impeachment contra ela remonta a tentativas antidemocráticas por parte da oposição de direita a fim de derrubá-la do poder. Na quarta-feira, o ex- presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva chamou o processo de impeachment contra Rousseff uma tentativa de "golpe de Estado." Nós falamos com o ganhador do prêmio Pulitzer, jornalista Glenn Greenwald.  Seu artigo, "O Brasil É Tragado pela Corrupção da Classe Dirigente numa Perigosa Subverssão da Democracia", recentemente foi publicado pelo The Intercept.

TRANSCRIÇÃO

Esta é uma transcrição às pressas. A cópia pode não estar em sua forma final.

NERMEEN SHAIKH: Começamos no Brasil, que enfrenta sua pior crise política em mais de duas décadas quando oponentes tentam o impeachment da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, sob acusações de corrupção. Mas Rousseff se recusar às chamadas para demitir-se, dizendo que o processo de impeachment contra ela remonta às tentativas antidemocráticas da oposição de direita a fim de derrubá-la do poder. Na quarta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o processo de impeachment contra Rousseff uma tentativa de golpe de Estado. Lula, que foi indiciado no mês passado por acusações de corrupção, falou terça-feira em um evento sindical em São Paulo.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA: [retraduzido] A tentativa atual contra Dilma é um golpe. Não há outra palavra para isso. É um golpe. E este país não pode aceitar um golpe contra Dilma. Se havia uma última coisa que eu poderia fazer na minha vida, seria ajudar Dilma a transformar este país de volta, com a decência que o público brasileiro merece.

Nomeação
AMY GOODMAN: Na semana passada, um juiz suspendeu a nomeação de Lula da Silva pela presidenta Rousseff a um posto em seu gabinete. Rousseff diz queu Lula ajudará a fortalecer o seu governo, mas críticos vêem sua nomeação como uma tentativa de protegê-lo do que Lula diz que são acusações politicamente motivadas de lavagem de dinheiro. O juiz que bloqueou a nomeação de Lula tinha recentemente postado fotos de si mesmo em uma mídia social em marcha num protesto anti-governo. Lula e Dilma são ambos membros do Partido dos Trabalhadores de esquerda. Na terça-feira, a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, disse que não vai renunciar sob nenhuma circunstância.

PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF: [retraduzido] aqueles que me pedem para demitir-me mostram a fragilidade de suas convicções sobre o processo de impeachment, porque, acima de tudo, eles estão tentando instaurar um golpe de Estado contra a nossa democracia. Posso assegurar-lhes que não vou cooperar com isto. Eu não vou renunciar por motivo nenhum ... Eu não tenho cometido qualquer crime nos termos da Constituição e da lei para justificar um impeachment do meu mandato. Condenar alguém por um crime que não cometeu é o maior violência que possa ser autorizada contra qualquer pessoa. É uma injustiça brutal. É ilegal. Eu fui vítima desta injustiça uma vez, sob a ditadura, e lutarei para não ser uma vítima mais uma vez, sob a democracia.

Protestantes nas ruas do Brasil, digo, protestadores
AMY GOODMAN: Nas últimas semanas, protestos em massa ocorreram no Brasil pedindo ao presidente Rousseff para renunciar.

PROTESTADOR: [retraduzido] As pessoas estão cansadas. As pessoas não querem mais esta presidenta, este Partido dos Trabalhadores, este grupo no poder, esse bando que só rouba e esconde suas ações ilícitas. As pessoas estão cansadas. Lula merece estar na cadeia. Isso é o que ele merece.

AMY GOODMAN: Bem, para mais sobre isso, estaremos com Glenn Greenwald, o jornalista vencedor do Prêmio Pulitzer com sede no Brasil. Ele tem estado cobrindo o Brasil de perto para o The Intercept. Sua obra recente é entitulada "O Brasil Está Envolvido por uma Classe Dirigente Corrupção e uma Perigosa Subversão da Democracia". Nele, Glenn Greenwald escreve: citação, "esta é uma campanha para subverter os resultados democráticos do Brasil por facções endinheirados que há muito têm odiado os resultados de eleições democráticas, enganosamente marchando sob uma bandeira anti-corrupção: bastante semelhantes ao golpe de 1964".

A certo momento, vamos estar falando com Glenn Greenwald sobre os ataques em Bruxelas, bem como as eleições presidenciais aqui nos Estados Unidos e a batalha entre a Apple e o governo dos EUA sobre criptografia. Mas agora estamos começando com o Brasil.

Glenn, há muito pouca atenção nos Estados Unidos pela grande mídia sobre o que está ocorrendo no Brasil. O Presidente Obama está justamente na Argentina ao lado, mas você pode falar sobre o que está acontecendo no país em que vive, no Brasil?

GLENN GREENWALD: Definitivamente. É um pouco estranho que tais níveis extremos de instabilidade política tenham recebido relativamente pouca atenção, uma vez que o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, é a oitava maior economia, e tudo o que acontece lá terá repercussões para todos os tipos de mercados e países, incluindo os Estados Unidos. A situação no Brasil é realmente bastante complicada, muito mais do que a pequena quantidade de atenção dos meios dedicados a ela nos EUA o sugerem. A atenção da mídia nos EUA sugerem que é o povo, aos milhões, levantando-se contra um governo corrupto e tipo descrevendo-a como a população heróica contra um governo de esquerda, regime praticamente tirano corrupto. E em um monte de maneiras, isso é uma simplificação; em uma série de maneiras, é simplesmente impreciso. Então deixe-me levantar apenas uns pequenos pontos.

Primeiro de tudo, o caso é que a classe política brasileira e seus mais altos níveis da sua classe econômica estão repleto de corrupção muito radicalmente. Isso tem sido verdade durante um tempo muito longo. E o que aconteceu é que as agências e instituições judiciais e policiais brasileiras têm amadurecido. Lembre-se, o Brasil é uma democracia muito jovem. Ele só saiu da ditadura militar em 1985. E assim você finalmente terá a maturação destas instituições que aplicam o Estado de direito. E assim, pela primeira vez, as elites políticas e económicas estão a ser responsabilizadas pela corrupção política e econômica muito seriamente. A corrupção é generalizada essencialmente em cada facção política influente no Brasil, incluindo todos os seus partidos políticos, que inclui o Partido dos Trabalhadores, o partido de esquerda de Lula e Dilma, a atual presidenta, mas também, até em maior medida, os partidos da oposição do centro e de direita que estão tentando substituí-lo. Assim a corrupção é muito real. Tem existido até recentemente uma impressionante investigação judicial que resultou na detenção e acusação de algumas das figuras mais ricas e poderosas do país, algo que você nunca iria ver nos Estados, bilionários sendo levados para a prisão por suborno, lavagem de dinheiro, evasão fiscal e corrupção, e muito menos sendo condenado a muitos anos. E praticamente todos os adversários políticos da presidenta Rousseff estão implicados nessa corrupção, assim como muitas das pessoas em seu partido também estão.

A ironia desta corrupção generalizada é que a presidente Dilma Rousseff por si mesma é realmente a única política significativa, ou um dos únicos políticos significativos, no Brasil a não estar implicada em qualquer tipo de esquema de corrupção com o objectivo de enriquecimento pessoal. Todos ao seu redor, praticamente, incluindo aqueles que tentam derrubr o seu governo e acusá-la de corrupção, estão implicados muito seriamente em esquemas de corrupção para enriquecimento pessoal. Ela é, essencialmente, uma das únicas pessoas que não está implicada dessa forma.

O problema é que, ao mesmo tempo que você tem essa investigação de corrupção massiva, você também tem uma recessão econômica extremamente grave, como resultado da redução dos preços do petróleo e da contração da China e uma variedade de outros factores. E até muito recentemente, até 2008, 2010, a economia do Brasil estava crescendo. O povo desse país, incluindo os seus mais pobres, pensavam que as suas perspectivas estavam finalmente melhorando, que a promessa do Brasil, a promessa longamente anunciada do Brasil, para se tornar essa potência desenvolvida no mundo finalmente estava voltando a ser concretizada. Milhões de pessoas estavam sendo retiradas da pobreza. E o que esta recessão tem feito tem sido essencialmente reverter tudo isso e voltar a impor enormes quantidades de sofrimento, suportados principalmente pelas classes mais baixas e de trabalhadores do Brasil. E por isso há uma enorme quantidade de descontentamento e raiva contra a presidenta Dilma Rousseff e seu Partido dos Trabalhadores a repeito do sofrimento que as pessoas no Brasil estão experimentando. E assim, o que você tem é este esquema de corrupção e escãndalo de investigação de corrupção ao mesmo tempo deste grande sofrimento econômico.

Jovem democracia tem-de-tudo
E no Brasil, há realmente facções ricas e poderosas, que há muito odeiam Lula, Dilma e o Partido dos Trabalhadores, de esquerda, os quais eles não têm sido capazes de derrotá-los nas urnas. O Partido dos Trabalhadores venceu quatro eleições nacionais em cadeia, vindo desde 2002 quando Lula foi eleito pela primeira vez. E assim, o que estão fazendo - e eles estão usando suas instituições de mídia extremamente poderosas, a começar pela Globo que é de longe a dominante e mais poderosa instituição de mídia no Brasil, dirigida, como todos os meios de comunicação significativos brasileiros, por famílias extremamente concentradas e ricas - é usar este escândalo de corrupção, ou usanr a raiva para com o governo a fim de tentar irritar as pessoas e, essencialmente, removerem o Partido dos Trabalhadores e a presidenta Dilma Rousseff do poder, realmente, uma vez que eles não podem vencê-la nas urnas. Mas eles estão tentando ligar este escândalo de corrupção com o descontentamento que as pessoas sentem por causa do sofrimento econômico. E também para que haja uma validade ao escândalo de corrupção e sua investigação, visando o Partido dos Trabalhadores, mas ao mesmo tempo, o que você está vendo agora é, infelizmente, o Judiciário, que tem sido muito escrupuloso até agora sobre ser apolítico, trabalhando com os plutocratas do Brasil para tentar alcançar um resultado que é realmente uma subversão da democracia, que está explorando o escândalo para remover a presidenta Dilma Rousseff do poder através de impeachment, embora realmente não haja razões de impeachment que sejam legais ou válidas como meio de removê-la do cargo.

NERMEEN SHAIKH: Bem, um dos pontos que você levantou, Glenn, nesse artigo é que, e eu estou citando você aqui - "a extraordinária reviravolta política do Brasil compartilha algumas semelhanças com o caos político liderado pelo Trump nos EUA." Você poderia explicar o que você quer dizer com isso?

GLENN GREENWALD: Bem, o que essencialmente quer dizer com isso é que nos EUA há convulsão política, no sentido de que a ordem política tem sido amplamente distorcida. As pessoas que estiveram no controle e que estiveram com a responsabilidade do Partido Republicano, que são em grande parte os interesses endinheirados, perderam completamente o controle de seu aparelho político. Eles derramaram grandes quantidades de dinheiro em primeiro lugar em Jeb Bush e depois em Marco Rubio. E, normalmente, essas facções obtém o que querem. Mas, neste caso em particular, eles não têm conseguido. E você tem esse tipo de estranho político que tem vindo a rejeitar todos os tipos de ortodoxias políticas, quebrando todos as regras de política, que está à procura cada vez mais perto de se tornar o candidato do Partido Republicano e potencialmente, depois disso, o presidente dos Estados Unidos, e tem feito isso de uma maneira que desencadeou todos os tipos de instabilidade e sentimentos às escuras muito perigosos nos Estados Unidos.

Instabilidade dos que não enxergam direito
No Brasil, a instabilidade é muito maior. Eu estava escrevendo para uma audiência americana, tentando levá-la a compreender o nível de instabilidade, dizendo que, na verdade, o que está acontecendo no Brasil é muito maior em termos da perturbação do que o que está acontecendo nos Estados Unidos como resultado da candidatura bem sucedida de Donald Trump, porque permeia quase todas as instituições econômicas e políticas. E o que você realmente vê é esta jovem democracia no Brasil, que agora está sendo ameaçada como resultado deste ataque muito oportunista e explorador da parte dos meios de comunicação mais ricos do país e das facções mais ricas a fim de desfazer essencialmente o resultado de quatro eleições democráticas consecutivas ao tentarem remover uma presidente democraticamente eleita, que mal foi re-eleita em 2014, por razões totalmente fictícias como pretexto. E é realmente muito perigoso uma vez que você começar, sabe, tipo a minar os fundamentos da democracia da maneira como está atualmente em curso no Brasil. 

AMY GOODMAN: Sabe, é interessante que, hoje, o presidente Obama esteja na Argentina, e foi Adolfo Pérez Esquivel, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz, que se disse satisfeito com Obama, mas pensei que o presidente norte-americano não deve estar indo para a Argentina em 24 de março, porque nesse dia, em 1976, há 40 anos, os militares deram um golpe. Grupos de direitos humanos estimam que algo como 30.000 pessoas foram mortas ou desapareceram naquele golpe que se seguiu durante os próximos sete anos ou mais. Esquivel disse: "Eu sou um sobrevivente dessa era, dos voos da morte, da tortura, das prisões, dos exilados. E," ele disse, "quando você analisa a situação em profundidade, os Estados Unidos foram responsáveis ​​pelos golpes na América Latina". Que paralelos, quaisquer que sejam, você enxerga? E também fale sobre a Petrobras e o papel que ela está representando em tudo isso, a empresa estatal de petróleo no Brasil.

Atormentado pela tormenta
GLENN GREENWALD: Você não pode realmente entender a política da América Latina, em geral, e o curso de instabilidades e dificuldades que quase todos os países da América do Sul ainda estao sendo atormentados sem falar sobre o papel central que os Estados Unidos tem continuamente jogado por décadas na tentativa de controlar aquela parte do hemisfério.

No Brasil, como em tantos países, que tinham um governo democraticamente eleito no início dos anos 1960, os quais os Estados Unidos não gostavam porque eram governos de esquerda e não governos comunistas, mas governos de esquerda dedicados à distribuição de riqueza para o bem-estar social, tal governo se opunha aos interesses capitalistas dos Estados Unidos e às suas tentativas de interferir no Brasil. E os militares brasileiros, em 1964, fizeram uma golpe de Estado que derrubou aquele governo democraticamente eleito, e começou a impor sobre o Brasil realmente um brutal ditadura militar que servia os interesses dos Estados Unidos, sendo aliado dos Estados Unidos pelos próximos 21 anos. É claro que, no momento, o governo dos Estados Unidos, as autoridades norte-americanas, perante o Congresso e aos olhos do público, negou veementemente que tenham desempenhado qualquer papel nesse golpe. E, como aconteceu tantas vezes no passado, em última análise, emergiram documentos anos mais tarde que mostraram que não só era o EUA que apoiavam o golpe, mas desempenharam um papel direto para ajudar a traçá-lo, planejá-lo e organizá-lo e, em seguida, sustentar uma ditadura durante 21 anos. Essa ditadura usava técnicas de tortura muito extremas sobre dissidentes do país, sobre os cidadãos brasileiros que trabalhavam para minar a ditadura militar de direita, entre os quais estava a atual presidenta, Dilma Rousseff, que na década de 1970 foi uma guerrilheira, essencialmente, trabalhando contra a ditadura militar apoiada pelos Estados Unidos. Ela foi detida e encarcerada sem julgamento e depois torturada severamente. E os documentos revelaram que foram os EUA e o Reino Unido que realmente ensinaram os líderes militares sobre os melhores tipos de técnicas de tortura a utilizarem.

Atormentado, O Remorso de Orestes, de William-Adolphe
Bouguereau (1825-1905)
E assim, o que você tem agora não é realmente uma repetição do golpe de 1964. Não é realmente responsável dizer-se que ele é idêntico ao que está acontecendo, porque o impeachment contra Dilma está procedendo de acordo com a Constituição, que na verdade prevê impeachment. Há um sistema judicial independente que está envolvido no processo. Mas, ao mesmo tempo, se você voltar e olhar para o que aconteceu em 1964 com o golpe, o meios de comunicação líderes no Brasil, que também odiavam o governo de esquerda porque era contra a seus interesses oligárquicos, justificaram e apoiaram o golpe. Eles retrataram como necessário para arrancar a corrupção neste governo de esquerda. Você tinha na época as mesmas facções Globo de mídia, e as mesmas famílias proprietárias, e outros meios de comunicação que ainda persistem até hoje, agitando em favor do golpe e, em seguida, em última análise, apoiando a ditadura militar. E então você vê semelhanças em termos dos processos anti-democráticos envolvidos que prevaleceram em 1964 e em toda a América Latina em tantos outros anos, onde os Estados Unidos estiveram sempre no centro deles todos.

A Petrobras é tão rica, mas tão rica, que não teve zumbi lhe
quebrasse as pernas 
No que diz respeito a Petrobras, a Petrobras é a empresa de petróleo de propriedade brasileira, e tornou-se crucial para o crescimento econômico do Brasil, porque os preços do petróleo aumentaram e como o Brasil descobriu enormes quantidades de reserva de petróleo, previu-se que a Petrobras seria essencialmente o motor do futuro crescimento econômico do Brasil. E então ela começou a ser afogada, essencialmente, em lucros. E o escândalo, o escândalo da corrupção, tem a Petrobras no centro, porque em grande parte envolve pagamentos de subornos da mesma a diversas empresas de construção, que seria, essencialmente, para contratar empresas de construção privadas a fim de construirem as várias plataformas e outras infra-estruturas para a Petrobras explorar petróleo, e eles seriam para, essencialmente, pagarem muito mais do que os contratos realmente pediam, e não seriam, então, propinas só para os chefes das empresas de construção civil, mas também para a Petrobras e para os políticos que controlavam a Petrobras. E isso realmente foi para o que este escândalo de corrupção foi desencadeado, a descoberta de grandes números, quantidades enormes, estamos falando de milhões e milhões de dólares em propinas e subornos a políticos, em praticamente todos os partidos significativos do Brasil, que controlam a Petrobras. Praticamente ninguém escapa de ser afetado por ele. E quanto mais eles investigam, mais as pessoas se voltam com evidênicas de estado, e mais corrupção tem sido descoberta, a tal ponto que mesmo se você impedir Dilma agora, é praticamente impossível imaginar alguém que possa tomar seu lugar e que não esteja muito mais implicado na corrupção do que ela.

AMY GOODMAN: Bem, Glenn Greenwald, vamos a um intervalo e, em seguida, quando voltarmos, vamos mudar do Brasil para Bruxelas, para os ataques lá e para a resposta aos candidatos presidenciais dos EUA. Estamos conversando com o jornalista vencedor do Prêmio Pulitzer Glenn Greenwald, co-fundador do The Intercept. E nós vamos conectá-lo a seu texto neste segmento, "O Brasil É Tragado pela Corrupção da Classe Dirigente numa Perigosa Subverssão da Democracia". Estaremos de volta com ele em um instante.

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