domingo, 20 de maio de 2018

O Racismo Real

Totalmente contra a onda de racismo no Brasil, ontem assistimos na TV aberta australiana o casamento do príncipe Harry com a atriz Meghan Markle ao vivo...

Obviamente que não somos do tipo casamento, e muito menos de assistir a casamentos reais, mas nesse caso tratou-se de mais uma polêmica mundial que nos interessou particularmente. Como eu estava na frente da TV sob comando da minha mulher desta vez, tudo o que fiz foi absorver, e acabei muito interessado, assistindo tudo até a última gota.


Capela de Windor onde se deu o casamento (gettyimages)
Uma perfeição de casamento, porém repleto de contradições.

Primeiro, o ruivo príncipe Harry britânico casando com uma... negra americana.


Escândalo na família real. Porém, se subirmos mais um pouco e observarmos o mundo como se fôssemos um drone ou um Jesus Cristo, haveríamos de identificar vários pontos importantes na escalada mundial dos acontecimentos.


Primeiro, Harry é o melhor herdeiro de sua mãe, Lady Di, aquela que foi alçada à nobreza e tornou-se cartão postal da família real britânica, saindo pelo mundo quase de pés descalços metidos na lama, visitando os necessitados onde quer que eles estivessem, e a mesma que foi assassinada porque se atreveu a namorar um muçulmando justo quando a guerra eterna aos terroristas estava sendo lançada pelo governo mundial das sombras. Aí foi demais.


Príncipe Harry e atriz Meghan de cabelo duro (gettyimages)
Lógico que só teorias da conspiração dizem que alcoolizaram seu motorista e deram um tranca no seu carro dentro de um túnel assim como entupiram Michael Jackson de pílulas mortais quando ele estava para anunciar sua conversão ao muslinato. Teorias da conspiração realmente nos deixam muito o que pensar, mas são só isso mesmo, imaginação de lunáticos...

Harry tinha que mostrar ao mundo um pouco da inconveniência da sua mãe, e abraçou a causa do racismo de corpo e alma ao unir-se não só a uma negra do cabelo duro como àquela cuja família é tão reduzida quanto jamais seria real. A pobre mãe sozinha naquele acontecimento majestoso nos deu uma sensação de triste abandono coitadinho à mercê da bondade real como o mundo esfomeado espera pelo cuidado dos governos como o de Lula. Salva pelo vermelhão príncipe Charles, muito cordial como manda sua posição.


Num belo gesto exemplar, Harry, o militar mais popular nos regimentos britânicos, mostrou que pode ser altruísta e modificar os rumos do mundo radicalmente, nadando contra a onda de racismo que cresce em todo o planeta, inclusive naquele Brasil que, ora pois convenhamos, exatamente neste momento discrimina os negros mais do que nunca na história recente e descaradamente. E tome porrada real, negada nojenta.


O virtuoso violoncelo do britânico filho de mãe da Serra-Leoa e pai de 
Antigua, Sheku Kanneh-Mason, o primeiro músico negro a ganhar o
prêmio BBC de músico do ano em 2016, escolhido do príncipe Harry 
para tocar "Sicilienne" de Maria Theresia von Paradis, "Après un Rêve" 
de Gabriel Fauré e "Ave Maria" de Franz Schubert em seu casamento,
10 minutos de vídeo para acalmar seus nervos

Pois fiquem sabendo, coxinhas metidos a brancos, que a família real britânica está dando-lhes uma rasteira majestosa e um grande tabefe na cara. Bastou ver a cena do príncipe Charles, seu pai, pegando a mão da mãe de Meghan e escoltando-a onde quer que ela fosse, com um apreço tocante. E nem lenço ele usou para limpar sua mão depois...


O envidraçado Bentley State limusine que transportou a rainha
Elizabeth ao gosto de limão
Num casamento com direito a ironia britânica quando Harry errou e disse "I will" no lugar de "I do", e todo mundo copiou, o casal desfilou de carruagem pelo meio do povo de Windsor, escoltado por soldados vestidos de vermelho (Lula Livre) sem nenhuma arma à vista e nem carros blindados como aconteceria se fosse nos Estados Unidos pavorosos de hoje.

Na cerimônia gloriosa não faltou o incrível desfile dos bizarros carros britânicos, para quem gosta (como eu). Foi carro, qualquer um é belo e tem uma história artística.


Rolls-Royce Phantom IV 1950 que teve a honra de transportar Meghan
 e sua mãe ao seu casamento real
A rainha Elizabeth de 92 anos de idade, fantasiada de Limão, com o marido Philip, Duque de Edimburgo, de 96, chegaram no Bentley State Queen, presente de bodas de ouro ganho em 2002 da Confederação Britânica de Fabricantes de Automóveis, com motor bi-combustível e teto translúcido, sob um sol maravilhoso e bem raro naquelas paragens, rodeada de grandes vidros tornando-os bem visíveis para os acenos discretos à plebe ao redor.

Rachel e sua mãe Doria Ragland (que não poderia ser parente do branco Doria brasileiro de jeito nenhum, imagina, o qual agora daria um donut para andar de Rolls-Royce) chegaram à capela num dos únicos 16 clássicos Rolls-Royce Phantom IV, construídos em 1950, naquele que foi o primeiro Rolls da rainha enquanto ainda era princezinha.


Daimler DS 420 1992 limusine que transportou a equipe de apoio infantil
A duquesa de Cambridge, Kate Middleton, chegou junto com amigos de Rachel, o esquadrão mirim de seis mini damas de honra e quatro mini pagens, incluindo o príncipe George e a pincesa Charlotte nas últimas 3 clássicas semi-limusines Daimler DS 420 de 1992 existentes.

Para a recepção na Frogmore House (que não significa casa do maior sapo barbudo) perto do castelo de Windor, o casal Harry e Meghan pegou um Jaguar E-TYpe Concept Zero de 1968 porém convertido para motor elétrico e placa E190518 (19 de maio de 2018).


Jaguar E-TYpe Concept Zero de 1968 convertido para motor elétrico
Depois do casamento, o casal Harry e Meghan pegou uma carruagem Accot Landau puxada pelos célebres cavalos cinzentos pai e filho Storm e Tyrone bem ao estilo antigo, uma das mais finas carruagens da coleção real, a fim de acenarem para o povo plebeu em alta concentração ao longo do caminho inteiro na cidadezinha de Windsor, entre a Capela e o Castelo através do Long Walk (longa calçada) pela High Street (rua drogada, digo, alta, digo... é, isso mesmo, alta).

Does It Suit You? (Tá Bom pra Você?)


Eu já tinha dormido com Meghan Markle, adoro aquela garota. 


Por vezes assistia a seus capítulos até tão tarde que dormia com eles e ela dentro. 


Trata-se da minha série de TV favorita, a norte-americana Suits (Ternos), que se dá em Nova Iorque, mostrando os quiprocós e as aventuras de advogados de altíssimo padrão no meio da cachorrada jet-set, no topo da cadeia de corrupção empresarial. 


O que me deixa extasiado é o raciocínio lépido e as armações inteligentes desta turma.


Jessica, Louis, Rachel (Meghan), Harvey e Mike da série de TV Suits
A empresa de advocacia Pearson Hardman que no final da série foi renomeada para Pearson Specter Litt vira-se como brasileiros entupidos de jeitinhos a fim de sobreviverem, e as aventuras incluem a incrível amizade estilo bromance entre os dois principais protagonistas, Harvey (Gabriel Macht) e Mike (Patrick J. Adams), este casado com Rachel Zane que é Meghan Markle mas só na série. Rachel é uma advogada negra récem-formada, de pai advogado importante negro e concorrente, e a dona da empresa também é a negra Gina Torres denominada Jessica Pearson na série, um exagero em termos de classe, com mão-de-ferro misturada com uma certa dose de sentimentos.

Em resumo, a série trata da necessidade de um associado, o grande advogado corporativo de Manhattan, Harvey Specter, quando contrata o único cara que o impressionou - o fugitivo da universidade Mike Ross. O fato de Ross não ser de fato um advogado não interessa a Specter, que acredita que seu novo braço direito é um prodígio legal com a inteligência de um graduado de Direito em Harvard e sagacidade de um mané da rua. No entanto, a fim de manter seus empregos, a charada deve permanecer estritamente entre esses dois profissionais pouco convencionais e polêmicos, o que faz um brasileiro amar a inconveniência de cada capítulo da série.


Os cavalos Storm e Tyrone puxaram a nova princesa negra através de
Windor numa carruagem conversível de 4 lugares
Até a secretária mulher-maravilha Sarah Rafferty, um primor em super-eficiência, que faz Donna Paulsen e o controvertido Rick Hoffman que faz o advogado traiçoeiro Louis Litt na série que, apesar disso, ainda tem coração, estavam presentes no casamento da magnânima megalomaníaca Meghan. Claro que ela não é isso, foi só mania minha de jogar com as palavras, porém parece que para sua família, ninguém jamais acreditaria que ela fosse capaz de chegar tão longe, diante do que eles andaram aprontando.

No fim, o espetáculo mundial do Royal Wedding (Casamento Real) do ano na Capela de São George do Castelo de Windsor, a 40 quilômetros de Londres, repleta de celebridades negras como Selena Williams e Oprah Winfrey, foi uma mistura de cores extraordinária, com figuras negras pululando no meio dos rosados reais num mundo cada dia mais racista. Era negro para todo lado, bem melhor do que na novela Segundo Sol da Globo, ambientada na Bahia. Excelentes corais negros, pastores negros de ambos os sexos promovendo todas as religiões (acho que pularam os muçulmanos que aí já seria demais) e até violoncelista negro em destaque no palco.


Sinal dos tempos. Enquanto isso, Lula, que nem negro é, mas foi pobre, permanece preso numa masmorra solitária do Brasil, até bem pouco tempo considerado como o país multi-cultural mais tolerante do mundo...


Não sou fã absolutamente de famílias reais, mas vamos sê-lo com classe como nesse casamento. Afinal, e se o mundo estivesse nas mãos da classe jurídica brasileira ao invés de nas mãos de uma família real britânica, o que seria de nós? 


Pense bem...

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