segunda-feira, 2 de maio de 2016

So Green Wild

Tradução metida, livre e impertinente, porque o povo brasileiro merece (ou será que não?). O norte-americano Gleen Greenwald sabe mais sobre o Brasil do que todos nós "amuntoados" como uma "tuia de excremento que nós somos".

Para Entender a História Como Ela É no Brasil, Preste Atenção em Quem Está Sendo Preparado para Ser Presidente - e Seus Chefes de Finanças

Por Glenn Greenwald

http://www.informationclearinghouse.info/article44523.htm

24 de abril de 2016 "Information Clearing House" (A Casa do Esclarecimento da Informação) - "The Intercept" (O Interceptador) - Não é fácil para pessoas de fora se nortearem através de todas as reivindicações que concorrem para a crise política do Brasil e dos esforços contínuos para derrubar sua presidenta, Dilma Rousseff, que ganhou a reeleição a pouco mais de 18 meses atrás, com 54 milhões de votos. Mas o meio mais importante para compreender a verdadeira natureza anti-democrática do que está ocorrendo é olhar para a pessoa que os oligarcas brasileiros e seus órgãos de comunicação social estão tentando instalar como presidente em seu lugar: o vice-presidente contaminado pela corrupção, profundamente impopular e servidor da oligarquia, Michel Temer. Se você fizer isso vai lançar uma luz resplandescente sobre o que está realmente acontecendo, e vai iluminar por que o mundo deveria estar profundamente perturbado com isso.

Chefe da sucursal do The New York Times no Brasil, Simon Romero, entrevistou Temer esta semana, e é assim que seu excelente artigo começa:
RIO DE JANEIRO - Uma pesquisa recente constatou que apenas 2 por cento dos brasileiros votariam nele. Ele está sob investigação a respeito de testemunho ligando-o a um escândalo colossal de desvio de dinheiro. E um tribunal de justiça decidiu que o Congresso deve considerar um processo de impeachment contra ele.
Michel Temer, vice-presidente do Brasil, está se preparando para assumir o comando do Brasil no próximo mês se o Senado decidir levar a presidente Dilma Rousseff para julgamento.

Grosseiro mas engraçado, não acha?
Como é que qualquer pessoa racional pode acreditar que é a raiva contra a corrupção que está liderando o movimento da elite para remover Dilma quando ela já está instalando alguém no lugar da presidenta que é acusado de corrupção muito mais grave do que ela? É uma farsa óbvia demais. Mas ainda há algo bem pior.

A pessoa que é a terceira na fila para a presidência, logo atrás de Temer, foi exposta como descaradamente corrupta: o fanático evangélico e presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Ele é a figura principal que liderou o processo de impeachment, embora tenha sido pega no ano passado por receber milhões de dólares em subornos em contas bancárias na Suíça, depois de ter mentido ao Congresso quando falsamente negou que tivesse quaisquer contas em bancos estrangeiros. Quando Romero pediu a Temer sua posição com relação a Cunha quando ele tomar o poder, isto é o que Temer respondeu:
Michel Temer se defendeu dizendo que seus principais aliados estão sob uma nuvem de acusações no esquema. Ele manifestou apoio a Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados metido em escândalo, que está liderando o processo de impeachment no Congresso, dizendo que não iria pedir a Eduardo Cunha para renunciar. O Cunha é o próximo na fila de sucessão à presidência se Michel Temer tomar o poder.
Só um troglodita engole que foi por acaso que o desabafo caiu
na rede social, seu minino. Quando eu era da escola primária,
testa grande era conhecida com aeroporto de mosquito, mas
na realidade deve ser muita inteligência
Por si só, isso demonstra o golpe maciço ocorrendo aqui. Como escreveu meu parceiro, David Miranda, esta manhã em sua opinião no The Guardian: "Agora se tornou claro que a corrupção não é a causa do processo para derrubar a presidenta do Brasil duas vezes eleita; em vez disso, a corrupção é apenas o pretexto." Em resposta, as elites da mídia do Brasil vão alegar (como Temer fez) que, uma vez Dilma seja impedida, em seguida os outros políticos corruptos irão ser chamados à responsabilidade com toda certeza, mas todos sabem que isso é falso, o apoio chocante de Temer a Cunha deixa isso bem evidente. De fato, relatos da imprensa mostram que Temer está a planejar instalar como procurador-geral - o contacto chave do governo para a investigação da corrupção - um político especificamente indicado para essa posição por Cunha. De acordo com a opinião de Miranda, ela explica: "O plano real por trás do impeachment de Rousseff é colocar um fim na investigação em curso, desse modo, protegendo a corrupção, ao invés de puní-la."

Mas há mais um motivo vital a conduzir tudo isso. Olhe para quem vai assumir a economia e as finanças do Brasil, uma vez a vitória eleitoral de Dilma seja anulada. A duas semanas atrás, a Reuters informou que a escolha da liderança de Temer para gerenciar o banco central é o presidente do Goldman Sachs no Brasil, Paulo Leme. Hoje, a Reuters informou que "Murilo Portugal, o chefe de lobby mais poderoso da indústria bancária do Brasil" - e funcionário do FMI de longa data - "emergiu como um forte candidato a se tornar ministro das Finanças, se Temer tomar o poder." Temer também prometeu que irá promover a austeridade para a população já sofrida do Brasil: Ele "tem a intenção de reduzir o governo" e "reduzir os gastos."

Este vai ser seu novo presidente em 2018, vá se preparando, se
Temer não temer e Cunha deixar, claro. Ele não é uma simpatia?
Melhor ainda quando está falando com sotaque de Gerard Butler,
vale por 300.
Através de ligações na última sexta-feira com o JP Morgan, o regozijante CEO do Banco Latinoamericano de Comércio Exterior SA, Rubens Amaral, descreveu explicitamente o impeachment de Dilma como "um dos primeiros passos para a normalização no Brasil", e disse que, se o novo governo de Temer implementar as "reformas estruturais" que a comunidade financeira deseja, em seguida "definitivamente haverá oportunidades." Notícias sobre os nomeados preferenciais de Temer fortemente sugerem que Rubens Amaral - e seus companheiros plutocratas - vão ficar muito satisfeitos.

Enquanto isso, os órgãos de comunicação social brasileira dominantes como Globo, Abril (Veja), Estadão - sobre os quais a opinião de Miranda discute extensamente - estão praticamente unificados em apoio ao impeachment, de acordo com No Dissent Allowed (Nenhuma Dissidência Admitida), e têm incitado os protestos de rua desde o início. Por que isso nos é tão revelador? Os Reporters Without Borders (Repórteres Sem Fronteiras) divulgaram ontem seu 2016 Press Freedom Rankings (Ranking de Liberdade de Imprensa de 2016), e classificaram o Brasil em 103.º lugar no mundo por causa da violência contra os jornalistas, mas também por causa deste fato fundamental: a "propriedade da mídia continua a estar muito concentrada, especialmente nas mãos de grandes famílias de industriais que estão muitas vezes ligados à classe política." Não é claro como um cristal o que está acontecendo aqui?

Então, para resumir: as elites financeiras e os meios de comunicação brasileiros estão fingindo que a corrupção é a razão para remover a presidenta do país duas vezes eleita uma vez que conspiram para instalar e capacitar os políticos mais corruptos do país. Os oligarcas brasileiros terão conseguindo remover do poder um governo de esquerda moderada, que ganhou quatro eleições em cadeia em nome da representação dos pobres do país, e estão literalmente entregando o controle da economia brasileira (a sétima maior do mundo) para Goldman Sachs e os lobistas da indústria bancária.

E haja saco, dái-me forças, meu Senhor. Tenho cara de resignada?
Esta fraude sendo perpetrada aqui é tão flagrante quanto devastadora. Mas é o mesmo padrão que tem sido repetidamente visto em todo o mundo, particularmente na América Latina, quando uma minúscula elite promove uma guerra como auto-serviço de auto-proteção contra os fundamentos da democracia. O Brasil, quinto país mais populoso do mundo, tem sido um exemplo inspirador de como uma jovem democracia pode amadurecer e prosperar. Mas agora, as instituições e os princípios democráticos estão sendo totalmente assaltados pelas mesmas facções financeiras e de mídia que suprimiram a democracia e impuseram a tirania no país há décadas atrás.

Este artigo nos foi enviado ontem por um amigo cidadão italiano da Europa através de WhatsApp.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são moderados para evitar a destilacão de ódio que assola as redes sociais, desculpem.