domingo, 27 de maio de 2018

Gasolina Flutuante

Só para vocês saberem como é viver no "paraíso" que tanta gente considera irresponsavelmente, na Austrália o preço dos combustíveis variam a cada minuto. 

A cada minuto... foto do francês Jean Jacques Andre
Cada Minuto

A realidade é outra mas tudo converge para o mesmo ponto, concentração de renda mundial, pois alguém sai ganhando com isso e nunca é o mais pobre que se posiciona na rabeira da cadeia, é sempre o mais rico que encabeça a cadeia.

O único líder que não enriquece a cabeça na cadeia é Lula.

Três dias atrás, por exemplo, o posto mais barato de Sydney (conforme aplicativo de celular) cobrava $1,34 dólar australiano o litro de gasolina+álcool (cerca de $3,70 reais), porém a fila estava tão grande que resolvi abastecer na volta. Esta gasolina se chama "unleaded 91" (sem chumbo e com 91 octanas) ou E-10 (ethanol-blended, misturada com 10% de álcool).

O extremo luxo dos caminhões brasileiros...
Quando voltei depois de meia hora, a fila estava ainda maior, no meio da rua, mas o valor havia subido para $1,37, ou seja, o preço subiu com os carros ainda na fila, o que me levou a imaginar o que os motoristas pensavam sobre o preço mudar embaixo de seus narizes enquanto eles esperavam para abastecer.




Passei direto e fui para o segundo posto mais barato que estava a $1.36, conseguindo chegar lá antes do reajuste. O resto dos postos de Sydney estavam entre $1,45 e $1,57 ($4,33 reais) o litro. 

Alguns postos das cadeias mundiais como Shell ou Caltex da Chevron
têm convênios com as imensas cadeias de super-mercados australianos
que dão 4 centavos de desconto por litro, mas estes centavos já estão
embutidos no preço final, então melhor optar por certos postos
australianos mais baratos normalmente, como as redes Budget e Metro,
mesmo que fake news os defamem como tendo gasolina de má
qualidade... que não é mas muita gente cai nessa. Isso é capitalismo.
De acordo com o aplicativo da NRMA (National Roads and Motorists' Association - Associação Nacional das Estradas e Motoristas), aqueles eram os dois postos mais baratos da cidade inteira, por isso havia uma fila naquele primeiro. No outro, acho que não haviam descoberto ainda. Neste fim de semana os preços estavam tão caros que pesquisei a cidade inteira pra saber o que estava acontecendo. Continuei sem saber, mas descobri estes postos mais baratos, que já conhecemos faz tempo.

Em Canberra, a capital da Austrália a 300 km de Sydney, para onde viajo com frequência, os preços variam menos. É como se Canberra fosse emperrada. 

Enquanto em Sydney os preços variam várias vezes por semana, os de Canberra respondem lentamente 1 vez a cada 15 dias, ou no máximo 1 vez por semana. Parece outro país. Tem várias razões para isso, uma delas é que Canberra é considerada cidade das elites empregadas no setor público do governo, então teoricamente se ganha mais. De certo modo isso é verdade, mas nada é nunca assim tão simples. Por serem privilegiados e réfens do governo, os canberranos devem reclamar menos e engolir mais, então tome exploração que eles não chiam.

A única vantagem desse sistema flutuante de acordo com a variação internacional do preço do petróleo é que o preço da gasolina e do diesel funciona como o pinto, tanto sobe quanto desce. 

Ostentação... gasolina para Lamborguiini Aventator, o carro predileto
dos imigrantes do Oriente Médio em Sydney, chama-se Premium
unleaded 95 ou 98 octanas na Austrália
Mesmo devagar, Canberra também baixa e sobe os preços. Porém, em Canberra, tem posto que nunca cai o preço. Por quê? Não é porque toma Viagra, é porque não tem concorrentes por perto. 

Na área ao redor do aeroporto, por exemplo, instalou-se o Costco, que é uma muilti-bilionária rede americana de vendas em grosso presente em 28 países, com o posto mais barato da Austrália, então todos os postos ao redor baixaram seus preços. Mas em outras áreas onde não tem Costco, os preços se mantém às alturas por meses e meses, sem variar. 

Na estrada entre Canberra e Sydney os preços são sempre os mais altos de todos. Existem apenas 4 postos em 300 km, e isso nunca mudou em 20 anos, então eles mandam no pedaço. Isso é capitalismo.

E os brasileiros que vivem na Austrália continuam insistindo que vivem num paraíso.

Sem tetos na praia mais chique do paraíso de Sydney, Manly, recebendo
refeições da comunidade, ignorados pelo governo como os pobres 

brasileiros no Brasil do golpe
No final das contas, você nunca sabe quanto vai gastar de combustível por mês, principalmente as pessoas que viajam, como caminhoneiros. Isso significa que o preço da banana nos super-mercados também varia diariamente. Você nunca sabe quanto vai gastar com bananas, e mesmo entre dois super-mercados de cadeias nacionais diferentes no mesmo shopping-center, os preços da banana variam e são diferentes. Então compramos 3 bananas aqui, e mais 3 alí, no outro super-mercado. A média do quilo de banana é de $2,50 dólares ($6,86 reais), mas chega a $4.50 ($12,35 reais).

A variação de preços nos outros ítems não é assim tão dramática, mas nesse caso ela também depende das ofertas do dia de cada super-mercado. Então muitas vezes você leva muitos produtos iguais para aproveitar o desconto, gastando mais naquela semana, e menos nas outras, um verdadeiro jogo de cartas marcadas em que você sempre sai perdendo, mesmo que ache que está ganhando, todo feliz. O que você ganha mesmo é uma banana.

Neste paraíso a aposentadoria também é privada e aplicada no mercado financeiro, ou seja, no final da vida pode lhe restar zero dólar para se aposentar depois de 30 anos de contribuição pois além do mercado flutuar e você perder ou ganhar menos, muitos bancos entram em falência. Isso é capitalismo. 

Ma come vendere, figlio mio? Dammelo, ti darò il tuo con le mani pulite.
(Mas verder como, meu filho? Dá pra mim que dou de votla com a ficha
limpa).
Vem pra Austrália! Vem flutuar na maionese. 

O Brasil do golpe entreguista quer ser primeiro mundo, ser paraíso, então copia estas economias mundiais que para os irresponsáveis são lideradas pelos países anglos. Naturalmente que "líderes" inconscientes da realidade brasileira imaginam que é só copiar que está tudo certo. A quantas décadas estas pessoas copiam o tal primeiro-mundo? Verdade que tudo só fica bom para elas mesmas, e isso porque elas vendem suas decisões e garantem seus privilégios. 

Ma come vendere, figlio mio? 

Aí é onde a porca torce o rabo. A explendorosa Lava Jato mostrou como se faz, como se vende a alma ao diabo, e são de muitas formas, contas bancárias, malas, paraísos de verdade, fiscais, jóias... A Lava Jato tem servido pra alguma coisa afinal de contas, se bem que a mídia brasileira também costumava denunciar tudo o que não prestava por décadas mas nunca deu jeito, o que dá sempre no mesmo, e nada muda.

Enquanto isso, o brasileiro trocou o complexo de vira-lata pelo de cachorro-louco.

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