O nome deste post foi tomado emprestado do futuro livro do inteligente jornalista não baíst (biased, induzido, contaminado, influenciado ou sugestionado a favor ou contra alguém ou algo, eita palavrinha capciosa em Inglês) Alex Cuadros, Brazillionaires, a ser lançado em julho de 2016; promete.
Dossiê Completo da TV Al Jazeera Sobre a Crise Política no Brasil
Transcrição do vídeo acima produzido pela TV Al Jazeera do Qatar, publicado em 22 de março de 2016 no Youtube, cópia das legendas que, por sinal, estão muito mal escritas, mas consertei algumas coisas.
Barbara Serra, The Listening Post (O Posto de Escuta)
Na última semana os brasileiros tiveram uma cobertura jornalística digna de uma guerra, acerca de um escândalo político, visando a derrubada do governo do país.
Rousseff é a terceira presidente a ser reeleita no Brasil e ela e o seu Partido dos Trabalhadores alegam que estariam sendo vítimas da principal mídia do país, monopolizada por conglomerados econômicos. Os escândalos de corrupção não têm sido nada fáceis para o governo de Rousseff, que está numa batalha diante das reportagens negativas, mas basta assistir a esses noticiários para percebermos que a mídia local tem interesse em dividir o país politicamente uma vez que ela própria tem envolvimento direto no escândalo.
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| Mani Pulite, as mãos limpas italianas geraram um Berlusconi. Você conhece o Berlusconi? Acho melhor conhecer enquanto tem tempo... |
Media Scape (Panorama da Mídia)
There are so many people. I can't see where the crowd ends. (São tantas pessoas que não consigo ver onde a multidão termina)
No domingo 13 de março a principal emissora brasileira, a TV Globo, suspendeu sua programação para cobrir os protestos em todo o país. A mídia tem gasto o seu tempo inteiro no ar influenciando as pessoas para irem às ruas pedirem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Rousseff não está sob investigação. Quem apoia os protestos são os políticos brasileiros, a sociedade e a mídia.
O perfil do brasileiro que foi às ruas no último domingo é bem específico, pessoas de classe média e rica, brancas, sulistas, ou seja, das regiões mais ricas do Brasil. Enfim há uma grande parte descontente, a classe média branca que não tem simpatia pelo Partido dos Trabalhadores desde sua criação e o sentimento tem aumentado, incentivado pela constante perseguição da mídia.
Pepe Escobar, Jornalista e Autor/Escritor
E houve essa fotografia que viralisou na mídia brasileira, que falou por si de um jovem casal de classe média indo às manifestações e logo atrás deles havia uma babá empurrando o carrinho com os bebês. E é isso, você pode protestar enquanto bebe seu champagne nessa "grande festa", quase como numa manitestação carnavalesca, mas a babá precisa ir pra tomar conta das crianças até numa manifestação.
Então esse naturalmente é o retrato da sociedade brasileira. E se você não compreender isso, não vai ser capaz sequer de entender mais nada do que está acontecendo no país.
O Brasil é um país de 200 milhões de habitantes com uma imensa desigualdade social que tem estado no coração da política internacional. Há mais de uma década, o partido de esquerda trabalhista do ex-presidente Lula da Silva inaugurou um período de ascenção econômica significativa, e mudanças sociais. O sistema midiático, no entanto, tem se mantido intocado. As 5 famílias mais ricas do Brasil controlam 70% da mídia principal.
O Grupo Globo da família Marinho administra a TV Globo. A família Civita administra o grupo Abril, que publica a revista mais lida pelos brasileirso, a Veja. O Grupo Folha que pertence à família Frias, os Saad que possuem o grupo Bandeirantes e os Macedo, o grupo Record. Poucas famílias brasileiras controlando a maior parte das notícias do país, e ditando as regras por várias décadas. Nem Lula nem Dilma Rousseff aceleraram a diversificação da mídia no território brasileiro e as sedes da grande mídia permanecem intactas.
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| City University London |
Existe um entendimento de que nenhum dos donos dos conglomerados midiáticos é capaz de se adaptar às mudanças e se sente ameaçado por tudo o que tem acontecido, enquanto a ideia de qualquer ideologia mais progressista é instantaneamente desqualificad e instantaneamente criticada.
Chico Amaral, Editor Executivo, Jornal O Globo
"O que a crise política no Brasil faz é acirrar os ânimos, nosso país vive uma tensão onde há uma divisão muito clara entre dois grupos em uma disputa muito acirrada. Isso se torna um problema sério, e a mídia tradicional acaba se tornando o principal alvo. Até mesmo se você não identificar uma correlação em uma manchete ou outra, outros pontos de vista jamais serão aceitos. Isso jamais acontecerá como na mídia social, pois a nossa história é de ouvir os lados, nossa história é de ouvir as pessoas.
Mas essa é uma longa história arquitetada pela grande mídia. E as notícias tem se espalhado, encabeçadas pelo "cabeça", o queridinho da mídia, juiz Sérgio Moro. Ao que tudo indica parece que a estratégia de Moro foi arquitetada a mais de uma década, antes mesmo da operação Lava-Jato começar. Em 2004, ele escreveu um artigo sobre uma outra investigação na Itália, a Mani Pulite, ou "Mãos Limpas". Aquela campanha foi um sucesso, escreveu Moro, onde os investigados se utilizaram da mídia para intoxicar a atmosfera política. "Naquele ensaio em particular a ideia é de que a mídia tenha sido usada, ou tenha tido que trabalhar em conjunto com o judiciário contra o governo para o desestabilizar.
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| As mãos estão limpas, mas o resto está podre (20 anos das "Mãos Limpas") |
E essa seria a única forma de desviar os holofotes para os políticos corruptos e colocá-los na cadeia, uma vez que essas investigações deveriam correr em segredo mas a grande mídia acusa certos investigados de antemão, antes da conclusão das investigações para que esses acusados tenham as reputações jogadas no lixo através da opinião pública, bem antes de eles terem de fato uma sentença". "Porque há os vazamentos". Acho que é algo tipicamente brasileiro esse jeito de conduzir as coisas, sempre haverá um subterfúgio.
Chico Amaral, Editor Executivo, Jornal O Globo
Um furo. O que fazemos é produzir coberturas que têm mais força, uma vez que não fazemos pré-julgamentos, existe uma sessão de opiniões no jornal em que mostramos as visões do jornal, mas nós trabalhamos com coberturas jornalísticas que limitam as reportagens aos fatos.
Nem todos concordam com o que vêem. Depois dos últimos 2 anos, as revistas Veja e Época tem sido criticadas pela visão unilateral das histórias. Alex Quadros, jornalista paulista, escreveu uma reportagem acusando as duas revistas de publicarem "vagas implicações" e não as fundamentarem com documentos.
Em um boletim da manhã na TV Globo essa semana, manifestantes escreveram atrás de uma repórter "Globo golpista quer incendiar o país".
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| City University London |
As pessoas têm ficado mais cientes dos modos como os setores da imprensa têm tentado tirar proveito político desse assunto e têm forçado um impeachment, forçado a culpa de alguns nos sistemas jurídicos. "É um jornalismo de merda, pois não há provas. Para o mundo em desenvolvimento essa é uma das hitórias mais importantes dos últimos anos e para as futuras gerações, pois o que há é uma guerra de corrupção, uma crise política e econômica misturadas a uma guerra de informação.
Pepe Escobar, Jornalista e Autor/Escritor
Então todos precisam ficar atentos e de olho.
Mais Informação Internacional
Brazil: Behind the Dilma Rousseff Impeachment Story (Brasil: Por Trás da História Impeachment Dilma Rousseff), primeiros 11 minutos dos 25 minutos totais do vídeo, em Inglês:
http://www.aljazeera.com/programmes/listeningpost/2016/04/brazil-dilma-rousseff-impeachment-story-160430075617658.html
Audiências em todo o mundo têm visto as imagens das ruas brasileiras - milhões de manifestantes, a favor e contra a presidenta, em dezenas de cidades, nos maiores protestos políticos da história do país.
Mas essa história se trata realmente de corrupção e lavagem de dinheiro desenfreada dos envolvidos no escândalo Petrobras? Porque se é disso que se trata, então como é que o principal partido da oposição, cujos próprios membros têm sido implicados, estão em posição de acusar a presidente Dilma Rousseff?
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| Brasil de cabeça para baixo, isso é o que não é |
Os mais influentes órgãos de transmissão e impressão do Brasil - como Globo, Abril e Folha - são potências de mídia de propriedade de um punhado das famílias mais ricas do país.
Esses estabelecimentos têm sido apontados pela sua cobertura seletiva e estratégica desta história de impeachment e acusados de tentarem usar o escândalo da corrupção para derrubar um governo em que 50 milhões de brasileiros votaram a menos de dois anos atrás.
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| Faculdade em Caruaru, Pernambuco, REUTERS/Juliana Schincariol |
Analisamos a cobertura dos votos do impeachment contra a presidenta Rousseff, a luta pelo poder político por trás dela, e as potências da mídia a moldarrem a narrativa das notícias do Brasil.
Nos guiando através da história do impeachment no Brasil, estão: Fabio Zanini, editor de política da Folha de São Paulo; Alex Cuadros, jornalista e autor de Brazillionaires (Brasilionários); Olga Bailey, professora da Nottingham Trent University; e Jairo Lugo-Ocando, professor de jornalismo da Universidade de Sheffield.
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Este vídeo é bonitinho e bem intencionado, mas não desce ao fundo das diferenças sociais no Brasil, mostrando duas garotas opostas em tudo como se elas pudessem ter amizade. Poder, podem, mas dificilmente ocorreria fora de um vídeo de promoção. Crossing Brazil's Racial and Class Divide (Conhecendo a Divisão Racial e de Classes do Brasil):
What You Need to Know About the Political Meltdown in Brazil (O Que Você Precisa Saber Sobre o Dissolvição Política no Brasil):
http://fortune.com/2016/04/20/brazil-dilma-rousseff/
