No dia 26 de outubro de 2014, a reportagem do programa 60 Minutos do WIN Channel Nine (9) de TV australiano esteve no Brasil para entrevistar João de Deus, na iminência dele chegar em visita à Austrália no final de novembro próximo. Foi meia hora de edição de filmagens mostradas às 7:30 da noite deste domingo de votação do segundo turno para presidente do Brasil.
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Reportagem do Channel 9, Austrália, ridicularizando João de Deus |
O jornal The Sydney Morning Herald já havia publicado um artigo sobre o mesmo personagem brasileiro o qual está postado online, incluindo vídeos. Comparar estas duas reportagens é como comparar as reportagens da Veja com as da CartaCapital, e quando digo Veja, digo todas as outras revistas semanais brasileiras e também os principais jornais nacionais impressos como a Folha de São Paulo. Não que estes veículos de vez em quando não se saiam bem quando querem, porque competência eles tem, seja para o bem ou para o mal.
Vamos começar narrando como foi a reportagem do canal 9.
João de Deus diz que pode curar qualquer doença? Trata-se de cura ou enganação?
Bem no esquema Veja e Globo, o repórter do canal 9 australiano não chegou com boas intenções. Sua primeiríssima pergunta foi acusando João de Deus de alegações de ataques sexuais a funcionários femininos, e em seguida a pergunta se era verdade e o que ele tinha a dizer sobre aquilo. Em seguida perguntou sobre um suposto desvio de dinheiro arrecadado para outros fins de modo a ampliar a cozinha de sua casa.
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Jardins da Casa de Dom Inácio (não Luiz Inácio da Silva, mas Santo Inácio de Loyola) |
Ora, você não viaja meio mundo para insultar uma pessoa logo de cara, principalmente uma pessoa tão respeitada por tanta gente, inclusive muitos estrangeiros ao redor do mundo, a não ser que você queira mesmo obter o pior do entrevistado, e foi exatamente o que aconteceu.
João de Deus imediatamente se levantou ao ouvir a tradução da pergunta, ainda apertou a mão do repórter por educação, e deu-lhe as costas. Sua assistente ainda prosseguiu falando com o repórter, tentando dar respostas, mas o repórter só queria falar sobre aqueles assuntos de modo insistente, ao ponto de sair atrás de João de Deus até ele entrar em casa, como um cachorro farejando a presa e louco para abocanhá-la.
Ao chegarem na porta da casa dele, João de Deus mandou ele às favas, dizendo qualquer coisa sobre "vá à mãe", o tipo do insulto que toda criança brasileira está acostumada a jogar pra cima dos outros quando estes são extremamente inconvenientes. Porém, este reporterzinho australiano não conhece a cultura brasileira, e achou que o entrevistado havia sido grosseirinho com ele. Ora, quem foi mais grosseiro? Como é que você inicia uma entrevista desse jeito, do outro lado do mundo, com tanta coisa importante a ser dita? Quem é o idiota que compra a conversa de um repórter desta categoria? Os espectadores do canal 9, sensacionalista e mentiroso como a maioria da mídia milionária mundial sensacionalista, claro.
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João de Deus com Oprah Winfrey |
Alguns minutos se passaram, e João de Deus resolveu retornar. O repórter imediatamente taxou ele dizendo que havia voltado porque sua recusa ia pegar mal para seus negócios, uma nova grosseria, um novo ultraje de quem está acostumado a ser mal educado e ter um rei na barriga, em nome da "liberdade de imprensa". João então afirmou em Português que só continuaria se ele lhe mostrasse o que havia gravado. Foi a hora do repórter recusar-se e dizer o "nãozinho" dele. Ora, então o repórter pode, o entrevistado não pode? Será que você, leitor deste post, consegue enxergar a arrogância deste mero repórter idiota que jamais fez o bem a nem um ser humano sequer, a não ser envenenar a cachola dos outros?
O repórter prosseguiu mostrando o caso de uma australiana, na Austrália, que pagou exorbitantes $10.000 reais para viajar para o Brasil em busca de uma cura, a fim de voltar a andar, a qual não conseguiu nenhuma melhora sequer. Ora, primeiro, só a passagem da Austrália para o Brasil custa este preço, e aqui de novo a ignorância grassa, e é bem típica do australiano. O australiano padrão acha que, porque pagou caro, tem que ter uma cura. Não lhe passa pela cabeça de pesquisar e constatar que não é todo mundo que se cura com João de Deus. Só se cura quem tem merecimento, ou também quem acredita ou tem aquilo que chamamos de "fé".
Este repórter de araque fez os espectadores acreditarem que João de Deus cobra por suas consultas, mostrando os preços nas tabelas das paredes rapidamente. A reportagem do jornal The Sydney Morning Herald é muito mais específica e fiel à verdade imparcial. O reporterzinho falou que as pílulas vendidas com exclusividade pela Casa do João de Deus só continham essência de flor de maracujá, ou seja, eram placebos inúteis e caros. A verdade também é divulgada pelo jornal SMH. A diferença entre as intenções das reportagens é gritante.
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Cristais abençoados. Abadiânia fica situada sobre jazidas de cristais brasileiros |
O canal 9 não deu nenhuma atenção a saber porque se cobrava, e porque se fabricavam pílulas. Trabalho espiritual é sempre barra pesada, consumindo muita energia e a saúde física dos médiuns envolvidos, e só este seria um bom motivo para entrar dinheiro, como realmente entra, a maioria na base de doações.
Segundo o repórter, o objetivo da reportagem é mostrar ao público australiano que ele não precisa cair neste conto do vigário de um curandeiro charlatão.
O que ele fez questão de ignorar foi que, se João de Deus está indo para a Austrália, não é por sua vontade e escolha, ele está atendendo a convites. É preciso um convite muito convincente para fazer-lhe ausentar-se de seus pacientes brasileiros no Brasil. Certos australianos que não fazem parte dos que lhe convidaram simplesmente não tem o direito de sequer discutir a vontade daqueles que o convidaram. Com que displante eles se acham no direito de tal coisa? Depois de ler a reportagem do jornal a qual achei pesquisando na internet depois de ter assistido ao programa do canal 9, descobri que existe uma Casa de João de Deus montada numa cidade do interior da Austrália, próxima a Sydney, e que este relacionamento entre países nesta área remonta a muito tempo atrás. Existe uma longa história por trás desta simples visita, tudo ignorado pelo repórter sensacionalista e consequentemente perigosamente irresponsável.
Quem acredita, tem fé e merecimento, se beneficia, nem que seja por intermédio de placebo, ou remotamente, do outro lado do mundo. E porque não? Quem cura é a força mental e espiritual, se alguém precisa de uma muleta para carrear este tipo de cura que ninguém enxerga, que tome placebo e se convença de que foi a pílula que funcionou. Porém, as tais pílulas vendidas na farmácia da Casa de João de Deus não são placebo.
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Tucanos de verdade em Abadiânia, Goiás, não representantes das elites nacionais |
Ninguém do canal 9 sequer chegou a cogitar do porque que suas "cirurgias" feitas sem absolutamente nenhum procedimento médico não infectam e matam os pacientes no outro dia. Ah, isso não, jamais irão dar o braço a torcer para falar positivamente. Preferem chamá-lo de charlatão por não possuir diploma de médico como toda a categoria médica mundial que de certo modo é incompetente.
Enfim, a entrevista foi um conjunto de asneiras proferidas por um repórter ignorante australiano, mal-intencionado, materialista e interesseiro, que está mais a fim de prejudicar os outros do que ajudar. Aqui na Austrália também tem destas coisas, e como tem. Basta lembrar que o dono da Foxtel é australiano, a qual ganhou a América e elegeu Bush júnior. Eles falam em nome de proteger os australianozinhos indefesos, e com isso calam a boca de quem quer que seja que discuta ou questione suas intenções, tornando o questionador a própria figura do diabo, em nome da liberdade de imprensa.
O próprio título da matéria já diz a que veio: "John of God claims he can cure any disease - is it healing or a hoax?" ("João de Deus diz que pode curar qualquer doença", mas a primeira coisa que ele sempre afirma em todas as entrevistas é que quem cura é Deus e não ele. Depois de Deus, são os espíritos que se incorporam nele, e não ele próprio. O título da reportagem continua, "trata-se de cura ou enganação?" Isso não são termos para tratar alguém que realmente cura pessoas com tal nobre função, isso é uma falta de respeito àqueles curados, e eles existem, se o repórter fosse procurar, ali mesmo, incluindo australianos e estrangeiros que vivem na cidade de Abadiânia, Goiás. Aliás, sobre isso só saiu um curto depoimento da boca pra fora de alguém que estava lá na hora, "eu me curei totalmente". O repórter prefere acreditar que todas as pessoas envolvidas sofreram lavagem cerebral.
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Outro vídeo sobre João de Deus da TV WIN comercial australiana |
O repórter diz que não há registros das curas. É óbvio que não há, isso não tem a menor importância, provar pra quem? Pra repórteres desta marca? Acreditem se quiserem, se não quiserem, vão pastar, mas não prejudiquem quem cura ou quem tem a chance de ser curado, que isso é a coisa mais importante na vida deles.
Veja o vídeo aqui, em Inglês, John of God Part 1 e Part 2, cujo produtor e repórter não foram divulgados:
Se quiser, veja outro vídeo reprisado em 23 de outubro de 2014 aqui no mesmo site, referente a reportagem de 1998: Liz Hayes juntou-se a um grupo de 40 australianos que foram a uma pequena cidade brasileira em busca de milagres. Aqueles com absolutamente nada foram submetidos a operações angustiantes e aqueles que estavam doentes foram deixados com vagas promessas de cura. Esta campanha de defamação do canal 9 australiano faz muito o estilo da Veja, Globo e o resto de toda a mídia milionária brasileira e internacional, que não gosta de ser chamada de "rogue" (cafajeste).
Agora Vamos Falar de Coisa Séria
Veja a diferença de abordagem do jornal The Sydney Morning Herald que costumo citar no meu blog com frequência, pois ele se assemelha ao Jornal do Brasil, o único confiável e hoje 100% digital (http://www.jb.com.br/capa/). Não sei se hoje em dia o JB continua confiável.
No dia 4 de outubro de 2014, o jornal The Sydney Morning Herald publicou um artigo sobre o João de Deus brasileiro, também por oportunidade de que ele está vindo à Austrália pela primeira vez em novembro deste ano, cujo teor traduzi abaixo, com título também mal-intencionado.
Anunciado como o mais poderoso curador desde Jesus, João de Deus certamente emprega algumas técnicas não ortodoxas em seus pacientes doentes e moribundos. Viagem de Tim Elliott para o Brasil a fim de entrevistar o ex-agricultor analfabeto.
Vídeo Cirurgião Médium - João de Deus. Pela Fairfax, Tim Elliott viaja para Abadiânia, uma pequena cidade perto de Brasília, Brasil, para testemunhar João de Deus, um cirurgião e médium. Acesse o vídeo no site.
Jana Tsu-Jones é uma mulher robusta e carnuda, um desses tipos de mulheres da Europa Oriental fora dos padrões que você vê em posters socialistas-realistas, arremessando alqueires de trigo em uma carroça puxada por cavalos. Antes dela se mudar para Sydney, em 1984, ela viveu na Bulgária, onde ia caminhar por dias e dias nas montanhas dos arredores de Sófia.
Em 2000, porém, com a idade de 47 anos, ela começou a se sentir mal: fraca e, ocasionalmente, tonta, com dores estranhas em seus dedos. Seu então marido sugeriu que era porque ela era gorda (eles não estão mais juntos). Seu médico inicialmente pensou que ela poderia ter esclerose múltipla, mas o pior estava por vir: após nove meses de testes, o médico disse que ela tinha esclerose lateral amiotrófica, ou "doença de Lou Gehrig," uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta as células nervosas do cérebro e da medula espinhal.
"Eles me disseram que eu tinha três anos de vida, e que eu deveria organizar um asilo para morrer lá", diz ela.
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... mãe. Xingar a mãe é normal na cultura brasileira. Não está certo, é um insulto que toca todo mundo, mas é normal. Para os australianos, é uma "ofensa" aparentemente maior, tão boazinhas que elas são na Austrália... |
Tsu- Jones foi diagnosticada em Maio de 2001; pelo Natal, ela não podia mais andar sem uma bengala. Ela tentou de tudo: medicina chinesa, acupuntura, tratamentos convencionais. Então um dia o médico mencionou de passagem que ele tinha acabado de ver outro de seus pacientes, uma mulher que havia se recuperado de "estágio quatro de câncer de pulmão", após uma visita a "um cara na selva do Brasil". Depois de alguma pesquisa, Tsu-Jones descobriu que o "cara na selva" era de fato João de Deus, um agricultor analfabeto e curador através da fé que aparentemente usava o poder dos espíritos para curar tudo, de hepatite a AIDS. Anunciado como o maior curador desde Jesus Cristo, João tratava mais pessoas em um dia do que um grande hospital o faria em um mês. Ele podia fazer paraplégicos andarem e os cegos enxergarem, e tratava de todos: desde o incurável e o intratável, até o despojado e o negligenciado, e os casos que a medicina moderna tinha descartado. Ah, e ele não cobrava nem um centavo.
"Quando ouvi sobre isso, vim direto para cá", Tsu-Jones me diz, sentada no jardim de meditação da clínica de João no Brasil, onde ela retornou recentemente para tratamento. Ela diz que, assim que chegou na primeira viagem, na Páscoa de 2002, ela foi esmagada por uma sensação de amor sem limites, tanto que "as lágrimas corriam pelo meu rosto. Eu tinha sido uma mãe, e tinha experimentado momentos de alegria, mas nada como aquilo."
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Médium João de Deus |
No dia seguinte, ela viu João - ou o médium João, como é conhecido - que realizou uma "cirurgia visível", empurrando um par de fórceps de 20 centímetros de comprimento através do nariz e "sacudindo-o ao redor até a parte de trás da minha garganta ser totalmente preenchida com sangue". Isso lhe deu "uma dor de cabeça infernal" por 24 horas. "Mas depois foi como se um véu tivesse sido levantado, como se eu tivesse um cérebro novo. Eu queria rugir como um leão!" Desde então, Tsu-Jones tem experimentado o que ela considera como nada menos do que um milagre. "O medium João me curou, espiritualmente, fisicamente e mentalmente", diz ela. "Ele é..." - ela procura as palavras - "ele é puro amor, isso é o que ele é.".
Em 2004, Tsu-Jones comprou um terreno em Abadiânia, a pequena cidade onde João tem sua clínica, para que ela pudesse estar mais perto da "energia de cura da área". Ela diz que geralmente anda descalça, para que possa absorver as vibrações através de suas solas dos pés." Você consegue sentir isso?" ela pergunta. Não, eu digo, eu não consigo sentir. Mas só cheguei agora, acrescento eu, talvez por isso, vai levar tempo. Ela então diz-me para eu me dar um corte. "Vá em frente. Faça isso. Amanhã estará curado. Isso é o quão forte é o poder que existe aqui."
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Vibrações... |
Em seguida, sentamo-nos juntos, em um toque de silêncio beatíficante, absorvendo o momento - e as vibrações. Uma gota de suor desceu pelas minhas costelas. De repente, Tsu-Jones se inclina e dá um tapa nos meus pés, que eu tinha inadvertidamente cruzado. "Você não pode cruzar os pés aqui ou os braços", diz ela. "É uma das regras. Isso impede sua energia de fluir livremente."
João de Deus pode ou não ser o mais poderoso curador desde Jesus Cristo, mas isso não quer dizer que ele não iria se beneficiar de uma dieta sensata e algum exercício físico regular. Um homem pesado de pernas grandes, ele se move com um rolo compressor volumoso, não muito diferente de um motorista de caminhão de longa distância ou um levantador de peso pesado. Sua pele é manchada e seu cabelo liso, desbastado em mechas como o pelo de um gato velho e desbotado. Apesar disso, ele irradia uma espécie de força-industrial de uma divindade, a de um homem humilde imbuído de uma graça inestimável. Ele até pisca lentamente, como se a sinalizar o vasto espaço que o separa das preocupações correntes da vida cotidiana.
Aos 73 anos, ele permanece nada mais nada menos que um trabalhador prodigiosamente robusto. Três dias por semana, durante os últimos 40 anos, ele senta-se em uma grande poltrona trono na sala principal de sua casa, ou casa de cura, recebendo uma procissão interminável de doentes e moribundos: o leproso, o de cadeira de rodas, o louco, o deprimido, o doente terminal ou o meramente hipocondríaco. Quando ele primeiro se instalou aqui em 1978, seus pacientes eram principalmente brasileiros, para quem a idéia de cura espiritual é uma coisa normal e corriqueira.
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O Homem Milagroso, livro do australiano Robert Pellegrino-Estrich |
Em 2001, no entanto, após a publicação de "The Miracle Man" (O Homem Milagroso), uma biografia de João escrita pelo escritor australiano Robert Pellegrino-Estrich, a Casa começou a atrair pessoas de todo o mundo, incluindo equipes de notícias, documentaristas, e, inevitavelmente, Oprah Winfrey, que o visitou em 2012 e declarou - É verdade. João agora afirma ter curado mais de oito milhões de pessoas, tanto na Casa como através de suas "peregrinações", com visitas realizadas em todos os lugares de Nova York até Viena. (Sydney o recebe por sua vez, em novembro.)
"Paul Simon o visitou recentemente," diz o mão direita e tradutor de João, Diego Coppola, antes de mencionar que a princesa do Japão e Bill Clinton, também vieram para tratamento. "Bem , esse é o rumor que corre por aqui."
Coppola nasceu no Peru, mas passou a maior parte de sua vida na Califórnia, onde trabalhou como engenheiro de computação. Depois de visitar a Casa em 2001, "apenas para um check-out", ele se casou com uma brasileira e mudou-se para Abadiânia. Hoje em dia ele consegue gerenciar uma equipe de 50 pessoas fortes da Casa, uma equipe multinacional de voluntários que cuidam da logística, canalizando o fluxo constante de visitantes e, o mais importante, formando um cordão impenetrável em torno do médium João, protegendo-o das exigências incessantes de um público voraz. "Todo mundo quer um pedaço do médium João", diz Coppola.
Antes de eu chegar, Coppola tinha me prometido uma entrevista com João, embora ele agora me diga que isso está longe de garantido: "Ele não é como você e eu", Coppola me diz. "Ele vive em outro reino. Os horários não significam muito para ele. O que importa para ele é estar fazendo o seu trabalho, cuidando das curas".
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Melhores vibrações |
Do jeito que Coppola toma cuidado ao salientar, não é, na verdade, João quem faz a cura: ele é meramente um recipiente através do qual certos espíritos, ou "entidades", transmitem suas energias de cura. João pode canalizar, ou "incorporar", cerca de 38 entidades diferentes, embora algumas sejam mais freqüentemente "incorporadas" do que outras: existe o Dr. Oswaldo Cruz, um médico brasileiro e bacteriologista que "desencarnou" (isto é, faleceu) em 1917 e o Dr. Augusto de Almeida, um médico militar que também faleceu em 1908. João também costumava incorporar o rei Salomão, filho de Davi e governante do antigo Israel, e o Santo Inácio de Loyola, o cavaleiro espanhol do século 16 e fundador dos jesuítas. (A Clínica de João, a Casa de Dom Inácio, leva o nome de Loyola.)
"O médium João muitas vezes assume as características físicas do espírito que ele incorpora", Coppola me diz. Quando da incorporação de Santo Inácio, por exemplo, ele anda mancando, um produto do fato de que Santo Inácio tinha a perna estilhaçada por fogo de artilharia na batalha de Pamplona, em 1521.
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Santo Inácio de Loyola |
Apesar de considerar que os australianos meus conterrâneos são excelentes detectores de asneiras, a verdade é que existem muitos australianos aqui na Casa. Um deles é Sarah Layton, a quem eu encontro uma manhã, em pé na frente de uma sala equipada com bengalas e cadeiras de rodas descartadas. Layton, 34 anos, é de Melbourne, onde dirige uma empresa de limpeza. Esta é a sua quarta viagem à Casa desde 2011, período durante o qual ela procurou tratamento para o fígado, rins e coração, assim como "problemas femininos". Ela também teve muitas "cirurgias psíquicas", que é quando as entidades operam pacientes remotamente." Você acorda depois de uma dessas cirurgias e pode realmente sentir os pontos em seu estômago", ela me diz. Pontos reais? "Não, pontos psíquicos".
O que a ajudou em sua maioria, porém, foi a cura emocional. Ela teve uma vida dura: depois de ter sido abusada sexualmente quando criança, ela se envolveu com motoqueiros criminosos, que a torturaram. Antes de vir aqui, ela havia tentado suicídio quatro vezes. Ela estima que gastou $50.000 dólares ao todo, em passagens aéreas, doações ("Eu sempre dôo para a Casa, porque João de Deus não cobra nada"), e em medicamentos, tais como ervas medicinais, que são vendidas na "farmácia da Casa". "Eu usei minha herança, $20.000 dólares de minha avó, para pagar um monte destas coisas. Mas vale a pena. O meu coração está curado, o qual a medicina ocidental não foi capaz de fazê-lo. E os meus problemas ginecológicos pararam."
A 5.a Dimensão
Ela suspeita que grande parte da cura vem da área local. "Você está na quinta dimensão aqui, enquanto na Austrália, você está na terceira dimensão. Na Austrália, as pessoas não entendem a espiritualidade. É trabalhar ou sair de casa e ficar bêbado. Acho que eu tinha que fugir daquilo."
A melhor maneira de pensar sobre João de Deus é como uma máquina espiritual de raios-X . De acordo com o livro "João de Deus" (John of God), por Heather Cumming e Karen Leffler, ele está habilitado pelos espíritos para ver cada paciente como um holograma, dando-lhe acesso a todos os aspectos do seu bem-estar. Por esta razão, todo mundo que vem para a casa - a equipe, os pacientes, os jornalistas - é obrigado a usar branco, dando ao lugar um ambiente parecido como um sanatório sobrenatural ou uma festa gigante do pijama.
Para ter uma idéia de como ele funciona, Coppola me sugere "passar diante da Entidade", então me junto a várias centenas de outros no que é chamado de "fila da primeira vez". (A "fila da segunda vez", para pessoas que querem repetir consultas, é chamada no final do dia.) A fila se move rapidamente, partindo do pátio para o Grande Salão, onde centenas de pessoas esperam pacientemente, lideradas em oração de grupo pelos membros da equipe em microfones. As paredes aqui são enfeitadas com fotos de João, e uma televisão de tela plana gigante mostra incessantemente ele realizando cirurgias chocantes.
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Fila de pacientes na Casa em Abadiânia |
A partir daqui passamos para o "primeiro quarto da corrente", um espaço escuro, diafanamente iluminado onde ainda mais pessoas se sentam em filas compactas, meditando. De acordo com o livro de Cumming, este quarto é como "uma máquina de lavar espiritual" onde "o campo energético de cada pessoa é limpo em todos os níveis". O objetivo, aparentemente, é gerar "a corrente", o equivalente espiritual da energia de base, que a entidade pode, em seguida, equiparar-se a fim de ajudar a executar o seu trabalho.
Por fim, a fila vira uma esquina, e agora posso vê-lo, o médium João, sentado impassível em sua poltrona no fim de um longo e estreito quarto. À sua esquerda está uma série de cristais gigantescos; à sua direita, Coppola e vários outros membros da equipe. Ele só recebe cada paciente por um momento, durante o qual ele troca uma breve palavra; enquanto isso, a mão direita pode ser vista rabiscando freneticamente em um pequeno bloco de notas, como se possuída de uma vida própria. Em seguida, ele arranca o quadrado de papel rabiscado e entrega para o paciente. (Conforme Coppola explica mais tarde, o papel é uma "receita espiritual" para as ervas curadouras.)
Quanto mais nos aproximamos do início da fila, mais palpável é a expectativa. Algumas pessoas visivelmente parecem desmaiar; outros apertam os olhos e murmuram sem palavras. Quando chega minha vez, Coppola me puxa para frente. O médium João estende a mão, a qual eu seguro. Seus olhos reviram mostrando a parte branca. Então, com um aceno de cabeça quase imperceptível, ele gesticula para eu seguir em frente, e sou levado às pressas por Coppola, que parece nervoso. "Você viu os olhos dele?" Coppola sussurra. "Eles rolaram para dentro de sua cabeça. Você viu isso? Isso foi a Entidade".
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Sua energia... |
Digo a Coppola que não recebi nenhuma prescrição espiritual, mas ele me responde para não me preocupar. "O médium estava apenas lhe avaliando, avaliando a sua energia."
Sou então direcionado para o próximo "quarto de corrente", onde me acho sentado entre um homem velho com algum tipo de tumor facial e uma mulher grande de seios fartos que está soluçando sem parar, com o rosto repleto de lágrimas.
João de Deus, cujo nome verdadeiro é João Teixeira de Faria, nasceu em 1941 em uma pequena aldeia no estado de Goiás, no Brasil central. Filho de um alfaiate, ele era um menino teimoso e aluno rebelde que, por várias vezes, ou foi expulso da escola no segundo ano ou forçado a abandonar os estudos devido à falta de dinheiro. (De todo jeito, ele nunca aprendeu a ler ou escrever, e não pode nem mesmo assinar seus próprios cheques). Ele se virou trabalhando, cavando poços e assentando tijolos, e também com sessões esporádicas de clarividência.
Depois de aprender a costurar com o seu pai, João saiu para procurar trabalho. De acordo com a lenda, ele tinha apenas 16 anos quando, ao se abrigar debaixo de uma ponte, um espírito lhe apareceu na forma de uma bela jovem, que o dirigiu para uma igreja próxima . Quando ele chegou à igreja, prontamente desmaiou. Quando voltou a si, uma multidão de pessoas se reuniu ao redor; João foi dito que, embora inconsciente, ele havia assumido a entidade do Rei Salomão e curado "muitas" pessoas. Assim começou a sua carreira como curador.
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A Visita da Rainha de Sabá ao Rei Salomão, óleo sobre tela de Edward Poynter, 1890, exposto na Galeria de Arte do Estado de Nova Gales do Sul (New South Wales), Austrália |
O "espírito curador" tem uma rica tradição no Brasil, onde durante vários séculos as crenças africanas de escravos importados misturaram-se com o catolicismo para produzir uma espécie de crença altamente divergente do cristianismo chamada Espiritismo. Como um carro constantemente sendo renovado, o Espiritismo veio para acomodar todas as adições esotéricas, desde a reencarnação de vidas passadas até a adoração da natureza. Em nenhum lugar isso é mais evidente do que na Casa, que além de "intervenções espirituais" do médium João oferece uma miscelânea de tratamentos de New Age (Nova Era), desde leitos de cristal até "triângulos de cura" - triângulos de madeira, pregados na parede, onde as pessoas vêm e rezam. ("É reconfortante quando você vê alguém em uma cadeira de rodas, lutando para chegar até o triângulo e orar", disse um dos membros da equipe, um jovem rapaz texano.)
João não cobra por suas consultas, mas os tratamentos não são de graça. Há oito leitos de cristal na Casa que são alugados em alta rotatividade (por US $ 60 por hora), bem como uma loja de presentes que vende todo o tipo de mercadoria de marca João de Deus: livros, CDs, DVDs, sacolas, camisetas, canecas e cristais ("Todos os cristais são abençoados pela Entidade", diz uma placa na parede). Existem pingentes João de Deus, cartões postais e almofadas de viagem, e até mesmo adesivos de parede que brilham no escuro.
Tanto a loja de presentes quanto o café também fazem um comércio vivo com a água que foi "abençoada pela Entidade". Pessoas na Casa tratam a "Água Benta", como nitroglicerina. "Não beba tudo de uma vez!" Jana Tsu-Jones diz uma tarde quando me vê carregando uma garrafa. "Você vai ficar acordado a noite inteira!" Sarah Layton me diz que compra regularmente jarras de 10 litros do material para levar para casa em sua bagagem.
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Flor de maracujá, "passiflora", chamada em Inglês de "fruta da paixão" (passion fruit), das mais belas flores do mundo, mas... não a cherem... |
Então, é claro, há a "farmácia", onde os pacientes compram suas ervas curativas. Eu tinha assumido que a farmácia deveria estocar uma variedade de diferentes ervas para tratar uma série de condições diferentes. Mas não, há apenas uma erva para a venda aqui: passiflora, a flor da planta de maracujá. Quando pergunto a Coppola sobre isso, ele explica que não é o que está nas cápsulas que conta, mas sim a "receita espiritual" que João de Deus escreve para cada paciente. "A intenção é de que a prescrição seja transferida para as cápsulas no momento da compra", diz ele .
Praticamente todas as cerca de 2 mil pessoas que João vê diariamente recebem uma prescrição de ervas. Alguns compram US $50, outros tão pouco quanto $10. A compra média parece ser cerca de US $20, que seria responsáveis por US $40.000 por dia, só em vendas de ervas.
Coppola agora não parece tão entusiasmado com a perspectiva de minha entrevista com João, que não gostou da "minha energia". (Eu, aparentemente, mexi-me muito rápido em torno dele, o que tinha "interrompido sua concentração".) Isto é um vexame, já que eu gostaria de perguntar sobre as alegações que li sobre João ter abusado sexualmente da equipe feminina da Casa e desviado fundos doados para a construção de uma cozinha para a sopa de modo a renovar sua casa.
Em vez disso, Coppola organiza para eu falar com ex-pacientes assíduos da Casa que se curaram de vários tipos de câncer, um de acidente vascular cerebral, uma de espinha quebrada; uma mulher foi curada para andar de novo, apesar do fato de não ter rótulas. (Ela insiste para eu tocar seus joelhos, que são como sacos de geléia.) Todas essas pessoas parecem boas da cabeça e relativamente normais, mas a evangelização de seus testemunhos cumulativos produzem em mim algo semelhante a um efeito "canseira de milagres": se mais uma pessoa me falar sobre sua recuperação inacreditável, eu a mato.
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Abadiânia, estado de Goiás, próxima a Brasília, Brasil |
Agora vou dar um passeio pela cidade. Cerca de 7.000 pessoas vivem em Abadiânia, principalmente as que trabalham na agricultura e nas pequenas empresas; há também três fábricas de tijolos, que bombeiam fuligem para fora, uma fumaça preta durante o dia todo. Mas a maior indústria é de longe o médium João. São nada menos que 72 pousadas (ou hotéis) aqui, todos providenciando guarita para os peregrinos da Casa, a maioria dos quais vêm em excursões de duas semanas arranjadas através de agentes de viagem. Estes passeios custam muitos milhares de dólares, e devem ser aprovados por João, ou melhor, pela Entidade. (Há rumores de que ele também exige uma porcentagem dos operadores turísticos, mas Coppola nega isso:". O médium João é dono de fazendas e de algumas minas. Ele não precisa de mais dinheiro.")
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Mirante da Casa |
Logo fica evidente o quanto a cidade tem sido moldada na figura de João ou na imagem da Entidade. Fotos dele estão por toda parte: em postes de rua, nas pousadas e cafés. A indústria como um todo surgiu em torno da venda de roupas brancas, para os visitantes que se esquecem de trazer as suas próprias. ("Ele é a marca aqui", disse um visitante. "Os moradores agora estão preocupados com quanto tempo ele vai viver.") A Entidade supervisiona tudo aqui, desde as novas empresas (que devem ser "Aprovadas pela Entidade"), até qualquer construção nova. Uma membro australiana da equipe da Casa me disse que antes de construir uma casa aqui, ela submeteu as plantas finais à Entidade.
Existem hoje cerca de 60 expatriados que vivem na cidade: americanos, inglêses, holandêses, australianos. A demanda forçou o preço da terra subir consideravelmente, mas a cidade em si permanece singularmente desinteressante. "O mundo inteiro tem um c... e o c... deste país é Abadiânia", diz o expatriado australiano Robert Pellegrino-Estrich. "É uma tristeza." Autor do livro "The Miracle Man" (O Homem Milagroso), Pellegrino-Estrich fez mais do que ninguém para colocar João de Deus no mapa mundial. Nascido em Bowral, em NSW, com 76 anos, ele é um ex-proprietário de joalheria, ex-controlador de tráfego aéreo e ex-mestre de reiki, mas agora trabalha em tempo integral a organizar excursões para Abadiânia, onde possui quatro pousadas e duas casas. "Conheci João de Deus em 1995, quando vim aqui com a minha esposa. Me lembro dele dizendo, 'Robert, você vai escrever um livro que vai trazer o mundo inteiro para Abadiânia. E foi o que fiz."
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Robert Pellegrino-Estrich, que escreveu o livro "O Homem Milagroso" o qual popularizou João de Deus no mundo, em 16 línguas |
A conversa segue sobre as alegações de agressão sexual contra João. "Eu nunca vi qualquer evidência sobre isso", diz Pellegrino-Estrich. "Mas quem sabe, há duas possibilidades diferentes: João, a entidade, e João, o homem. Um homem é um homem: temos impulsos, certo?"
Também poderia ser um simples mal-entendido. "Existem sete chakras no corpo humano", diz Pellegrino-Estrich", e o mais baixo deles é o chakra básico, e João pode ter colocado a mão sobre o chakra básico de uma mulher, o que a assustou."
Ele reclina-se para trás, dá de ombros e diz "é possível."
Naquela tarde, Coppola me diz que João concordou com uma entrevista, que ele vai me ver mais tarde naquela noite, no pequeno escritório em frente ao Salão Principal. Quando apareço, Coppola está lá, parecendo nervoso. João também está lá, parecendo impaciente . De repente sinto um flash de clarividência: a saber, que esta entrevista não ia acabar bem.
Gostaria de começar por perguntar a João como as entidades vêm a ele ("Eu me entrego para o ser mais elevado, e, em seguida, o trabalho acontece") e como enfiar uma pinça no nariz de alguém pode curar câncer nasal ("Tudo é possível com o poder de Deus"). Então eu menciono as alegações de abuso sexual. Quando Coppola traduz a minha pergunta, João olha para cima, franze a testa, e diz que está acabando a entrevista. "Eu pensei que você tinha vindo para falar sobre mim", diz João. "Não sobre outras pessoas." Ele, então, diz a Coppola que quer descansar.
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Encaixando... |
Desculpando-me, tento encaixar mais uma pergunta, sobre a alegação de que ele desviou fundos destinados a construção de uma cozinha de sopa para renovar sua casa. A pergunta não caiu bem. João começa um longo discurso, sobre a forma como ele tem sido um fazendeiro e empresário bem sucedido, trabalhando por 50 anos, e que ele não é um ladrão; muito pelo contrário, a pessoa que fez essa alegação é que é uma ladra, uma vagabunda e uma bandida. Ele diz que vai me mostrar as suas receitas fiscais e que ele quer ver as minhas também. Em seguida, sai, gritando, e não volta mais.
No dia seguinte, estou sentado em um bar de sucos que a "Entidade aprovou" na estrada da Casa, quando me deparo com Sarah Layton. Ela parece estar muito bem, e me diz que está se recuperando de uma "cirurgia física", onde João de Deus enfiou um par de fórceps no nariz dela até sua cabeça. "Foi um pouco assustador", diz ela. "Parecia que ia quase até no meu cérebro, até aqui." (Ela toca a testa). "Mas me sinto muito bem agora, muito clara. Parece que me abriu; espiritualmente, quero dizer."
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João de Deus, primeira vez na Austrália |
Ela imagina em voz alta o que serão os próximos tratamentos. Talvez uma sessão de cama de cristal? (É tão barato aqui em comparação com a Austrália!) Ou talvez ela só vá dar na "sala da corrente", para absorver energia. Ela tem tempo para tudo isso; reservou uma estadia de sete semanas.
Pergunto-lhe se ela vai estar em Sydney para a turnê de João, em novembro. "Oh, sim", diz ela, sua face toda iluminada.
"Eu não perderia isso por nada."
A acomodação do escritor em Abadiânia foi providenciada pela Casa de Dom Inácio.
João de Deus na Austrália
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A "Casa" de João de Deus na Austrália |
A Casa de João de Deus também tem moradia na Austrália. Veja os seguintes sites, em Inglês:
Contato: Kristin & Kelly Dale – Telefone: 61 2 66842524, enderêço: “Eagles Nest”, 390 Main Arm Rd, Mullumbimby NSW Australia 2482. Situada em uma propriedade no distrito de Byron Bay, Northern NSW, Australia.
http://www.eventopia.co/event/John-of-God-Sydney-2014/234398
Noções sobre a cama de cristais e jornadas de João de Deus, em Inglês:
http://www.energy-medicine.info/john-of-god.html
http://johnofgodhealingjourneys.com/john-of-god.htm
João de Deus no Brasil:
http://www.joaodedeus.com.br/
Sobre a cidadezinha de Abadiânia:
http://claudioabadiania.blogspot.com.au/
Sobre a rede de voluntários:
www.voluntarioseamigos.org
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Livro John of God, por Heather Cumming e Karen Leffler, em várias línguas |
Meus Comentários
A insistência sobre alegações de que João de Deus possa ter avançado sexualmente na sua equipe feminina tem sido salientada pelos australianos por causa da verdadeira indústria de acusações infundadas (ou não) feitas pelas mulheres e também pelos gays australianos envolvendo homens até há mais de 80 anos atrás, numa verdadeira caça às bruxas ao contrário, desta vez com o respaldo da lei, reflexo do que acontece no Reino Unido e na Europa inteira, com excessão dos latinos do sul que são muito mais cabeça feita neste sentido sexual.
Como no Brasil não há esta conotação, os australianos acham que os brasileiros não dão a devida atenção ao que eles resolveram considerar gravíssimo. Os brasileiros costumam tirar por menos e falam abertamente, as mulheres sabem se virar, e dificilmente elas posam de vítimas indefesas, pelo menos não em comparação com as estrangeiras do mundo afluente. Mas o Brasil está chegando lá em termos de imitação nisso também, infelizmente. Concordo plenamente se as alegações são verdadeiras, mas de jeito nenhum se elas só corroboram para minar a confiança em quem quer que seja sem provas. Destruir é fácil. M..., qualquer um atira no ventilador, isso está cada dia mais fácil, os ventiladores estão cada dia mais poderosos como aquele de marca Face. É preciso bom senso nas pessoas, o velho e mofado bom senso.
A transferência das "prescrições" das entidades diretamente para as pílulas de passiflora no ato da aquisição na farmácia é possível porque isso se processa espiritualmente, não é algo que se espere que uma pessoa comum possa entender ou aceitar, por isso o silêncio sardônico do repórter, mas pelo menos ele se manteve em silêncio, em respeito.
A maioria das coisas que ocorrem na Casa de Dom Inácio é impossível de ser entendida, então a única coisa a ser feita é respeitar-se, observar-se, aceitar-se sem entender mesmo.
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Zé Arigó na revista Espiritismo e Ciência |
Já a menção a um tipo especial de mistura de candomblé africano com catolicismo dando em um tipo de espiritismo brasileiro é um pouco ingênua. O espiritismo brasileiro realmente divide-se em dois, o Kardecista e o de origem africana, mas todo o conhecimento envolvido não é propriedade de nenhuma religião, crença ou seita, é universal.
Esqueceram de citar que, antes de João de Deus, havia José Arigó, de Congonhas do Campo, Minas Gerais, 1921-1971, que incorporava a entidade Dr Fritz.
Em espanhól:
http://dunheim.blogspot.com.au/2013/02/el-curioso-caso-de-ze-arigo-el-cirujano.html
Links online e para Youtube em Inglês da Universidade de Minnesota Duluth, Estados Unidos, sobre Zé Arigó e Dr Fritz:
http://www.d.umn.edu/cla/faculty/troufs/anth4616/Arigo.html
Espero nunca precisar ir a Abadiânia...