domingo, 26 de junho de 2016

Brics in the Wall

Esta reportagem é velha, de 3 meses atrás, mas ainda está bem atual.

Lula e o BRICS em Luta Até a Morte

Publicado 11 de março de 2016 | Por Pepe Escobar

http://www.doomsteaddiner.net/blog/2016/03/11/lula-and-the-brics-in-a-fight-to-the-death/


Até o final de 2014, ficou claro que os suspeitos habituais de sempre iriam sem nenhum pudor desestabilizar a sétima maior economia global, visando a velha e boa mudança de regime através de um cocktail funesto envolvendo o impasse político ("ingovernabilidade") arrastando a economia para a lama. 


As inúmeras razões para o ataque incluem a consolidação do banco de desenvolvimento do BRICS; o esforço concertado do BRICS para negociação em suas próprias moedas , ignorando o dólar norte-americano e com o objetivo de uma nova moeda de reserva global para substituí-lo; a construção de um grande cabo de telecomunicações de fibra óptica submarina entre Brasil e Europa, bem como o cabo BRICS a unir a América do Sul com a Ásia Oriental - ambos ignorando o controle dos EUA. 

E acima de tudo, como de costume, o crème-de-la-crème - conectados com o desejo ardente do regime Exceptionalistan privatizar a imensa riqueza natural do Brasil. Mais uma vez, o petróleo. [Este texto em azul é repeteco do post Exceptionalistan sob sub-título Síndrome Bipolar]

Peguem Lula Senão

O WikiLeaks já havia exposto como lá por volta de 2009 o Grande Petróleo (Big Oil) estava ativo no Brasil, tentando modificar - por todos os meios de extorsão necessários - uma lei proposta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como Lula, estabelecendo a rentável Petrobras estatal como a operadora-chefe de todos os blocos offshore na maior descoberta de petróleo do jovem século 21; os depósitos do pré-sal.

Lula não só manteve o Big Oil - especialmente a ExxonMobil e a Chevron - fora do quadro, mas ele também abriu a exploração de petróleo brasileiro à Sinopec da China, como parte do Brasil-China (BRICS dentro BRICS) parceria estratégica.


Lula pagando, quem quer dinheirôooo!
O inferno não tem fúria como o regime Exceptionalistan sentindo-se desprezado. Como o Mob (vulgo Máfia), ele nunca perdoa; Lula um dia teria que pagar, como Putin deve pagar para se livrar dos oligarcas amigos dos Estados Unidos.

A bola começou a rolar com Edward Snowden revelando como a NSA estava espionando a presidenta brasileira Dilma Rousseff e altos funcionários da Petrobras. Ele continuou com o fato da Polícia Federal cooperar, receberem treinamento e / ou serem alimentados de perto tanto pelo FBI como pela CIA (principalmente na esfera anti-terrorismo). E prosseguiu através da investigação "Lava Jato" de dois anos de idade, que descobriu uma vasta rede de corrupção envolvendo jogadores dentro Petrobras, principais construtoras brasileiras e políticos do Partido dominante dos Trabalhadores.

NSA Espionou os Presidentes do Brasil e do México – Greenwald


A rede de corrupção é real - com "prova", geralmente oral, raramente apoiada por documentos, obtidas principalmente de mentirosos seriais - trapaceiros - cafajestes astutos que detonam alguém sorrateiramente como parte de um acordo judicial.

Mas, para os promotores da "Lava Jato", o negócio real foi, desde o início, como enredar Lula.

Conheça o Elliott Ness Tropical

Isso nos leva à cena espetacular de Hollywood promulgada na sexta-feira em São Paulo que enviou ondas de choque ao redor do mundo. Lula "detido", interrogado e humilhado em público. Assim é como eu analisei o fato ​​em detalhe.



O Plano A da blitz ao estilo de Hollywood para Lula era um ambicioso salto duplo; não só preparar o caminho para o impeachment da presidenta Dilma Rousseff ao abrigo de uma armação como "culpada por associação", mas para "neutralizar" Lula de uma vez, impedindo-o de candidatar-se para presidente novamente em 2018. Não havia um plano B.

Previsivelmente - como em muitos casos de armação do FBI - toda a operação saiu pela culatra. Lula, em um discurso político master class transmitido ao vivo em todo o país, não só de forma convincente, ventilou-se a si mesmo como o mártir de uma conspiração, mas também re-energizou suas tropas; conservadores, mesmo os respeitáveis ​​vocalmente condenaram o show de Hollywood, de um ministro do Supremo Tribunal Federal para um ex-ministro da Justiça, bem como o top economista Bresser Pereira, um dos fundadores do PSDB - os ex-social-democratas tornados aliados do regime Exceptionalistan aplicadores e líderes neoliberais da oposição de direita.

Bresser realmente declarou que o Supremo Tribunal Federal deveria intervir na Lava Jato para evitar abusos. Lula, por exemplo, tinha pedido para o Supremo Tribunal os detalhes relevantes para a jurisprudência investigar as acusações contra ele. Além disso, um advogado no centro do palco durante a blitz de Hollywood disse que Lula respondeu a todas as perguntas durante as quase quatro horas de interrogatório sem piscar - perguntas que ele já tinha respondido antes .

O Advogado Celso Bandeira de Mello, por sua vez, foi direto ao ponto: a classe média alta brasileira - que inclue uma grande quantidade em grande parte terrível a chafurdar na arrogância, ignorância e preconceito, cujo sonho é um condomínio em Miami - estão com medo e pavor de morte que Lula possa se candidatar, e ganhar de novo, em 2018.


Sérgio Moro
E isso nos leva ao juiz e carrasco de todo o drama: Sergio Moro, ator principal da Lava Jato.

A carreira acadêmica de Moro é pouco emocionante. Ele não é exatamente um peso pesado teórico. Formou-se como advogado em 1995 em uma universidade medíocre no meio do nada em um dos estados do sul do Brasil e fez algumas viagens para os EUA, uma delas financiada pelo Departamento de Estado para aprender sobre lavagem de dinheiro.

Como eu disse antes, seu chef-d'oeuvre é um artigo publicado lá por volta de 2004 em uma revista obscura (em Português apenas, intitulado Considerações Sobre a Operação Mãos Limpas, na revista CEJ - Centro de Estudos Judiciários, número da edição 26, julho / setembro de 2004), onde ele claramente exalta "subversão autoritária da ordem jurídica para atingir alvos específicos" e usando a mídia para intoxicar a atmosfera política.


Em poucas palavras, o juiz Moro literalmente transportou a notória investigação Operação Mãos Limpas ("Mani Pulite") da década de 1990 para o Brasil - instrumentalizando ao máximo a mídia e o Judiciário para conseguir uma espécie de "deslegitimação total" do sistema político. Mas nem todo o sistema político; apenas o Partido dos Trabalhadores, como se as elites compradoras permeando o espectro da direita do Brasil fossem anjos querubins.

Por isso, não é nenhuma surpresa que o primeiro a apoiar Moro no desenrolar da Lava Jato é o oligopólio da família Marinho, o império Globo de mídia - um ninho reacionário, e não muito inteligente, víboras que nutriam relações muito confortáveis ​​com a ditadura militar brasileira da década de 1960 para a década de 1980. Não por acaso, a Globo foi a primeira informada sobre a "prisão" de Lula estilo Hollywood antes do fato acontecer, o que lhe permitiu investir na cobertura geral estilo CNN.


Moro mora no globo terrestre
Moro é visto por legiões no Brasil como o Elliot Ness indígena. Outros advogados que têm acompanhado de perto seu trabalho, contudo, dão a dica de que ele abriga a fantasia distorcida de que o Partido dos Trabalhadores é como uma multidão de parasitas saqueando o aparelho do Estado com o objetivo de entregá-lo, em pedaços, aos sindicatos.

De acordo com um desses advogados que falaram à mídia independente brasileira, um ex-presidente da Ordem dos Advogados no Rio, Moro está rodeado por um bando de jovens promotores fanáticos, com pouco conhecimento jurídico, e posando como o brasileiro Antonio di Pietro (mas sem a solidez do procurador milanês do "Mãos Limpas"). Pior, Moro é indiferente ao fato de que a implosão do sistema político italiano levou ao surgimento de Berlusconi. No Brasil, seria certamente levar ao surgimento de um palhaço idiota de vila apoiado pelo império Globo, cujas práticas de oligopólio são bastante Berlusconianas.

O Pinochet Digital

Um caso pode ser criado pelo fato da blitz Hollywoodiana de Lula deter um paralelo direto com a primeira tentativa de golpe de Estado no Chile em 1973, a qual testou as águas em termos de resposta popular antes que o negócio real fosse feito. No Remix brasileiro, variados vermes da mídia Globo posam de Pinochet digital. Pelo menos várias ruas em São Paulo hoje apresentam grafites do tipo "Golpe militar - nunca mais".


Vingança malígrina...
Sim, porque se trata de um golpe branco - sob a forma de um impeachment para Rousseff e enviando Lula para o cadafalso. Porém velhos hábitos (militares) são difíceis de morrer; os vermes da mídia Globo estão agora exaltando o Exército a tomar as ruas para "neutralizar" as milícias populares. E este é apenas o começo. Direitistas estão se preparando para uma mobilização nacional no domingo pedindo pelo - que mais podeira ser? - impeachment de Dilma. [Lembrem, esse artigo é ancião]

O mérito da Lava Jato é investigar a corrupção, o conluio e o tráfico de influência no imensamente corrupto Brasil. Mas tudo, todas as facções políticas, deve ser investigado - incluindo as que representam as elites compradoras brasileiras. Mas isso não é o caso. Porque o projeto político aliado à Lava Jato não poderia se importar menos com a "justiça": a única coisa que importa é perpetuar uma crise política viciosa como meio de arrastar a sétima maior economia do mundo para o meio da lama e chegar-se ao Santo Graal: um golpe branco, ou a velha e boa mudança de regime total. Mas 2016 não é 1973, e todo o mundo agora sabe quem são os otários que engolem a mudança de regime.

Pepe Escobar é o autor de Globalistan: Como o Mundo Globalizado Está se Dissolvendo na Guerra Líquida (Nimble Books, 2007), Red Zone Blues: Um Instantâneo de Bagdá Durante o Surto (Nimble Books, 2007), e Obama Faz Globalistan (Nimble Books, 2009).

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