Este é outro grande problema destas sociedades abastadas do ocidente, esta atitude é a primeira gota no copo da depressão cujo veneno acaba levando ao suicídio.
Esta palavra é praticamente a predileta das crianças, adolescentes e jovens, e em nome de acabar com ela, eles tentam de tudo.
A primeira atitude é tornar-se impertinente, e a última é tomar parte nos esportes radicais como pular de prédios ou pintar-se inteiramente com tatuagens indeléveis, passando-se pelas drogas, pelo sexo desenfreado e inseguro com gato e cachorro, pelas festas selvagens e pelo vandalismo social.
Uma alma velha pode ficar "bored" (enfadada) com a vida material se não prosseguir renovando-se.
Escapando do Tédio, a Praga Adolescente
Minhas dúvidas eram tiradas conversando com meu pai, um auto-didata louco para patilhar suas ideias revolucionárias que me tornavam um sucesso na escola. Ele tinha resposta para tudo, e cada assunto era uma longa discussão.
Por ser um sucesso, e sentir-me orgulhoso disso, não faltavam colegas que quizessem partilhar comigo para também saírem do tédio. Então, eu também era muito sociável e vivia rodeado de amigos, principalmente ensinando a eles o que eu aprendia todo dia, tecnicamente os liderando pela sabedoria. Até as meninas gostavam de desfilar comigo. Eu achava elas muito chatas, mas devido ao assédio, curtia um tédio rápido dando-lhes uma colher de chá, pois era muito cortês.
Em casa, quando não estava na rua brincando com meus amigos da vizinhança, estava em casa criando. Eu desenhava, criava meus próprios brinquedos, brincava com eles, tocava instrumento e até cantava, imitando os ídolos populares da época.
Durante a semana costumava sair com minha mãe a encher a cidade de pernas, com parada obrigatória nas lojas de brinquedos e nas lanchonetes de mixto quente e sorvete. Nos fins de semana meu pai construia brinquedos maiores junto comigo ou íamos à praia, ao cinema, às festinhas, aos parques de diversões ou até à feira (não existiam super-mercados nem shopping centers). A vida não tinha internet, nem celular, nem vídeo games, nem competições esportivas, mas tinha TV, música e bicicleta.
Por ser primeiro de classe, vivia ganhando homenagens que me tiravam do tédio. Além disso, na escola, participava de quermesses, teatro, oficinas de artes, e frequentava a biblioteca. Chegava até a ser requisitado para ajudar nos preparativos das festinhas escolares.
Na Austrália, quando nossos filhos começaram a ficar entendiados na escola por serem mais atrasadas do que as brasileiras, fizemos lobby para avançá-los um ano, e isso deu trabalho, mas conseguimos, então o tédio deles foi embora. Foi muito difícil fazer o povo daqui engolir a arrogância deles a fim de reconhecerem a excelência de nossos filhos em comparação com os deles, mas naquela época estávamos com a bola toda. Se fosse hoje, desistiríamos pois é muito desgastante viver discutindo potocas com gente imbecil e ainda por cima, pedante...
Ao serem confrontados com mais desafios, eles se entusiasmavam, e esta estratégia funcionou até os dias de hoje. Eles estão sempre entretidos com seus interesses e sempre se saindo bem, pois sair-se bem é condição sine-qua-non para obter-se a felicidade e afastar-se o tédio. São aplicados mas também são sociais.
Pavor de Tédio
É preciso atividade constante, e aqui nesta cultura chama-se "entertain"(entreter) alguém quando esta pessoa está "bored" (entendiada). Não se pode ficar "bored" por muito tempo pois cai-se em depressão e suicídio é a próxima parada do trem. Pior ainda quando as coisas dão pra trás...
Não, juro, isso é muito interessante, por favor, prossiga... |
Por que, meu filho? Tédio...
Um problema aconteceu comigo quando me tornei adolescente. Foi quando passei a precisar do apoio dos outros. Daí não deu certo. Perdi muitos anos da vida tentando sair do tédio, e quase cheguei na última parada do trem. Antes disso também saia com "amigos" vagando pelas ruas à procura de "entretenimento" e cheguei à beira da ilegalidade. Não roubei placas de rua mas meus amigos roubaram, o que me tornaria cúmplice por não denunciar. Enfim, o tédio é capaz de mover montanhas... senti o gostinho de enganar o tédio tomando bebidas alcoólicas, mas não deixei o vício se apossar de mim. Eu tinha uma forte convicção na vida: não deixar ninguém tomar o controle do meu corpo (como as drogas fazem) ou da minha mente. Isso me livrou de todos os males da juventude.
Quando tudo parecia sem futuro e ficando tremendamente entediante, foi quando Deus me deu uma chance (só pode ter sido Ele), e me mostrou que a fonte da criatividade estava dentro de mim mesmo, e que eu não precisava de ninguém.
Dito e feito, como vocês podem ver aqui, posso escrever até estoporar-me, sem precisar de nenhum estímulo externo.
Além disso, também posso fazer todas as outras coisas que geralmente deixam todos entediados, como levantar-se na segunda-feira imediatamente ou esperar horas num consultório médico (sim, aqui na Austrália também tem disso), sem me entediar.
Os antídotos para estas duas coisas, por exemplo, é simplesmente que eu gosto das segundas-feiras como gosto de todos os outros dias porque trabalho com o que escolhi, e levo livros ou revistas para os consultórios médicos, os quais gosto de ler e não preciso ficar restrito às revistas femininas infalíveis que eles deixam disponíveis, ou até às revistas sobre carros que não posso comprar (então pra que ler?).
E é assim que cada um de nós pode muito bem colocar de lado o nosso tédio, criando condicões para fazer o que gostamos, seja onde estivermos. Trata-se das nossas escolhas na vida, o tal do nosso livre-arbítrio.
Cá pra nós, considerar-se uma "alma velha", como foi descrito no outro post Blog Inglês, soa como você querendo ser melhor do que os outros. Minha mãe, Espírita, costumava me dizer, "você é uma alma velha, um espírito evoluído". Eu achava que o que ela dizia não valia porque era minha mãe. Mas, considerando meus "achievements" (o que demonstrei na vida), suponho que realmente aprendi muita coisa "antes" de nascer, e se não tive oportunidade de prosseguir e atingir o máximo sucesso foi porque tinha que aprender outras coisas, justamente aquelas que "me atrapalharam" na vida.
Então, outra característica de ser feliz é aceitar-se a vida como ela se apresentou para nós. Se um dia considerei que era uma injustiça, que não merecia, me revoltando com o que a providência divina havia providenciado para mim, um belo dia resolvi reverter o processo, virar o disco, e encontrar o que aprendi e o que tinha de bom com as situações as quais fui obrigado a lidar, por piores que tenho sido elas.
Mas houve uma coisa fundamental: encontrei a mulher cara-metade. Se não fosse isso provavelmente tudo ainda continuasse bastante monótono.
Não precisa exagerar... tem gente que é assim, mas quando chega em casa, fica prostrado... |
Por exemplo, tive um amigo que era ex-gay, então ele havia desenvolvido uma rejeição muito grande aos gays ao converter-se ao heterossexualismo. Falei pra ele que ele não devia morder a mão de quem o alimentou, mas ele era cabeçudo e irredutível, o que lhe gerou algumas pedradas na vida.
Um belo dia talvez ele irá me entender e resolver abraçar os maus pedaços que foi obrigado a passar na vida enquanto era gay pobre e quase negro, e retirar dalí os ensinamentos que o fizeram crescer com tanta proeminência e tanto valor moral dentro de si. Ele simplesmente não pode apagar de sua vida aquela parte, para sempre levará consigo aquele rancor, aquele ódio, se não fizer as pazes com a época e identificar as lições que com certeza aprendeu.
Por pior que tenha sido sua experiência, e com certeza foi das piores pelo que me contou, ele não deve alimentar sentimentos de ódio ou vontade de enterrar aqueles anos, ele simplesmente tem que incorporá-los em sua vida e tirar o melhor partido do que aprendeu e orgulhar-se de ter sobrevivido. Isso lhe trará a felicidade verdadeira que ele busca, pois até enquanto eu estava em contato, não estava totalmente em paz e sentindo-se gratificado com a vida.
Uma boa coisa pra lhe tirar do tédio é ir à praia lotada de bikinis cavadões. Somente a atmosfera é o bastante para quebrar a monotonia, não é preciso ir além e destruir tudo o que você construiu... mas enquanto não dá pra ir à praia, pode-se curtir outro tipo de Bikini Cavadão cantando Tédio aqui, de 1985:
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