sábado, 3 de maio de 2014

Revolução Azeda V

Acordando um Gigante Adormecido com a "Indústria da Juventude"

Parte 5 de 6
Por Gearóid Ó Colmáin / 6 de agosto de 2013

Azedando...
Escrevendo para o New York Times em 2008, o ex-Conselheiro Nacional de Segurança dos Estados Unidos, Zbigniew Bzrezinski, declarou:
“Embora a liderança dos EUA tenha sido essencial para a estabilidade e o desenvolvimento global, o efeito cumulativo da auto indulgência, irresponsabilidade financeira, uma guerra desnecessária e transgressões éticas nacionais têm desacreditado tal liderança. Para piorar temos crise econômica mundial.”
“O resultante desafio é agravado por questões como as alterações climáticas, desigualdades na saúde e sociais – questões que estão a tornar-se mais controvertidas porque surgiram no contexto daquilo a que chamo de “o despertar político global”.”

“Pela primeira vez na história quase toda a humanidade está politicamente ativada, politicamente consciente e politicamente interativa. O ativismo global está a gerar um surto em busca de respeito cultural e oportunidade econômica em um mundo marcado por lembranças de dominação colonial ou imperial.”
O ‘ativismo global’ acima referido é representado pela miríade, pelas ONG corporativas que agitam pelos ‘direitos humanos’, ‘ambientalismo’, ‘ação contra a fome’, e assim por diante. O que o artigo do Brzezinski anunciou foi a nova era do poder inteligente dos Estados Unidos onde as boas causas seriam aproveitadas pelos organismos que trabalham para o complexo militar-industrial, a fim de garantir a continuação e aprofundamento da hegemonia dos Estados Unidos no mundo. O resultado foi uma série de revoluções coloridas e guerras humanitárias no Norte da África e no Oriente Médio e, agora, a desestabilização em curso no Brasil. No mesmo artigo, Brzezinski adverte que "a única alternativa ao papel construtivo americano é o caos global".

Zbigniew Bzrezinski
Isto é precisamente o que estamos começando a ver em todo o mundo nos países que se recusam a se submeterem à nova ordem mundial os quais estão sendo desestabilizados com anarquia e movimentos sociais risomáticos (caóticos), financiados pelo imperialismo.
Já nos referimos às observações de Guido Mantega sobre a guerra monetária entre os Estados Unidos e o Brasil. Nenhum funcionário diplomático de qualquer estado no mundo já declarou guerra ao governo dos EUA desde o ataque japonês a Pearl Harbor em 1943. Enquanto Mantega acusou os EUA de iniciar uma guerra monetária, é altamente provável que Wall Street veja a determinação do Brasil em defender os seus interesses como um ataque ao imperialismo norte-americano.

Tio Sam
O Brasil tem sido tradicionalmente referido como ‘o gigante adormecido da América’ devido ao enorme potencial econômico do país. A citação, atribuída ao comandante Japonês Isoroku Yamamoto após o ataque japonês a Pearl Harbour quando ele disse, "receio que tenhamos despertado um gigante adormecido e o preenchemos com uma terrível resolução", é importante ter em mente aqui. Depois de alguns meses da declaração de uma guerra monetária por Mantega, os protestos anti-corrupção começaram a eclodir em muitas cidades do Brasil.

Um dos slogans utilizados nas manifestações foi “O Brasil despertou”. Em 2011 a corporação de bebidas britânica Diageo fez um comercial de uísque Johnny Walker, em que uma montanha gigante explode, inspirando a população a caminhar com ele. O comercial foi muito bem-sucedido e portava a legenda, "O Gigante não está mais adormecido", que se tornou um dos slogans do movimento de protesto social que eclodiu no junho de 2013.


O vídeo acima foi feito privatizado, mas eu achei este outro (maio de 2016):

Vídeo de propaganda do whisky John Walker (João Caminhador) promovendo o Brazil.
Em Abril de 2013, a Diageo fez outro comercial do Johnny Walker, com a legenda “Está na hora do próximo passo”. A Diageo alegou que a utilização de seus anúncios pelos movimentos de protesto no Brasil foi uma mera coincidência mas isso é pouco provável, dada a presença profissional muito bem organizada e coordenada por outras ONGs da “mudança de regime” patrocinadas pelos Estados Unidos que operam em todo o Brasil.

Os prévios movimentos das “revoluções coloridas” patrocinadas pelos Estados Unidos têm feito uso do álcool para incitar à violência e agitação. Por exemplo, os putchists apoiados pelos EUA que tentaram fomentar um golpe de Estado na Bielorrússia, em 2010, que atacaram o parlamento com barras de ferro estavam fortemente sob a influência de álcool. 

Click para conseguir ler; tem gente mais inteligente no Brasil
Durante os protestos do Brasil, os prédios do governo foram atacados por manifestantes, tal como o Palácio Itamaraty, sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, um prédio projetado pelo grande arquiteto comunista Oscar Niemayer, que teve que fugir do Brasil em 1964 quando a mesma "revolução" trouxe generais fascistas ao poder.

Palácio Itamaraty
A decisão do governo brasileiro de defender os seus interesses em uma guerra monetária com os Estados Unidos equivaleu a Pearl Harbor. O ‘gigante adormecido’ que irromperia em todo o Brasil poderia ser descrito como a inteligência norte-americana trabalhando pelos descontentes da pequena-burguesia e dirigida contra o estado proteccionista.

"Venha para a Rua", diz a Fiat motor company
Mais um comercial de TV, cuja programação predictiva é ainda mais explícita do que a propaganda do Johnny Walker, veio da Fiat motor company. O altamente emotivo comercial da Fiat portou a legenda "Vem pra Rua" e mostrou cenas de manifestações de massas com os manifestantes estendendo suas mãos para o ar. A imagem do estender de mãos funciona como logotipo de muitas organizações de mudanças de regime bancadas pelos Estados Unidos, tais como o "Movimento Mundial pela Demoracia" (World Movement for Democracy). 

O comercial da Fiat foi ostensivamente concebido para coincidir com as celebrações da Copa das Confederações, o que é evidente no vídeo. Entretanto, não pode ser provado que o vídeo foi destinado a promover manifestações anti-governamentais. Contudo, a suspeita permanece.

Propaganda da FIAT promovendo as arruaças
O Fiat Uno, Strada, Siena e Palio são alguns dos mais populares entre os carros da nova e altamente endividada pequena-burguesia brasileira, mesma classe que tomou as ruas em junho cantando em uníssono “vem pra rua!”.

A Fiat tem sido muito bem sucedida no Brasil ao longo dos anos onde tem quebrado recordes de vendas e produção. Mas a produção declinou acentuadamente em 2012 levando a empresa às negociações com o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos para despedir trabalhadores. O governo do PT colocou pressão sobre as empresas para não despedirem trabalhadores, o que contrasta fortemente com o comportamento do regime militar, que governou o país exclusivamente em nome de empresas multinacionais.

A Fiat recentemente se fundiu com General Motors do Brasil. Desde o ano passado, a GM teve de enfrentar pressão da Presidenta Dilma Rousseff para manter os trabalhadores em troca de benefícios fiscais que contribuiu para elevar as vendas no quarto maior mercado de automóveis do mundo a um nível recorde em 2012.

Propaganda da FIAT promovendo as arruaças sutilmente

Não há nada que as empresas multinacionais odeiem mais de negociação colectiva. Apesar do fato de que a maioria dos sindicatos, nos países capitalistas, funcionam mais como guardas em campos de concentração de escravos pagos, o fato de que executivos de corporações internacionais tenham que lidar com os sindicatos quando "reestruturam" suas empresas de acordo com as forças de mercado é algo que a maioria das empresas prefere fazer de fora como parte da modernização e como "mudanças em que podemos acreditar".

Em 2011 Reuters relatou que a Fiom, a união Italiana dos trabalhadores metalúrgicos “acusou a montadora de renegar as promessas de investimentos e voltar o relógio sobre as relações de trabalho para o século 19.

O CEO da Fiat, Sergio Marchionne, emprestou o seu apoio ao tecnocrata instalado na União Européia, Mario Monti, dizendo que a Itália teve “uma oportunidade de mudança única na vida”.

Por isso, só case depois de 6 meses de convivência
Agora os brasileiros terão a oportunidade de abraçar as “mudanças” também através do “muda Brasil”, onde o estado federal do Brasil será enfraquecido além de reparação, os direitos de negociação coletiva dos trabalhadores serão suprimidos e os bons e velhos tempos da ditadura militar vão ser trazidos de volta se Marchionne e sua laia conseguirem seus intentos.

O governo brasileiro tem dado incentivos fiscais a trabalhadores de empresas multinacionais na condição deles manterem o emprego. A meta do Partido dos Trabalhadores foi trazer o Brasil aos níveis de welfare (estado de bem-estar coletivo) que existiam na Europa na era pós-Segunda Guerra Mundial. Agora, que o estado de bem-estar social na Europa está praticamente morto, não há motivo para que as empresas devam ter que lidar com estados de bem-estar no mundo em desenvolvimento. Pode-se compreender por que empresas como Fiat e General Motors favoreceriam uma ‘mudança de regime’ no Brasil.


Naturalmente, essas empresas podem sempre contar com plausível negação ao afirmarem, como elas têm feito, que tudo isso foi uma coincidência. Mas há muitas razões para duvidar de tais declarações quando se considera como os golpes fascistas eram organizados na década de 1960 usando técnicas semelhantes de programação predictiva através do cinema e da indústria de publicidade, envolvendo a coordenação de centenas de empresas que trabalham em segredo.

Estado de bem estar social, "welfare state"
Um aparte aqui do tradutor: Oi, quantos brasis estão dentro do Brasil? Estou começando a crer que os protestos são de desocupados e preguiçosos. Vejam este vídeo da Globo:
A maioria das decisões nas sociedades capitalistas são tomadas por funcionários burocratas não eleitos atrás das portas de salas de reuniões e salas de conferência, longe do mundo simples dos consumidores pequeno-burguêses. O mundo que pessoas como Soros promove é o contrário de uma sociedade aberta. Ele envolve o progressivo aprisionamento dos espaços físicos e mentais culminando na redução da existência humana aos dígitos dançarinos do mercado das bolsas de valores. Foi irônico que os protestos que foram assumidos como sendo o resultado de um desejo de um melhor transporte público usarassem um slogan especialmente concebido para a ocasião por uma empresa de transportes privada.
O Rio em Paz
Em 2011, a ONG chamada Rio de Paz organizou um protesto espetacular contra a corrupção na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, onde centenas de paus de vassouras foram enfiados na areia. Um artigo foi publicado no jornal Guardian referindo-se ao movimento de protesto nascente. Um artigo sobre o movimento também apareceu no site do Movements.org. Movements.org é patrocinado pela Pepsi, Google, e pelo Grupo Omnicon, que são membros do Conselho de Relações Exteriores. Seu diretor é Jared Cohen, chefe da Google Idéias. Ele serviu como um membro da equipe de planejamento do Departamento de Estado norte-americano sob as administrações de Bush e Obama.

A ONG e as vassouras de Jânio Quadros?
Tony Cartulucci escreve:

Fundadores do Movements.org junto com Cohen são Jason Liebman da Howcast Media que trabalha com mega-conglomerados corporativos como Proctor & Gamble, Kodak, Staples, Ford, e agências do governo como o Departamento de Estado dos EUA e o Departamento de Defesa americano, de modo a criar "marcas de entretenimento personalizado, mídia social inovadora e orientadas campanhas ricas em mídia." Ele também esteve com Google por 4 anos, onde trabalhou em parceria com Time Warner (CFR), News Corporation (FoxNews, CFR) Viacom, Warner Music, Sony Pictures, Reuters, New York Times e Washington Post Company.

À Roman Sunder também é creditada a co-fundação do Movements.org. Ele fundou Acesso 360 Media, uma empresa de publicidade em massa, e também organizou a PTTOW! Summit que reuniu 35 top executivos de empresas como AT&T (CFR), Quicksilver, Activison, Facebook, HP, YouTube, Pepsi (CFR), e o Governo dos Estados Unidos para discutirem o futuro da “jovem indústria”. Ele também é um membro do conselho do Gen Next, outra organização sem fins lucrativos dedicada a “mudanças para a próxima geração”.
A "Jovem Indústria" deu ao mundo a "Primavera Árabe" em 2011. Foi uma falsa cobertura de esquerda para uma guerra de agressão contra a Líbia e a Síria que agora está sendo utilizada pelo Departamento de Estado dos EUA a fim de preparar o terreno para as mudanças de regime no Brasil em 2014 ou eventualmente mais cedo. Seria muito ingênuo acreditar que os EUA simplesmente aceitariam que o Brasil e a América Latina já não mais seriam o seu parque infantil. Quando o Senhor Mudança Obama anunciou em sua campanha eleitoral de 2008 que “precisamos recuperar a América Latina”, ele quis dizer negócios; “Mudar o Brasil” é o resultado de mais de dois anos de planejamento.

A primavera árabe
A noção de um país de repente "despertar" também foi promovida nos protestos de 2011 durante a "Primavera Árabe" bancada pelos Estados Unidos. Isso ignora o fato de que as pessoas tem estado a protestar em todo o Oriente Médio e Norte da África contra o imperialismo dos EUA/Israel durante décadas. Protestos contra o capitalismo também não são novidades para o Brasil. A noção do despertar foi citada pelo referido ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista à revista The American Interest em 2012. Referindo-se à sua época no poder durante a década de 1990, Cardoso disse:
“De um modo geral, a economia mais aberta, o investimento de capital estrangeiro, e a agilização dos monopólios produziram um novo Brasil, um Brasil ‘desperto’."
Não há dúvida, Cardoso fez a festa dos editores da American Interest quando assegurou que o seu partido não forçaria a inclusão do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. O ex-presidente brasileiro mencionou:

Sede da ONU em Nova Iorque, projeto de Niemeyer
“Temos de ser mais cautelosos ao buscar um assento na ONU, no entanto. É uma questão antes complexa. Agora não é o momento para proceder à reforma do conselho.”
Esta é uma indicação clara de que Fernando Henrique Cardoso e a trupe que ele representa apoia plenamente a Doutrina da Responsabilidade de Proteger e mudará a política em favor de Washington, caso os motins no Brasil ajudem a oposição de direita a tomar o poder depois, ou talvez até antes, das eleições presidenciais em 2014.

Dilma na ONU
A atitude submissa de Cardoso contrasta fortemente com o ardente discurso proferido pelo ex-presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva para a União Africana em 2011, quando insistiu que a América Latina e a África deveriam ter cadeiras permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Citigroup e a CIA
O presidente da Diageo, empresa que fez o comercial acima mencionado, é Franz Humer, que também é um membro do conselho de administração do Citigroup, um dos maiores bancos do mundo. Entre os embros antigos do conselho de administração do Citigroup está o ex-chefe da CIA John M. Deutch. Segundo o ex-policial de campo do Departamento de Polícia de Los Angeles, Michel Rupert, houve sempre uma porta giratória entre os bancos de Wall Street e a Agência Central de Inteligência.

Citibank do Citigroup
O Citigroup confia à América Latina 21 por cento dos seus ativos. Em abril de 2013, a empresa decidiu deixar seu negócio de lucrativo cartão de crédito até então no Brasil, que havia fornecido cartões de crédito para a classe média baixa, a qual compõe a maioria dos manifestantes em junho. Houve rumores de que uma crise padrão de cartão de crédito se agiganta no Brasil. O Citigroup queixarou-se de que a cena bancário brasileira é um grupo fechado com os principais bancos controlados pelo estado. No entanto, o Citigroup irá continuar a manter uma presença de um por cento em aquisições e fusões e fornecerá crédito para a elite rica do país. O monopólio do setor bancário pelo estado do Brasil tem impedido os bancos de Wall Street de assumirem o país. O México que é mais "economia aberta", permitiu o Citigroup adquirir o seu maior banco em 2001.
Se o Citigroup tinha informações de que uma operação de mudança de regime estava em curso no Brasil para encerrar a ‘guerra monetária’ e abrir a economia para a penetração de Wall Street, isso pode explicar o processo de venda do seu negócio de cartão de crédito um mês antes do maior movimento de protesto já visto no Brasil em 20 anos, um movimento que causou um estado de emergência e poderá derrubar o governo Rousseff.
Segundo o Bloomberg, o Banco Itaú do Brasil assumiu a liderança na fusão do mercado de aquisições do Citigroup, Rothshild e Credit Suisse. O relatório Bloomberg nota:
As empresas estrangeiras enfrentam uma concorrência de rivais locais, que tentam manter suas partes no mercado de investimento bancário no Brasil, onde uma classe média emergente está propelingo uma das economias que mais crescem no mundo.


É esta burguesia nacional em ascenção que constitui a base de apoio do Partido dos Trabalhadores, em contraste com a burguesia compradora representada por brasileiros do tipo do ex-banqueiro central Arminio Fraga, um agente de Soros, cujo fundo privado de conversão e garantia Gávea Investimentos Ltda, é de propriedade da JP Morgan Chase.

William Landers, gestor das Carteiras de Investimento Latino Americano Blackrock, PLC disse a Bloomberg em junho que os protestos no Brasil eram "o que estávamos procurando".  Blackrock foi formada em 1988 por Larry Fink e Robert Kapito, sendo pioneira em títulos garantidos por créditos hipotecários, golpe que levou à crise financeira global. Blackrock representa a quintessência do capitalismo de cassino e um ‘movimento popular’ financiado pela corporação contra o estado brasileiro o qual seja muito pró-regulamentação pelo mercado é justamente o que eles querem. Landers também elogiou Dilma Rousseff por apoiar os protestos.
Táticas da Revolução Colorida
Uma das métodos tentados e testados pelo Centro para Ações e Estratégias Não-Violentas (Centre for Non Violent Actions and Strategies, CANVAS), financiado pela CIA, uma organização que treina os jovens de todo o mundo para derrubar governos hostis aos interesses dos Estados Unidos, envolve o cortejo das forças de segurança, por exemplo, através da distribuição de flores. O diretor da CANVAS, Srdjan Popovic, contou a realizadores do documentário O Negócio da Revolução (The Revolution Business) como esta psicologia funciona quando confirmou que os levantes ‘espontâneos’ na Tunísia e no Egipto em 2011 foram o resultado de um extenso planejamento por numerosas ONG.

Escola de conflito não violento, Belgrado
Real News Network publicou um relatório onde mostraram manifestantes entregando flores à polícia durante os protestos do Brasil. Outros vídeos mostraram a polícia sentada com os manifestantes. Este é a psicologia clássico da mudança de regime e indica a presença de ativistas ligados à CANVAS no terreno.

O documentário O Negócio da Revolução (Revolution Business) mostrou também como os organizadores de protestos engendraram eventos a fim de escalar a tensão e a violência contra o regime de Mubarak. Um dos mais famosos de tais incidentes envolveu o ataque contra os manifestantes por capangas cavalgando camelos pela Praça Tahrir.

Clique para conseguir ler. Tem gente séria no Brasil.
Um evento semelhante ocorreu no Rio de Janeiro quando um carro deliberadamente foi em cima de um grupo de manifestantes, reportadamente matando um deles. Esta ocorrência é semelhante à operação tática de manipulação (psyop) corrida de camelos no Egito.
Apesar de não parecer haver provas de atrozes brutalidades policiais no Brasil, alguns dos exemplos dramatizados pela mídia corporativa e a falsa mídia esquerdista são altamente reminiscentes da Primavera Árabe a tentativa de golpe ‘Revolução Verde’ no Irã em 2009. Por exemplo, a Real News Network descreveu "um par de vídeos têm circulado na internet mostrando alguns agentes de polícia deixando suas armas e tomando o lado dos manifestantes".

Esta noção das forças de segurança “se recusando a matar seu próprio povo” é um clássico recurso de desestabilização tática utilizado pelo imperialismo nos primeiros estágios de uma mudança de regime. Na Líbia e na Síria, a maioria destas histórias falsas foram fabricadas por ativistas cibernéticos sem rosto colaborando com organismos de inteligência Ocidental. Existe também a possibilidade de que agentes provocadores e franco-atiradores da polícia militar brasileira a serviço da CIA, pode estar a tentar a escalada da violência, a fim de criar as condições para um golpe militar de Estado.

Durante o golpe de Estado que destituiu João Goulart de tendências esquerdistas em 1964, ativos norte-americanos no militarismo brasileiro desempenharam um papel central na desestabilização do país. Desde o início dos protestos no Brasil, o comandante da Polícia Militar de São Paulo Roberto Meira elogiou os protestos.

Um comunista brasileiro escreveu uma excelente análise dos eventos no site de mídia social Reddit:

"Agora, você provavelmente está perguntando, 'como você pode sugerir que os protestos atuais são fascistas? Você está doido!'.  Bem, você está lendo isto e provavelmente não está no Brasil, para ver como a mídia causa vertigens com a coisa toda. Você, provavelmente, não está ciente de que a agenda contra a ‘corrupção’ foi foi sugerida pelo chefe dos militares na polícia ao negociar com o MPL (Movimento Passe Livre). Você provavelmente também não sabe que a grande maioria da oposição ao Partido dos Trabalhadores não vem de radicais de esquerda, como eu desejaria que fosse, como o MPL faz, mas se trata do PSDB e metade dos seus eleitores que estão nostálgicos da nossa ditadura fascista. De modo que eles estão indo lá fora e pedindo por uma nova ditadura."
A placa diz “intervenção militar agora. Para o governo democrático de civis e militares” que é, tenho certeza, como eles lembram do período 1964-1986 a ser retornado.

Este jovem não sabe o que é ser jovem universitário embaixo do
militarismo. Talvez ele mereça saber.
Enquanto escrevo isso, milhares de militantes que são de direita estão QUEIMANDO BANDEIRAS VERMELHAS na Avenida Paulista e exigindo o impeachment da presidenta do Brasil Dilma Roussef. Esses militantes são aqueles que pensam que a democracia só existe quando casada com o neoliberalismo, de forma que em seu lugar eles desejam instalar o PSDB ou o equivalente brasileiro a Pedro Carmona.

Pedro Carmona, líder da organização do comércio que foi presidente
da Venezuela por 2 dias em 2002 num golpe de estado contra Hugo
Chávez. Quando Chávez retornou, ele alegou usurpação ilegal do
poder  e escapou da prisão escondendo-se na embaixada da
Colômbia onde ganhou asilo. Isso diz alguma coisa?
O Facebook e as mídias sociais desempenham um papel-chave nas revoluções coloridas. A insurreição no Brasil está sendo referida agora como a Revolta do Vinagre ou a Revolução do Vinagre. O Centro de Ações e Estratégias Não-Violentas defende o humor e os disparates como técnicas eficazes para poderem parecer estúpidos ao tentarem manter a ordem pública em face do crescente movimento de protesto. Revoluções coloridas normalmente têm famosos eventos de eclosão.

É lógico...
No Brasil, um dos eventos de eclosão envolveu a prisão de um jornalista que veio ao protesto com vinagre para se proteger de gás lacrimogêneo. Muito antes, páginas do Facebook foram abertas anunciando a Revolução do Vinagre.
Qualquer coisa aí...
Outra característica de estratégia da revolução colorida é criar a desconfiança da política entre o povo. Assim, os slogans tendem a ser despolitizados. Vê-se, por exemplo, slogans tais como “não estamos nem à esquerda nem à direita” ou “queremos um banco ético” ou “sem partidos políticos”.  A inculcação dos sentimentos anti-políticos funciona melhor entre as camadas da população que têm pouca ou nenhuma história de ativismo político. Tais pessoas são passivas, consomem slogans e narrativas e são facilmente manipuladas para sintonizar com o mantra do grupo nascente, cuja essência é, em última análise, alienante. Revoluções coloridas são sobre o poder das corporações usando as massas para destruir políticas. Elas são revoltas sociais que antecipam-se à revolução. Em vez de acordar as massas, as agências das revoluções coloridas as colocam em um transe.

“Não queremos médicos estrangeiros! PT – vá para Cuba, vá para a Venezuela!”
Como os protestos espalhados por todo o Brasil, a imprensa corporativa brasileira e internacional tornou-se, subitamente os campeões de “serviços públicos” e “cuidados de saúde”.  Muitos manifestantes detinham faixas denunciando os planos do governo brasileiro de importar médicos estrangeiros, a fim de lidar com grandes carências de pessoal no sistema de cuidados de saúde.

Todos sabemos que dificilmente algum brasileiro formado
quer trabalhar no interior
Cuba é amplamente considerada como possuindo um dos melhores sistemas de saúde do mundo e o país envia médicos para o mundo inteiro. O governo brasileiro tem planos de contratar 6000 médicos para trabalharem em regiões pobres do Brasil. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil Antonio Patriota, admitiu a superioridade da medicina e investigação farmacêutica de Cuba dizendo aos jornalistas:

“Cuba é altamente proficiente nas áreas de medicina, indústria farmacêutica e biotecnologia e o Brasil está considerando receber médicos cubanos em conversações que envolvem PAHO.”

“A malária ainda é uma das principais causas de morte no Brasil, uma doença que foi erradicada em Cuba.”

Quando você emigra de algumas cidades, é obrigado a vacinar-se
contra Malária para não levá-la para os países desenvolvidos
“Cuba também tem o melhor sistema de educação na América Latina e provavelmente um dos melhores sistemas em todo o Hemisfério Ocidental. Em 2001 especialistas internacionais ficaram chocado com o elevado nível de educação, quando se realizou uma pesquisa no país ao ponto em que enviaram a equipe de pesquisa de volta para verificar e certificar-se de que o os resultados haviam sido apresentados de forma correta.

A cooperação no domínio da ciência e da educação entre Cuba e o Brasil tem aumentado desde que Dilma Rousseff foi eleita presidenta. Existem muitos acadêmicos cubanos ensinando cursos em universidades brasileiras e especialização cubana tem sido solicitada, a fim de aumentar a proficiência em matemática e ciência.
O Brasil investiu também em Cuba, desenvolvendo o porto de Muriel fora de Havana, destinado a ser o  portal de uma nova zona de comércio livre com o resto da América Latina.
Este é um desenvolvimento cujas oligarcas reacionárias do Brasil e seus aliados norte-americanos querem parar.

O Brasil é um dos poucos países do mundo a fabricar aviões,
principalmente entre os melhores e mais sofisticados jatinhos
executivos. Lembram-se disso?
O emprego de médicos cubanos e acadêmicos no Brasil é uma admissão de que o capitalismo neoliberal do governo brasileiro não pode resolver os problemas da sociedade. É a prova da superioridade das sociedades socialistas. A presença de médicos cubanos e acadêmicos no Brasil é uma grande oportunidade para a esquerda para mostrar as pessoas que democracia popular com base no modelo cubano é a única forma de acabar com a pobreza e criar uma sociedade aberta, inclusiva e livre. Cuba pode mostrar aos brasileiros que eles também podem ter um país onde as crianças não dormem nas ruas, onde a violência social é mínima e onde a cultura, a educação e o desenvolvimento humano são priorizados sobre a ganância de uns poucos.

"Queremos melhores serviços públicos – executados por empresas privadas"
Em um ensaio revelador, "Por que o Brasil É uma Economia de Mercado Emergente", Sean Williams argumenta:

“Alguns economistas argumentam que os efeitos negativos da desigualdade são agravados em países onde as pessoas com o dinheiro são também as pessoas com o poder político. O argumento pressupõe que os ricos políticos estão mais propensos a reduzir fundos de serviços públicos básicos (educação, habitação, transporte público, etc.) que eles próprios não usam ou tem a necessidade, para baixar seus encargos fiscais. Estes economistas sugerem que, se em vez disso, esses serviços públicos básicos não fossem abastecidos por eles, cada vez mais cidadãos seriam capazes de participar de forma efetiva na economia nacional, o que contribuiria para aumentar o crescimento e ampliar a base de cálculo do imposto, abrindo a possibilidade de redução da carga fiscal sobre os mais ricos. Em outras palavras, todos os setores da sociedade partilharim o benefício de participação econômica igualitária.”

Enquanto isso pode soar progressivo, o que o autor está defendendo aqui é privatização dos serviços públicos, que, como ele alega, resultaria em "baixar a carga fiscal sobre os ricos".
A privatização de todos os serviços públicos faz parte do Consenso de Washington e está atualmente sendo implementada nos países desenvolvidos, mediante programas de austeridade; é por isso que a organizações de mudança de regime fundeadas pelos Estados Unidos que operam no Brasil estão a concentrar-se em “serviços públicos”, como a educação, a saúde, e de transporte.
Enquanto que estes setores da economia não são perfeitos, tremendos progressos foram feitos desde 2003 na melhoria da saúde, da educação e dos transportes. As estatísticas da OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Organisation for Economic Co-operation and Development, OECD) mostram, por exemplo, que o percentual do PIB gasto em educação com o governo do PT tem aumentado de forma significativa. As despesas públicas com a educação aumentaram de 10,5% do total das despesas públicas em 2000, para 14,5% em 2009, que foi o maior aumento entre 33 países pesquisados pelo estudo da OCDE. O Brasil ocupa o primeiro lugar entre 29 países pesquisados sobre o aumento da despesa por estudante. Tem havido um maior foco na educação primária e secundária nos casos em que a despesa aumentou de 149% em relação a 2005 – 2009. 

Mais de 60.000 estudantes, entre 110 movidos de Portugal, 90 fizeram
protesto contra o governo no Canadá porque não tiveram competência
de aprender Inglês o bastante
Enquanto sérios investimentos são necessários no ensino superior, o Brasil tem visto o maior aumento na despesa com a educação entre todos os países pesquisados pela OCDE.

Em contraste com os Estados Unidos, saúde, transporte e educação brasileiros são financiados pelo estado e a constituição brasileira barra os investidores estrangeiros de investir em saúde e aviação.

No entanto, o prefeito de direita de São Paulo, Geraldo Alckmin, cujo partido PSDB tem apoiado o movimento de protesto, foi um dos mais famosos defensores da privatização da saúde e do sistema de transporte.

Alquimia do Alckmin
Alckmin tem pressionado pela privatização do metrô de São Paulo que, apesar da barulheira de todos os órgãos de imprensa sobre o estado dos serviços públicos no Brasil, é considerado um dos melhores e mais limpos sistemas de metrô do mundo, de acordo com a norma ISO9001 gestão da qualidade as normas publicadas pela Gestão Internacional de Normalização.

Trem de monotrilho produzido em Hortolândia, no interior
de São Paulo pela Bombardier, expansão do metrô de SP
Muitos analistas também ignoram as melhorias nos transportes das favelas brasileiras tais como os carros a cabo fornecidos pelo estado  fornecidos pelo estado para a favela do Alemão no Rio de Janeiro, projetos que melhoraram muito a vida do Brasil pobre.
Os recentes protestos desencadeados pela gestão do sistema de transporte não são novos. No website do Vozes Globais (Global Voices) há um artigo sobre um protesto que foi organizado em São Paulo, no bairro de classe superior de Higienópolis, sobre a controvérsia que surgiu quando os moradores se opuseram a uma nova estação de metrô alegando que esta conduziria a um afluxo de delinqüentes na área.

Um evento chamado “Churrascão da Gente Diferenciada” foi organizado por militantes do Facebook em 14 de Maio de 2011 para protestar contra o “elitismo”.  O evento contou com a presença do ex-major de direita de São Paulo e ex-candidato presidencial José Serra. Repórteres “Cidadão” publicaram vídeos do evento on-line.

Para quem está fora do Brasil, fica difícil acompanhar todas estas
aventuras, mas me parece que os moradores de Higienópolis não
querem nova estação de metrô lá com medo do bairro chique ser
invadido pelos criminosos das periferias, e o tal churrasco seria uma
sátira ao que consideram ser a "gente diferenciada" do bairro chique
promovido pelo povo da periferia. Seria isso?
O site Vozes Globais é financiado pela Agência Reuters, MacCarthur, UNFPA e Berkman. O Centro Berkman para Internet e Sociedade é um centro de investigação baseado em Harvard, que colabora com o Departamento de Estado dos Estados Unidos, na promoção da “democracia” em todo o mundo. As suas atividades incluem a treinamento de “repórteres da internet” e em “compromisso civil”.  Quem sabe o que quer que seja sobre os Estados Unidos e a história de formação e o apoio aos esquadrões da morte, a tortura e o genocídio em toda a América Latina, sabe o que significa “engajamento civil” para o Departamento de Estado norte-americano.

O foco e a orientação dos recentes protestos tem sido a exagerar os problemas com os serviços públicos no Brasil, quando, na verdade, os serviços públicos melhoraram, embora ligeiramente, sob o governo do PT.

Como a prever o caminhar dos protestos sobre transporte a revista The Economist publicou um relatório no dia 31 de Março 2013 entitulado “Metrô de São Paulo, Ainda não Apto para uma Metrópole", onde sugere que “investimento privado” foi necessário para melhorar o serviço, ignorando o fato de que o serviço executado pelo estado em um país em desenvolvimento é, como foi mencionado, considerado de  classe mundial. A artigo da revista The Economist se referiu também aos Protestos Churrascão.

Nada como um programão pra se divertir na monotonia da cidade,
com direito a adrenalina. Carnaval mudou de nome.
Geraldo Alcmin também tem defendido a privatização dos aeroportos a grosso no Brasil. Desde o boom econômico, a indústria da aviação no Brasil vem aumentando a cada ano com uma média de mais de 9 por cento e deverá triplicar nos próximos 20 anos. A indústria da aviação no Brasil é estatal e isso incomoda os investidores estrangeiros que querem tirar lucro das indústrias latino americanas que mais crescem. A revista Investiment U diz que a indústria da aviação deve ser privatizada e que a Infrarero operada pelo estado, está ‘dominada pelos sindicatos do setor público’ e ‘concentra-se mais no trabalho do que nos resultados’; ‘resultados’ aqui, em linguagem de investidor, significa ‘lucros’.
The Economist observa:

“Na década de 1990 um governo centrista privatizou empresas de energia, telecomunicações e mineração. Mas seus sucessores de esquerda estancaram as privatizações.”

Embora Guarulhos, o principal aeroporto internacional de São Paulo, tenha sido parcialmente privatizado em fevereiro de 2012, a revista The Economist observa:

"Os céticos têm-se perguntado se o preço foi tão alto porque o governo ocupou-se por si mesmo. O consórcio que venceu Guarulhos foi liderado pelos fundos de pensão da Petrobras, a gigante empresa de petróleo, e o Banco do Brasil, o maior banco do país. Ambas as empresas são controladas pelo estado. E o BNDES, o banco estatal de fomento, vai financiar o negócio."
Não há investimento nas favelas?
Um outro exemplo da demanda por instituições públicas providenciadas por empresas privadas vem de um relatório do CNN sobre os protestos do dia 11 de julho. O relatório da CNN cita um residente, Souza, da favela de Paraisópolis em São Paulo que diz:
“Os únicos que fazem alguma coisa para nós, são as empresas. Não temos hospitais. O único lugar onde podemos levar nossos filhos é o Einstein, um programa comunitário que é financiamento pela iniciativa privada. Quando peço uma consulta, eles marcam em três meses ou mais.”

Teleférico do Complexo do Alemão não é investimento?
Apenas empresas privadas podem prestar serviços públicos; a mensagem é clara. O Hospital Israelita Albert Einstein patrocina um programa de “assistência social” na área. Muitos dos residentes em Paraisópolis vêm de regiões agrícolas do Norte do Brasil, onde o governo está a tentar construir uma represa hidrelétrica que haveria de transformar a economia da região, permitindo que muitos dos residentes em Paraisópolis possam retornar à sua terra natal. A represa de Belo Monte sofre oposição do governo dos EUA.

E isso não é investimento? Modelos ex-criminosos do Complexo do
Alemão, Mister M (Diego Silva, editor de vídeos) e J Vitorino
(cinegrafista), produtos da pacificação das comunidades do Rio.
Vocês, manifestantes, têm certeza de que estão vivendo no Brasil?
Instituto Norte-Americano para o Desenvolvimento Internacional (US Institute for International Development), uma organização de frente da CIA segundo o ex-responsável pela agência John Stockwell, tem estado a trabalhar na área de Paraisópolis desde o ano de 2006 promovendo eletricidade “sustentável”. Ela também pode ter tido uma mão na promoção de protestos "sustentáveis" anti-governamentais!

Cena de uma guerra não declarada. Então vocês acham que é fácil
pacificar uma favela dominada pelo tráfico de drogas? Não se pode
ser tão ingênuo assim. Vai lá e tenta. Temos muitos heróis neste país.
Paraisópolis não é, precisamente, um bom exemplo da incompetência do governo brasileiro. Houve uma grande movimento desde 2002 para criar uma nova habitação social e infra-estrutura na área. A empresa venezuelana Caracas Urban Think Tank, especialista em desenvolvimento de cidades favelas, foi recentemente convidada pelo governo municipal para o design da habitação social, escolas e parques na área.

Paraisópolis, São Paulo
A Caracas Urban Think Tank tem construído projetos bem-sucedidos de infra-estrutura na Venezuela e o governo Brasileiro espera fazer de Paraisópolis um padrão de áreas experimentais.

A revista Citiscope recentemente publicou um relatório intitulado “Sem Desculpas para o Desenvolvimento das Favelas – Num planeta de crescimento vertiginoso, São Paulo desenvolve um modelo de ferramenta para a melhoria das condições de habitação dos pobres e despossuídos”. Os jornalistas Fernando Serpone Bueno e Veridiana Saleh relataram que o desenvolvimento urbano nas favelas de São Paulo tem melhorado “anos-luz” desde a ditadura militar patrocinada pelos EUA na década de 1980. O governo Lula criou o Conselho Municipal de habitação. Desde então, a favela de Paraisópolis tem visto grandes melhorias a nível da prestação de água limpa e amenidades públicas. O Conselho Municipal de Habitação é eleito pelo povo local, e tem uma voz em como o dinheiro do governo é gasto. Elliot Sclar, diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável da Universidade de Columbia, descreveu o desenvolvimento de Paraisópolis como “exemplar”.

Quem precisa de melhorias com uma vista destas? Brincadeirinha
Enquanto ainda há uma enorme quantidade de trabalho a ser feito no sentido de melhorar a qualidade de vida dos pobres no Brasil, a representação oferecida pela imprensa corporativa a fim de escorar os protestos para mudança de regime está longe da realidade social.

Tem havido bastante moralização pela imprensa corporativa acerca de um país com altas desigualdades hospedar a Copa do Mundo. Isso ignora o fato dos grandes investimentos pelo governo brasileiro, bem como massiva criação de postos de trabalho sendo impulsionados pelos preparativos para os jogos. De fato, o ministro brasileiro do desporto e líder do partido comunista Aldo Rebelo prometeu que bilhetes para os fãs do futebol assistirem ao Campeonato do Mundo seriam os mais baratos da história enquanto a reconstrução das instalações desportivas não está sendo realizada com dinheiro federal.

Por incrível que pareça, quem eu conheço que utiliza as UPAs tem
estado totalmente satisfeito. Mas quem não utiliza só fala mal.
Em vez de festejar em protestos organizados pelo imperialismo, os esquerdistas deviam estar questionando a sua finalidade e orientação. Apenas porque os jovens de classe média baixa são ingênuos, segurando bandeiras pedindo “melhores serviços públicos” e transportes mais baratos não significam que eles estão lutando contra o capitalismo e a globalização. Os centros de treinamento capitalista e ses suportes financeiros acreditam que serviços públicos são melhores se executados privadamente e é isso o que o povo do Brasil vai obterr se o imperialismo conseguir uma “mudança de regime” no próximo ano de 2014, e se a esquerda não abandonar seu dogma infantil de que as “massas fazem a história” e traçar estratégias para combater o imperialismo da nova anti-política baseada no “poder do povo”.

Curitiba – A solução para o problema dos ‘serviços públicos’ no Brasil
A cidade de Curitiba, no estado do Paraná no Brasil, é considerada por muitos como uma das mais planejadas mais sustentáveis cidades do mundo. Geógrafos americanos, designers urbanos, arquitetos e pesquisadores consideram o Sistema Integrado de Trânsito de Ônibus privado de Curitiba como um dos mais eficientes do mundo e um modelo para transportes urbanos do século 21.

Maravilhosa Curitiba e o busão
No entanto, Clara Irazábal mostra em seu livro Cidade e Gestão Urbana nas Américas: Curitiba e Portland, que a imagem e fama de progresso da cidade máscara uma realidade da pobreza, da exclusão social e tirania tecnocrática longe de ser positiva. Enquanto o sistema de ônibus tem alguns méritos, o corte de custos levou a má formação de pessoal, à superlotação e à má qualidade do serviço. Há pouca motivação para melhorar serviços como o de transportes públicos utilizados apenas pelos pobres e, como eles não têm meios de exercer pressão sobre os super-ricos, os tecnocratas sem rosto mandam na cidade de acordo com os seus interesses financeiros.

Sabará, periferia de Curitiba
O ex-prefeito da cidade e “arquiteto-estrela” Jaime Lerner foi entrevistado pela imprensa corporativa do Brasil sobre os protestos, a fim de solicitar-se sua experiência em resolver os problemas do “serviços públicos” do país.

Jaime Lerner Arquitetos Associados
Lerner foi um membro da ala direita do partido ARENA durante a ditadura fascista. Ele senta-se no conselho de administração do Instituto de Recursos Mundiais, que é financiado pelo Citigroup e é associado de Bill Clinton.

Como prefeito de Curitiba, ele supervisionou um programa de privatização que reduziu vastas camadas da população à pobreza, com trabalhadores que estão a perder todos os direitos que eles ganharam na Consolidação das Leis to Trabalho de 1943.

Quando Lerner dirigia Curitiba, Irazábal escreveu:

“O processo de planejamento produzido favoreceu as elites e – talvez involuntariamente – institucionalizou ou, pior ainda, promoveu as desigualdades. Por último, existe a perversa possibilidade de que campanhas de mídia agressivas e bem-adaptadas efetivamente coagiram as classes de menor renda a suprimirem suas próprias práticas baseadas em classe social em termos de valorização e apropriação do espaço. Além disso, tais campanhas podem ter levado as pessoas a assimilarem padrões de valorização e apropriação espacial característica das outras classes sociais.

Desigualdades sociais
A maioria da população era totalmente excluída do processo de planejamento da cidade. Os pobres da cidade foram mandados para a periferia e, devido ao aumento dos preços dos bens imobiliários viram-se obrigados a ir mais longe para fora das cidades onde eles se estabeleceram em favelas que não tinham água nem saneamento.
Curitiba é gerenciada por uma densa oligarquia empresarial obcecada em aumentar o próprio poder e riqueza, ao mesmo tempo em que regula a vida dos cidadãos que eles controlam.

Noção de oligarquia
Irazábal escreve:

“A participação do cidadão era, e ainda é, concebida por líderes pelo nível de identificação e apropriação da paisagem urbana por seus habitantes. De acordo com essa noção, os cidadãos são percebidos e tratadas apenas como consumidores de bens urbanos, e a cidade é cada vez mais tratada e retratada como uma mercadoria.”

Estudiosos ocidentais retratam Curitba como tendo o mais alto padrão de vida do Brasil. No entanto, as estatísticas oficiais no Brasil mostram que ela apenas ocupa 12ª no geral!

O livro Irazábal revela também como os prefeitos anteriores tentaram disfarçar os bairros de lata da cidade para as conferências internacionais de ecologia; como eles têm utilizado o álcool nos ônibus de turistas, a fim de criar a impressão de que a cidade usa “energia limpa” e como meios agressivos de propaganda que promovem Curitiba como uma “cidade ecológica” lavado o cérebro de muitos dos seus cidadãos para acreditarem que o imperador usa robes de ouro.

Clara Irazábal, Ph.D., diretora venezuelana do Latin Lab e
Professora Assistente de Planejamento Urbano
na Escola de Graduação em Arquitetura, Planejamento e 

Preservação da Universidade de Columbia, Nova Iorque
As empresas multinacionais têm uma mão livre em Curitiba. Por exemplo, a Renault decidiu que queria criar a sua fábrica em uma área de proteção ambiental que era suposta de suprir a cidade com água. As autoridades corruptas permitiram à Renault assumir a parte mais ecológica da cidade que foi renomeada “Zona Industrial Ecológica”.  Doravante, a água teria que ser encontrada em outros lugares.

Irazábal mostra como os líderes dos movimentos sociais combatendo a oligarquia foram comprado e como os pobres da favela tem sido alvos de lavagem cerebral para acreditarem que os vistoso edifícios que eles vêem à distância efetivamente representam sua cidade, apesar de muitos deles nunca terem estado no centro próspero.
Problemas sociais, tais como a falta de habitação a preços acessíveis, a deficiente educação e os serviços de saúde, e o aumento da criminalidade, a violência, a falta de habitação, e o desemprego têm aumentado em um ambiente suburbano negligenciado, e se tornaram críticos sinais de uma rápida deterioração do ambiente urbano… grupos dos movimentos populares que se mantêm organizados, em particular sobre questões de habitação, educação e saúde, também são contra essas tendências. Estes grupos, no entanto, são apenas dispersos ou pequenos, imaturos, resilientes, e/ou não politicamente espertos o suficiente para efetivamente contestarem esses processos.

Direrença social no Brasil: no dito "primeiro mundo" é ao contrário,
quem mora em prédios é pobre e nos subúrbios da periferia é rico
A privatização de tudo e a escravidão dos pobres; isto é o que a elite no poder ocidental quer dizer quando se fala de “cidades inteligentes”.
O carácter ilusório do fascismo
Dado a um risco crescente de retorno do fascismo no Brasil por meio da campanha de desestabilização campanha promovida pela CIA através do movimento “anti-corrupção”, é importante examinar alguns aspectos desta ideologia de extrema-direita.

Durante a década de 1930, o fascismo surgiu como uma resposta para o verdadeiro “despertar” da classe operária que foi organizando-se em sindicatos a exigirem os seus direitos. O sucesso da ditadura do proletariado e do campesinato na União Soviética, que foi se industrializando rapidamente; a militância do movimento da classe trabalhadora liderado pelos altamente organizados e unidos partidos comunistas; e o fato do colapso do sistema capitalista desde a queda de Wall Street em 1928, todos esses fatores fizeram com que a única forma de financiar o capitalismo para impedir que revolução social era a de criar um contra-movimento de apelo às massas, apropriando o discurso de esquerda e redirecionando-o em favor de interesses corporativos. O resultado foi o fascismo. O fascismo é a tentativa da classe dominante para mobilizar a pequena burguesia e a classe trabalhadora para a causa da classe dirigente, enganando a eles.

Tijoladas na África do Sul
É uma tentativa de impedir uma revolução social, desviando o ódio dos trabalhadores para seus patrões capitalistas através de bodes expiatórios. Para fazer isso, ela se apropria do discurso e da simbologia da esquerda, infundindo-os com novo significado. Assim, na Alemanha nazista, o capitalismo tornou-se “revolucionário” na forma de “nacional-socialismo”, onde o judeu e não o capitalista se tornou o inimigo do povo, enquanto o martelo e a foice dos comunistas foi substituído pela cruz suástica, que foi inspirada pelo regime tirânico dos Lamas no Tibete, cuja brutal teocracia feudal os Nazis admiravam.

Na Itália, Espanha e outros países, táticas semelhantes foram utilizados para evitar revolução social. O fascismo teve de chamar-se “socialismo” uma vez que capitalismo não era uma ideologia que a classe dominante podia comercializar efetivamente na década de 1930, dado o fato de que as pessoas estavam passando fome por toda a Europa e a América. Todos queriam alguma forma de socialismo, de modo que os patrões vieram com uma forma de socialismo que reforçaria o capitalismo.

Tijoladas nas galinhas em Recife
As táticas das “revoluções coloridas” seguem um padrão semelhante, com exceção hoje em dia de que a situação internacional mudou. Na ausência de ideologia socialista científica, é muito mais fácil de manipular o público a acreditar que a revolta “espontânea” e “popular” está a ter lugar. Isso porque as “revoluções coloridas”, tal como os seus antepassados fascistas em 1930, usam a retórica de esquerda a fim de mobilizar a juventude ingênua e mal informada para derrubar governos que a elite empresarial do ocidente considera serem obstáculos para seus planos expansionistas. Muitos dos governos dirigidos pelo imperialismo têm sido fiéis colaboradores do imperialismo no passado. Ben Ali da Tunísia, e Hosni Mubarak do Egito são exemplos. No entanto, o imperialismo muitas vezes transtorna seus bonecos quando eles superaram sua utilização ou tem divergências com seus mestres. Por exemplo, Mubarak se opôs à guerra de 2003 no Iraque, e recusou-se a enviar tropas para ocupar o país. Assim, Mubarak estava fora e a Irmandade Muçulmana fascista estava dentro.

Revoluções coloridas! Zhangye, na China.
Vocês imaginaram que existe vida fora dos Estados Unidos?
Revoluções coloridas? Hummm... não é bem isso
É assim que funciona e tão cedo os verdadeiros ativistas da paz, anti-imperialistas, comunistas e progressivos aprendam as modalidades da dialética imperialista, menos chances estas estratégias têm de escravizar a humanidade em uma distopia corporativa global.

Hummm... talvez
A burguesia compradora no Brasil que enriqueceu-se a si mesma servindo aos interesses de Wall Street durante a ditadura militar e ao regime neo-liberal de Fernando Henrique Cardoso, está usando tecnologias de engenharia social para mobilizar o povo contra a “corrupção”.  Aqui, mais uma vez, o objetivo é desviar a frustração com o capitalismo para frustração com os políticos. Isso permite que os executivos das empresas, os banqueiros, plutocratas e financiadores do fujam do anzól e coloca toda a culpa sobre os eleitos que são controlados pelos capitães do capitalismo financeiro.
Independência ou morte... não é não?
O ponto dos protestos no Brasil é obrigar as reformas que privaria o congresso brasileiro dos poderes executivos. Os manifestantes estão, por conseguinte, enfocando a sua ira sobre o congresso e, em particular, na ala esquerda do Partido dos Trabalhadores. A ideologia burguesa sempre tentou associar a ideologia socialista com “corrupção”.  Leia qualquer “paper sobre política” escrito por respeitáveis economistas ocidentais no espaço pós-soviético e você vai encontrar que quanto mais socialista a política do governo, mais o governo é descrito como “corrupto”.  Para os capitalistas, servir ao interesse público ao invés do mercado é a essência da corrupção. Mas há ainda uma distorção nos protestos do Brasil. Aqui, é precisamente as causas que soam de esquerda, que é dizer, as causas de interesse público que são defendidas, como escolas, hospitais, cuidados de saúde, etc. Mas estes são apenas slogans vazios, cantados por uma juventude apolítica e sem noção; são uma fachada para mascarar as verdadeiras intenções fascistas dos organizadores.

Bricsman
Num artigo revelador do blog “Além do Brics” no Financial Times, o jornal da elite anglo-saxã, há uma “lista de desejos”.  O artigo apela para presidente Rousseff vir aparecer com uma visão a longo prazo para a economia baseada na “economia ortodoxa”; em outras palavras, o Consenso de Washington. Pessoas com experiência internacional em empresas, em especial no setor privado, deveriam ser incluídas no seu gabinete, diz o FT. O gabinete deve ser reduzido de 40 para 15 e os casos de tribunal devem ser acelerados.Talvez o Financial Times tenha pessoas como o agente de Soros, Aminio Fraga Neto, em mente quando se refere a pessoas com experiência no setor privado. O artigo conclui que nenhuma destas exigências será respeitada porque o regime brasileiro é simplesmente demasiado corrupto e incompetente. A lista de desejos publicada pelo Financial Times corresponde à estratégia da elite financeira global, que é a de enfraquecer as instituições do Estado-nação, a fim de que as empresas multinacionais não precisem se preocupar com o estado de direito quando quiserem roubar e pilhar as riquezas do país, de acordo com as exigências da “economia ortodoxa”.
BRICS, as tijoladas
Esse é o plano da burguesia compradora cosmopolita desenraizada, cruel e implacável, representada pela ala direita dos partidos da oposição, que ao contrário do atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, não critica as políticas fiscais dos EUA ou da UE ou procura mais influência sobre o FMI, não impondo controles sobre o fluxo de capitais e tarifas prospectivas sobre as importações dos EUA, e que, ao contrário do atual ministro dos negócios estrangeiros, não fará declarações contra a intervenção de potências ocidentais contra a Síria, além de, simultaneamente, não exigir que o Brasil seja incluído no Conselho de Segurança da ONU.


O regime que Washington quer ver instalado irá comportar-se como os países modelos da América Latina, países como a Colômbia onde organizadores de uniões, professores e intelectuais que ousam abrir a boca contra o governo são mortos a tiro. Você não vai ver muitos ativistas Avaaz em Bogotá enquanto a colônia norte-americana é compatível com “economia ortodoxa” e está a cumprir o seu contingente anual de assassinatos cometidos por paramilitares a serviço da “boa governança”.

O conflito reproduzindo-se agora no Brasil é entre a burguesia nacional progressista que quer ver o Brasil crescer, mantendo os seus interesses de classe e de dominação da classe operária e a burguesia compradora que está a usar a pequena burguesia para destruir o Brasil enquanto estado-nação funcional, esmagar a iniciativa multipolar da ordem mundial do BRICS, cumprindo assim o que o Presidente Obama prometeu fazer antes de ser eleito, quando proclamou, “temos de recuperar América Latina”. Os lacaios do Sr. Mudança já vieram para o Brasil.


http://dissidentvoice.org/2013/08/brazils-vinegar-revolution-left-in-form-right-in-content-5/

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