Aqui um soprador parecido com os que mencionei |
O jardineiro estava todo trajado a rigor, a dizer, com suas roupas próprias no frio de 2 graus, calças de brim com casaco amarelo acrílico fosforecente para sua segurança de ser visto, como todas as roupas obrigatórias de operários ao ar-livre. O outro jardineiro estava a uns 10 metros de distância, limpando outro trecho no meio dos banquinhos nos escaninhos gramados e pavimentados, e este tinha barba grossa e preta. Eles fazem um par que trabalham juntos e ambos usavam tapa-ouvidos. O de barba usava um grande tapa-ouvidos vermelho, enquanto o outro usava um minúsculo branquinho. Notei isso porque os sopradores fazem um ruído ensurdecedor e eu estava imaginando como eles podiam trabalhar tão tranquilos com aquele barulho danado. Bingo, usavam tapa-ouvidos, talvez tocando música para a dança das folhas.
Aqui mais alguns sopradores parecidos, do blog do Samuel sobre Canberra |
Nem bem estou chegando, junto com um ou dois outros profissionais estranhos a entrarem no mesmo prédio, na mesma hora, o jardineiro louro nos viu de ladinho, e saiu da frente para nos deixar passar. Mas foi em direção à porta principal do prédio, atrás de um grande pátio descoberto. Fiquei imaginando porque ele foi se postar ali. É que ele ia soprar umas folhinhas que se encontravam naquele pátio para juntá-las ao molhe de outras folhas espalhadas na pracinha, então ele postou-se lá, esperou a gente passar para ligar a maldita máquina barulhenta de novo. Muito respeito ao transeunte, não é? A Austrália tem destas coisas, mas infelizmente nem todo mundo é bem treinado para valorizar o "cliente".
Aqui as folhas sopradas, mas imagine isso numa praça em frente a um business center |
Pernas longas... |
Suponho que todos estejam com pressa, mas estão sempre com pressa? Sim, pressa é uma forma de se desculpar para ignorar todo mundo, coisa que eles adoram fazer, que é a doença feia que abastece a alta taxa de suicídios. Só posso acreditar que suas pernas são mais longas do que as minhas, o que geralmente é verdade até para as mulheres, porque na Austrália tem muita mulher enorme, de mais de 1,80 m de altura, enquanto na minha área de trabalho tem muita soldada e militar que obviamente anda muito rápido para mostrar macheza e dinamismo, marchando mesmo sem ser necessário.
Desde cedo aprendi que uma forma de controlar o stress diário é curtir as coisas quando se está a caminhar e passar por elas, olhar para os lados, notar as coisas corriqueiras, captar o que é belo, se abstrair, admirar a paisagem e a natureza, pois mesmo nas vielas mais escuras e decrépitas se encontram plantinhas ou passarinhos a piar, pra se admirar. A felicidade é feita de uma coleção destas pequenas coisas... olhai o lírio dos campos...
O outono pode ser considerado bonito, mas ele me deixa triste como o por-do-sol, algo de bom e bonito que é efêmero e está indo embora para renovar-se mas só depois de um período de sofrimento "tenebroso" como o frio de Canberra que dura vários meses.
Mais ou menos assim, nada de telões curvos ainda, é bem rudimentar... |
Quem trabalha com muitas telas no computador ao mesmo tempo é assim. É como se você tivesse livros e 30 reportagens de jornais e revistas abertas ao mesmo tempo em duas mesinhas de centro na sala. Você pode imaginar isso? É como ter 30 papéis espalhados no seu birô e você escrevendo na metade deles e lendo a outra metade, tudo em conjunto e ao mesmo tempo. É assim o meu trabalho com informática na Austrália.
Naquele momento eu tinha 22 documentos abertos:
3 planilhas cheias de dados em várias folhas
5 documentos de rascunho onde anoto e acompanho as investigações de problemas
3 documentos do Word, incluindo um procedimento complicado pra seguir enquanto o atualizo
3 sessões de conexão com 3 servidores de dados do sistema
1 documento compactado aberto dando acesso a 10 outros que estão dentro dele os quais são parte de uma investigação
1 browser de internet com a ferramenta de gerenciamento de problemas, uma página de manual de usuário, um calendário esperto e o Google
2 diretórios diferentes com dezenas de arquivos cada um
2 diretórios do gerenciador de arquivos do cliente
1 gerenciador de emails com agenda e 2 entradas, emails para mim e emails para o grupo
1 chat
É mais ou menos assim, o que está aberto tem um ícone à esquerda, e o que pode ser aberto tem um mini-ícone do mesmo lado, porém lá em cima. Aprendi a usar assim olhando os clientes usuários... |
Quando alguém me interrompe, eu posso começar a fazer outra coisa pra atender, daí o email fica pelo meio do caminho. Interrupções podem ser via emails pra resolver na hora, via chat, ou pessoas que chegam perguntando coisas ou discutindo assuntos. Ou chegam as horas das reuniões. Pelo menos interrupções pelo telefone são bem raras pois detesto telefones que são muito invasivos e soberanos, você tem que parar tudo para atendê-lo já que também detesto escutar e deixar mensagens, não uso estas coisas e assim consigo manter minha humanidade e sanidade mental.
Você não se hipnotiza com uma cena destas de verdade? Pois devia... amar é admirar as pequenas coisas. |
Apesar de ter manuais e procedimentos impressos em minha mesa e estante, eles em geral são desnecessários, exceto em algumas circunstâncias, como por exemplo, quando os eletrônicos ficam em outra rede acessada por outro computador que não é o meu, mas quanto ao resto, é tudo eletrônico, não tenho nada, só um minúsculo caderno de notas porque ainda não migrei para o tablete. Meu caderno de notas é só para certas reuniões, e é menor do que o de todo mundo. Prefiro não depender de um tablete ainda, apesar de ver algumas pessoas pilotando eles em reuniões. Tablete de uso diário só o de chocolate... E também procuro não me tornar escravo do meu smart phone, que já está smart demais para o meu gosto (esperto). Mas quanto mais eu corro e evito a tecnologia, mais ela me alcança.
Centro de Canberra, capital da Austrália, no outono |
É isso o que falta no australiano, alma. O que fazer para esse povo não se suicidar com tanta frequência? O que fazer para eliminar a violência doméstica? Acabo de ser convidado para o lançamento de um livro de uma artista amiga nossa cujo assunto é justamente esse. Ela é uma heroína que sobreviveu a este tipo de relacionamento familiar tão comum neste país, e agora eu vou ler sua vida publicada para a humanidade ver se aprende algumas lições sobre como dominar e erradicar a violência doméstica que não devia existir neste estágio da humanidade e muito menos num país como este que todo mundo considera a perfeição na Terra.
Choques Globais
E por falar em aprender lições, veja esta lição que foi dada no gogó de certas pessoas por David Miranda, repórter brasileiro do The Guardian, João Roberto Marinho me Atacou no Guardian e Tentou Enganar o Mundo, Eis Minha Resposta:
https://theintercept.com/2016/04/25/joao-roberto-marinho-me-atacou-no-guardian-e-tentou-enganar-o-mundo-eis-minha-resposta/
Isso você não vai ver na Globo...
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