segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Grilhões

Grilhões não são grilos grandes como eu pensava quando era menino. Grilhões são algemas que lhe prendem e tolhem sua liberdade. Hoje, no Brasil, você se tornou escravo sob os grilhões da mídia corporativa. São grilhões invisíveis, grilhões da cabeça, que você jura que não existem. Tem armadilha mais perfeita do que essa? Chama-se "controle da mente".

O Grilo Falante de Disney e sua medalha de
Consciência Oficial vivia infernizando a vida de
Pinóquio, aquele cujo nariz crescia quando
mentia
Quando eu lia sobre este assunto nas minhas revistas (minhas porque continuo as adquirindo nas bancas da Austrália), não entendia direito e deixava pra lá, inacabados aqueles insistentes artigos sobre "controle da mente". Depois de vários anos, vim a entender finalmente sobre o que aqueles artigos estavam falando: sobre a manipulação das mentes comuns, como a minha e a tua, através de armas invisíveis mas tão poderosas ao ponto de destruir países e nações sem usar uma arma, apenas provocando o ódio entre nós mesmos. Como no Brasil, armas como a mídia corporativa e as redes sociais. Era aquilo que estava sendo criado e desenvolvido nos laboratórios norte-americanos, parte do tal "governo das sombras".

Não é muito fácil escapar do controle da mente mundial, pois isso não é coisa apenas aplicada no Brasil dos vira-latas, mas a gente pode escapar. Começa por desligar a TV.

Não. Pode deixá-la ligada. O que se deve fazer é aplicar o senso crítico a tudo o que se ouve e se vê, a fim de concatenar a racionalidade. Exercitar sua inteligência. Largar de ser idiota, pensar por si mesmo, enfrentar as críticas da família, dos amigos e dos colegas de trabalho, ou então, calar-se a assistí-los se engalfinharem. Mas por favor, não sorria. E o principal: ache fontes alternativas nem que a vaca tussa.

O problema de não ter com o que comparar é que você também pode enveredar pelo lado errado, pela contra-mão ao ignorar os outros. É por isso que torna-se imprescindível ter bom senso e desenvolver a consciência para, inclusive, selecionar as alternativas de informação. Nutrir seu Grilo Falante. Trocar os grilhões pelos grilões.

É livrando-se dos grilhões da mente que se pode entender melhor o que o canditado a presidente chamado Bolsonaro diz, por exemplo, bem como sua parelha Cabo Daciolo. Eles não dizem apenas asneiras, o problema é que não sabem o que dizem com "profundidade" e o pior pecado deles é não terem conceito de contexto. 

Conceito de Shangrilá
“O português nem pisava na África. Foram os próprios negros que entregavam os escravos”, disse Bolsonaro durante entrevista a jornalistas no programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 30/07/2018. Do mesmo jeito o Cabo Daciolo reproduz as denúncias extremamente profundas do saudoso Enéas, médico cardiologista, físico, matemático, professor, escritor, político e também candidato à presidência do Brasil em 1989, 1994 e 1998, que na época até eu o considerava bizarro demais, quanto mais as pessoas comuns.

Eu? Mas quem sou eu? Apenas alguém que considera conspirações e por isso enxerga um pouco mais além... apois até as conspirações neste momento também estão sendo atacadas por fake news. Não se pode mais nem confiar nelas, pois estão sendo manipuladas, por causa do número crescente de adeptos. É para confundir mesmo.

O portão para o Shangrilá seria mais on menos como a Ponte para o
Futuro, digo, a Ponte do Imperador em Aracaju, Estado de Sergipe, na
minha cabeça
A alguns meses atrás revi umas entrevistas do Enéas no Youtube e me surpreendi como ele já denunciava tudo o que aprendi durante estes 20 anos lendo a literatura "alternativa" divulgada na Austrália. Ou seja, eu estava 20 anos atrasado e, se tivesse permanecido no Brasil, jamais avançaria tanto em direção ao desconhecido. E nem precisa falar se todo esse tempo eu estivesse lendo Veja e assistindo ao Jornal Nacional! Como meus amigos e parentes! Hoje seria uma anta beócia... não que eles sejam, não, não, não.

Certa vez li uma história que dizia que, para os africanos, partir nos navios negreiros era como ir morar no Shangrilá da América, o paraíso inimaginado, então eles próprios faziam fila no porto a fim de embarcarem na jornada de sofrimento e escravidão sobre as quais eles jamais saberiam de ante-mão, pois ninguém voltava pra contar a história verdadeira... e não existia internet. Ou seja, eles eram vítimas de fake news e propaganda boca-a-boca, na boca-pequena de suas redes sociais.

Por outro lado, os portuguêses que os traficavam realmente não precisavam descer dos navios e pisarem na África. Eles seriam os judeus, e como tais, acreditavam que os estavam levando para melhorar suas vidas de pobreza e desnutrição, ou seja, estavam fazendo um trabalho humanitário. Tudo é uma questão de contexto. Vai ver que os africanos atá pagavam ao traficante de almas, como os refugiados fazem hoje em dia e certos brasileiros pagam para trabalharem de faxineiros no shangrilá do tal primeiro mundo.

Verdade ou não, morriam tantos escravos nos navios quanto exploradores a bordo das naus do descobrimento e refugiados em barcos deteriorados, então este fato podia não concorrer com o acúmulo de atrocidades praticadas contra os negros na história da humanidade.

Em outras palavras, Bolsonaro pode ter razão, com um pouco de distorção de quem ouviu o galo cantar mas não sabe onde. Eu digo "pode" porque é difícil você achar um texto assim, que conte a verdade sob um ponto de vista lógico e verossímil. Nos dias de hoje fica difícil até acreditar no holocausto germânico durante a Segunda Guerra Mundial, porque enquanto aparecem estatísticas sobre 700 mil mortos nas câmaras de gás aparentemente processadas pelos judeus nas cortes, os próprios judeus pediam ajuda aos americanos denunciando mais de 6 milhões de vítimas em anúncios publicados em jornais. Tudo fake news? Quem está mentindo mais ou menos?

Bem, 700 ou 6 milhões na realidade não interessa pois foram mortas pessoas do mesmo jeito, e mais ou menos pessoas não diminuem o crime, assim como o crime germânico não é menor do que o crime das bombas atômicas. Tudo é crime. Porém, se o crime é matar pessoas, o golpe no Brasil não matou ninguém (as mortes acontecidas depois são efeitos colaterais). O crime foi matar tua capacidade crítica. Crime moderno, sem digitais.

Então, se for por conta dos absurdos divulgados pelos candidatos militares ou pseudo-militares, este não seria o motivo de não votar neles, pois estão teoricamente falando a verdade. O motivo seria outro e bem mais abrangente, que só uma pessoa com capacidade crítica pode identificar. Aqueles que sofrem lavagem cerebral diariamente e por tantos anos são crônicos, impossíveis de usarem a inteligência. Pessoas que ligam os pontos errados. Pessoas que vivem em outro país dentro do Brasil, a Coxinlândia dos cochichos e conchavos, sob comando artístico marrom. Não deixe o chamba morrer.

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