sábado, 26 de dezembro de 2015

50 Tons

Se este livro acima existisse, seria muito mais
apelativo à audiência masculina...
Minha mulher perguntou indignada, você vai escrever sobre este assunto no seu blog? Claro que vou, tem coisa mais contestatória do que isso como assunto de um blog de homem? É comigo mesmo.

Portanto, se você não gosta de 50 Tons de Cinza ou acha pornográfico, pule para o próximo post, obrigada.

Ela havia resolvido assistir ao filme 50 Toneladas, digo, 50 Tons de Cinza ontem à noite então resolvi assistir também, neste dia de Natal que na Austrália é inútil, já que dificilmente assistimos a filmes "românticos" juntos hoje em dia (quando ela está livre, eu estou no computador, e vice-versa). 

Eu já conhecia o enredo e sabia que o filme deveria ser bom se fosse no mínimo parcialmente fiel ao texto, o que serviu para comprovar que era bastante fiel. O filme é bom mesmo, mas ele se restringe ao primeiro volume da trilogia, ou seja, é de se esperar duas continuações, mas minha filha disse que não devem acontecer por causa da resposta pobre da audiência. Isso foi o que lhe disse seu namorado, mas eu apurei que, de acordo com a revista Money, 50 Tons de Cinza fez $94 milhões de dólares em apenas 4 dias, e ultrapassou $400 milhões de dólares em menos de 2 semanas. Isso foi mais do que American Sniper (Sniper - Franco Atirador - Americano), o queridinho do Oscar 2015. A controvérsia já rola em casa mesmo.

Lançado em 14 de fevereiro de 2014, o filme contou com $40 milhões de dólares de orçamento e gerou $556 milhões desde seu lançamento. Nós gostaríamos muito de ver as continuações, muito obrigado, e a segunda parte vai ser filmada em 2016, apesar de mais controvérsias, brigas e desentendimentos entre diretores e familiares de atores. A mulher de Jamie Doman disse que não ia assistir o filme atual e que ele não filmaria uma segunda vez porque em sua casa a dominatrix é ela, aparentemente.

http://time.com/money/3720701/
fifty-shades-of-grey-box-office-oscars/

Controvérsias ridículas à parte, ao contrário do que provavelmente a esmagadora maioria das pessoas pensa, a estória é muito séria e muito bem montada, fiel à razão lógica dos relacionamentos humanos profundos, e só quem pode atestar isso é quem é maduro o bastante para avaliá-la ou tem iniciação na psicologia. O povão se concentrou apenas nos aspectos sexuais para eles inusitados, e tais aspectos eclipsaram a verdadeira estória emocional e psicológica de ambos os protagonistas, uma das mais sérias lições de amor que deveria ser propagada aos quatro cantos do mundo, que ia ajudar a muita gente se bem interpretada como se deve.

Apesar do jeito idiota e submisso de Dakota
Johnson, aqui com  Jamie Dornan na capa da
Entertainment Weekly, ela é quem acabou o
dominando e foi sua ousadia que o manteve
ligadão nela. Tudo o que um "dominador" mais
precisa pra cair do galho é uma muher corajosa
e destemida, já que as amedrontadas estimulam
suas garras. O mesmo serve pra estrupadores,
eles brocham diante de mulheres que os
enfrentam. Eles podem lhe matar de ódio, mas
não a estrupam, a não ser que sejam 

necrófilos também.
Na cabeça das pessoas, o filme é para mulheres e quem o assistiu tem tendências à contravenção dos costumes, tendência a ser p... Não é nada disso, o filme é excelente para os homens, senão principalmente, e nenhuma das práticas sugeridas no filme tem realmente a capacidade de impressionar ninguém que tenha uma vida sexual feliz e satisfatória. Tudo não passa de curiosidade para quem é tão ingênuo de nunca ter tomado conhecimento sequer de que existe uma daquelas práticas assustadoras com tantas lojas de adultos por aí e tanta pornografia de graça na internet. E não diga que você, mulher, nunca recebeu fotos picantes de suas amigas sobre órgão masculinos, que eu vou acreditar, ah sim, vou.

O maior partido solteiro de Seattle, Estados Unidos, um garanhão de 27 anos, bilionário, na mira das mulheres disponívies, se interessa por uma estranha de 20 anos que cai na sua rede por acaso, a qual está se formando em Literatura Inglêsa mas ainda é virgem porque sai do padrão e tem grande determinação de personalidade herdada do pai e da mãe, se bem que ambos tenham se separado fazia tempo. Eles entabulam um romance contra todas as expectativas, primeiro pela grande diferença financeira, segundo pela distância pois ela mora em uma cidade a 3 horas de distância e menor, Portland, terceiro porque ele se diz não ser do tipo romântico, mas ela é.

Apesar das aparentes incompatibilidades óbvias, eles se entendem num nível mais elevado, o nível espiritual, e conseguem dar vazão a este sentimento, apesar dos bloqueios de cada um. Ela, por ser romântica e esperar pelo homem certo, dá de cara com um sujeito bastante estranho e aparentemente sem sentimentos, apenas interesses, e ele acostumado com mulheres que contrata para "trabalhos sexuais especiais" debate-se com uma figura jamais encontrada, alguém simples, despojada, de uma beleza sensual montada em sua honestidade e sinceridade, algo que ele não havia experimentado em toda a sua vida pregressa. Ambos eram destinados um para o outro, apesar de cada um ter tido uma trajetória praticamente oposta na vida até ali. Estes são os melhores encontros!

Cacetadas contracenavam com os prazeres como o famoso gelinho
descendo para o umbigo... as cacetadas não pareciam doer, e 

naturalmente ela não poderia ficar roxa.
Mulher inteligente e segura, apesar da aparência de desastrada, titubeante e inocente, ela vai prosseguindo na relação com muito cuidado e muita ponderação, enquanto ele se deixa levar pelo estranho sentimento de atração e respeito que nunca houvera saboreado daquele jeito, com a chance de ser o primeiro homem de sua garota intocada.

Para encurtar o caminho, o sujeito é traumatizado desde a infância a um ponto em que monta sua vida de sucesso nos negócios através de um sucesso pre-determinado na área sexual do tipo de usar pessoas para satisfazerem seus caprichos e suas ânsias de dominação. Ele se configura num sado-masoquista que usa mulheres sob contrato legal para extrapolar os contatos sexuais utilizando toda sorte de equipamento daqueles que apavoram as pessoas normais, sem problemas de vir a sofrer processos por causa do consentimento pre-contratado legalmente, protegendo sua grana, muito mais inteligente do que sair por aí casando com qualquer uma. 

Ela muito simples e direta, recusa-se a se submeter às suas exigências de assinar contratos ridículos como as 15 mulheres que ele alega ter tido até então (1 mulher a cada 3 meses desde os 23 anos, quanto será que custou?), e vai tateando no escuro tentando encontrar aquele homem simples e sincero que também deve existir sob toda aquela capa de psicoses e aquela pilha de problemas emocionais, apesar da aparência poderosa de executivo estável. Ela compra uma briga fenomenal de tentar mudar seu homem viciado em sexo.

E agora, esqueci. O que diz o manual?
Entre concessões de um lado e de outro, a relação prossegue como mais uma estória impossível de Cinderela que só costuma acontecer no cinema, do homem rico se interessando pela garota pobre e despojada. Verdade que tal sinceridade e bom coração ele só conseguiria nos meios humildes mesmo, bem diferente dos meios sofisticados onde ele circula, então a estória tem um quê de verossímil. O fato de sua colega de quarto dar-se bem com o irmão dele não vem ao caso, embora esta seja bem de vida também, o que torna o romance mais equilibrado.

Enquanto Christian Grey tenta forçar Anastasia a satisfazer sua dominação tornando-a uma submissa, ela vai cedendo a fim de conhecer melhor os seus problemas e ver até onde a coisa vai dar, dentro do que ela concebe como possível e aceitável, e ele vai cedendo nas exigências por causa do óbvio componente emocional que os une, algo sempre ausente nas outras mulheres com quem ele não interagia como pessoa humana, apenas como objetos, brinquedos de uso por necessidade periódica física e psicopática. Mesmo sem assinar o tal papel, incitando-o a correr o risco legal, ela chega a submeter-se a algumas cenas leves de masoquismo, tudo controlado em alto nível numa boa troca justa e paulatina, sem descer à baixaria, em retorno às condescendências dele a seus desejos de normalidade.

Se um sujeitinho lhe faz uma dessas, e você não gosta, ele vai lhe
odiar se você se levantar de um supetão na frente de todo mundo
e matar-lhe de vergonha, dizendo-lhe para parar de lhe bolinar por
baixo da mesa. Você tem coragem pra isso ou é uma mulher
babaca? Mas prepare-se para a vingança, se ele for uma peste.
Se você tem peito pequeno para estas coisas, basta mudar de
lugar, levantar-se, qualquer coisa menos permitir passivamente e
cheia de medinhos, porque isso é o que atiça os predadores.
Ele tem armado em seu apartamento um quarto das aventuras, que não é cinza e tinha que ser vermelho, claro, repleto de equipamento de sado-masoquismo, e para lá ele leva as escravas contratadas, as quais moram no apartamento mas têm seus quartos próprios, uma de cada vez, pois ele não dorme com elas nem se mistura. Até quando ele se cansa e termina o contrato, partindo pra próxima. Dessa forma ele não se submete aos altos e baixos de um relacionamento e sua vida é concentrada só nos negócios, lhe retornando o máximo de sucesso, ao mesmo tempo em que aplaca sua sede sexual sem precisar se preocupar com o assunto "mulher".

Anastasia no início se assusta quando Christian lhe mostra quem é e o que gosta de fazer, mas a curiosidade em desvendar porque aquele homem de aparência tão nobre se comporta daquele jeito tão degradante lhe deixa ainda mais curiosa de saber o que são aquelas coisas e para que servem. Em uma cena mais adiante, diante de tanta insistência, ela marca uma reunião para discutirem o tal contrato, e na reunião formal ela tira suas dúvidas perguntando o que são certos termos pra ela desconhecidos, para que servem, e sai cortando o que não está a fim, cheia de autoridade, o que o faz ceder devido ao seu laço emocional com ela agora se cristalizando. Ele está enfeitiçado.

Sujeitinho impressionante, pilota helicópteros e planadores, toca piano
e entende de vinhos, um caso perdido se ela não o achasse. Capaz
de tocar piano depois do sexo. Melhor do que fumar cigarro, o cúmulo
do desprezo. Dezenas de carros sem graça na garagem, muito
desperdício... não há cenas de nudez brutais, mas no livro ele toca
piano pelado ao invés de usar calças de pijama como no filme pudico.
Mesmo sem ter o contrato assinado, ela vai se submetendo a algumas coisas, enquanto ele também vai cedendo às suas determinações, abrindo excessões como incluir romance de casal normal ou dormir com ela. O casal acaba se ajustando tanto que aparece nos jornais, deixando sua mãe satisfeita de vê-lo pela primeira vez na companhia de uma mulher publicamente. É lógico que a pergunta se ele era gay veio logo no início do filme, feito pela sua companheira de quarto que iria entrevistá-lo porque ele seria o padrinho da formatura delas duas numa universidade de Vancouver (que não é a do Canadá), fronteira com Portland, 3 horas ao sul de Seattle, estado de Washington, costa Oeste dos Estados Unidos (bem longe de Washington, capital federal, do outro lado do país). Mesmo solteiro àquela idade, ele não era gay, muito pelo contrário. Mas se fosse, seria muito pior.

Leitoras fingem que se assustam, mas tornaram o livro best seller...
algum homem leu?
Enquanto minha mulher lia os livros, me contava as partes interessantes, ou seja, todas, e eu, que jamais leria tal livro por mim próprio, comentava o quanto correto era o enredo sob o ponto de vista psicológico.

O cara tinha sido iniciado sexualmente por uma mulher mais velha, "amiga" da família adotiva, justamente utilizando sado-masoquismo para disciplinar o mau aluno na escola durante sua adolescência, obviamente sem que a mãe adotiva soubesse. Certamente que aquilo tornou-se o que ele sabia sobre sexo, que o fez adaptar-se normalmente até ele descobrir o que realmente era o amor, que o modificou inteiramente. Mas esta parte não saiu neste primeiro filme, e se não houver continuação, quem quiser saber as sequelas vai ter que ler os dois outros volumes literários. Nós recomendamos.

Como se pode fazer amor (ops, ele disse que não faz amor, só f...
com a por... mesmo) num ambiente demoníaco como este quarto
dentro de seu apartamento chique de vários andares? Os espíritos
maus se aproveitariam para perseguí-lo... quer conhecer o quarto
dos infernos melhor, vá aqui, tudo sobre o filme:
http://50shadesgirlportland.com/?p=5792
BDSM

Antes dessa introdução na fisicamente mais degradante escala sexual humana que é o tal de BDSM, abreviatura de Bondage and Discipline (BD, Escravidão e Castigo), Dominance and Submission (DS, Dominância e Submissão) e Sadism and Masochism (SM, Sadismo e Masoquismo), ele já havia sofrido maus tratos por uma mãe prostituta drogada e alcoólatra cujo cafetão o queimava com pontas de cigarro, deixando-lhe marcas no corpo que ele não permitia ninguém tocar devido à carga emocional ligada àquela tortura quando criança, depois foi adotado junto com seu irmão e irmã por um casal que passou a ser considerado sua família. 

O cara tinha muitos traumas que justificavam suas taras, enquanto ela chegou humildemente em seu mundo, com uma visão nova e descompromissada, uma razão clara, pura e lógica, e foi cuidando dele com carinho e muita atenção aos detalhes, por amá-lo demais. Sua resposta, como era realmente de se esperar na vida real e num caso destes, foi ir desmontando vagarosamente seu castelo de torturas e abrindo as portas para a normalidade em seu coração, que ela lhe trouxe através do amor. O fato dele abrir-se e recuperar-se é talvez uma das coisas mais difíceis de alguém conseguir na vida, por isso mesmo a estória mereceu um compêndio e um filme.

Eu tenho tudo e nada ao mesmo tempo, ó dor.
As pessoas em geral não falam da obra sob esse aspecto extraordinário, elas só se atém aos aspectos transgressores sexuais. Este primeiro filme acaba quando Anastasia desiste dele depois de tê-lo deixado puní-la conforme ele achava que devia em seu padrão psicótico de dominador, numa certa ocasião. Ela queria ver até onde ele ia. Ele lhe deu 6 chicotadas fazendo-a contá-las uma a uma, mesmo claramente estando em desacordo com sua própria decisão, punindo-a simplesmente porque ela revirou os olhinhos para uma idiotice que ele lhe havia dito, e de acordo com os termos do contrato. Mas depois daquilo, depois de ver até onde ele iria chegar, ela decidiu largá-lo por não admitir que ele pudesse ter prazer com seu sofrimento. O filme termina nesta ocasião, mas aquele é apenas o começo de uma longa história a seguir em mais dois volumes, ou seja, mais duas continuações.

A inocência de uma boa atriz, Dakota Johnson, que não é nenhum
avião, mas deixaria a audiência masculina apaixonada, se houvesse
alguma.
O filme não retrata mais eles acabam voltando ao romance mais algumas vezes, depois que ele se arrasa por ter sido abandonado, e a insistência e determinação da garota, ao lado de seu amor mais sincero, acabam por modificar o homem inteiramente ao ponto dele passar a fazer sexo estilo papai-e-mamãe, o sexo mais banal e comum que um casal pode fazer na vida, uma volta às origens. Contudo isso é o bastante quando as pessoas se amam. Duvidas? É porque tu nunca tivestes um amor recíproco, desculpe-me. Eles acabam casados e com filhos num final feliz.

O que existe de gente insatisfeita no mundo, nesse aspecto sexual, você cairia de costas se comprovasse. Praticamente mais de 90% das pessoas sofre nessa área, tanto do lado masculino como do feminino, e pior ainda dos outros lados. A maioria dos casais se ajeita de um jeito em que um sempre sofre mais do que o outro, e em geral é a mulher quem sofre mais, confirmando aquele ditado que diz "não falta sapato velho para pé doente". 

Christian sendo normal na incrível sedução dos elevadores, que
jovem nunca sucumbiu a um elevador?
Talvez eu deva dizer aqui que, quando uma mulher diz que está com dor-de-cabeça, muitas vezes ela inventa isso para se livrar da tortura de fazer sexo com um marido que jamais a satisfez sexualmente, jamais a fez atingir um orgasmo. Talvez eu deva dizer que praticamente 80% das mulheres no mundo não sabe sequer o que é orgasmo, e se sabem, só atingiram o orgasmo algumas vezes na vida, e muitas vezes nos braços de algum urso ou em alguma ocasião de viagem ou bêbadas em festa. Por isso mulheres tendem a ser amantes, porque homens avulsos costumam lhes satisfazer muito mais do que aqueles com quem elas casaram, mesmo que só por um curto período.

A culpa não é simplesmente dos homens, é mais da criação que eles tiveram. Muitos homens consideram mulheres como coisas, objetos sexuais, sem levarem realmente um relacionamento emocional com elas, retratos de seus pais, mães, tios, avós. Até as mulheres antigas tendiam a achar que deviam "servir aos maridos", sem sequer saber que poderiam ter prazer com aquilo. Dentre os muitos pavores entre os dois há aquele que promete o casal se tornar irmãos se eles se entrosarem demais, o que é uma mentira deslavada, mas todo mundo acredita. O que destrói uma relação são coisas corriqueiras como falta de privacidade quando se vai a um simples toalete ou falta de diálogo quando acontece alguma cena com um dos dois e eles não acreditam um no outro. Coisas realmente beócias assim.

Os entediantes tons de cinza dos ternos sob medida dos exclusivos
alfaiates Johnathan Behr, na área nobre de Mid Wilshire
, em Los
Angeles -
 http://www.johnathanbehr.com/
O famoso ciúme doentio é o principal sintoma da insegurança. O sujeito quer a posse da mulher, e quanto mais ele quer, mais ela escapole, pois a posse real vem pelo amor, pelos laços de respeito e compromisso que devem ser expontâneos e nunca obrigatórios ou exigidos. É tudo de cabeça pra baixo conforme todo mundo faz. O casamento, por exemplo, costuma ser um peso insuportável pelo simples fato dele ter existido. Tal nível de obrigação deixa qualquer um totalmente sem expontaneidade. Casamento devia ser abolido... e pensar que ainda tem mais grupos de gente desejando tal coisa, sinceramente, é o fim do mundo, um retrocesso... pedradas ni mim...

Entendam, não sou contra o compromisso sério entre um casal que se ama, sou contra qualquer outro tipo de compromisso criado pelo homem para obrigar as partes a dividirem suas posses finaceiras, que é isso o que um casamento no fundo significa. Mas quanto mais as leis obrigam as pessoas a serem honestas, mais elas as odeiam e tentam burlá-las. O contrário seria desejável, as pessoas serem maduras e honestas o bastante para não serem precisas leis. Elas teriam suas próprias obrigações morais de pessoas honestas. Ah, isso é impossível? Sinceramente acho que não. O que você lê aqui é produto de uma mente assim, acredite ou não. E como nós, existem muitas pessoas, e nós conhecemos algumas delas. Trata-se de decência, respeito. Por incrível que pareça, existem pessoas decentes no mundo, inclusive no Brasil, pasmem, e não são poucas. Elas apenas não saem na TV nem na mídia... assim como as melhores mulheres nunca são encontradas nas raves, nas baladas, ou nos inferninhos...

50 tons de carros cinzas vazios e sem graça em sua garagem...
No filme 50 Tons de Cinza, a garota decente domina do dominador e o recupera, tornando-o decente também ao invés de ela degenerar. Mais uma vez na história cinematográfica mundial, o amor vence, recupera e salva, como o Cristo promete. 

Se Christian vencesse, ela teria sido usada como as outras, descartada e não haveria estória. Quantas estórias não são assim por aí, que não merecem um romance best seller? O que vocês acham que só existe no cinema não é verdade. Tudo é possível na vida real, e o cinema pode servir muito bem de modelo para as pessoas seguirem na vida. Eu estava lembrando que, quando eu era criança ou adolescente, minha vida de garoto humilde foi pontilhada de amigos ricos que me adoravam. O que destruia nossas amizades eram as famílias deles intrusivas, maliciosas e impregnadas de preconceitos.

Casa navio do filme Sintoma de Amor, lançado a mais de 20 anos,
vendida por mais de 2 milhões de dólares em 2014
Sintoma de Amor

Pelo menos a maioria dos filmes ocidentais falam de amor em que o amor vence, como aquele que assisti ontem mais tarde e de novo na TV, Sleepless in Seattle (Sintoma de Amor, 1993, com Tom Hanks e Meg Ryan), que mostra o amor se encontrando mesmo em totalmente diferentes condições espaciais. 

Programa de rádio para pessoas insones, também em Seattle, chamado "Sleepless in Seattle" (Insones em Seattle) irradia a vida triste de um viúvo com um filho que morria de saudades da falecida mulher para os tetéus que não dormem de noite naquela cidade, estória iniciada pela ligação do filho para a rádio a fim do pai deixar de ficar triste, poder encontrar outro amor e o filho outra mãe, vai parar nos ouvidos de uma noiva em dúvidas sobre o que realmente é o amor e como deve ser uma relação lá em Baltimore, do outro lado dos Estados Unidos. Ela estava em viagem, dirigindo no meio da noite, e se entretendo com o rádio do carro.

Impressionada com a descrição do que era amor que o viúvo dá ao público, e comparando com sua relação com o noivo que não tinha nada a ver, ela acaba resolvendo escrever para o sujeito e de um supetão marca com ele um encontro no alto do edifício Empire State, em Nova Iorque, e seja o que Deus quiser. 

Meg Ryan, Ross Aaron Malinger e Tom Hanks no alto do Empire
State.
Antes ela tinha sido capaz de localizar a casa do cara, ido lá, e presenciado sua relação com o filho que a deixaram encantada, mas não lhe deram coragem de ir falar com ele. O menino então resolve ir sozinho para o encontro em Nova Iorque já que não convence o pai, que acaba tendo que ir resgatá-lo, e no final das contas lá está o casal se encontrando, ambos guiados por forças divinas, ocultas e inexplicáveis, apenas porque haviam nascido um para o outro. 

Enquanto ela terminava com o noivo num jantar no alto de um edifício que dava para ver o topo do Empire State e eles jantavam, olhava para aquele edifício no dia de Valentine Day (São Valentino, dia dos namorados) e o prédio acendia um imenso coração vermelho em suas janelas, o que para ela foi o sinal que precisava. Dalí ela saiu correndo para o outro prédio, chegando lá quando ele acabava de fechar para visitas. Com um jeitinho brasileiro, ela ainda consegue subir, só para encontrar a bolsa que o menino havia esquecido, o que fez ele e o pai retornarem ao terraço, dando de cara com a sôfrega aspirante ao amor.

E nestes filmes, onde estão as ligações masculinas que tanto me embevessem?

Os maçantes, enfadonhos, fastidiosos e aborrecidos 50 tons de
gravatas cinzas, só mesmo um psicótico... eu não iria 
ao cúmulo 
de sugerí-las coloridas como o arco-íris ou incluir uma cor-de-rosa...
Relações Masculinas

Em Sintoma de Amor, a relação masculina está entre pai e filho, ponto final.

Em 50 Tons de Cinza não está presente no relacionamento masculino do protagnista, mas está presente na relação feminina através do pai que a criou. 

Tendo boa relação com a mãe, mesmo separada e já tendo colecionado mais 3 maridos, Anastasia aprendera a se relacionar muito bem e seguramente com os homens, o que a fez não cair nas artimanhas do dominador. 

A falta de presença masculina na vida do protagonista macho talvez tenha sido suprida na escola, por seu irmão ou na vida dos negócios uma vez que sua relação sexual era até de se invejar, algo que ele podia jactar-se perante os amigos, pois um jovem se relacionando com uma muher madura por tantos anos é algo que todos eles gostariam de ter, pode entrevistá-los pra saber. 

O walk-in closet (quarda-roupa caminha dentro) de Grey é realmente 
invejável... em caminho de paca, tatu caminha dentro?
Transar com uma mulher madura significa aprenderem tudo o que eles mais querem. Quando eu era garoto, aquele de nós que conseguia isso, esnobava os outros. No caso do protagonista, o autor se insentou de focalizar seus problemas masculinos por via masculina enquanto ele foi longe demais na sexualidade por ser a mulher madura uma abusadora de crianças e ter cruzado as fronteiras da normalidade, mas mesmo assim lhe era motivo de orgulho, pois estas coisas também costumam fazer sucesso na cabeça dos machos. 

Afinal, quem não quer achar uma submissa e ser um dominador? E caso ela o tenha feito de submisso quando bem jovem, ele foi catalogando o que fazer no futuro com suas vítimas. Estes papéis estão no nosso gene animal, o que nos controla é a inteligência, a maturidade humana e espiritual. Sem isso somos como leões, pêi-buff. O que não quer dizer que não possamos soltar o leão de vez em quando para dar mais sabor a uma noite de amor em que só vamos ao orgasmo uma vez enquanto a parceira vai 5 vezes... sem exageros, por favor.

Virgem mãe de Deus, tornei-me escravo de uma virgem, logo eu...
fiz tanta promessa, investi tanto dinheiro, pra acabar caindo na
mesma esparrela de qualquer um da rua...
Você pode ser o melhor homem do mundo, mas para manter sua esposa, é preciso dar-lhe prazer. O seu próprio prazer não interessa tanto quando o dela, e isso também lhe aumenta ainda mais o seu próprio prazer. Pensar nos outros sempre trás incomparáveis benefícios.

Pense nos outros, coloque-se no lugar deles, e sua vida vai melhorar da noite para o dia.

Abusos, principalmente sexuais, em geral se tornam traumas, mas não necessariamente. O trauma do protagonista de 50 Tons se manifesta em sua reação violenta a quem lhe toque, por isso ele fica à vontade amarrando as mãos das parceiras sexuais, para que não lhe toquem, e também pela incapacidade de ser normal e amar. Porém talvez seu nível intelectual e posição social de destaque lhe conferiram tolerância e respeito, o que abriu as portas para a garota se instalar e ir se adentrando em seu interior. 

Anastasia, como toda pessoa decente, ficava desconfortável com
cada presente de Christian, como transferí-la para a ala de
executivos no avião, e quis o dinheiro de seu fusquinha de volta
ao deixá-lo, devolvendo o Audi que ele comprara para ela. Gente
decene é assim, e existe sim senhor. Cada vez que um mendigo 

devolve uma carteira encontrada com dinhiero e tudo, sai na TV 
brasileira.
Ela acabou quebrando suas regras, modificando suas frases quando ele dizia que "romance não é meu negócio" ou "nunca me envolvi com nenhuma mulher". Ele foi obrigado a voltar atrás e refazer suas regras de vida que antes eram decisivas e intocáveis. No final dos dois volumes o casal está normal, com algumas pitadas de contravencão, só para esquentar os ânimos nos dias sem graça.

As pessoas entendem o filme ou livro do jeito errado porque elas eclipsam a razão das coisas para só dar atenção aos aspectos chocantes sexuais. É pior do que as interpretações da mídia social pelos brasileiros com relação ao governo do PT, mas veja como é fácil enganar as massas ignóbeis.

Crítica Importada da Net

Agora uma crítica melhor do que a minha, Eu Tentei Gostar de 50 Tons de Cinza:

http://lounge.obviousmag.org/checkin/2015/02/eu-tentei-gostar-de-50-tons-de-cinza.html

Esta crítica que reproduzo aqui porque tem cacife pra isso, que espero não ter que pagar ou ser obrigado a retirá-la daqui, é de Ana Luiza Figueiredo, "redatora, freelancer e metida a falar das coisas, que faz anotações em papéis que sempre perde, não vive sem histórias e tem mania de fazer diferente", para o site Obvious (um espaço de tudo e de nada; de coisas importantes aparentemente sem importância; de coisas intemporais; de coisas que gostamos) é muito melhor do que a minha, embora peque pela mesma visão machista que assola os brasileiros e brasileiras atualmente. Os brasileiros andam muito doentes de verdade, precisam urgentemente serem internados numa clínica psiquiátrica do tamanho da Amazônia.

E a vergonha de atrever-se a mostrar um quarto nojento e vermelho
para um mulher pura como esta, onde está? Na hora da tara, o cara
fica ceguinho...
Mas prossigamos... meus comentários estão entre colchetes azuis ao invés de vermelhos como o quarto fálico das dores.

Chega aos cinemas o filme de 50 Tons de Cinza, best-seller que gerou tanta adoração quanto bafafá. Li o livro e me surpreendi. Como algo com conceitos tão antigos conseguiu ser vendido como ousado e moderno? [Antigos para quem, minha santa? Até para mim, BDSM ainda é novidade em seu contexto] E como tantas mulheres se impressionaram com um enredo que encarna tudo contra o que muitas delas lutam? Bom, fui de coração aberto para 50 Tons de Cinza, mas não consegui abraçar essa história. Os motivos, explico já.

Fanfic com Cara de Fanfic

[O que diabos é um Fanfic? Google mostra "ficção escrita por um fã, e com personagens, de uma série de TV em particular, um filme, etc.]

Pantone, padrão e convenção de cores genéricas.
O avatar [pseudônimo ou imagem que uma pessoa assume anonimamente na internet para opinar, comentar ou escrever coisas] Snowqueens Icedragon [Dragões do Gelo, Rainhas da Neve] escrevia fanfictions online, sendo que sua criação mais popular era “Master of the Universe” (Mestre do Universo), uma fanfic sobre a Saga Crepúsculo [Twilight é uma famosa série de quatro romances-temáticos de fantasia de vampiros escrita pelo autor americano Stephenie Meyer]. Conforme a história foi ficando mais picante, a autora decidiu trocar os nomes originais por outros que não tinham mais relação com os vampiros, publicando o novo texto em um site próprio. Assim nasceram “50 Tons de Cinza” e a mais nova escritora E. L James.

Ou seja, os exageros e a escrita rascunhada estariam perdoados porque, afinal de contas, era só uma fanfic, escrita por uma fã que imaginava uma série de situações para seu casal favorito. Depois se transformou em uma história amadora, praticamente idêntica à original. 

Mas, no momento em que uma editora decide publicá-la e, mais tarde, um estúdio compra seus direitos autorais, e todo um aparato é criado para transformar um material bruto em uma leitura de primeira. Quem gosta e elogia passa a ser moderno e liberal. Quem não gosta ou critica passa a ser antiquado e preconceituoso[Grifo meu para aumentar a importância desta colocação!]

É um Conto de Fadas Distorcido

A princesa indefesa e pura vem na forma de uma jovem com baixa autoestima, sem muitas conquistas na carreira ou na vida pessoal. Já o príncipe vem em um helicóptero particular, dono de uma empresa gigantesca e algumas preferências bem peculiares no quesito sexo. [Apesar da baixa autoestima, a mulher é bem mais determinada do que o executivo]

Anastasia (até o nome é de princesa) encontra ascensão pessoal e profissional através de seu relacionamento com Grey. Ele a salva de sua vidinha sem graça com seu dinheiro e influência. 

Primeira conversa em seu escritório no lugar da amiga resfriada, o
entrevistando
Por mais que os métodos desse príncipe às avessas sejam questionáveis, o que sente por Anastasia é amor verdadeiro. Ela, é claro, o corresponde, e eles terminam a trilogia felizes para sempre, com a jovem assumindo seu papel de “esposa de um homem rico” [É só o que esta autora enxerga, como a grande maioria dos brasileiros traumatizados pelas diferenças abissais entre classes sociais no país e o pavor de ser pobre]Só que, ao contrário das princesas, Anastasia não é generosa, astuta ou sofre com algum tipo de maldição. Ela é apenas frágil. [Ao contrário, Anastasia sofre a maldição da falta de homens decentes no mundo] E, ao contrário dos príncipes, Christian não é valente ou gentil. Só é rico. [Christian é mais do que valente para fazer sucesso no mundo dos negócios, e gentil o bastante para dar alta classe às suas escravas em seu próprio apartamento; se fosse realidade, talvez fosse diferente.

Além disso, um diálogo clarifica o que é descrito no livro com maior precisão. No diálogo na entrevista que Anastasia faz com Christian no início do filme, ela diz: Ok, hum, sua empresa está envolvida principalmente no setor das telecomunicações. No entanto, você também investe em numerosos projetos agrícolas. Incluindo vários na África. É algo pelo que você se sente apaixonado? Alimentar os pobres do mundo? Christian: É apenas um negócio inteligente. Você não concorda? Anastasia: Eu não sei o suficiente sobre isso pra falar.

O que o filme não mostra é que ele realmente tem interesse em reduzir a fome no mundo porque ele próprio havia passado fome na vida. Mais uma conexão sua com a humilde Anastasia e seu mundo desprivilegiado. 

A Grey Enterprises Holdings é uma empresa global fictícia de tecnologia de comunicações, manufatura ecológica e soluções agriculturais futuras, cujo web site é tão bem feito que parece real, aqui: http://www.greyenterprisesholdings.com/]

Mulher pode ser pior do que homem nesta área, Enter the Dominatrix
é um pacote para download do vídeo game Saints Row IV de 2013.
Ele conta uma história alternativa da invasão alienígena Zin, que
difere do jogo principal (seja lá o que diabos está falando isso pois
não conheço nada sobre vídeo games por opção própria).
Não é um Manual BDSM

Se você quer entender mais sobre “Bondage e Disciplina”, “Dominação e Submissão” e “Sadismo e Masoquismo”, 50 Tons de Cinza não vai ser de muita ajuda. Primeiro porque a autora tirou os jogos e fetiches sexuais da sua cabeça, baseados em seus próprios desejos. [Não só esta crítica queria saber mais sobre BDSM, a-ham!, como provavelmente a maioria das leitora que beiram esta classe de fetiches com seus amantes também estava louca pra saber legalmente, sem ter que se esgueirar nos corredores pra isso] Não necessariamente é como um casal adepto a essas práticas se comporta na cama. Segundo porque os papéis de ‘dominador’ e ‘dominado’ são válidos apenas na hora do sexo ou em função do sexo, sendo que ambas as partes precisam concordar e se sentir confortáveis com isso. É um jogo de controle que excita os participantes, mas não quer dizer que um parceiro mande no outro de verdade. BDSM não tem nada a ver com o abuso do corpo ou da confiança alheia. [Ao contrário desta crítica inocente, acho que tem tudo a ver com a realidade das personalidades envolvidas em tais práticas; o dominador realmente não tem limites e mal se controla, enquanto a dominada sente prazer em sofrer, se auto-punindo como certos sacerdotes religiosos; é impossível se levar pra cama tais comportamentos se as pessoas são "normais", com licença]

Eu, por exemplo, não sei para que serve isso, mas boa coisa não é.
Deve doer pra caramba...
Expectativa vs Realidade

A sinopse do livro descreve Christian como um homem arrebatador, enigmático e brilhante. Já Anastasia teria um jeito atrapalhado e independente. Mas o que as páginas oferecem é um sujeito que não consegue terminar um diálogo de forma decente, vive de cara feia e não tem nada que o classifique como brilhante além de referências forçadas a autores e compositores do século XVI. Na verdade, as falas de Christian lembram muito mais as cantadas de um pedreiro do que um galã. [O sujeito é brilhante, isso é intriga da crítica querendo rebaixar os homens; contudo, ele sabe baixar o nível pra chocar quando acha necessário desviar a compaixão das mulheres para seus predicados sexuais]

A reunião formal para discutir o contrato de sado-maroquismo. Corta,
corta, corta, isso pode ser, corta... e ele, sim senhora, sim senhora.
Quanto a Anastasia, bom, qualquer um que cogite assinar um contrato onde aceita ser propriedade de alguém passa longe de ser independente. A jovem hesita, acha estranho, não concorda, mas sempre acaba cedendo às vontades de Grey. [Cede porque o ama, porque quer conhecê-lo a fundo, isso ela deixa bem claro] Todos os seus pensamentos giram em torno dele e sua vida perde o sentido quando não o tem por perto. [Isso também se chama amor] Christian a trata como uma criança idiota que deve ser doutrinada. [Com o que ela não concorda e constantemente o está surpreendendo com suas reações inesperadas] E ela o acha irresistível por isso. [O que Anastasia acha irresistível é como ele chegou até onde chegou, lhe interessa desconstruir o que foi construído errado, e para isso é preciso entendê-lo inteiramente, inclusive topando participar de seus jogos para isso]

A gravata fatídica que um dia amarrô-la... veja como ele a amarra
direitinho, com carinho, Isso é apenas para ela não tocá-lo, pois ele
tem fobia de toque com razão, foi torturado quando criança e tem
cicatrizes. Queriam todos os traumatizados acharem uma
Anastasia Steele na vida...
Julgando pelo título dos três livros (Cinquenta Tons de Cinza, Cinquenta Tons Mais Escuros e Cinquenta Tons de Liberdade), pensei que Ana entraria nessa furada por ingenuidade, seduzida por algo que nunca teve [Bem típico de brasileira]. Aí a coisa ficaria feia e ela, mais amadurecida e resoluta, se libertaria daquela situação. Mas o segundo e o terceiro livros nada mais são do que um repeteco do primeiro: Ana mordendo o lábio, Christian rosnando e uma história pra lá de sem noção. [Não é fácil fazer o que Anastasia pensou em fazer, recuperar um sujeito de 27 anos de idade, mas ela conseguiu com o afinco e determinação do amor, de quem sabia onde devia chegar e chegou. Minha mulher não reclamou que os volumes seguintes eram repeteco...]

Concessões

No início, Anastasia não se sente nem um pouco à vontade com os termos (a.k.a imposições) do contrato de Grey [A.k.a. quer dizer "also know as", ou seja, isto é, digo]. Contudo, ao perceber que eles viriam com bônus como tratamento no salão de beleza e roupas de grife, começa a fazer concessões. É quase um sistema de recompensa. [Anastasia não é exatamente o tipo a ser seduzida com banhos de loja, ela é superior a isso e só mesmo uma mentalidade tacanha para imaginar tal coisa]

Tem muita coisa pra saber sobre mim não sinhó, ói
pra eu, moço, diz a universitária formanda num país 
em que os jovens não fazem questão de irem para a 
universidade normalmente. Tremendo erro de 
avaliação aqui.
Christian lhe dá uma vida cheia de glamour (e orgasmos) e ela lhe dá seu corpo e o controle sobre sua conduta. Nada vem de graça né? [A crítica rasteira não vê nada além do materialismo e ignora a parte emocional de propósito, como se a vida fosse apenas maquiagem]

Do mesmo modo, a história busca justificar os comportamentos abusivos de Grey. [Não busca, ela naturalmente que fala a verdade, que geralmente todo mundo passa por cima apenas para condenar os outros; todos nós temos razões de sermos como somos] O gosto por dominação e violência veio de um passado complicado. O controle excessivo não é paranóia, é preocupação. O ciúme descontrolado é prova de amor. As leitoras, por sua vez, aceitam essas justificativas por um simples motivo: Grey é rico, poderoso e bonito. [Típica visão atual dos brasileiros e brasileiras, principalmente os jovens de hoje em dia, completamente vazios e sem consistência, convivendo com a pobreza moral de só valorizarem o aspecto financeiro de todas as situações] Se fosse um subalterno da empresa, tivesse uma careca, salário atrasado ou uma barriguinha de chopp, provavelmente seria visto como o vilão ou um personagem mal construído. Nunca um sonho de consumo. [Não é como muitas estrangeiras pensam; felizmente nem tudo está perdido; só carácteres desclassificados medem os homens (e mulheres) pela aparência]

Isso não é sério, é só uma bricadeira, fingimento pra boi dormir.
Na falta do que inventar...
Pornô da Mamãe

As cenas eróticas são tratadas como algo tão surreal que ao invés de picantes acabam sendo apenas estranhas. [Estranha é uma boa palavra pra dizer "não gostei porque queria ver sacanagem"; as cenas foram de extremo bom gosto, discretas e de altíssimo nível] Tudo - absolutamente tudo - que Christian faz deixa Anastasia babando e não importa há quanto tempo estejam juntos e quanto sexo já tenham feito, ela nunca parece acreditar que um homem tão 'incrível' tenha se atraído por ela. Então você termina lendo um romance frio e um sexo selvagem meloso, com Anastasia mais parecendo uma fã de Christian. [Engraçado, nós percebemos exatamente o contrário, embora não neguemos que o embevecimento partiu dos dois; Christian estava constantemente enebriado por Anastasia; aliás, para ele era muito mais improvável, pois ele era o dono do dinheiro que costuma mascarar tudo e tornar seus proprietários os demônios em pessoa, além do que teoricamente ele podia "comprar" qualquer uma, porque cair na rede da virgenzinha? Vai ver que cada tipo de expectador se identifica com o herói mais parecido com ele ou ela...]

Você gosta mesmo de mulher ou precisa desta parafernália todinha
pra se excitar? Já tentou "ao natural"?
As Vantagens de ser Submissa

O sucesso que o livro fez entre o público feminino (mais velho e mais novo) levanta algumas questões. Tanto o modo como Anastasia entra nos jogos sexuais de Grey quanto a maneira como esses jogos se desenrolam e giram em torno do controle que o empresário tem sobre ela. [Isso só na aparência, porque, como já evidenciei várias vezes, Anastasia foi quem esteve no controle o tempo inteiro. Ela faz que deixa ele se divertir um pouco]

Anastasia é jovem, insegura, ainda está se formando como pessoa. Quando conhece Grey, passa a construir sua identidade a partir de seus gostos e atitudes. Ela muda porque quer entrar no maravilhoso mundo de regalias do empresário e, para tal, precisa mudar. [Talvez eu não tenha visto isso no livro pois não o li, mas isso também não foi o que me foi repassado por minha esposa ao ler a trilogia; de novo aqui está estampado os valores da brasileira que só pensa em dinheiro e poder] O desenvolvimento da personagem está intrinsecamente ligado à vontade de Grey. [Também não concordo, está tudo atrelado ao seu amor e à sua luta para trazê-lo à normalidade que lhe atenderia; ela demonstra ser bem mais madura do que ele - como sempre as mulheres são mesmo... e ela acaba vencendo]

Nos volumes seguintes, Christian se torna ciumento e possessivo.
Tem prova maior de insegurança do que essa?
Ainda sobre isso, é estranho como tantas mulheres acharam tão sexy um homem que exige controlar os detalhes mais particulares da vida da parceira. Querida, quando você precisar assinar um contrato determinando que estará disponível para transar com alguém quando, como e onde essa pessoa quiser, é melhor cobrar pelo serviço. [E ainda aconselha a mulher a ser p...; Anastasia entra no jogo de Grey porque deixou de ser virgem, passou a ser mulher, e como tal, mais madura, mais determinada. Virgindade é uma coisa muito séria e toda mulher sabe disso. Deixou de ser virgem porque quis, escolheu seu primeiro homem com muito afinco, e logicamente a ele ficou atrelada temporariamente.

[Ao contrário dela estar sempre sendo dominada, ela o domina com seu jeitinho insuspeitado, sua inocência pura e verdadeira, seu real poder do amor e da determinação, sendo muito mais determinada do que ele, com muito mais segurança do que ele, apesar das aparências que enganam os incautos.

Um dos locais de filmagem foi em Vancouver, Canadá
[Tudo o que ela faz e aparenta se submeter a ele, é sob seu próprio controle, com suas exigências e modificações que ele cede também porque a ama. Trata-se de uma dominação bastante feminina, como as brasileiras eram no passado, ou seja, para dominar-se um homem tudo o que é preciso é ser-se persuasiva, carinhosa e inteligente. A mulher brasileira perdeu esta capacidade hoje em dia ao tentar imitar as feministas estrangeiras corrosivas que elas julgam superiores à raça miserável nacional, quando a realidade é exatamente ao contrário. A mulher brasileira é superior e não sabe, a estrangeira quer ser homem e há muito perdeu suas qualidades femininas. A mulher sem feminilidade faz o homem pensar que está vivendo com outro homem, e tome porrada... conclusão forçada e maluca minha, claro, só para dar mais efeito.

[Christian parece seguro como todo homem precisa mostrar para as mulheres, principalmente dessa marca, mas não passa de uma criança chorosa sem mãe nem pai, perdida na vida, louca por um Senhor a fim de louvá-lo. Na falta disso ele continua a fazer suas malcriações, assustando os pusilânimes, e principalmente as mulheres sem personalidade.]

Continuando...

Infelizmente, o controle que um homem poderoso ou (mais) seguro exerce sobre uma mulher insegura ou fragilizada não fica só na ficção. Convivi com várias mulheres cujos namorados ou maridos controlavam desde a roupa que usavam até com quem podiam conversar. Também já ouvi muitas vezes um “mas ele é de boa família” ou um “mas ele ganha bem” como justificativa para manter relacionamentos abusivos – conselhos dados, muitas vezes, pelas próprias mães dessas mulheres. [Diz-me com quem andas, que te direi quem és; nós não convivemos com pessoas assim, graças a Deus, ou será graças às nossas próprias escolhas e identificações? Duvido até que elas existam, embora saiba que existem, evidentemente, pois tanta gente fala]

Cenas em Bentall Tower, Burrard Street, 5, Vancouver, Canadá
mesmo. O que foi filmado em Vancouver do Canadá ou Vancouver
do estado de Washington, USA, vira trocadilho atrapalhado...
Eu interpreto o frenesi causado por “50 Tons de Cinza” como uma evidência de que ainda achamos interessante – e até tentador – que uma mulher se submeta a um homem para conseguir algo em troca. Christian Grey é mais do que um personagem que gosta de sexo selvagem. Ele é o “bom partido” que muitas mulheres (ainda) querem agarrar. [Mas não foi isso o que a obra reportou. Quem quer agarrar a virgenzinha é ele. Como se pode distorcer as coisas de acordo com as próprias crenças, não é mesmo?]

Um cara chamado Ítalo Amorin comenta a crítica de Ana Luiza extraordinariamente assim naquela página da net, com a qual concordo em gênero, número e grau: 

"Sou homem e já li os 2 primeiros livros, entendo seu ponto de vista, mas acho que o livro não subestima a inteligência de ninguém, apenas aguça a vontade de ter alguém de verdade, que se renda só no olhar, que goste de tudo em você, apesar dos defeitos que todos temos. Acho que o texto do livro não é uma obra prima, mas nos faz querer ler sem parar, pois remete não só às mulheres mais a todos que buscam algo que não vemos mais hoje em dia. Acho que isso justifica o sucesso de 50 Tons de Cinza!"

Mordisca aqui, vai! Como pegar um bom partido. Mas só se for
sincera. Obviamente que a atriz está fingindo muito bem...
[Diga-se de passagem que minha mulher leu o livro depois do auê provocado pela mídia, e só assistimos ao filme agora, depois que tudo já arrefeceu faz tempo. Desta forma podemos ler ou assistir sem sermos contaminados pelo que os outros pensam no auge da moda. Outro detalhe: assistimos ao filme em Inglês, e a tradução brasileira talvez tenha baixado o nível dos diálogos.]

Brilhante Conclusão

A obra pinta grandes desgraças da vida humana como traumas de infância, prostituição, drogas, miséria, fome, pedofilia, pornografia, sado-masoquismo, em belos tons de cinza envolvendo-os nas mais sofisticadas embalagens de alta classe existentes na nossa sociedade ocidental atual. Saímos renovados do filme, nos sentindo bem, principalmente quem conhece o final do volume três da trilogia, porque o final do filme equivalente apenas ao volume I nos deixa realmente irritados e decepcionados.

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