terça-feira, 27 de setembro de 2016

Brasil Estuprado

Dei de cara com este artigo que parece tão bom quanto a série "Revolução Azeda" que traduzi por volta de abril de 2014, todos estrangeiros. Como não encontrei tradução para o Português, me dei ao trabalho de fazê-lo livremente, aproveitando para divulgá-lo e ao récem-descoberto site que tem notícias em Português também (mas não esse artigo). Trata-se do The Centre for Research on Globalization (CRG). O Centro de Investigação sobre a Globalização é uma organização independente de pesquisa e mídia baseada em Montreal. O CRG é uma organização sem fins lucrativos registrado na província de Quebec, no Canadá.

Washington Tenta Quebrar o BRICS.
O Estupro do Brasil Começa, em Nome de Wall Street...



Global Research, 25 de setembro de 2016
New Eastern Outlook, 24 de setembro de 2016

A máquina de mudanças de regime de Washington conseg
uiu, por enquanto, remover um elo importante da aliança das grandes nações emergentes por meio de um encarrilhamento no Senado de um impeachment na presidenta eleita, Dilma Rousseff.

Governo da salvação
Em 31 de agosto, seu vice-presidente Michel Temer foi empossado como presidente. Em seu primeiro discurso como presidente, o cínico Temer clamou por um governo de "salvação nacional", pedindo a confiança do povo brasileiro. Ele indicou planos para a reforma, e também sinalizou sua intenção de refazer as leis do sistema de aposentadorias e do trabalho, cortando gastos públicos, todos temas adorados pelos bancos de Wall Street, pelo FMI - Fundo Monetário Internacional e pelo Consenso de Washington. Agora, depois de menos de três semanas no trabalho, Temer revelou planos para a privatização das jóias da coroa do Brasil por atacado, começando com o petróleo. O estupro planejado por Wall Street no Brasil está prestes a começar.

Dilma Rousseff
É importante ter em mente que a presidente eleita Dilma Rousseff não foi condenada, ou mesmo formalmente acusada de qualquer ato concreto de corrupção, mesmo que a mídia mainstream pró-oligarquia do Brasil, liderada pelo Grupo O Globo do bilionário Roberto Irineu Marinho, tenha promovido uma campanha de difamação criando a base para o descarrilhamento de Rousseff num processo formal de impeachment perante o Senado. A mudança ocorreu após a oposição, o PMDB de Temer, em 29 de março, quebrar sua coalizão com o Partido dos Trabalhadores de Rousseff, com acusações de corrupção ligadas à Petrobras sendo feitas contra Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 31 de agosto, 61 senadores votaram p
ara removê-la enquanto 20 votaram contra a remoção. A acusação formal foi "manipulação do orçamento do Estado" antes das eleições de 2014 para ocultar o tamanho do déficit. Ela nega veementemente a acusação. Na verdade, o Senado emitiu o seu próprio relatório de peritos que concluiu que "não há indicação de ação direta ou indireta, por Dilma" em quaisquer manobras orçamentais ilegais. De acordo com a Associated Press, "auditores independentes contratados pelo Senado do Brasil, disseram em um relatório divulgado segunda-feira que a presidenta suspensa Dilma Rousseff não se envolveu na contabilidade criativa da qual ela foi acusada em seu julgamento de impeachment." Sob um sistema honesto e decente, isso teria terminado o impeachment logo em seguida, ali mesmo. Mas não no Brasil.

Com efeito, ela foi acusada pelo declínio dramático na economia brasileira, um declínio deliberadamente empurrado goela abaixo quando as agências de classificação de crédito dos EUA rebaixaram a dívida brasileira, enquanto os meios de comunicação internacionais e tradicionais brasileiros mantiveram as alegações de corrupção da Petrobras no centro das atenções. É importante ressaltar que o Senado não proibiu ela de se candidatar durante 8 anos como Washington esperava, e ela prometeu um retorno eleitoral. Temer, liderado por Washington, tem até o final de 2018 para entregar o Brasil para os chefes estrangeiros dele, antes que seu mandato termine legalmente.

Notavelmente, o própr
io Temer foi acusado nas investigações de corrupção na companhia estatal de petróleo Petrobras. Ele teria pedido ao então chefe da unidade de transporte da Petróleo Brasileiro SA em 2012 para organizar contribuições ilegais de campanha para o partido dele que estava executando uma campanha apoiada por Washington para derrubar o Partido dos Trabalhadores de Rousseff. Em seguida, em junho deste ano, a apenas alguns dias de seu período como presidente interino, dois dos próprios ministros escolhidos por Temer, incluindo o ministro da Transparência, foram forçados a renunciar em resposta a alegações de que eles tentaram subverter a investigação da corrupção da Petrobras.

Romero Jucá
Um dos dois, o extremamente próximo aliado de Temer, Romero Jucá, foi pego numa gravação tramando o impeachment de Dilma como uma forma de encerrar o curso de investigação da corrupção na Petrobras, bem como indicando que os militares do Brasil, a mídia e os tribunais eram todos participantes na plotagem do impeachment.

Em resumo, a remoção de Dilma Rousseff e seu Partido dos Trabalhadores depois de 13 anos na liderança do Brasil foi uma nova forma de Revolução Colorida de Washington, uma que poderíamos chamar de golpe judicial por juízes e congressistas corruptos. Dos 594 membros do Congresso, coforme o Toronto Globe and Mail relatou, "318 estão sob investigação ou são acusados", enquanto seu alvo, a presidente Dilma Rousseff, "ela mesma não enfrenta nenhuma acusação de impropriedade financeira."

No dia após o primeiro voto de impeachme
nt na Câmara dos Deputados em abril, um dos principais membros do partido PMDB de Temer, o senador Aloysio Nunes, foi a Washington, em uma missão organizada pela empresa de lobby da ex-secretária de Estado de Bill Clinton, Madeline Albright, do Albright Stonebridge Grupo. Nunes, como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, tem repetidamente defendido que o Brasil mais uma vez vai se aproximar de uma aliança com os EUA e Reino Unido.

Madeline Albright, diretora do think-tank líder dos EUA, o Conselho de Relações Exteriores, é também presidenta da primorosa ONG "Revolução Colorida" (“Color Revolution” NGO) do Governo dos EUA, do Instituto Nacional Democrático (NDI). Nada duvidoso até aqui, não é? Nunes teria ido a Washington para reunir apoio para Temer e o desdobramento do golpe judicial contra Rousseff.

O contato principal do lado de Washington, o executor carrasco político "de facto" de Dilma, foi, mais uma vez, o vice-presidente Joe Biden, o sujo operador-em-chefe da Administração Obama "Dick Cheney".

A Fatídica Viagem de Biden ao Brasil

Em maio de 2013, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, fez uma visita fatídica ao Brasil para se reunir com a presidenta Dil
ma Rousseff. Em janeiro de 2011 Rousseff tinha sucedido ao mentor do seu Partido dos Trabalhadores, Luís Inácio Lula da Silva, o Lula, o qual foi constitucionalmente limitado a apenas dois mandatos consecutivos. Biden foi para o Brasil para discutir o petróleo com a nova Presidenta. As relações entre Lula e Washington haviam refrigerado quando Lula apoiou o Irã contra as sanções dos EUA e seguiu economicamente mais para perto da China.

Bacia de petróleo
No final de 2007 a Petrobras havia descoberto o que foi estimado ser uma nova bacia gigantesca de petróleo de alta qualidade na plataforma continental brasileira offshore na Bacia de Santos. No total, a plataforma continental do Brasil poderia conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo, transformando o país em uma grande potência mundial de petróleo e gás, algo que a Exxon e Chevron, as gigantes do petróleo dos EUA, estavam a fim de tomar o controle.

Em 2009, de acordo com os vazamento
s de telegramas diplomáticos norte-americanos publicados pelo Wikileaks, o Consulado dos EUA no Rio escreveu que a Exxon e Chevron estavam tentando em vão alterar uma lei avançada pelo mentor e antecessor de Dilma no seu Partido dos Trabalhadores do Brasil, o presidente Luis Inácio Lula da Silva. Essa lei de 2009 tornou a Petrobras a operadora-chefe de todos os blocos petrolíferos offshore. Washington e as gigantes do petróleo dos EUA não estavam nem um pouco satisfeitos em perderem o controle sobre potencialmente a maior descoberta de petróleo no novo mundo em décadas.

Lula não só tinha empurrado a Exxon, a Mobil e a Chevron para fora da posição de controle em favor da estatal Petrobras, mas ele também abriu a exploração de petróleo no Brasil para os chineses, desde 2009 um membro do núcleo das nações em desenvolvimento do BRICS com o Brasil, Rússia, Índia e África do Sul. 

Em dezembro de 2010,
 em um de seus últimos atos como presidente, Lula supervisionou a assinatura de um acordo entre a empresa de energia brasileira-espanhola Repsol e a estatal Sinopec da China. A Sinopec formou uma joint venture, a Repsol Sinopec Brasil, investindo mais de $ 7,1 bilhões nela própria. Já em 2005 Lula tinha aprovado a formação de Sinopec International Service Petroleum do Brasil Ltd como parte de uma nova aliança estratégica entre a 
China e o Brasil.

Em 2012, em uma perfuração de exploração conjunta, a Repsol Sinopec Brasil, a norueguesa Statoil e a Petrobras fizeram uma nova e importante descoberta no Pão de Açúcar, o terceiro no bloco BM-C-33, que inclui o Seat e a Gávea, este último uma das 10 maiores descobertas do mundo em 2011. Os EUA e as grandes petrolíferas britânicas estavam longe da vista.

A tarefa de Biden era sondar a sucessora de Lula, Dilma Rousseff, sobre a reversão da exclusão das grandes companhias de petróleo norte-americanas em favor dos chineses. Biden também se encontrou com companhias de energia líderes no Brasil, incluindo a Petrobras.

Embor
a pouco se disse publicamente, Rousseff se recusou a reverter a lei do petróleo de 2009, de uma maneira que seria adequada para Biden, Washington e as grandes companhias de petróleo dos EUA. Dias depois da visita de Biden vieram as revelações Snowden de que a NSA dos EUA também haviam espionado Rousseff e os altos funcionários da Petrobras. Ela estava lívida e denunciou a Administração Obama naquele setembro antes da Assembleia Geral da ONU por violar uma lei internacional. Ela cancelou uma visita planejada a Washington em protesto. Depois disso, as relações EUA-Brasil deram uma guinada para baixo.

Beijo da morte
Depois de suas conversações com Rousseff em maio de 2013, Biden claramente aplicou-lhe o beijo da morte.

Antes da visita de Biden em maio de 2013, Dilma Rousseff tinha 70% de índice de popularidade. Menos de duas semanas após Biden deixar o Brasil, protestos nacionais por um grupo muito bem organizado chamado Movimento Passe Livre, sobre 10 centavos de aumento nominal na tarifa dos ônibus, levou o país a praticamente parar, tornando-se muito violento. Os protestos traziam a marca da típica "revolução colorida" ou desestabilizações de Twitter e de mídia social que parecem seguir Biden onde quer que ele estabeleça sua presença. Dentro de semanas, a popularidade de Rousseff caiu para 30%.

Popularidade via Twitter e redes sociais
Washington tinha enviado claramente um sinal de que Rousseff tinha que mudar de curso ou enfrentar problemas graves. A máquina de mudança de regime de Washington, incluindo toda a sua gama de operações financeiras de guerra que variam desde um vazamento de auditoria da Petrobras pela PwC (PricewaterhouseCoopers) até o rebaixamento da dívida pública do Brasil pela agência de classificação de crédito Standard & Poors de Wall Street em direção ao lixo, em Setembro de 2015, entraram em plena ação para remover Rousseff, uma suporte principal do novo Banco de Desenvolvimento do BRICS e de uma estratégia de desenvolvimento nacional independente para o Brasil.

Vendendo as Jóias da Coroa


O homem que agora tem manipulado a si próprio na Presidênci
a, o corrupto Michel Temer, trabalhou como informante para Washington o tempo todo. Em documentos divulgados pelo Wikileaks, foi revelado que Temer era um informante da inteligência dos Estados Unidos, pelo menos desde 2006, através de telegramas para a embaixada dos EUA no Brasil classificada pela embaixada como "sensíveis" e "apenas para uso oficial."

Em sua matéria de capa na edição de sábado 14/05/2016, o jornal
mexicano La Jornada dise que ‘o presidente interino do Brasil, Michel
Temer, era um informante para a Agência Central de Inteligência (CIA)
dos Estados Unidos em 2006, no governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva’. O jornal usou informações do Wikileaks.
O homem de Washington no Brasil, Temer, não perdeu tempo apaziguando seus patronos em Wall Street. Já como presidente em maio deste ano, Temer chamou Henrique Meirelles para Ministro das Finanças e da Segurança Social. Meirelles, ex-presidente do Banco Central do Brasil, formado em Harvard, foi presidente do Bank Boston nos EUA até 1999, e foi com esse banco, em 1985, que foi considerado culpado de deixar de reportar $1,2 bilhão em transferências de dinheiro ilegais para os Bancos Suiços. Meirelles agora está supervisionando a prevista liquidação das "jóias da coroa" do Brasil para os investidores internacionais, uma medida que se destina a rebaixar gravemente o poder do Estado na economia. Outro dos conselheiros econômicos mais importantes de Temer é Paulo Leme, ex-economista do FMI e agora Diretor Gerente de Pesquisas de Mercado Emergentes da Goldman Sachs. Wall Street está bem no meio do estupro econômico liderado por Temer ao Brasil.

Em 13 de setembro, o governo de Temer anunciou um programa de privatização maciça com o seguinte comentário cinicamente enganoso: "É claro que o setor público não pode avançar sozinho nestes projetos. Contamos com o setor privado." Ele apenas omitiu que o setor privado que ele queria dizer eram seus patrões ou clientes norte-americanos.

Temer revelou plan
os que completariam a maior privatização do país em décadas. Convenientemente, o processo espera ser concluido até o final de 2018, pouco antes do termo de Temer acabar. O influente Conselho Empresarial Brasil-EUA (US-Brazil Business Council) detalhou a lista de privatizações em seu site. Este Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos foi fundado há quarenta anos pelo Citigroup, a Monsanto, a Coca-Cola, a Dow Chemicals e outras multinacionais americanas.

As propostas para a primeira rodada de concessões serão emitidas antes do final deste ano. Elas incluem a privatização de quatro aeroportos e dois terminais portuários, todos a serem leiloados no primeiro trimestre de 2017. Outras concessões incluem cinco rodovias, uma linha ferroviária, a licitação de pequenos blocos petrolíferos e uma rodada mais tarde, principalmente no mar, de grandes blocos de desenvolvimento de petróleo. Do mesmo jeito o governo vai vender ativos selecionados que atualmente são controlados pelo Departamento de Pesquisas Minerais e mais seis distribuidoras de energia elétrica e três instalações de tratamento de água.

Dilma, Joe Biden e...
O coração de sua privatização prevista é, não surpreendentemente, o petróleo e o gás das empresas estatais, cobiçados por Joe Biden, juntamente com partes da empresa estatal de energia Eletrobrás. Temer pretende obter até US $24 bilhões na orgia. Um total de $11 bilhões estão por vir da venda de participações estaduais importantes no petróleo e no gás. Claro que, quando ativos estatais tais como enormes recursos de petróleo e gás são vendidos aos interesses estrangeiros no que será claramente uma venda desesperada, trata-se de um negócio único. Estatais de petróleo e gás ou projetos de energia elétrica geram um fluxo de receitas contínuo e muitas vezes mais alto que qualquer ganho numa privatização única. A economia do Brasil é a grande perdedora em tal privatização. Os bancos e multinacionais de Wall Street são, naturalmente, conforme planejado, os vencedores.

De 19 a 2
1 de setembro, segundo o site o US-Brazil Business Council website, os principais ministros do governo brasileiro da infraestrutura, incluindo o ministro Moreira Franco; Ministro Fernando Bezerra Coelho Filho, Ministro de Minas e Energia; e Ministro Mauricio Quintella Lessa, Ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, estarão em Nova York para se encontrarem com "investidores de infra-estrutura" de Wall Street. 

Deuses do Dinheiro, de F. William Engdahl
Este é o caminho de Washington, o caminho dos Deuses do Dinheiro de Wall Street, conforme entitulei um dos meus livros. Em primeiro lugar, destrua qualquer intenção de liderança nacional para o desenvolvimento nacional genuíno, como a de Dilma Rousseff. Substitua por um regime vassalo disposto a fazer qualquer coisa por dinheiro, incluindo a venda das jóias da coroa da sua própria nação, como pessoas como Anatoli Chubais fizeram na Rússia na década de 1990 sob a "terapia de choque" de Boris Yeltsin. Como recompensa por seu comportamento, Chubais senta-se hoje no conselho consultivo da JP Morgan Chase. O que Temer e associados vão obter pelos seus esforços ainda está para ser visto. Washington, por agora, conseguiu quebrar um dos BRICS que, afinal, ameaçaram sua hegemonia global. Não é provável obter qualquer sucesso duradouro se a história recente servir de guia.

F. William Engdahl é cons
ultor de risco estratégico e professor, ele é formado em política da Universidade de Princeton e é um autor de best-sellers sobre petróleo e geopolítica, exclusivamente para a revista on-line “New Eastern Outlook.”

A fonte original deste artigo é o New Eastern OutlookCopyright © F. William EngdahlNew Eastern Outlook, de 2016.

http://www.globalresearch.ca/washington-tries-to-break-brics-rape-of-brazil-begins-on-behalf-of-wall-street/5547763

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