domingo, 2 de agosto de 2015

Crônicas de Sydney

Um amigo meu ligou para mim do Brasil, aqui à noite e lá pela manhã, e conversamos um bocado ontem, mas como fazia tempo que não nos comunicávamos e minha mulher o conhece junto com sua família, ela ficou fazendo tantas perguntas que resolvi passar o telefone celular para ela graças ao WhatsApp de graça. 


What's up, dear? (O que aconteceu, querido?) Não sei, isso nunca
aconteceu antes. Você não quer fazer alguma coisa e dançar para 

mim?
Eles conversaram muito e bem mais do que eu e ele sozinhos, ou seja, as mulheres têm muito mais capacidade de interação social do que os homens. Ela lhe fez perguntas que jamais me passariam pela cabeça. No final, ela retornou o celular para mim e concluimos o quanto somos diferentes nesse sentido. Meu amigo me falou que se admirava como pessoas tão diferentes conviviam numa boa a tantos anos. Respondi-lhe que é justamente por isso que estamos juntos, nos completamos, caso contrário, se fôssemos iguais, não nos aguentaríamos.


Flexi day (dia flexível), balanço entre vida profissional e pessoal
Tirei a sexta-feira livre de acordo com o dia que tenho direito todo mês no trabalho. Quando estou em casa, costumo dar carona para todo mundo, então naquele dia fui levar nossa filha na universidade. No meio da tarde levei minha esposa no podiatra ou podologista e fui buscar nossa filha na universidade, junto com o cachorro que vai amarradinho no banco traseiro, com cinto de segurança. Ao retornarmos, enviamos mensagem para ver se minha mulher tinha sido consultada a fim de lhe pegarmos de volta para casa.

Weird (Bizarro)

De manhã, quando chegamos na universidade da minha filha e parei para ela descer, havia duas australianas passeando com o cachorro na calçada. Quando elas viram minha filha me beijar no rosto para se despedir, elas olharam para mim, para minha filha, e confabularam meio atarantadas. Estranhei mas pensei imediatamente que nós devíamos estar parecendo alienígenas para as mulheres porque nenhum pai leva a filha para a universidade naquela idade e muito menos elas os beijam em público na Austrália, e se fôssemos um casal, eu provavelmente era muito mais velho do que ela, o que devia estar sendo um ultraje para as mulheres feministas, pois isto também não é comum neste país. Parece aquele caso do pai e filho espancados por estarem se abraçando em Campinas, São Paulo (http://www.cartacapital.com.br/sociedade/pai-e-filho-sao-espancados-apos-se-abracarem).


Pois é, de vez em quanto temos que conviver com o preconceito do povo, sem ter a menor noção do que está acontecendo e sem a menor razão de ser. Como uma coisa tão natural quanto esta pode ser vista com olhos maldosos em outra cultura assumida como tão semelhante à nossa? Nenhum brasileiro é capaz de notar isso, é claro, mas eu e minha mulher notamos, e como notamos. Essa gente é doente, costumamos dizer. Doença feia, psicótica. 

Como brasileiro, tenho no coração o prazer de ser motorista das minhas mulheres. Gosto de dirigir, tenho um carro que me satisfaz, e depois que se aprende as manhas do trânsito de Sydney e as ruas locais alternativas de menor tráfego, torna-se agradável passear por suas ruas congestionadas também, tudo o que é preciso é só ser paciente, muito paciente. Entre as centenas de metros que se tem que trafegar a 40 km/h por causa do horário de largada das inúmeras escolas pelo caminho, e a quantidade de sinais de trânsito nas longas avenidas estreitas a 50 km/h porque Sydney simplesmente tem talvez a pior malha de tráfego do mundo entre as cidades avançadas, você leva 2 horas para cobrir cerca de 30 km de ida e volta, de leste a oeste bordejando o centro da cidade.

Chego ao ponto de freiar de leve para não perturbá-las, nem a qualquer dos ocupantes do táxi Silver Fox. Com isso também quadruplico a duração das minhas pastilhas de freios. Estou pensando sempre no melhor para os meus clientes. Sem falar que, para escolher o carro, primeiro testei como se acomodariam meus clientes no banco de trás e rejeitei vários modelos destes achatados da moda por este motivo.

Privacidade

Conforme meu chefe estava dizendo no dia anterior, durante nossa reunião de equipe a propósito de uma conversa lateral que surgiu enquanto eu preparava o projetor no telão, para ele não tem problema que os governos espionem quem quer que seja, porque se a pessoa é honesta e não tem nada a esconder, então não tem o que temer. Essa é exatamente a minha opinião, mas reagi conforme o que aprendi com outras pessoas mais perspicazes e respondi que o problema não era a pessoa estar certa, mas suas atitudes serem mal interpretadas por quem está espionando, por exemplo, se for basear-se no comportamento dela em que alguma atitude saia fora do padrão, como foram os casos mencionados acima.


Psicótico do blog http://www.onerdpsicotico.com.br/
Este é o grande problema da imensa invasão de privacidade que hoje em dia é irreversível e temos que conviver com ela, porque os juízes são humanos e provavelmente com muito mais defeitos do que as pessoas comuns, uma vez que quem espiona tem, no mínimo, uma má índole. Para os que tem fobias, pavores e ataques de pânico, não vão faltar motivos. 

Paródia similar aconteceu quando meu filho levou uma fechada de um carro e figou indignado. Ele disse que devia ter batido pois o outro não tinha razão de jeito nenhum, mas eu falei que não importava quem tinha razão ou não, o que importava era que ele tinha escapado de uma batida com todas as consequências indigestas que poderiam envolver processos, polícia, brigas com seguros, semanas sem carro enquanto ele era consertado, além do que carro consertado jamais será o mesmo, sem falar em consequências físicas de até mesmo de uma dorzinha num pé para coisas muito piores. Vale à pena abrir a boca e dizer que o outro não tem razão, ou é melhor evitar-se e perdoá-los a todas as suas besteiras que eles fazem no trânsito?

Eu sei, minha atitude é "mangina", mas convenhamos, é mais inteligente. Foi aconselhando assim que fiz ele desistir de fazer universidade das forças armadas e da carreira de astronauta, usando a inteligência para tentar sobreviver mais tempo com sanidade mental.

São várias coisas sábias que aprendemos durante a vida como não brigar com caminhões ou ônibus na estrada pois eles são muito maiores do que nosso carrinho de passeio, não importando quem tem razão ou não, sempre levaremos a pior, então é melhor respeitá-los e perdoá-los. Afinal, todo mundo sabe como é estressante a vida de um caminhoneiro, e todos estes conselhos "manginas" eu obtive de amigos bastante machos brasileiros (veja conceito de "mangina" num post anterior, aqui: http://conypre.blogspot.com.au/2015/05/sexo-atravessado.html).

Desconhecido

O problema da falta de privacidade é que ela abre as portas para um dos mais novos crimes inventados na era da informática, o roubo de identidade.

Existem vários filmes assustadores sobre roubo de identidade hoje em dia, esta semana mesmo assisti a parte do filme "Unknown" (Desconhecido ou Sem Identidade, 2010) com Liam Neeson, o qual eu já havia assistido o restante meses atrás. Veja trailler legendado aqui:



Depois de um grave acidente de carro em Berlim onde foi tomar parte numa convenção, Dr. Martin Harris (Liam Neeson) acorda para encontrar o seu mundo em caos absoluto após 4 dias em coma e com documentos perdidos. Sua esposa (January Jones) não o reconhece; outro homem está usando sua identidade, e misteriosos assassinos o estão caçando. As autoridades não acreditam em suas alegações e ele se vê sozinho e sem mãe. Com um aliado improvável, a motorista do táxi (Diane Kruger) que o salva, Martin se mete numa situação desconcertante que irá forçá-lo a descobrir o quão longe está disposto a chegar para descobrir a verdade por trás da conspiração.

A Rede

Um outro filme mais antigo já nos deixava apavorado, com Sandra Bullock, The Net (A Rede, 1995).

Angela Bennett (Sandra Bullock) é uma especialista em corrigir sistemas de informática, que se vê repentinamente envolvida em uma trama pelo fato de ter recebido um disquete que revela graves segredos. Para destruí-la um esquema é criado, com a finalidade de mudar seu nome e passado. Logo ela é conhecida na polícia como prostituta, viciada e ladra, sendo que provar quem é de verdade fica cada vez mais difícil.

Veja aqui, legendado, mas com uma péssima resolução de imagem, ou pegue na locadora, e dê o desconto da informática pre-histórica de 20 anos atrás quando, pelo menos, já existia laptops:



Update: O vídeo acima saiu do ar. Achamos este:



Uma Ladra Sem Limites

No filme "Identity Theft" (Uma Ladra Sem Limites, 2013), um sujeito descobre que sua identidade foi clonada e decide sair a caça da vigarista que estourou o limite do seu cartão de crédito.

Ele sai à caça da ladra e acaba se tornando seu amigo. O filme prova três coisas sublimes, que quando se conhece o passado dos criminosos, se justifica suas ações e torna-se fácil perdoá-los e trazê-los à recuperação. A outra coisa é que não importa a aparência nas questões do amor e da amizade e que um homem honesto que realmente ama sua mulher jamais a trai, conclusões surpreendentes em filme tão desambicioso. Veja trailer legendado aqui:



Entregue a Deus

Diante de tantas ameaças ao nosso futuro, chega aquela hora em que você diz, entrego tudo a Deus e seja o que Ele quiser. Decisão sábia porque, mesmo que não se queira, é isso mesmo o que acontece. Contudo você pode ajudar a Deus fazendo a sua parte e reduzindo o trabalho Dele. O quê? Não ouvi direito? Quem é Deus? É Alá, Jeová, Oxalá, Krishna, ShivaBuda ou Maomé? Chega, faça de conta que é o seu pai. Não gosta do seu pai? Então faça de conta que é o pai que você queria ter pois, afinal, a vida é um faz de conta temporário.

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