sexta-feira, 24 de junho de 2016

Exceptionalistan

"Exceptionalistan" é uma palavra esperta cunhada pelo jornalista brasileiro do RT (Russia Today), Pepe Escobar, baseada na retórica da excepcionalidade. 

Rússia! Palavra proibida. Com isso já enxotei 90% de quem caiu aqui por acaso! Mas vamos continuar pra quem ousou ficar, parebéns pela coragem.

Trata-se de uma palavra híbrida que não congrega o termo "Exceptional" com "Paulistano", mas congrega com o termo "excepcional excessão" que é como os Estados Unidos se consideram hoje em dia perante o resto mundo desprezível, enquanto seu regime de controle global é denominado de "excepcionalismo" que, associado satiricamente com o condenado e cruel regime Taliban do Afeganistão (Afeganistan em Inglês), forma a palavra "Exceptionalistan", para referir-se ao novo regime norte-americano de excessão para o mundo durante a engendrada guerra contra o terrorismo sem-fim, visando mais um século de domínio global. A palavra pegou, aparentemente.

Pepe Escobar é um analista geopolítico independente que escreve para o RTSputnik e TomDispatch (o antídoto para a mídia mainstrream), e é um colaborador frequente de sites e programas de rádio e TV que vão desde os EUA até a Ásia Oriental. Ele é ex-correspondente itinerante do Asia Times Online. Nascido no Brasil, tem sido um correspondente estrangeiro desde 1985, e viveu em Londres, Paris, Milão, Los Angeles, Washington, Bangkok e Hong Kong. Mesmo antes do 11 de Setembro ele especializou-se em cobrir o arco desde o Oriente Médio até a Ásia Central e do Leste, com ênfase nas guerras das grandes potência geopolíticas e de energia. Ele é o autor de "Globalistan" (2007), "Red Zone Blues" (2007), "Obama faz Globalistan" (2009), "Empire of Chaos" (2014), e "2030" (2015), todos publicados pela Nimble Books.

Ou seja, este brasileiro é de raça e sabe o que diz.

A lista da morte
Este artigo a seguir nos foi enviado por um amigo não-brasileiro que adora o Brasil e aparentemente tem se mantido muito ligado nos acontecimentos preocupantes que atingem o país atualmente, mais do que eu próprio, que achava que era informado, pobre de mim.

Enfim, é assim que vamos crescendo e aprendendo. Quanto a mim, cresço através do meu (vosso) blog. Com tantas dezenas de anos nas costas, feito cachorro velho ainda estou aprendendo novos truques e quebrando a crença de tanta gente que acha que morremos depois dos 40. Vamos para o artigo com minha maravilhosa e intrometida tradução livre.

A Lista da Morte: Esmagando o 'B' do BRICS

Por Pepe Escobar, 14 de junho de 2016 "Casa das Informações Esclarecidas - Information Clearing House" - "Sputnik"

Os riscos não poderiam ser maiores. Não só o futuro do BRICS, mas o futuro de um novo mundo multipolar está na corda bamba. E tudo depende do que acontecerá no Brasil nos próximos meses.

Vamos começar com a turbulência Kafkiana interna. O golpe contra a presidenta Dilma Rousseff continua a ser um dom de tragicomédia inigualável no teatro da mídia / política que continua infindável. Mas também funciona como um caso de guerra de informação convertida em uma ferramenta estratégica de controle político.

Uma sucessão de vazamentos de áudio terríveis revelou que setores-chaves dos militares brasileiros, bem como selecionados juízes da Suprema Corte têm legitimado o golpe contra uma Presidenta que sempre protegeu a investigação de corrupção chamada Lava Jato, agora com dois anos de idade. Mesmo a mídia ocidental está sendo forçada a admitir que Dilma não roubou nada, mas está sendo acusada por um bando de ladrões. A agenda deles: abafar a investigação da Lava Jato, a qual pode, eventualmente, jogar muitos deles na cadeia.

Ganância, por gyaban
Os vazamentos também revelaram uma carnificina mortífera desagradável entre as elites compradoras brasileiras - periférica e mainstream (principal). Essencialmente os periféricos foram usados ​​como jornaleiros humildes no Congresso para o trabalho sujo. Mas agora eles podem estar prestes a se tornarem os atropeladores da estrada no percalço do ilegítimo e impopular "governo" interino de Michel Temer, liderado por um bando de corruptos-até-o-pescoço políticos do PMDB, o partido que é o herdeiro do único aparato de oposição tolerado durante os anos da ditadura militar, de 1960 a 1980.

Conheça o Chanceler Vassalo

Um caráter insidioso no esquema do "golpeachment" (contração de "golpe" com "impeachment") atual é o ministro interino das Relações Exteriores, senador José Serra, do PSDB, partido dos sociais-democratas que se transformaram em carrascos neoliberais. Nas eleições presidenciais de 2002 - em que ele perdeu para Lula - Serra já tinha tentado se livrar das oligarquias periféricas brasileiras.

"Noogie, noogie". Putin e Obama: agora diga de novo: a Améria
não é excepcional !
No entanto, agora ele está encarnando um outro papel - perfeitamente posicionado não só para retroceder a política externa brasileira até algum ponto em torno do golpe militar de 1964, mas principalmente como o homem chave de Washington dentro do golpe escândalo.

Aliada-chave do regime Exceptionalistan no Brasil é a oligarquia em São Paulo, o estado mais rico que abriga o capital financeiro da América Latina. Ela encabeça a top list no Brasil. É de suas fileiras que um eventual "salvador nacional" pode ​​surgir oportunamente.

Uma vez que os periféricos se tornem história, então nada deterá a criminalização dos mesmos - e prisão - como certo conjunto de líderes de esquerda, Lula incluído, bem como a fabricação de uma eleição falsa, legitimada por um componente nocivo do Supremo Tribunal de Justiça, como Gilmar Mendes, fantoche do PSDB.

Gilmar Mendes, por Fraga
Tudo depende do que acontecerá nos próximos dois meses. O procurador-geral finalmente pediu ao Supremo Tribunal para lançar três periféricos topo de linha na prisão; todos eles são acusados ​​de conspirar para sabotarem a investigação da Lava Jato - sobre uma extremamente complexa rede política-policial-jurídica que envolve inumeráveis círculos concêntricos/paralelos.

Enquanto isso, o julgamento final do impeachment de Dilma no Senado está prestes a acontecer em 16 de agosto - 11 dias após o início dos Jogos Olímpicos. Os golpistas andaram sofrendo um golpe pesado enquanto se esforçavam ao máximo para acelerar o processo. Tal como está, o resultado é incerto; após os vazamentos, quatro a cinco senadores já estão oscilando, uma vez que os vazamentos também implicam Temer pessoalmente. O "líder" de credibilidade zero, nadando em meio a concentrações de corrupção, está entre os alvos de várias investigações de corrupção e acaba de ser proibido de se candidatar para mandato político pelos próximos 8 anos.

Até o monopólio da grande mídia brasileira (cinco famílias) - popularmente conhecido como PIG, sigla brasileira para Partido da Imprensa Golpista - mudou de tom anti-esquerda e também já está indo no encalço de membros selecionados do escândalo Temer.

De acordo com a constituição, se tanto o cargo da Presidência como o da Vice-Presidência se tornarem desocupados nos últimos dois anos de um determinado termo, cabe ao Congresso eleger o novo presidente.

Isto implica dois cenários possíveis. Se Dilma não for impedida, é cada vez mais provável que ela vá pedir novas eleições presidenciais antes do final do ano.

Se ela for impedida, o PIG vai ter que tolerar o amontoado de fantoches do escândalo interino de Temer até janeiro de 2017, no máximo. O próximo passo seria o que Serra e o líder dos senadores prestes-a-ser-preso, Renan Calheiros, estão armando em campanha: o fim das eleições presidenciais diretas e o início do parlamentarismo estilo brasileiro.

Fernando Henrique Cardoso, por Aroeira
O homem mais bem posicionado para ser o salvador nacional, neste caso, é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - Também ex-"Prince of Sociology" ("Príncipe da Sociologia") e grande estrela (durante a década de 1960 e início de 1970) da teoria da dependência, então metamorfoseado num ávido neoliberal. Cardoso é um amigo muito próximo de ambos Bill Clinton e Tony Blair. O eixo Beltway (Washington) / Wall Street o adora. Cardoso seria "eleito", principalmente pelo pacote das hienas do Congresso que fizeram o impeachment de Dilma decolar em 17 de abril.

O nó mais difícil do golpeachment vai muito além de elites brasileiras periféricas. É composto de um partido político (PSDB); do império Globo de mídia; da Polícia Federal (muito amigada com o FBI); do Ministério Público; da maior parte do Supremo Tribunal; e de setores militares. Somente o eixo Beltway (Washington) / Wall Street tem os meios e a força necessária para arregimentar todos esses jogadores - arduamente por dinheiro, chantagem ou promessas de glória.

E tudo isso se liga com as questões-chaves não respondidas sobre os recentes vazamentos de áudio. E com quem gravou as conversas. E com quem as vazou. E com o por quê agora. E com quem lucra com uma nação em total caos político / econômico / jurídico, com praticamente todas as instituições totalmente desacreditadas.

Neoliberalismo ou Caos

Já se foram os dias em que Washington poderia arquitetar, impunemente, um golpe militar à moda antiga em seu quintal - como no Brasil de 1964. Ou, como no Chile, durante o original 9 de Setembro - em 1973, como pode ser visto através do comovente documentário sobre Salvador Allende do explosivo cineasta chileno Patricio Guzman.
A História, previsivelmente, se repete agora tão farsante como o golpe de 2016 que transformou o Brasil - a 7ª maior economia do mundo e jogador chave do Global South (nações não alinhadas com as guerras mundiais que se tornaram emergentes) - em uma Honduras ou Paraguai (onde recentes golpes patrocinados pelos Estados Unidos foram bem sucedidos).

Golpe "soft" (de leve)
Eu mostrei como o golpe de Estado no Brasil é uma operação extremamente sofisticada de Guerra Híbrida que vai muito além da guerra não convencional (UW, Unconventional Warfare); da Guerra Quatro Gerações (4GW, Four Generation Warfare); das revoluções coloridas; da Responsabilidade por Proteger (R2P, “Responsibility to Protect”), todo o caminho até o cume do poder inteligente; um "soft" golpe político-financeiro-judicial-mídia mainstream (principal) levado a cabo em câmera lenta. Esta é a beleza sedutora de um golpe quando promovido por instituições democráticas.

O neoliberalismo pode ter falhado, como até mesmo a ala de pesquisa do FMI concluiu. Mas seu cadáver podre ainda dificulta o planeta inteiro. O neoliberalismo não é apenas um modelo econômico; ele sub-repticiamente assume o reino jurídico também. Em uma outra faceta perversa da doutrina de choque, o neoliberalismo não pode prevalecer sem um enquadramento jurídico.

Neoliberalismo
É quando atribuições constitucionais são redirecionadas ao Congresso que mantém o Executivo sob controle enquanto gera uma cultura de corrupção política. É quando a política é subordinada à economia. É quando as empresas se envolvem em campanhas de financiamento que compram políticos capazes de influenciar os poderes políticos constituídos.

É assim que Washington funciona. E isso é também a chave para compreender o papel do ex-líder do Congresso Brasileiro, Eduardo Cunha; ele protagonizou uma campanha escandalosa fora do próprio Congresso, controlando dezenas de políticos, enquanto lucrava com proverbialmente gordos contratos com o Estado.

Os Três Patetas do que denominei República Provisória das Bananas Canalhas são Cunha, Calheiros e Temer. Temer é um mero fantoche enquanto Cunha continua a ser uma espécie de primeiro-ministro das sombras, comandando o show. Mas não por muito tempo. Ele já foi suspenso como orador no Congresso; ele embolsou milhões de dólares em propinas de gordos contratos e escondeu o saque em contas secretas suíças; agora é uma questão de tempo antes que o Supremo Tribunal tenha a coragem - que não é nada fácil - de jogá-lo na prisão.

NATO vs. BRICS, Tudo Conforme o Espectro

E isso nos traz mais uma vez para o "The Big Picture" (a visão global), à medida em que prosseguimos em paralelo com uma análise de Rafael Bautista, chefe de um grupo de estudo de descolonização em La Paz, Bolívia. Ele é um dos melhores e mais brilhantes na América do Sul, que está muito alerta para o fato de que tudo o que acontecer no Brasil nos próximos meses conduzirão o futuro não só da América do Sul, mas de todo o Global South.

O projeto do regime Exceptionalistan para o Brasil é nada menos que a imposição de uma doutrina Monroe remixada. O principal alvo de uma prevista restauração neoliberal é remover a América do Sul do BRICS - essencialmente removê-la da parceria estratégica Rússia-China.

Trata-se de uma pequena janela de oportunidade depois de todos esses anos sob a continuidade Bush-Obama, onde Washington esteve obcecado com o MENA (Oriente Médio / África do Norte), também conhecidos como o Grande Oriente Médio. Agora, a América do Sul está de volta a um papel de protagonista no teatro da guerra geopolítica (soft). Livrar-se de Dilma, de Lula, do Partido dos Trabalhadores, por todos os meios disponíveis, é apenas o começo.

Tudo cai de volta na mesma tecla, a definição da guerra do século 21; NATO contra o BRICS; contra a Organização de Cooperação de Xangai (SCO, Shanghai Cooperation Organization); e, finalmente, contra a parceria estratégica Rússia e China. Esmagando o "B" no BRICS carrega com ele o bônus do esmagamento do Mercosul (mercado comum sul-americano); Unasul (união política das nações sul-americanas); ALBA, Bolivarian Alliance (aliança bolivariana); e a integração sul-americana como um todo, aumentada com a integração com os principais jogadores emergentes do Global South, como o Irã.

A desestabilização permanente do "Syraq" (Síria + Iraque) se encaixa no Império do Caos (Empire of Chaos); quando não há integração regional, a única outra possibilidade é a balcanização. E, no entanto a Rússia graficamente demonstrou para os planejadores do Beltway (Washington) que eles não podem ganhar uma guerra na Síria enquanto o Irã demonstrou após o acordo nuclear que ele também não vai se tornar um vassalo de Washington. Assim, é melhor o Império do Caos tratar de garantir o seu próprio quintal mesmo.

Um novo quadro geopolítico teve de tornar-se parte do pacote. É aí que o conceito de “América do Norte” se estabelece, apoiado pelo Conselho de Relações Exteriores e concebido em sua maioria pelo novo ex-astro do Iraque, David Petraeus, e pelo ex-chefão do Banco Mundial, Bob Zoellick, agora com Goldman Sachs. Chamemos a isso de um mini quem é quem do regime Exceptionalistan.

Você não vai ver isso enunciado em público, mas o conceito Petraeus / Zoellick de "América do Norte" pressupõe uma mudança de regime engolindo a Venezuela. O Caribe é visto como um Mare Nostrum, um laguinho americano. "América do Norte" é na verdade uma ofensiva estratégica.

Isso implica no controle da riqueza do petróleo e dos mananciais de água do Orinoco e do Amazonas, algo que faria garantir para sempre a proeminência do regime Exceptionalistan ao sul da fronteira.
O Caribe já é um negócio fechado: afinal Washington controla o CAFTA (Central America Free Trade Agreement, Acordo de Comércio Livre da América Central). A América do Sul é uma noz mais difícil de ser rachada, mais ou menos polarizada pelo que resta da ALBA e da Aliança do Pacífico comandada pelos Estados Unidos. Com o Brasil caindo numa restauração neoliberal, está acabado como promotor da integração regional. O Mercosul seria eventualmente absorvido pela Aliança do Pacífico - especialmente com um homem como Serra como principal diplomata do Brasil. Assim, politicamente, a América do Sul deve ser anulada a qualquer custo. 

Ilustração da revista La Cuadra, Política que não
mente. Arte arrasadora. Escritos que não são lixo.
John Rexer and Mike Tallon, Antigua, Guatemala,
não poderiam criar seu jornal nos Estados Unidos,
então emigraram também junto com os empregos
norte-americanos pelo CAFTA.
O que resta para a América do Sul seria a sua agregação - como jogadores marginais, parte da Aliança do Pacífico comandada pelos Estados Unidos - aos acordos comerciais da NATO, o TPP (Trans-Pacific Partnership, Parceria Trans-Pacífica) e o TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership, Parceria de Comércio e Investimento Transatlântica). O "pivot da Ásia" - dos quais o TPP é o braço de comércio - é o impulso da doutrina Obama para a contenção da China, não só na Ásia, mas também em toda a área Ásia-Pacífico. Assim, é natural que a China (o principal parceiro comercial do Brasil) também deva ser contida na hegemonia do quintal, a América do Sul.

Do Atlântico ao Pacífico, e Além

Nunca é demais sublinhar a importância geo-econômica da América do Sul. A única maneira da América do Sul poder ser totalmente integrada ao mundo multipolar é abrindo-se para o Pacífico, aumentando a sua ligação estratégica com a Ásia, especialmente com a China. É aí que o impulso da China para investir em um enorme projeto ferroviário de alta velocidade unindo a costa Atlântica do Brasil com o Peru no Pacífico se encaixa. Isso é interconectividade sul-americana em poucas palavras. Se o Brasil for politicamente anulado, nada disso vai acontecer.

Assim, qualquer golpe agora é literalmente permitido na América do Sul: ataques indiretos à moeda brasileira, o real; suborno das elites compradoras locais, com o apoio do sistema financeiro global; tentativa orquestrada para a implosão, simultaneamente, das três principais economias: Brasil, Argentina e Venezuela. O SOUTHCOM (United States Southern Command - Comando dos Estados Unidos para o Sul) chegou ao ponto de produzir um relatório sobre "Liberdade para Venezuela" no início deste ano, assinado pelo comandante Kurt Tidd, que propõe uma "estratégia de tensão", complementada com um "cerco" e técnicas de "asfixia" permitindo misturar ação de rua com um uso "calculado" de violência armada. São os ecos do Chile de 1973.

Mundo uni-polar...
A América do Sul é hoje sem dúvida um espaço geopolítico privilegiado, onde o regime Exceptionalistan está armando as bases para restaurar a sua hegemonia sem rival - como parte de uma guerra multi-dimensional, geo-financeira contra o BRICS empenhada em perpetuar o mundo unipolar.

Todos os movimentos anteriores levaram a esta geoestratégia de implodir o BRICS e reduzir a América do Sul a um apêndice da América do Norte.

O Wikileaks revelou como a NSA espionava a Petrobras. Em 2008, o Brasil veio com sua própria Estratégia de Defesa Nacional, com foco em duas áreas-chaves: o Atlântico Sul e a Amazônia. Isso não se coaduna com o SOUTHCOM. O Unasul deveria ter se desenvolvido a um nível continental, mas não foi conseguido.

Leaks (vazamentos)
Lula decidiu garantir à Petrobras a exploração privilegiada dos depósitos do pré-sal - a maior descoberta de petróleo do século 21. A administração de Dilma deu um empurrão firme no novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (com base no BNDES brasileiro) e também decidiu aceitar pagamentos iranianos ignorando o dólar americano. Alguém envolvido no comércio Sul-Sul se atrever a ignorar o dólar norte-americano imediatamente entra para a lista negra da morte. Hillary Clinton é a candidata presidencial de Wall Street, do Pentágono, do complexo industrial-militar e dos neocons. Ela é a Deusa da Guerra - e, em um continuismo Bush-Obama-Clinton, ela vai entrar em guerra contra qualquer jogador do Global South que se atrever a desafiar o regime Exceptionalistan.

Desta forma, a sorte está lançada. Saberemos com certeza no momento em que houver um novo presidente dos Estados Unidos - e, possivelmente, um novo não eleito presidente do Brasil - no início de 2017. O jogo geoestratégico, entretanto, permanece o mesmo; o Brasil deve cair, então a integração BRICS também deve cair, e o regime Exceptionalistan poderá então concentrar todo o seu poder de fogo num confronto total contra a Rússia e a China.

Hugo Chavéz
Comentário Premiado

Embora concorde com partes da análise de Pepe Escobar, eu sei de uma coisa, que a América Latina tem uma história de combate a impérios. Alguns dos maiores líderes surgiram na América Latina. Vamos esquecer a política por um momento e pensar como as pessoas têm lutado contra os espanhóis, os inglêses, os francêses, os portuguêses, e os norte-amerianos, apenas para citar alguns. Gostando ou não de Chávez, é surpreendente que ele foi capaz de unir a América do Sul e lutar contra os EUA durante um período em que todo o mundo político apoiava o ataque dos Estados Unidos contra o Iraque. A América Latina foi a única parte do mundo que se levantou contra os EUA e se recusou a ter centros de detenção clandestinos.

Os EUA podem ser capazes de ter sucesso temporariamente, mas a história é feita de momentos históricos, quando as pessoas já falaram o suficiente e finalmente decidiram mudar o sistema. Sim, o Brasil parece sombrio agora, mas ele também estava assim na década de 60.

A causa da crise
Pepe continua falando sobre a direita colocando Lula na prisão. No entanto, ele não menciona qual seria a reação da população. Eu estava ouvindo a tradução de um programa argentino. Um do jornalistas disse "Lula na prisão é um prisioneiro político, Lula morto torna-se um mártir, e Lula vivo torna-se presidente novamente."

Ninguém sabe o futuro, mas a ideia de que o Brasil e a América Latina vão apenas se sentar, cruzar os braços, e deixar que os EUA e a Europa façam o que quiserem sem resistência é ridícula. Pode haver uma criança na escola agora que irá se tornar o futuro líder ou ainda uma criança que esteja prestes a nascer. Eu me recuso a ser pessimista e tenho esperança de um futuro melhor para a bela América Latina, meu país, os EUA, e para o mundo.
Síndrome Bipolar

"BRICS" é a mais suja das siglas para o eixo Beltway (Washington) / Wall Street, e por uma razão sólida: a consolidação dos BRICS é o único projeto orgânico, de alcance global, com potencial para inviabilizar o acoxo do regime Exceptionalistan sobre a chamada "comunidade internacional".

Mundo bi-polar... (que se pronuncia baipôla e não baitôla, não
confundir)
Então não é nenhuma surpresa que os três principais poderes do BRICS têm estado sob ataque simultâneo, em várias frentes, já por algum tempo agora. Na Rússia, tudo se resume à Ucrânia e a Síria, à guerra de preços do petróleo, ao estranho ataque hostil sobre o rublo e aos one-size-fits-all (um tamanho serve pra todos) demonização da "agressão russa". Na China, é tudo sobre a "agressão chinesa" no Mar do Sul da China e da sua (não) incursão sobre as bolsas de valores de Xangai / Shenzhen. 

O Brasil é o elo mais fraco entre essas três potências emergentes. Já no final de 2014 ficou claro que os usuais suspeitos de costume iriam desestabilizar a sétima maior economia global sem tabus, visando a boa e velha mudança de regime através de um cocktail desagradável de impasse político ("ingovernabilidade") arrastando a economia para a lama.

crème-de-la-crème
As inúmeras razões para o ataque incluem a consolidação do banco de desenvolvimento do BRICS; a orquestração do BRICS para empurrar negociações em suas próprias moedas, ignorando o dólar norte-americano e com o objetivo de uma nova moeda tornar-se a reserva global para substituí-lo; a construção de um grande cabo submarino de telecomunicações de fibra óptica entre o Brasil e Europa, bem como o cabo BRICS a unir a América do Sul com a Ásia Oriental - ambos ignorando o controle dos EUA.

E acima de tudo, como de costume, o crème-de-la-crème - conectados com o desejo ardente do regime Exceptionalistan conseguir privatizar a imensa riqueza natural do Brasil. Mais uma vez, trata-se do petróleo.


Les révolutions de couleur ne suffisent jamais; les USA (cet Empire exceptionnaliste que je nomme « Exceptionalistan » ou Empire du Chaos) sont toujours à l’affût d’amélioration stratégiques majeures capables d’assurer leur hégémonie.

As revoluções coloridas não são suficientes; os EUA (este império excepcionalista que eu chamo de Império "Exceptionalistan" ou Império do Caos) está sempre à procura de grandes melhorias estratégicas capazes de garantirem a sua hegemonia.

http://questionscritiques.free.fr/edito/Pepe_Escobar/BRICS_bresil_russie_guerre-hybride_300316.htm

Agora Dance

Mas como nem tudo é desgraça sombria nem apocalíptica, dance com Justin Timberlake e sua música Can't Stop the Feeling! (Não se Pode Conter o Sentimento), vídeo oficial do filme de animação "Trolls" de Disney onde todos dançam, pessoas de todos os tipos e formatos, todas iguais como deve ser o mundo se o bem vencer.

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