domingo, 23 de junho de 2019

Olá

Olá, minha gente, como diz o comediante Bemvindo Sequeira. 

Estive ausente durante alguns meses, escrevendo posts mas sem chances de publicá-los, então este é meu primeiro post de retorno ao blog e também ao Brasil. Resolvi viver no Brasil por um tempo indeterminado para ver no que dá, e as razões talvez eu publique aqui, se conseguir montar os posts direitinho. No momento o fato é que estivemos surpreendidos com o jeito de viver no Brasil dos dias de hoje, precisamente no nordeste que parece ser outro país, queiram ou não, algo que também depois eu explico.

Então, o que me fez finalmente criar coragem e publicar um post depois de tanto tempo foi meu entusiasmo neste momento com as festas juninas. O efeito causado pela Rede Globo regional ao divulgar o campeonato de quadrilhas me deixou tão entusiasmado que este é o motivo deste post. Parte do texto a seguir achei num artigo do site do Gazeta Online.

Meu ator brasileiro favorito que adotou uma menina negra africana, 
faz propaganda da UNICEF em ajuda aos africanos. 

São João

Fogueira posicionada, caipiras arrumados, barraquinhas com quitutes suculentos e bandeirinhas de todas as cores enfeitando o salão. Mas o ponto mais esperado de toda a festa de São João é sempre a quadrilha, embalada por música típica e linguajar próprio. A festa de São João, comemorada em todo o Brasil no dia 24 de junho, simula um casamento na roça, que representa um fazenda no interior.

Quadrilha

A quadrilha é uma encenação teatral em volta de um casamento na roça. A mocinha filha de fazendeiro quer se casar, mas o noivo só casa na mira de uma espingarda. A quadrilha é a festa para esse casamento e costumava ser dançada nas cortes francesas, por isso algumas palavras chaves que comandam coreografias ditadas pelo puxador da quadrilha são em Francês. O brasileiro adaptou o estilo e acrescentou um imaginário regional, criando uma estória de casamento. A música é regional estilo forró, ritmo originário da Galízia, norte da Espanha, que inclui os ritmos xote, baião, xaxado e arrasta-pé, e envolve sanfona (acordeão), triângulo, zabumba e tamborim. 

Glossário da quadrilha

Todo mundo já dançou quadrilha um dia. Mas muitos não sabem que vários termos usados 
vêm do francês:

  • Alavantú (en avant tous)- todos os casais vão para a frente.
  • Anarriê (en arrière) - casais vão para trás.
  • Changê (changer/changez) - trocar/troquem o par.
  • Cumprimento 'vis-à-vis' - cumprimento frente a frente.
  • Otrefoá (autre fois) - repete o passo anterior.

Mas a parte mais animada da quadrilha é brasileira e representa casais chegando a uma festa de casamento:

  • Caminho da festa - os pares seguem atrás dos noivos, iniciando a dança.
  • O túnel - os noivos elevam os braços para cima e, de mãos dadas, fazem o túnel onde todos passam.
  • Olha a chuva - os casais dão meia-volta para que ninguém acabe molhado.
  • Olha a cobra - as damas gritam e pulam no colo dos cavalheiros.
  • Caracol - de mãos dadas, todos fazem um percurso em espiral..
  • A grande roda - todos dão as mãos formando um círculo.
  • Coroa de rosas - os cavalheiros, de mãos dadas, erguem os braços sobre a cabeça das damas, como se as coroassem.
  • Baile geral - os pares dançam no centro da roda. O grande baile está acabando.
  • Despedida - todos se retiram do centro do salão, atrás dos noivos.

Para aqueles que não sabem, a palavra "quadrilha" também é usada para definir uma gangue de criminosos, muito popular nos dias de hoje nesta encenação política de perseguição à corrupção.

Minha Opinião

No grupo de WhatsApp da família no qual me jogaram mal pus os pés neste país, escrevi o seguinte.

Mais uma incrível surpresa de ter retornado ao paraíso chamado Brasil, as quadrilhas se sofisticaram e estão atingindo pé de igualdade com outras festividades do povo mais feliz do mundo como o Carnaval da Sapucaí, o de São Paulo, e as festas regionais como as do Pará. É um Brasil renovado, um Brasil belo, que todos deviam se orgulhar e procurar mantê-lo além de propagar a nossa alegria para o resto do mundo que tanto precisa. Não existe ameaça que destrua o que o brasileiro tem de melhor, ou melhor, o nordestino que parece ser diferente do sulista, conforme pudemos verificar lá fora quando conhecíamos brasileiros de várias regiões do país vivendo no exterior. O sulista se adapta facilmente à cultura anglo, mas o nordestino sofre pela falta da família e dos amigos. O que isso quer dizer, pensem seriamente.

Para nossa filha residindo em outro país e que não conhece as nossas tradições, enviei dois vídeos gravados da TV Globo regional mostrando as várias quadrilhas do campeonato e o seguinte texto. Infelizmente o Blogger diz que meus vídeos não podem ser uploaded porque têm mais de 100 MB, ora, ora.

Filha, sabia que ia gostar dos vídeos. Esta dança é chamada Quadrilha de São João e é tradicionalmente dançada por pessoas comuns durante esta época todo ano desde séculos. Quando eu era jovem participava e conhecia todos os movimentos que eles fazem neste campeonato que inventaram agora e que enriqueceu muito as roupas, a coreografia e a alegria das pessoas. Na minha época todos nós nos vestíamos como matutos, que são as pessoas pobres do interior, então eu me vestia com camisa xadrez e calça jeans velha, com remendos falsos, e colocava um chapéu de palha na cabeça e um lenço vermelho no pescoço. As mulheres vestiam vestidos largos e estampados e colocavam maria-chiquinha nos cabelos, pintando sardas nas bochechas (pontinhos). 

A dança representa um casamento matuto e tem sempre um noivo e uma noiva. Entre os vários movimentos tem um em que entramos em fila por dentro de um túneo formado pelas outras pessoas e todos entram. O que eu gostava mais na dança era que todos dançavam os mesmos movimentos, e quando se separavam homens de mulheres, dançávamos com todas as mulheres passando uma a uma (e as mulheres dançavam com todos os homens), o que torna a dança muito democrática onde todos se tocam. É muito interessante e gostoso, e antes da apresentação final costumávamos treinar várias vezes durante vários dias pra aprendermos todos os movimentos. Cada um se vestia do jeito que queria e podia. Este campeonato é diferente porque todo mundo se veste igual e com roupas muito mais ricas do que as nossas de antigamente.

Os nomes dos movimentos são engraçados e vêm do francês como anarriê, alavantú, balancê. Sempre achei que o povo do interior do nordeste copiava o country britânico usando roupas xadres e dançando em grupos, mas não sei em que época esta tradição foi introduzida por eles no ambiente brasileiro porque seria muita coincidência as danças serem parecidas e as roupas também sem ter nenhuma conexão. Como os britânicos andaram por aqui industrializando o Brasil, montanto seus trens de ferro que eles inventaram, é possível que naquela época do século XVII eles tenham contaminado o povo pobre nativo que assimilou vários hábitos incluindo várias palavras que foram aportuguesadas.

O country norte-americano e o australiano são todos iguais ao britânico também, mas alí tem lógica porque todos descendem da mesma matriz civilizatória, mas o Brasil não.

Correção

Depois de haver pesquisado superficialmente na internet descobri que a tradição não é inglesa, mas francêsa. Como ela se parece com o country britânico, aí é onde o buraco é mais embaixo e não sei responder. Quem se apossou do quê?