sábado, 15 de novembro de 2014

Brasil Fracassado, Oba

Mais uma reportagem que provavelmente quase nenhum brasileiro vai jamais ler através da mídia milionária nacional. Vamos traduzí-la para quem não conhece a língua e divulgá-la que ela merece, apesar dos críticos ao governo não merecerem. O Brasil está fracassado, os estrangeiros endoidaram ou existem 2 brasis?

Xô investimentos, xô, xô, não estão ouvindo não?
Crise do Brasil não consegue espantar investidores estrangeiros

Por Ruth Costas, Correspondente de Negócios da BBC Brasil, São Paulo, 14/11/2014

Foto no artigo: A Jaguar Land Rover estava em clima otimista no Salão de Automóveis em São Paulo.

O otimismo com a economia brasileira tem estado escasso hoje em dia, por isso, quando alguém se atreve a desafiar essa tendência, tende a atrair muita atenção.

As razões para o pessimismo são óbvias - os analistas de mercado esperam que o país cresça menos de 0,3% este ano e muitos críticos acusam a presidente Dilma Rousseff de inépcia na economia.

A inflação está perto do teto da meta de 6,5% e todo mundo mal pode esperar para ver quem a presidenta recém-reeleita vai escolher como seu ministro das Finanças .

Jaguar Land Rover, fabricante do mais belo carro do mundo, o Evoque
Porém, mal a poeira da eleição baixou, dois executivos da Jaguar Land Rover (JLR) se reuniram com correspondentes estrangeiros no Salão de Automóveis de São Paulo para falar sobre sua nova fábrica no país.

Phil Popham, diretor de marketing da JLR, e Terry Hill, diretor-gerente para a América Latina, disseram que eles estavam altamente otimistas sobre as perspectivas de seus negócios no país.

"O segmento de 'carros luxuosos' tem crescido de forma constante, apesar da desaceleração", explica Popham, que diz que eles estão visando além da época atual. "Nosso foco é no longo prazo."

Land Rover Discovery Sport 2015 a ser fabricado no Brasil
A fábrica da JLR em Itatiaia é a primeira totalmente de propriedade do grupo fora do Reino Unido e vai começar a montar seu novo Land Rover Discovery Sport em 2016.

Espera-se um custo de cerca de US $ 290 milhões ($ 185 milhões de libras) e a criação de, inicialmente, cerca de 400 empregos.

Foto no artigo: A montadora chinesa Chery International tem uma nova fábrica no Brasil.

Mas a JLR não é o único grupo estrangeiro a enxergar além os problemas econômicos atuais do Brasil.

Meu carro de sonho atual, BMW-X4-F26 conceito 2015 e o
Range Rover Evoque
Na mesma exposição de automóveis, por exemplo, tanto a BMW como a empresa chinesa Chery Internacional apresentaram modelos que serão produzidos em fábricas recém-inauguradas no Brasil.

Outra montadora chinesa, a Geely Automobile, também confirmou que está pensando na abertura de uma fábrica no país. 

'Vários pontos fortes'

Apesar do crescimento econômico lento, o Investimento Estrangeiro Direto (Foreign Direct Investment - FDI) no Brasil chegou a US $ 66.5 bilhões nos últimos 12 meses, de acordo com o Banco Central do Brasil.

Geely GLEagle G5, chinês
Isso é aproximadamente o mesmo nível que foi alcançado em 2011 - quando o Brasil era o queridinho das economias emergentes (que tinha crescido a um ritmo impressionante de 7,5% em 2010).

Dados da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Economic Commission for Latin America and the Caribbean - ECLAC) também mostram que este tipo de investimento no Brasil aumentou 8% de janeiro a agosto em relação ao mesmo período em 2013.

Isso aconteceu num momento em que, em toda a região, tem havido um declínio no FDI de 23%.

Chery TX conceito, chinês
Foto no artigo: A demanda por produtos de luxo tem crescido no Brasil.

"Alguns desses investimentos foram de fato planejados anos atrás, quando o crescimento do Brasil era maior", diz o economista Caio Megale, do Itaú Unibanco.

"Mas isso só conta parte da história. Na verdade, o mercado do Brasil tem vários pontos fortes que sustentam o interesse dos investidores, apesar das incertezas econômicas - como a sua estabilidade política e seus relativamente fortes fundamentos econômicos", argumenta ele.

Irene Mia, diretora regional para a América Latina e Caribe para a Economist Intelligence Unit, concorda.

Eles têm planos de abrir um escritório em São Paulo até o final do ano, para "melhor servir a nossos clientes brasileiros e a consumidores internacionais com foco no Brasil".

"O crescimento lento é apenas parte da história e não é de forma alguma o único critério em que os investidores concentram suas decisões de investimento. A atratividade do Brasil para o FDI continua a ser enorme", diz ela.

Planos decenais

Nos últimos anos, milhões de brasileiros foram retirados da pobreza, o que representa uma nova classe média de consumidores. Este processo abrandou recentemente, mas ainda está em curso.

Em 2011, Peugeot fez 10 anos de fabricação no Brasil e teve
destaque no filme Rio 1 em parceria com a Fox Filmes
Foto no artigo: Uma modelo faz a maquiagem durante o São Paulo Fashion Week Winter 2015. O mercado de cosméticos no Brasil é o terceiro maior do mundo.

Ao mesmo tempo, as taxas de desemprego permanecem em níveis historicamente baixos, e a desaceleração econômica não impactou dramaticamente a vida e os hábitos de consumo da maioria dos brasileiros.

"O mercado de cosméticos hoje no Brasil é o terceiro maior do mundo, seu mercado de automóveis é o quarto maior no mundo e seu mercado de laptops ocupa o terceiro lugar no mundo", diz Olavo Cunha, do Boston Consulting Group.

10 anos, como se deve ver o Brasil
"Muitas multinacionais sentem que precisam fazer um plano para o Brasil nos próximos 10, 20 anos."

Outro fator de fomento do interesse dos investidores no Brasil é que alguns setores da economia - e algumas regiões geográficas do país - ainda estão crescendo rapidamente.

Petróleo e gás, por exemplo, continuam a atrair a atenção agora que o governo concluiu a primeira rodada de leilões para a exploração das chamadas reservas profundas do "pré-sal".

Mercado de luxo

A infraestrutura também é vista como um setor promissor, de acordo com Luis Afonso Lima, presidente da Sobeet, um think-tank focado na globalização da economia brasileira.

"Ela tem um enorme potencial para crescer, se o governo for capaz de conseguir montar um ambiente regulatório mais amigável para os negócios", diz ele.

Louis Vuitton, primeira Global Store foi no Brasil em 2012
http://www.bolsasdevalor.net/tag/varejo-de-luxo/
Foto no artigo: Loja Louis Vutton no Brasil. Mais e mais grifes entraram no mercado brasileiro.

O mercado de bens de luxo é outro exemplo. De acordo com um relatório da McKinsey, o número marcas estrangeiras de luxo no Brasil dobrou nos últimos cinco anos. E ainda entre as três principais marcas do país, há só 0,3 lojas para cada milhão de clientes em potencial - em oposição a quatro lojas na China.

Enquanto isso, a JLR prevê a participação de veículos de luxo no país a subir de 2% para 4-5% do mercado de carros no Brasil em 2020. Enquanto que nos países ricos, o segmento em geral representa 10% do mercado mas tem pouco espaço para crescimento.

"Além disso, as empresas estrangeiras também estão descobrindo aos poucos o potencial de crescimento fora das capitais e áreas metropolitanas", diz o economista Rodrigo Baggi, da consultoria Tendências.

"Estimuladas pelos recursos do agronegócio, essas cidades do interior estão se tornando uma nova fronteira de consumo."

Até onde vai a falta de bom senso no mundo. Só um corte de pelo
deste cachorro custa 3 meses de patrocínio de uma crian
ça pobre
no terceiro mundo através da WorldVision. É uma cachorrada...
http://www.petrede.com.br/2010/servicos/mercado/cachorros-
levam-vida-de-luxo-em-manhattan/
Para Marcos Troyjo, co-diretor do BRICLab na Universidade Columbia, há ainda um outro fator por trás da atratividade do Brasil para os investidores estrangeiros.

"Um carro que custa $ 15.000 dólares nos Estados Unidos pode ser vendido no Brasil por duas ou três vezes esse valor", diz ele.

Este preço mais alto compensa, em parte, os custos da carga tributária maior do país, sua tarja vermelha e sua infra-estrutura conturbada.

"Mas as empresas também têm margens de lucro mais elevadas aqui. Elas são pressionadas por barreiras protecionistas do Brasil a produzirem no país a fim de poderem acessar os mercados locais. E uma vez que eles estejam dentro, eles também estão relativamente protegidos contra a concorrência externa", argumenta.

"Infelizmente, os consumidores brasileiros são os que perdem."

http://www.bbc.com/news/business-30040739

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