segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Prova dos 9

Você amaria um Jesus assim? Ele ouve coisas, então pensou que a
casa estava mal-assombrada e colocou ratoeiras para pegar o que
achava que eram ratos. Uma ratoeira pegou seu dedão...
No filme Número 9, Jesus retorna à Terra.

Mas isso não fica muito claro e provavelmente poucas pessoas entendem que se trata do mesmo personificado como pessoas normais (mais uma vez). Pra falar a verdade, 3 caras normais de uma vez só em dose tripla.

Dessa vez sua crucificação foi diferente, maquiada do stress da vida moderna, mas ele acabou sendo enxotado pelos seus companheiros porque senão ficaria para sempre pois amou viver entre nós, sua criação.

As críticas e revisões se esquecem que os personagens são número 9, ou seja, abaixo de Deus um nível (o qual é nível 10). Esquecem que foi ele quem criou o mundo e as realidades terrenas dos números 7, seus bichinhos de estimação. Trata-se da visão Gnóstica da espiritualidade, que diverge da visão Espírita por ser materialista, bem própria dos países capitalistas ocidentais, a nesga lógica da ligação desse povo mesquinho com a evolução espiritual além da materialidade.

Aqui o web site oficial em Inglês do filme Número 9 (The Nines, Os Noves, 2007)

http://lookforthenines.com/

Vejamos algumas críticas a seguir.

Número 9 (The Nines, 2007), crítica de Eliude A. Santos.

O drama dirigido por John August é dividido em três atos.

Ryan Reynolds como personagens Jesus, digo, Gary, ator, Gavin, 
diretor e Gabriel, programador de video games. Nenhuma relação 
entre trabalharem nos espetáculos e serem deuses, suponho.
No primeiro ato, intitulado O Prisioneiro, Gary (Ryan Reynolds) vive um ator em prisão domiciliar que imagina que a casa é assombrada e que pode estar sendo perseguido pelo número nove, e compartilha seus medos com a vizinha (Hope) e uma fã (Melissa) que está lhe ajudando a passar pela condicional.

No segundo ato, intitulado Televisão Realidade, Gavin (Ryan Reynolds) é um roteirista de TV que está tentando colocar seu programa no ar e que, incentivado por sua agente executiva (Hope), precisa livrar-se da atriz que faz a personagem principal do show e que é sua melhor amiga (Melissa que, nesse papel, vive ela mesma, citando inclusive sua participação em Gilmore Girls - Tal Mãe, Tal Filha).

No terceiro ato e último segmento, Conhecimento, Ryan Reynolds vive Gabriel, um afamado designer de video-games que fica preso num parque com a esposa (Melissa) e a filha (Elle Fanning), saindo para procurar por ajuda que acaba por encontrar em Sierra (Hope), uma estranha mulher que está caminhando na rodovia.

Com um argumento originalíssimo, “Número 9” amarra essas três histórias e cria uma nova mitologia metafísica que de fato me deixou impressionado com a capacidade desse talentoso roteirista, que também é o diretor desse drama de suspense excelente.

Agora, somente para quem viu o filme:

Muita gente pode ficar confusa ao assistir esse drama nem um pouco convencional, por isso, decidi explicar o argumento do filme para as pessoas que possam não ter entendido ou estejam simplesmente buscando uma confirmação de que não tenham, de fato, viajado na maionese.

O bracelete da vida trançada
O filme utiliza-se de uma metáfora que remonta os mitos de antigos deuses, onde o personagem principal cria uma realidade no trançar das linhas de uma pulseira em suas mãos e, quando resolve destruir aquela realidade ele simplesmente arranca a pulseira e desfaz o trançado.

Garry, Gavin e Gabriel são algumas das personalidades vividas por um dos “Nove”, uma espécie de semi-deus responsável por criar realidades onde os humanos (que seriam os “Setes”) possam viver. Por mais de 4000 anos ele foi criando universos para sua diversão. Essas realidades são criadas de pequenos cristais (cracks) e ele é viciado em fazer isso. Em cada universo, esse semi-deus vive uma nova identidade, tentando fugir da própria. É como se tivesse de certo modo inveja de sua criação (os “Setes”), e passa a querer ser como eles. E sua habilidade como criador é tão grande que convence a si mesmo que é uma criatura, e precisa de outra deidade que o lembre de sua própria natureza.

Então, outros três “Noves” como ele entram em sua realidade para tentar fazer com que perceba quem é (a loira, o policial e a prostituta). Eles estão tentando tirá-lo de seu vício para que ele retorne pra “casa”, ou seja, volte a exercer seu papel de semi-deus criando realidades para os humanos, sem tomar parte delas. Em todas as realidades, Melissa é a encarnação de seu vício em ser humano. É ela que o prende à sua condição pois desenvolveu amor por seu criador da mesma forma que ele desenvolveu pela criatura. Somente quando esse “Nove” entende que precisa desprender-se dela para assumir sua identidade superior, é que ele se desprende do vício criando uma última realidade no melhor de todos os mundos possíveis para que sua amada criatura possa ainda ter existência longe dele.

Eu não entendo
A última cena pode confundir algumas pessoas, que pensam que tudo não passou de imaginação da Melissa, que criara em sua cabeça todas aquelas realidades. Especialmente porque acham que a frase da executiva de TV para Gavin, dizendo que ele não é um “homem” está menos associada ao seu gênero (masculino-feminino) que à sua espécie (ser humano-semi-deus). E essa é uma visão muito simplista e limitada da história, inclusive porque não engloba muitos detalhes apresentados no filme e descarta a última frase da menina ("ele não vai voltar") bem como o olhar de agradecimento da própria Melissa ao fazer um bolo com a filha e o novo marido. Assim, para quem interpreta o apalpar do rosto como uma constatação de personalidade (do tipo, “Eu sou uma mulher!”), eu diria que aquela cena na verdade é uma constatação de materialidade (algo mais do tipo, “Eu ainda estou aqui!”).

Aqui o site original da crítica em Português:

http://cinemaeaminhapraia.com.br/2009/02/07/numero-9-the-nines-2007/

Minha Fabulosa Interpretação

Na minha maravilhosa concepção de débio-mental, eu vi logo que Ryan estava fazendo o papel de Jesus Cristo. Quer dizer, logo não, apenas quando falaram que ele havia criado aquelas realidades todas.

Toda vez que você toma drogas, Jesus toma também.
Não é difícil entender isso. Se você é um pai que ama
seu filho e ele toma drogas, você sofre.
Este roteiro mistura diversos conceitos Espíritas, ou espiritualistas e Gnósticos, que envolvem desde a criação dos mundos até as realidades paralelas, a inexistência do tempo, do passado e do futuro, onde tudo pode se mesclar ao mesmo tempo, onde cada um de nós pode estar vivendo vidas paralelas sem podermos detectar, cada uma num estágio de evolução ligeiramente diferente, a prisão no corpo físico que nos aliena da compreensão astral e eterna de nosso ser divino, a sincronicidade e o simbolismo, a identificação do sentido da vida, as lembranças inter-encarnações que vêm como vislumbres, dicas, intuições e por aí vai.

Na onda do Cristo mais humano, capaz de tomar drogas, até a volta do Cristo ao planeta Terra, Ryan representa as duas hipóteses. Tal como Jesus criara o planeta Terra e a vida sobre ele, como governador do planeta na alta espiritualidade e como filho de Deus (número 10), ele próprio um dos números noves, pode ter se apaixonado tanto pela sua criação que decidiu participar do que criara, descendo algumas vezes. Da primeira, ele foi crucificado, desta vez ele tornou-se um drogado e foi sentenciado a prisão domiciliar.

Este Cristo mais moderno e tão perdido na sociedade como a maioria de nós nos sentimos com muita frequência, não exala bondade e chega até a dar uma bolacha na sua produtora. Sua percepção da falta de umbigo é um sintoma clássico do drogado por crack, enquanto ele achava que, se não tinha umbigo, é porque não nascera, e assim o filme prossegue nos dando dicas em cima de dicas de que o cara não é humano, mas uma projeção de si mesmo em três personalidades do mesmo homem.

Distúrbio de múltipla personalidade, por royal_nightmare, DeviantArt
O filme é tão cheio de enigmas que só assistindo outras vezes para entender. Numa das "encarnações" deste Cristo, ele é casado com sua melhor amiga, Melissa, aparentemente uma terráqua gordinha nível 7 que lhe adora e cuida dele em todas as suas peles. No meio deles aparece esta garotinha que é muda, mas ninguém sabe se ela é surda também, e tudo se mistura como se fosse num sonho ou num show tipo realidade em que, para onde ele vai, a câmera vai atrás, até chegar a um ponto em que ele pede pra parar de ser filmado, e uma mulher no sinal de pedestres pergunta com quem ele está falando.

O roteiro chega a misturar lances de terror com uma das deusas dando uma de estrupadora e assassina dos matos, chamada Sierra que quer serrá-lo no meio e o envenena na floresta a fim de levá-lo embora de vez, quando ele se perdera ao procurar por sinal no celular a fim de pedir ajuda pois seu Toyota Prius estava sem bateria. Seria uma cena de humor uma vez que aquele carro é híbrido e trabalha com dois motores, um a combustão e outro elétrico, ou seja, dificilmente ficaria sem "bateria", podendo ficar sem carga elétrica, mas não sem gasolina ao mesmo tempo, e sei lá, pois não tenho carro híbrido pra saber de seus problemas. O que sei é que ele acaba se convencendo que é capaz de fazer a hora e o carro pega num instante...

Memento: "nunca atenda o telefone" tatuado pois assim Leonard 
não esqueceria onde anotou
As realidades de suas encarnações acabam se embaralhando ao ponto em que, como espectadores, terminamos por achar que falta um parafuso é em nossas cabeças, pois o roteiro não faz o menor sentido. É pior do que Memento, com Guy Pearce, a história de um cara que não tem memória a curto prazo e é obrigado a escrever tudo pelo que passa a fim de tentar lembrar-se, mas o que acontece é que cada vez sua intepretação do que escreveu fica mais longe da realidade, embaralhando tudo e complicando cada vez mais a sua vida.

Seriam estas formas de mostrar como é difícil viver no mundo da espiritualidade uma vez que lá tudo se mistura, todas as realidades ao mesmo tempo, junto com todos os tempos, todas as épocas, onde não existe o tempo nem o espaço, e tudo vira um samba do crioulo doido, se não nos esquecermos quem somos, como raciocinamos, e abraçamos o novo, uma nova forma de enxergar a "realidade"?

E assim caminha a humanidade, cada vez assistimos a filmes que dão as dicas espirituais do nosso futuro evolutivo, e onde apenas alguns são capazes de captá-las, enquanto outros desistem, fecham os ouvidos e mandam tudo às favas. Cada dia mais se exige para abrirmos nossas cabeças e enfrentarmos o novo e o desconhecido sem entrarmos em pânico, mas isso não é para os "faint-hearted" (corações desmaiantes).

Matanças em nome de Cristo
Suponho que o retorno de Cristo à Terra representado neste filme foi ainda mais decepcionante para ele. Não deixa de ser interessante de se notar que sua grande boa ação, depois de desesperar-se por ter matado tanta gente em seu nome, pela sua simples existência anterior ter causado tantas guerras, foi ter deixado para sua amada terráquea nível 7 um lar completo e bem sucedido, onde sua filha garotinha não era mais surda nem muda. A garotinha que vira pra mãe e repete outra vez "ele não vai voltar", e depois tudo passa a ser rotina. Esta cena nos deixa a impressão de que tudo não passou de um grande sonho daquela mãe envolvida com a espiritualidade na Terra, e amante de Cristo (de quem era só amiga, diga-se de passagem, se bem que numa das encarnações eles eram casados e tinham aquela filha surda, e trate de entender se você ousa).

Certa vez virei para uma colega e fiz o gesto que aprendi na Austrália, passei as mãos sobre a cabeça de frente pra trás em sinal de que eu havia deixado o conhecimento sobre o que havia sido mostrado para mim naquele momento passar pela minha cabeça sem me preocupar se havia entendido ou não, mas que alguma coisa havia ficado lá dentro e alguma coisa eu havia captado, só para ela me fazer cair do pedestal e dizer que o tal gesto significava que a pessoa não tinha sacado era nada, que nada tinha entrado na sua cabeça, e nada fazia o menor sentido. 

Estou aprendendo por osmose...
Da primeira vez que vi alguém fazer o gesto, a uns bons 12 anos atrás, esta foi a impressão que tive de seu significado. Agora ela vem me dizer que o significado é mesmo assim tão medíocre ao ponto de que você não entendeu foi nada mesmo, zero. Decepção. Vivendo e aprendendo. Quantos foras damos na vida?

Então fiquei sem expressão para significar que devemos nos meter em todo lugar, em todo raciocínio, mesmo sem entender nada, porque é assim que começamos a entender, a ligar os pontos, e começamos a crescer e evoluir, tal como um bebê é exposto ao nosso linguajar e, depois de alguns anos, ele começa a balbuciar igual a nós, e realmente aprende o significado das palavras em menos de 2 anos. E até o cachorro entende mais de 100 palavras que falamos com ele. Por osmose, absorção do conhecimento sem nenhuma prevenção ou preconceito sobre o que se está vendo ou vivenciando, como um livro aberto e sendo escrito, sem sentir-se cócegas.

Que palavra ou gesto serve para representar esta situação de aprender-se por exposição?

Agora vejam como as críticas podem variar de cabeça para cabeça, assim como a mídia brasileira tem mais força do que sua cabeça pra lhe fazer mudar de ideia.

Crítica Amarga de Kelsey, Traduzida

Número 9 (The Nines), postado em 27 de June de 2012

Falando seriamente, nem sei o que dizer sobre este filme. É estrelado por Ryan Reynolds, que, tal como já estabelecido, ele é o bonzão. Mas não sei se o recomendaria desta vez, mesmo se você é fã dele. Assim, talvez você deva assistir Adventureland (Férias Frustradas de Verão, 2009, que também está na Netflix agora e é objetivamente mais impressionante) ou algo parecido em vez desse filme, porque Número 9 é o filme mais pretensioso e com o enredo mais idiota que já vi. Mas ao mesmo tempo é algo assim fascinante, porque Ryan Reynolds e seus colegas de elenco, Melissa McCarthy e Hope Davis, são todos semelhantes, super-bons atores e parecem ser pessoas muito inteligentes, o que dá pra você se perguntar porque será que eles aceitaram trabalhar nesta mer... de filme?

Melissa McCarthy como Melissa, Mary e Margaret  e Elle Fanning
como Noelle
De agora em diante, trata-se de spoilers [ou seja, se não quiser saber da história nem do final, pule pro próximo post].

Ok, bem, eu acho que sei por Ryan Reynolds, Melissa McCarthy e Hope Davis aceitaram trabalhar neste filme objetivamente terrível, ou pelo menos posso especular. Acho que basicamente tudo se resume a três razões:

1) Para receber o salário. Assim como todo mundo, atores tem que comer, né?

2) Para se sentirem como mais "artistas." Atores adoram fazer filmes independentes como este, pois permitem-lhes falar sobre atuar como se fosse alguma coisa criativamente mística, e tagarelar sobre absurdos como "afiar seu ofício" ou a "energia" no set e tudo mais, ao contrário de um filme de ação blockbuster de grande orçamento, como Lanterna Verde, onde Ryan Reynolds só precisava falar sobre seus peitorais. Que, para ser justo, me faria encher o saco também.

Hope Davis como Susan, Sarah e Sierra
3.) Para saciar seus egos. Tenho certeza que é impossível se tornar um ator famoso sem se transformar em um grande idiota. Não é difícil perceber porquê: seu trabalho é basicamente de vender-se, além de que todos em torno de você estarem sempre dizendo que você é a melhor coisa que aconteceu desde a invenção do pão com manteiga, tratando-lhe como o rei do universo, e em algum momento você provavelmente não pode fazer nada além de sucumbir à sua própria fama. Não estou nem dizendo que isso é necessariamente uma coisa ruim; realmente não dou a mínima para o que você, ator, é como pessoa, desde que você faça as coisas que eu gosto. Então, quem quer que seja que tenha falado do Número 9 pra Ryan Reynolds, foi tipo, "Ei, vem cá, quer estrelar este filme, onde você começa por representar três personagens diferentes e todos eles são totalmente diferentes, mas todos eles são cafajestes?" Eu apostaria que ele diria, "Tá bom, mas fala sério, qual é mesmo a pergunta?" E Melissa McCarthy a certo ponto sequer consegue representar ela própria, que eu tenho certeza que faz parte dos sonhos da maioria dos atores.

Hope Davis, Ryan Reynolds e Jonh August em sua casa para inglês
ver, que serviu de cenário
De qualquer forma, Número 9, na verdade, começa bem promissor, com Ryan Reynolds como astro de um programa de televisão num crime processual cuja namorada acabou de terminar com ele. Assim, ele acidentalmente incendeia a casa dela, e depois fuma crack com Octavia Spencer (sim, ela está neste filme também!) e, em seguida, é colocado em prisão domiciliar, com Melissa McCarthy como sua agente e Hope Davis como a mais próxima MILF ("Mother/Mom/Mama I'd Like to F*ck", Mamãe Louca pra Transar) vizinha do lado. E há um par de cenas durante esta seção que me deixou realmente muito assustado, como quando Ryan Reynolds começa a ver esses flashes estranhos de outras versões de si mesmo, e ruídos de audição, e a encontrar bilhetes estranhos que dizem "vá atrás dos noves."

Então, eventualmente Ryan Reynolds fica esperto para o fato de que as coisas não são o que parecem ser, e cozinha Melissa McCarthy para descobrir o que ela sabe. E ela se sai assim como, "você não é quem pensa que é," e como bom espectador, você pensa "ah, mais uma trama psicológica de múltiplas personalidades, sinceramente, juro que já vi este filme umas cinquenta vezes e ninguém nunca vai fazer melhor do que Identity (Identidade, 2003) então por que vocês ainda estão insistindo?"

Múltiplas personalidades ou mostrando as emoções?
Mas Ryan Reynolds não tem transtorno de personalidade múltipla, e nós não conseguimos descobrir quem ele realmente é, pior ainda. Em vez disso, o filme corta para o segundo dos três atos da história em entrelaçamento, onde Ryan Reynolds agora é um escritor / produtor tentando lançar seu novo programa piloto, estrelado por Melissa McCarthy, obviamente. Este foi o melhor segmento na minha opinião, porque nos deu uma perspectiva legal no olhar por trás das cenas na indústria do entretenimento e o tipo de pessoas do showbiz. Mas as coisas começam a se desvendar muito rapidamente, tudo vai fazendo cada vez menos sentido, e você acaba louco para eles chegarem a alguma conclusão logo, porém não antes de você ter que aguentar outro ato onde Ryan Reynolds é um personagem da TV que mostra a versão que o próprio escritor estava tentando montar. E você fica tipo assim, "Ah, sinceramente, o que está acontecendo, é bom que esta seja a revelação maldita final desde que essa trama começou para lá de uma hora e meia, porque eu não aguento mais."

Deus intergalático sem umbigo para olhar. Meu Deus, não sou
humano, e também não sou doido.
Também é irônico que uma das subtramas do filme é sobre como Melissa McCarthy fica marginalizada como atriz por causa do duplo padrão de Hollywood para as mulheres e a beleza, e então ela perde o top faturamento em cartaz no mesmo filme exato em que ela está presente muito mais do que Hope Davis está também. Só estou dizendo, minha gente, me deixe...

Então, finalmente, Hope Davis diz a Ryan Reynolds que ele é, na verdade, um todo-poderoso deus intergalático que criou todo o universo humano e agora está essencialmente viciado no jogo de vídeo game que ele mesmo projetou. Isso é o que acontece neste verdadeiro filme em que pessoas bastantes pensavam tratar-se de um bom conceito de acordo com o que foi concebido em comparação com o que você pode pode ver como ficou.

Seres humanos pra brincar de Sim City
De qualquer forma, Hope Davis faz assim, "Ryan Reynolds, você tem que parar de brincar com esses seres humanos e voltar para sua casa mágica utópica entre as estrelas! E fazer amor interdimensional comigo, porque eu sou a sua toda-poderosa namorada deusa galáctica!"

E Ryan Reynolds se sai com essa, "bem parece legal, mas acho que estou apaixonado pela gordinha Melissa McCarthy e, além do mais, com que cara vou ficar se seu universo humano for completamente destruído quando eu for embora?"

Mas então ele acaba indo embora assim mesmo, mas corrige o mundo para que Melissa McCarthy possa viver feliz para sempre com seu novo (na vida real!) marido e sua filha Elle Fanning, que é realmente a minha segunda coisa favorita nesse filme, depois de Ryan Reynolds.

Jesus in the sky with diamonds...
Assim, pois, a última cena é de Ryan Reynolds flutuando nas estrelas com os outros deuses galácticos interdimensionais onde todos se parecem exatamente como diamantes que flutuam sobre as cabeças no vídeo jogo The Sims.

Foi neste momento em que comecei a me perguntar se as pessoas que fizeram este filme estavam apenas fazendo isso para ferrar com a gente, e se esse foi o caso, fizeram um bom trabalho. Mas, falando sério, vixe.

Com toda desgraça, Número 9 prevê mais uma confirmação das habilidades de atuação fenomenais de Ryan Reynolds; a maneira como ele representa todos três personagens e os torna igualmente críveis, é inteiramente original e, honestamente, nada menos do que um trabalho de gênio. Então, isso é alguma coisa que vale à pena, mas é uma pena que sua atuação impecável (e a de Melissa McCarthy, Hope Davis e Elle Fanning) fica completamente ofuscada pela trama absolutamente inverossímil.

Kelsey

https://kelseywrites.wordpress.com/2012/06/27/the-nines/

Liz Conta pra Frank O que Aconceteu no Número 9, Traduzido

Este é um filme muito estranho, Frank! Realmente muito estranho! Estranho, ridículo mas interessante o suficiente para justificar-me falar sobre isso pra você. A premissa básica é esta: Ryan Reynolds interpreta três caras diferentes em três diferentes seções do filme, em três versões diferentes da realidade, e o que eu acho? Todos eles se sobrepõem e se conectam, exceto quando não o fazem e passa a só fazer sentido por causa do número nove? Tão cheio de sentido, este filme! Tão cheio de sentido que você nem imagina.

Jesus está voltando, vistam-se rápido, aviem.
Configurado em três partes, começamos com Ryan sendo um famoso ator galã de TV que é preso por incendiar sua casa (acidentalmente) e receber alta de crack (de propósito) e bater seu carro (provavelmente um acidente, mas quem vai saber?). Ao contrário de outros indivíduos e atores de TV famosos com problemas de crack, Ryan não é demitido de seu emprego e nem embarca no palco de uma turnê multi-cidades (ugh, fui na piada de Charlie Sheen e me dei mal [Diz-se que Conan O'Brien, apresentador de vários talk shows, quando foi despedido, fez um tour com tanto sucesso que acabou conseguindo outro contrato, mas o mesmo jamais aconteceria com Charlie Sheen que nunca foi tão bom assim]) - em vez disso, ele é colocado sob prisão domiciliar, sob a supervisão cuidadosa de sua agente produtora, interpretada por Melissa McCarthy! Oba, oba para Melissa McCarthy!

Melissa McCarthy, fique ciente, tem sido uma atriz tão constantemente empregada há mais de dez anos, mais porque ela foi super-engraçada em Bridesmaids Hollywood (Missão Madrinha de Casamento), que realmente não liga a mínima para o que faz ou deixa de fazer. Este filme foi feito em seus dias "não-estou-nem-aí", mas ela está maravilhosa nele - quantidades iguais de amabilidade e malícia com o ator Ryan, que não curte ficar preso dentro de uma casa afastada do centro de uma cidade a qual pertence a um roteirista trabalhando em um programa piloto de TV, apesar do fato de que trata-se de uma casa bastante agradável.

O ator Ryan se acha elouquecido de tédio, e o único ponto potencialmente brilhante disso passa a ser a vizinha Hope Davis, uma dona-de-casa que traz seu monitor do bebê numa tarde durante a hora de soninho do bebê para tomar vinho e flertar com ele [pois no filme inteiro o Cristo não faz sexo]. Há um breve traço de número musical aqui, uma vez que este filme precisava parar de fazer sentido mais cedo ou mais tarde, e muito de Hope tentando lembrar o ator Ryan de "quem ele realmente é." Isso acontece em torno de quando ele encontra um Post-It que diz: "Vá atrás dos noves" no balcão da cozinha - e percebe que há muitos noves em torno dele, em jornais, revistas e assim por diante.

Múltiplos reflexos de mim mesmo, de Dirk C. Heinecke, Universidade
de Konstanz, Alemanha
O ator Ryan então começa a ter visões de si que não é ele mesmo e começa a pensar que está ficando louco, entretanto, Melissa McCarthy mudou-se para a casa a fim de manter o olho nele e eles estão tendo momentos muito divertidos juntos como amigos - e ela também claramente sabe mais do que diz, não? Finalmente, Ryan lhe confronta e ameaça sair de casa violando sua prisão domiciliar, enquanto ela implora para que ele não saia, e ele pergunta o que vai acontecer, e ela lhe diz que não sabe, então ele vai em frente e cruza a linha que dispararia o alarme em sua tornozeleira de monitoramento, mas, em vez de disparar o alarme e fazer os policiais chegarem, detona uma explosão nuclear?

A coisa mais divertida ao falar-lhe sobre este filme, Frank, é que fazê-lo soar esquisito não parece nunca ser o bastante.

O grande pipoco
Depois do pipoco da explosão nuclear, vamos para a parte dois do filme, que é um falso show-realidade seguindo Ryan Reynolds, que agora é um escritor gay de Hollywood trabalhando em um piloto de TV. Soa familiar? Sim, isso é porque ele é o próprio escritor em cuja casa o ator Ryan estava hospedado nela.

Oh, mer..., vale a pena mencionar que este filme faz ainda menos sentido se você não sabe que foi escrito e dirigido por John August, cujos créditos incluem Go (Vamos Nessa, 1999), Charle's Angels (As Panteras, 2000) e Big Fish (Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas, 2004). Não só o personagem do escritor Ryan é totalmente baseado no próprio John August (e de acordo com a internet, esta seção do filme é discretamente baseada em sua experiência no desenvolvimento do curto drama D.C. (de Washington, District of Columbia, 1999), como a tal casa super-agradável foi a própria casa de John August. Casa supimpa. Pra ser de um simples roteirista de Hollywood, parece mentira. Devemos confirmar isso, Frank.

O então escritor Ryan está a atravessar a batalha usual de negociar com um estudio executivo - Hope Davis novamente - para conseguir botar no ar o "seu programa piloto". O tema do show lembra "O Bebê de Rosemary", estrelado por uma menina tenebrosa interpretada por Elle Fanning tendo Melissa McCarthy (Oba!) como ela mesma. Neste ponto da carreira de Melissa McCarthy (o filme foi feito em 2007), ela é mais conhecida por ser uma regular em Gilmore Girls (Tal Mãe, Tal Filha), e também é a favorita do escritor Ryan - até, pois, que o estúdio diz a ele que eles querem uma atriz diferente (mais sexy) no papel e ele desaba, concordando em reformulá-la com uma garota jovem e bonita do seriado E.R. (Emergency Room, Plantão Médico), que eu não reconheço.

Nesse ponto, Melissa McCarthy não é mais a favorita de Ryan. Com uma boa razão. Para lidar com esse tipo de trauma emocional, o escritor Ryan passa muito tempo na internet de cafés em torno da cidade onde joga um jogo de vídeo que se parece com The Sims. Isso vai ser importante, na verdade, mais tarde.

Nossas classificações no jogo da vida (o que parece número 1 é um
7 rodando, senão ia ser um monstro pré-histórico, um dinossauro...)
Ainda sendo seguido por sua equipe de TV, o escritor Ryan vai aos eventos em Nova Iorque para o anúncio de seu show... exceto que quando ele chega lá, descobre que não tem mais show. Gritos! A garota sexy do E.R. assinou com outro piloto, tá vendo só? E isso acaba com o show do escritor Ryan.

O escritor Ryan sai desembestado para o meio da rua, furioso, falando com as câmeras que mostram a realidade - até que uma transeunte pergunta a ele com quem diabos ele está falando, e é quando lhe é revelado que não havia reality show nenhum, foi tudo na cabeça do escritor Ryan. E então acontece o seguinte.

E isso é o fim da Parte 2!

A parte três é bastante chata, Frank, então eu não vou entrar em detalhes. Basicamente, um novo Ryan, desenvolvedor de vídeo game, está no meio de uma floresta com sua esposa (Melissa McCarthy, vai tu menina) e filha (Elle Fanning, sendo menos assustadora e estranha do que estava na parte 2). Quando estava pronto para sair, o carro não pega, então o vídeo gamer Ryan os deixa para trás para ir pedir ajuda. Em vez de encontrar ajuda, porém, ele encontra Hope Davis, com quem caminha como um pintainho hippy, e ela se oferece para ajudar, mas em vez de drogas a água ela começa a gritar com ele sobre "quem ele realmente é" e, em seguida, finalmente já chegamos ao ponto sobre a p... dos noves, yahoo!

Perdidas no mato dentro de um Toyota Prius sem bateria
Pronto? Aqui vai: Ryan é um Nove - o que quer dizer, um deus, que criou a Terra e tem nos acompanhado pelos últimos quatro mil anos reencarnando-se como personagens diferentes. Mas ele se perdeu em explorar a vida humana, assim Hope, também uma Nove, e alguns outros Noves vêm tentando extrair ele da Terra. Na verdade, tudo se passa como uma intervenção mesmo. Como o que você pode ter passasdo por um amigo que jogava World of Warcraft demais.

De qualquer forma, Ryan percebe que está tudo certo e decide se separar para uma dimensão superior, deixando para trás Melissa McCarthy e Elle, no que é declarado ser "o melhor de todos os mundos possíveis", ou seja, a familia está a fazer panquecas junto com verdadeiro marido de Melissa McCarthy na casa impressionante de John August. FIM.

Ainda não tenho certeza sobre o que pensar a respeito do Número 9, Frank. Parte de mim o respeita por tomar uma abordagem única da idéia de um escritor-criador-de-mundos; quando você se sentar e ligar os pontos, o que você vai perceber é um devaneio estranhamente metafísico sobre o processo criativo. E as performances são realmente boas, uma vez que cada ator adulto está criando três personagens únicos - Hope Davis dá um show nesse sentido.

http://www.spiritscienceandmetaphysics.com/
Este link não significa recomendação. Ainda não explorei este site.
É a imagem que é muito bela, clique para aumentá-la.
Mas existem alguns fatos controvertidos, como quando o escritor / diretor Ryan Reynolds se encontra sozinho, e é praticamente condenado a praticar atos masturbatórios. Enquanto pode haver uma parte de você que deseje acreditar que este filme inteiro não foi uma idéia de John August depois de jogar The Sims demais, há a outra parte que percebe que esse é exatamente o que aconteceu, com todas as probabilidades.

Em última análise, Frank, eu gostei de assistir a Numero 9 - enquanto muitas vezes beirando o ridículo, muitas idéias interessantes foram lançadas. E lançar um monte de idéias interessantes é quase tão interessante quanto chegar a alguma conclusão, não é mesmo?

Te amo, Liz

Liz Shannon Miller, sediada em Los Angeles, é uma escritora para TV e web, e seu trabalho inclui Attack of the Show para a G4 network, e o blog de tecnologia GigaOM. Ela também é co-anfitriã do podcast Timey Wimey TV, contribui para o site curadoria de vídeo Aqui está Algo Maravilhoso (Here's Some Awesone), e conta coisas pra seu amigo Frank sobre diversas assuntos no programa Liz Conta pra Frank (Liz Tells Frank).

http://liztellsfrank.com/2011/06/08/liz-tells-frank-what-happened-in-the-nines/

Número 9 (2007) por Movielong, Traduzido

Há algo de muito simpático sobre Ryan Reynolds. Ele não é um nenhum Tom Hanks no modo de atuar, ou Tom Cruise em termos de charme, mas há um ar nele que nos convence de que ele é como qualquer um de nós. Essa qualidade tipo "o cara altão que mora ao lado" levou a cabo bastantes filmes água-com-açúcar comuns como "Just Friends" (Apenas Amigos, 2005), "Definitely, Maybe" (Três Vezes Amor, 2008) e "The Proposal" (A Proposta, 2009) a obterem uma audiência razoável. Esses papéis lhe conviram, e este gênero comédia-romântica-guerra-dos-sexos nos seus filmes eram o que fazê-lo deitar e rolar.

Tente algo diferente...
A única vez em que ele tentou fazer algo diferente - um papel cheio de ação em "Wolverine" - realmente não deu certo. Na verdade, suspeito que "Lanterna Verde" vai cair pelas tabelas a menos que o CGI e as cenas de ação sejam capazes de resgatá-lo.

Comcei a mudar de ideia quando assisti a Número 9 (2007), onde Ryan nos dá uma de suas performances mais convincentes em um de seus papéis menos convencionais. É muito difícil descrever este filme sem entregar tudo de bandeja, mas vou tentar.

O filme começa com Ryan amarrando uma fita verde no pulso, e você advinha que aquilo deve ter algum significado importante. A partir daí o filme se move ao longo de uma narrativa baseada em capítulos.

A história gira em torno de três pessoas diferentes, todas representados por Ryan Reynolds. Cada uma das histórias se desdobra em um capítulo à parte, com o capítulo final revelando as respostas a todas as perguntas que se acumulam durante os três primeiros capítulos.

O primeiro é sobre um ator de coração partido que é colocado sob prisão domiciliar. A segunda história é sobre um escritor que está tentando fazer seu roteiro ir ao ar na TV e o terceiro é sobre uma família que sai em uma viagem para a floresta e fica presa nela. Estas três histórias e personagens se entrelaçam e se misturam de uma forma tão misteriosa que desafia qualquer explicação racional. Quando a explicação vem, é completamente escalafobética. O final e a explicação para tudo são únicos o suficiente mas não são completamente originais. Tem havido outros filmes ultimamente com muitas variações sobre este mesmo tema.

Tornozeleira eletrônica para monitorar prisão domiciliar, que está na
moda no Brasil
O que este filme consegue, porém, é obrigar você a pensar! O final explica apenas o suficiente, mas também deixa alguns fios soltos de modo a torná-lo uma bomba relógio que vale a pena gastar os miolos pra entender. O toque metafísico filosófico então é a cerejinha no topo do sorvete.

Este filme me lembrou "The Fountain" (Fonte da Vida) na forma como as histórias se entrelaçam com três fios da meada e atores em comum, sem ser tão estranho ou artificial. Havia também semelhanças com "Vanilla Sky" (tradução forçada como Céu de Brigadeiro, já que "vanilla" - baunilha - é como classificam no Inglês tudo que é simples e sem ambição). No entanto, este filme supera os dois outros em forçar-nos a pensar além das fronteiras. Encontrei-me indo para o site IMDB alguns minutos após o filme terminar a fim de ler que outros tipos de interpretações as pessoas tinham dado para este filme. É esse o tipo de filme, que lhe impele.

Ryan Reynolds nos surpreende com suas performances, sem parecer estar dando duro em nada. Este é o tipo do filme que os cinéfilos sérios e não convencionais devem prestar bastante atenção.

Movielong

https://movieroll.wordpress.com/2010/02/22/the-nines-2007/

Deus Está nos Números no Filme "Número 9", excelente crítica em Português mesmo

Domingo, 21 de abril de 2013, por Wilson Roberto Vieira Ferreira

Loja da cadeia internacional Deus Ex Machina de motocicletas em
Camperdown, Sydney
Três personagens em três episódios. Cada um em uma espécie diferente de prisão: o primeiro em uma prisão domiciliar; o segundo em um reality show; e o último preso ao vício por games de computador. Em sua estreia como diretor no filme “Número 9” (The Nines, 2007), John August faz uma reflexão metalinguística sobre o trabalho do diretor/roteirista no cinema usando uma poderosa metáfora gnóstica do protagonista como o próprio ser humano prisioneiro na Terra, cujo planeta é visto como uma realidade mal produzida e roteirizada por um “deus ex machina” [deus de uma máquina: Esse termo evoluiu para significar um dispositivo planejado em que um problema aparentemente insolúvel é subitamente e abruptamente resolvido pela intervenção artificial e inesperada de algum novo evento, caráter, habilidade ou objeto. Dependendo de como é feito, ele pode ter a intenção de mover a história para a frente quando o escritor "encontra-se encurralado" e não vê outra saída, a fim de surpreender o público, para trazer a estória para um final feliz, ou como um meio de fazer comédia.]: toda vez que o protagonista começa a compreender o simbolismo místico da recorrência do número nove na sua vida, o mundo é desmanchado para recomeçar em um próximo episódio, do zero, levando o personagem principal ao esquecimento da sua verdadeira identidade. [Lembra reencarnação]

Chris Carter, criador da série “Arquivo X”, em um comentário sobre o episódio chamado “Improbable” (O Improvável) da nona temporada fez o seguinte detalhamento do argumento da estória: “tudo se trata sobre a compreensão da natureza de Deus através do uso da numerologia, sincronicidade, probabilidade, reconhecimento de padrões, física teórica ou algo assim”.

Nesse episódio do “Arquivo X” a personagem Agente Scully trava esse interessante diálogo com a Agente Reys:

“Scully: veja, Agente Reys, você não pode reduzir tudo na vida, toda criação, toda obra de arte, arquitetura, música, literatura... a um simples jogo de vencedores e perdedores.

Reys: E por que não? Talvez os vencedores sejam aqueles que se sairam melhor o jogo. Eles conseguiram enxergar padrões e conexões, assim como nós estamos tentando fazer nesse exato momento.”

John August
Pois o filme “Número 9” dirigido e escrito por John August (em seu primeiro filme como diretor depois de fazer o roteiro de diversos filmes de Tim Burton) lida diretamente com esse tema ao propor que a compreensão do simbolismo místico das coincidências e sincronicidades permitiria um ser divino escapar da sua prisão corporal. A compreensão dos significados das sincronicidades como ferramenta para a libertação.

O filme se desenrola em três episódios a princípio bem distintos (inclusive com lettering - títulos - indicando as divisões dos segmentos ou atos), com os mesmos atores em diferentes “encarnações”. Aos poucos vamos descobrindo que as narrativas se sobrepõem e se interligam na medida em que o filme avança, assim:

“The Prisoner” (O Prisioneiro): conta a história de um astro de televisão (Ryan Reynolds), que se encontra sob uma espécie de prisão domiciliar com sua assessora (Melissa McCarthy) e uma vizinha frustrada com seu casamento (Hope Davis), fornecendo suas únicas ligações com o mundo exterior. Eventos misteriosos levam-no a questionar se uma ou ambas as mulheres o estão enganando sobre a natureza de seu encarceramento.

“Reality Show” (Progama Realidade): é um episódio de meia hora de um “reality TV” chamado “Behind the Screen,” (Por Trás da Tela) que acompanha o processo de criação de um drama de televisão. Depois de ter filmado o piloto, o criador/produtor Gavin Taylor (também Ryan Reynolds) enfrenta a pós-produção com a ajuda de sua melhor amiga (e atriz) Melissa McCarthy e a vice-presidenta de desenvolvimento Susan Howard (Hope Davis).

“Knowing” (Reconhecendo): um famoso designer de videogames (também Ryan Reynolds) e sua esposa (Melissa McCarthy) enfrentam problemas com o carro e um lugar remoto. Sua filha (Elle Fanning) descobre informações que o levam a uma escolha difícil e irrevogável.

O filme desafia o espectador a encontrar recorrências ou padrões nesses três episódios e a resolver o enigma de uma narrativa propositalmente descontínua e truncada. Para começar, os atores, que assumem diversas encarnações nos episódios. Mas as principais recorrências são a condição de prisioneiro dos protagonistas (reforçadas pela condição do prazer proporcionado por um vício) em cada episódio e a onipresença do número nove que aparece em dezenas de situações. 

O consumo de crack após um colapso emocional faz o astro de TV ficar confinado em uma casa; o prazer do roteirista em manipular ficção e realidade o faz permanecer num reality TV da sua própria vida; o vício por games prende o protagonista a uma existência terrena; a recorrência do número nove, que os personagens interpretados por Ryan Reynolds tentam compreender o porquê de sua onipresença numérica. Por exemplo, em momentos que fazem lembrar o filme “Amnésia” (Memento, 2000) de Christopher Nolan, o protagonista deixa um Post It com um recado para o protagonista de outro episódio: “preste atenção nos noves”.

O filme “Número Nove” já pode ser considerado um clássico do “AstroGnosticismo” tal qual o filme “Earthling”: a visão do ser humano como uma criatura celeste prisioneira em um planeta. Sem conseguir adaptar-se, ele sofre e sente a nostalgia de algo que deixou ou perdeu. No caso de “Número 9”, a maneira de encontrar esse “conhecimento” (explicitado no episódio final) é compreender o simbolismo das sincronicidades, recorrências e padrões que estariam debaixo de nossos narizes. Cegos ou adormecidos, não conseguiríamos perceber.

Deus Ex Machina por e_volos-d5gd4oi, DeviantArt
Deus Ex Machina e Reencarnações

A onipresença do simbolismo do número nove.

Em entrevistas, o diretor Jonhn August afirmou que todo o argumento do filme seria metalinguístico: a responsabilidade do criador (diretor ou roteirista) diante da sua própria criação. “A pergunta ‘qual o direito que você tem de cair fora de tudo o que você escreveu?' é a minha própria experiência como escritor quando em muitos momentos tenho que simplesmente pular fora de algum ponto do qual iniciou a narrativa” (“The Nines: John August Interview”, LoveFilm.com). August refere-se ao que os roteiristas chamam de deus ex machina: termo para designar soluções arbitrárias, sem nexo ou plausibilidade na narrativa, para solucionar becos sem saída encontrados em roteiros mal conduzidos.

Seria esta a deusa Sofia da sabedoria? Existe bastante controvérsia
sobre esta deusa que aparentemente governa os Gnósticos, ou seja,
em substituição a um deus masculino. Envolve a deusa da liberdade,
da justiça, e até a linhagem nobre britânica, de acordo com sites de
conspirações relacionadas aos Illuminatti. Até tocha ela carrega,
como a estátua da liberdade. Seria Sofia o mesmo espírito de Gaia,
da natureza, do planeta Terra? Não só a palavra Columbia está
interligada ao império britânico e todos os países do Commonwealth
incluindo Austrália, vide estado de British Columbia no Canadá, como
está particularmente ligada à própria imagem dos Estados Unidos.
Você recebe esta lavagem cerebral desde que nasceu sem saber o
significado por trás do que vai reverenciar pelo resto da vida. Seria
o Gnosticismo feminista?
http://paulinemaria.blogspot.com.au/2012/01/illuminati-lady-columbia.
html
Mas para fazer essa metalinguagem do próprio ofício do diretor/roteirista, August utilizou uma poderosa e dramática metáfora AstroGnóstica como se a nossa própria existência fosse um roteiro mal feito de um cosmos mal produzido. Os protagonistas dos três episódios (Gary, Gavin e Gabriel) são prisioneiros em mundos onde personagens femininos (Sophia?) tentam atrair a confiança para revelar a sua verdadeira identidade e sua verdadeira origem da qual nada se lembra. “Você não é quem imagina ser”, falam recorrentemente para os personagens prisioneiros interpretados por Ryan Reynolds.

Quando Gary e Gavin (menos Gabriel, que alcançará a gnose final que quebrará o ciclo vicioso) são confrontados com a Verdade simbolizada pela recorrência do número 9, entra em ação o deus ex machina - a intervenção do demiurgo roteirista/diretor: o mundo é desmanchado para ser reconstruído em um próximo episódio, iniciando-se do zero ou do esquecimento do protagonista sobre a revelação anterior.

Tudo isso lembra a visão gnóstica das sucessivas reencarnações na Terra: ao contrário da visão evolucionista ou aditiva espírita (a necessidade das reencarnações como forma de aprendizado), aqui temos uma concepção subtrativa: somos condenados a esquecer e recomeçar do zero, perpetuando a prisão do espírito na carne através da amnésia. Prazeres como o vício das drogas ou a ambição pelo poder (como no segundo episódio focado na busca do sucesso em uma emissora de TV) são estratégias do Demiurgo para nos entreter no próprio esquecimento.

O “Hino da Pérola”

Como o leitor poderá observar quando assistir ao filme, os três episódios se integram como o percurso da jornada espiritual de um peregrino exilado e que tenta atender ao chamado de volta para a sua terra natal, chamado simbolizado pelos padrões e a simbologia dos números.

Gary, Gavin e Gabriel são muito parecidos com os protagonistas Neo de “Matrix” e John Murdock de “Cidade das Sombras” (Dark City, 1998), mas existe uma diferença básica: ao contrário de Neo e Murdock, eles não querem reorganizar ou salvar o mundo. Na verdade eles querem simplesmente fugir do inferno.

Por isso há uma incrível semelhança entre o filme “Número 9” e o poema gnóstico cristão “O Hino da Pérola” escrito supostamente por Bardesanes no século II sobre o relato da peregrinação da alma que termina com a sua salvação simbolizada pela aquisição da “pérola” (a Gnose) e o posterior retorno à Casa do Pai. Um poema que guarda semelhança com a Parábola do Filho Pródigo de Jesus. Vejamos esse trecho do poema:

“Eu esqueci que era filho dos reis, e eu servi seu rei;
Esqueci a pérola, pela qual meus pais me enviaram,
E por causa do peso de suas opressões eu estava em sono profundo.
Mas todas essas coisas que me aconteceram
Meus pais perceberam, e ficaram tristes por mim.” [leia todo o poema nos links abaixo, se tiver coragem, pois é um saco... de pedrarias bem materialistas]

http://www.gnosisonline.org/teologia-gnostica/o-hino-da-perola/

http://gnosisbrasil.com/artigos/evangelhos-apocrifos-o-hino-da-perola

Arcanjos gnósticos não são necessariamente bons...
Ao utilizar uma simbologia gnóstica para discutir metalinguisticamente a condição do diretor e roteirista e a sua responsabilidade diante dos personagens e da própria narrativa, John August confirma uma hipótese de muitos pesquisadores sobre o filme Gnóstico como Erik Wilson, Christopher Knowles e eu mesmo: se o cinema é a própria atualização do mito da Caverna de Platão, então certamente esse meio é a expressão artística mais adequada para que os espectadores entrem em contato com realidades mais profundas – a busca da centelha de redenção e gnose através de simbolismos dentro de um meio que nos faz imergir por duas horas em uma outra dimensão.

http://cinegnose.blogspot.com.au/2013/04/deus-esta-nos-numeros-no-filme-numero-9.html

Gnosticismo Versus Espiritismo

Fiquei pasmo com a crítica de Wilson Roberto Vieira Ferreira em Português, para mim de 10 a zero nas outras, mas isso deve ser porque o brasileiro tem mais visão espiritual do que os anglos devido à preservação do Espiritismo.

Pois bem, depois dessa lição sobre a diferença entre o Gnosticismo e o Espirtismo, acho que começo a entender que um é visão materialista do Espiritismo enquanto o outro vai mais além do Gnosticismo, pra variar, ao apresentar concepções fora do padrão limitado da escala humana. 

O Espiritismo vai indo, e eu ficando...
Além disso, existe uma diferença astronômica e primordial: enquanto a reencarnação para o Espiritismo é evolutiva, uma libertação, para o Gnosticismo ela é um castigo, uma prisão. Advinha como é que você pode viver melhor?

Todas as revistas que leio aqui na Australia então são Gnósticas, e por isso elas desprezam o Espiritismo, porque este vai mais além do Gnosticismo, e eles não podem aceitar ficarem por baixo. 

O Espiritismo vai sempre além de qualquer outra filosofia ou crença, e continua indo.

Será que só eu vejo isso, minino? Devo estar enfeitiçado...

The Nines, trailer legendado:

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