As marcas negras são do neguinho aqui. As azuis são brasileiras (deviam ser verdes) e as vermelhas da Austrália (deviam ser azuis por causa da bandeira) para não se apossarem da cor do PT. |
Através das respostas a perguntas meticulosamente elaboradas, o sistema conclui o que dirige o comportamento de cada um dos respondentes individualmente. Juntando todo mundo de um mesmo lugar, a média representa a cultura do país.
Pesquisa on-line |
No quesito independência versus interdependência, ser independente se contrapõe a depender dos outros sendo "interdependente", ou seja, enquanto um trabalha só e prefere interagir socialmente no decorrer do trabalho, o outro só trabalha em grupo, ou perde mais tempo construindo relações sociais do que trabalhando.
Pregando... |
No quesito risco versos segurança, o sujeito que aceita riscos pode ser doido ou ter apoio para fazer isso, enquanto que o que prefere a certeza da segurança para tomar decisões que não lhes tragam problemas na realidade dependem do julgamento de seus superiores de quem ele morre de medo de ter que enfrentar e justificar-se. Naturalmente que não sou suicida de correr riscos sem me preocupar com as consequências, mas pelo jeito o australiano se gaba de ser suicida, o que duvido muito. O suicídio deles é outra história. Me vejo desafiando e correndo riscos muito mais do que a média deles no trabalho, mas como isso é o que eles aprendem na escola, então devem responder conforme o esperado para atingirem a maior pontuação, os sabidinhos. Não se esqueçam que a Austrália se divide em australianos e imigrantes ou filhos de imigrantes altamente especializados em suas próprias universidades, e estes realmente correm riscos, ousam e avançam o país tecnologicamente, mas para efeitos de divulgação, eles são australianos.
Uma das perguntas envolve a capacidade de dizer NÃO! |
No quesito fóco no trabalho versus relacionamento, ter fóco nesta pesquisa foi colocado em oposicão a dar mais ênfase ao relacionamento. Eu não vejo assim, você pode ser focado no trabalho e manter relacionamentos do mesmo jeito. A melhor prova disso é o nosso filho, extremamente aplicado na universidade e no trabalho, porém com um grande número de relacionamentos reais e humanos, e não apenas digitais. E outro exemplo sou eu mesmo, enquanto treino minha nova subordinada, a transformo em mais uma amiga na vida. Se o povo australiano tem problemas em manter amizades sinceras, este não é o meu problema, o que posso fazer, eu faço.
Choque cultural mesmo entre irmãos |
Outro exemplo: uma colega chega pra minha mulher na academia e fala, "não estou muito bem hoje". Minha mulher naturalmente diz, "é, você não parece bem mesmo". A mulher ficou enfesada, deu uma rabissaca e disse, "mas eu vou ficar melhor!" Isso foi porque a resposta esperada por ela seria assim: "minha filha, vai ficar tudo bem, você vai melhorar". Do jeito que minha mulher falou como brasileira, mostrando que já tinha notado que ela não estava bem claramente, para ela soou como "você está horrrível, está um lixo, valha-me Deus".
Nada melhor do que conspirações para levantar dúvidas |
Atraso Cultural
O conhecimento de outras culturas ajuda nos negócios. Por exemplo, um australiano não deve pensar que, se um brasileiro chega atrasado numa tele-conferência ou reunião, ele o está desrespeitando, como é o que eles estão preparados pra pensar, do alto do pedestal de suas arrogâncias.
Ele deve saber que chegar atrasado é uma instituição brasileira tolerável, mesmo que ele a odeie. Enquanto todos não chegam numa reunião, as outras pessoas tomam cafezinho e conversam entre si promovendo o contato social e expandindo a tal "network" de amigos e conhecidos. Os australianos não gostam disso porque significa falarem de si mesmos, de suas vidas, e eles não curtem o que consideram invasão de privacidade porque, realmente, costumam ter muito a esconder.
Faça o que eu digo, não faça o que eu faço |
Este tipo de comportamento se deve à tal da independência sob a qual eles são criados, o que é uma coisa boa em si, mas é ruim quando ela afasta as pessoas, pais filhos e amigos que não se atrevem a se meter na vida deles por causa da tal independência e da tal privacidade, então eles fazem o que querem e frequentemente escolhem péssimas opções sem ter consultado ou se aconselhado com ninguém.
O brasileiro não tem tanto a esconder até porque, se descobrem, ele tá lascado, e geralmente se descobre, pois brasileiro gosta de ser xereta e de falar dos outros. A contrapartida disso é que cada um pode contar com uma pá de gente pra ajudar quando ela precisa, enquanto os australianos têm que confiar nos serviços impessoais tipo polícia, bombeiros, ambulâncias e assistência social, todos sem conexão emocional nenhuma, ou seja, nenhum comprometimento de amizade ou amor, nenhum compromisso além do profissional que depende de cada um. É um salve-se quem puder.
Perna errada... |
Conclusão
A conclusão que tiraram sobre mim, de certo modo me contrariou. Fiquei com tendências a ser dependente, algo execrável, e minha capacidade de interação social ficou um pouquinho pior do que o australiano, quando me considero bem mais sociável do que eles. O que ando fazendo de errado? Muita internet?
Gostei da posição com relação a ser direto pois não gosto de evasivas ou mentiras, mas realmente não sou radical, nesta parte posso concordar com o resultado da pesquisa. Sei sobre minhas limitações quanto a riscos e prefiro assim, enquanto no quesito equalitarismo, não gostei de ter sido colocado quase no meio do caminho entre ele e a obediência e defesa da hierarquia. Pensei que era melhor do que isso em termos de justiça humana.
O que mais detesto é submeter-me à vontade de alguém, exceto se esse alguém tem autoridade natural como um Jesus Cristo, porém suspeito que esta conclusão foi tirada porque respondi que no trabalho nem apoio liberdade total nem autoridade total, mas alguém tem que ter alguma autoridade.
Sou mesmo a favor da liberdade total, mas reconheço que nem a todo mundo pode ser dada total liberdade. Então estas conclusões têm sempre algum "porém" que deveria ser levado em consideração. Dentro da liberdade total é onde aparece a liderança natural.
Uma prova que o relacionamento é mais importante do que as tarefas profissionais para o brasileiro pode ser exemplificada no próximo post.
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