quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Qualidade do Jeitinho Brasileiro V

Continuação...

Hoje houve desdobramentos enquanto eu terminava esta série de posts. 

Numa reunião de alto nível, nos foi repassado que, dos pontos tocados em como trabalhar com a maior perfeição, o Gerenciamento de Incidentes passou com nota quase 100. Segundo a responsável, ela recebeu congratulações das diretorias via email logo cedo.

Também nos foi repassado que uma das minhas iniciativas de controle de incidentes, a qual foi lembrada que eu havia apresentado e sugerido aos outros times utilizarem o mesmo esquema há três anos atrás porque estava funcionando às mil maravilhas, e havia sido ignorado, agora vai ser imposta para todos seguirem obrigatoriamente. Uiiii, essa doeu...

Um jovem novato, herdeiro do meu reino, treinado pela minha treinada, está a organizar reunião com os outros times a fim de re-apresentar a ferramenta pra eles, que agora vão ter que se submeter. O pessoal de arquitetura e banco de dados costuma ser avesso à documentação, são mais como "free-ranges" (galinhas criadas no terreiro).

Não sei nem como o autor da medida foi lembrado em público, deve ter sido um deslize, porque a cultura deles não é muito boa em reconhecer trabalho bem feito nas origens, só nos resultados, nos lucros, no dinheiro. 

Certa vez me deram um prêmio de fim de ano, mas ao invés de ressaltar exatamente estas tais medidas, o motivo foi o número record e impressionante de incidentes resolvidos por mim em um ano, baseado no que foi registrado. Tenho pena deles, porque a outra metade não havia sido registrada já que a resolução havia sido através de instrução, ou seja, aquilo era só a metade do que eu merecia e mesmo assim foi impressionante, e eu só havia conseguido aquilo justamente pela metodologia que implantei à revelia. Foram cerca de 340 incidents resolvidos naquele ano, mas nos 6 anos na área, o total sobe para mais de 3.000, e ainda sou o campeão de um belo campeonato.

Eles, por exemplo, são incapazes de reconhecerem que aquela gerência só está trabalhando assim, à beira dos 100% dos pontos de qualidade, por causa das minhas iniciativas e das minhas soluções implantadas por mim mesmo quando eu era o tal gerente, o qual treinou esta pessoa que tem assumido esta função nos últimos dois anos. 

A gerenta atual foi treinada para usar as minhas metodologias e ferramentas que hoje estão começando a fazer sucesso publicamente por causa do reconhecimento vindo de fora, de mais alto nível baseado nos resultados, mas poucos se lembram de parabenizar-me por ter pensado e executado as soluções. Afinal, para eles, dobrar-se à minha excelência brasileira, controvertida e contestadora, fora do padrão, para muitos é reconhecer que eles tem sido uns... assholes, dickheads (procurem no dicionário). Já ouvi indiretas do tipo "conseguiu mas por meios não ortodoxos" ou coisa parecida.

A Última Tentação de Cristo, filme de 1988, de Martin Scorsese com 
Willem Dafoe e Harvey Keitel
Quando você agrada os pobres e desafia os ricos, definitivamente você não tem IBOPE. A gente tem que dar uma de Jesus Cristo mesmo, morrer pelado na cruz.

Mas de todo jeito, fez bem ao meu ego vir a saber que tudo isso está acontecendo, e muito mais ainda está por vir, se bem que acho que não estarei mais lá no dia em que uma estrela cair do céu e eles resolverem reconhecer minha contribuição ao longo dos anos. Meu tipo de trabalho só dá resultados depois de anos consertando cada detalhe fora de lugar, imperceptivelmente.

Sim, estou meio "arretado" hoje porque foi um dia muito "busy", cheio de reuniões com decisões minhas a serem tomadas, convencimento aos incrédulos, e ainda tendo que lidar com as demandas, pois quando as pessoas começam a acreditar num projeto, elas vão longe e se mostram cheias de desejo.


Público cheio de desejo do Black Sabbath na praça da Apoteose,
no Rio de Janeiro. Foto Julio Cesar Guimarães/UOL
Não dá para contar tudo, eu nem me lembro, mesmo que tenha escrito um compêndio que um dia, quem sabe, poderá se tornar um livro.

O que mais me irritou hoje foi a briga de egos com o meu chefe. Já contei algumas coisas sobre o seu jeito, e hoje eu abri o verbo porque houve chance. Espero que isso já faça parte da nova maneira "direta e pessoal" de avaliar os recursos humanos, depois que a empresa acabou de abandonar o método de avaliação irritante que executava até então.

Enfim, ainda existem revoluções após outras a acontecerem antes do Armagedom, mas o que eu desejava até aqui, consegui. 

Gargalo não é galo cantando e gargalhando...
Só podíamos pensar no futuro assim, seriamente, positivamente, e com entusiasmo, se resolvêssemos nossos principais gargalos a fim de nos dar tempo livre para sonharmos acordados. Isso está acontecendo.

Só podemos nos divertir quando estamos de barriga cheia, caso contrário só pensamos em comida.

Isso é tudo o que deu pra lembrar, mas com certeza teve e terá mais...

Conclusão com Jeitinho

Estes são apenas alguns exemplos do que um brasileiro pode ser capaz de fazer no exterior, ganhando todo mundo com nossa "miscigenação", tolerância, e um jeitinho cativante.

O "jeitinho brasileiro" não tem nada de malandragem. Quem assim o proclama tem complexo de inferioridade e quer desprezar a cultura nacional. 

É intriga da oposição, vamos valorizar o que é nosso, aprimorá-lo e vendê-lo. 

Mas com decência como nesta música de Lucas Lucco, Homem É Tudo Igual:



Um retrato dos machos brasileiros jovens de hoje, mas o recado não é esse, o recado é outro quando Lucas diz, "homem é tudo igual até achar a mulher ideal", e mais quando diz "mas eu sou diferente, hein?". E prestem atenção no detalhe dos "erres" deste sujeito. Apesar das baixarias que ele tem lançado, das tatuagens exageradas e dos selfies, ainda dou crédito a este rapaz por causa destes pequenos detalhes que para mim denotam caráter.

The End

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