terça-feira, 18 de agosto de 2015

Impixamento

Passeando pela internet, encontrei alguma coisa positiva com relação ao governo atual do Brasil. Reproduzi aqui uma parte do artigo que resume exatamente o que eu queria dizer em poucas palavras. André Falcão* escreveu assim em outubro de 2014:
  • Salário Mínimo - Analise, de cara, a evolução do valor do salário mínimo. Quando Lula foi eleito para o 1º mandato (2002), valia R$ 200,00; hoje, passados apenas doze anos, vale, vocês sabem, R$ 724,00: um aumento de 362%. 
  • Projetos Sociais - Agora vá dar uma olhada na enxurrada de políticas públicas do governo federal: BOLSA FAMÍLIA, MINHA CASA MINHA VIDA, BRASIL SEM MISÉRIA, LUZ PARA TODOS, PRONATEC, PROUNI, ENEM, FIES, PAC, MAIS MÉDICOS, a LEI DE COTAS… 
  • Recursos - Mais: Conseguiu aprovar que 10% do PIB e que 75% dos recursos do PRÉ-SAL fossem para a educação, criou o PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, a POLÍTICA NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL, aprovou o MARCO CIVIL DA INTERNET, 
  • Fome - E a última: segundo a ONU(!), o Brasil, pela primeira vez em sua história de 514 anos, saiu do Mapa Internacional da Fome!
  • Empregos: Mais um tanto: E se eu disser que há apenas 4,9% de desempregados? A Europa rica está com 20%! 
  • Banco - Pra terminar por aqui: Dilma inventou agora de criar um banco. Um banco! Quer dizer: o Lula paga o FMI. É pouco. Dilma funda um banco com o tal do BRICS. O nome do banco é Novo Banco de Desenvolvimento (New Development Bank - NBD.
Veja uma dica aqui: https://www.youtube.com/watch?v=otO7p7rAfOA
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão, de Maceió/AL, Brasil. Escreve semanalmente para o Pragmatismo Político.

Texto reproduzido desta página da net:

http://www.pragmatismopolitico.com.
br/2014/10/por-que-odeio-lula-e-dilma.html

O título desta página é "Por que Odeio Lula e Dilma". Vi a chamada no Google e resolvi dar uma olhada pra tentar entender mesmo, e me deparei com a verdade e a interpretação deturpada dos odiadores de plantão. Ambos os textos estão no mesmo artigo, o que pode deixar alguém confuso sobre de que lado está o autor. É difícil identificar-se onde começa a ironia e termina o sarcasmo, para quem trafega nos mares das classes médias abastadas brasileiras. Portanto, eu digo que são os seguintes os motivos do ódio disseminado pela sociedade brasileira de classe média e afluente, também extraído do artigo:
Taí, não tinha pensado nisso, mas é muito mais eficiente
"Ora, isto só poderia dar em empregada doméstica metida (tem direito até a hora extra, vê se pode, e a gente a considerando como se fosse da família… Não, não herda, mas é como se fosse, ora!), pobre em restaurante, shopping, cinema e até teatro!
Outro dia o vigilante do vizinho chegou para o trabalho de carro! E semi-novo! Isto sem falar nos aeroportos, que hoje mais parecem rodoviárias, de tanto pobre. Até minha família já sente na pele os absurdos de hoje. Imagina que ontem meu filho chegou em casa da faculdade todo acabrunhado. “O que foi, filho?” ― perguntei-lhe. “O que foi?” ― devolveu-me, irritado. “Sabe quem está estudando na minha sala? Em plena Faculdade de Medicina? ― disse, quase gritando. “A filha da lavadeira da minha tia! Sim, da sua irmã!” Silêncio. Engoli em seco, respirei fundo, mas nada falei. Dizer o quê? Estava coberto de razão…
Trauma da gota. Telefonar pro psicólogo…"
Você gosta de massa?
Não se sai por aí falando-se desse jeito. Mas dentro de casa este costuma ser o discurso em muitas famílias. Já escutei este tipo de coisa durante minha vida no Brasil, desde que era pequeno, convivendo com a classe média tradicional e a classe rica. Jamais assumi tal atitude preconceituosa e nem quem vivia no meu círculo íntimo de amizades e família também não. Ao contrário, sempre ajudamos às famílias pobres, aos funcionários humildes, e sempre os tratamos de igual para igual, angariando com isso vários amigos para toda a vida. Já melhoramos a vida de muita gente, numa época em que só as pessoas podiam fazer isso pois os governos não faziam nada.

O pior xingamento brasileiro, o maior preconceito de todos
Este segundo discurso aí é verdade, a triste verdade nacional. Ouvi falar que um certo embaixador brasileiro odiava o país estrangeiro onde ele era diplomata porque pra onde ele ia tinha trabalhador braçal, seja nos restaurantes ou nos teatros, porque eles ganhavam o bastante para isso, e ele se sentia ultrajado ao ser misturado com a pobreza. E ele foi capaz de falar isso no meio de um evento social repleto de brasileiros chiques. Ora, ele apenas verbalizou o que todos pensavam alí, e foi mal que uma pessoa sequer fosse capaz de considerar aquilo uma afronta, um acinte, um absurdo preconceito de alguém em tão alto nível ao ponto de representar o Brasil lá fora. Esta pessoa nos confidenciou isso durante uma festa familiar. 

Antes que me perguntem, nunca fomos a tais atividades, mesmo sendo convidados todos os anos, justamente por causa deste tipo de acinte sempre presente. O acinte começa com os olhares de cima abaixo logo na entrada como que perguntando "quem são estes que se atrevem a invadir a nossa praia?", e em seguida o bombardeio de perguntas delicadas pra saber a que elite pertencemos, e caso não pertencêssemos, as costas de desprezo nos seriam dadas. Quando eu era jovem já brinquei muito com isso, provocando todo tipo de reação que eu queria, tanto fingindo ser rico quanto fingindo ser pobre, e até mesmo pelo simples jeito de me vestir.

Em férias no Brasil durante esta década passada, por várias vezes vimos os ditos pobres fazendo compras nos shopping centers e nos orgulhamos disso. Ficamos a observar de propósito, como um rapaz escolhia um sapato tênis com cuidado. Observamos quando se endereçou à fila de pagamento e sabíamos que todo pobre paga suas contas religiosamente até o fim. 

Senhora dos Absurdos, personagem do comediante Paulo Gustavo,
totalmente politicamente incorreta (procurem no Youtube)
Também vimos ex-pobres bem vestidos como sabiam e podiam, prontos para embarcarem nos aviões para o exterior ou de volta pra casa. O aeroporto estava um inferno, super-lotado, tivemos que pegar o ônibus para o avião porque as passarelas telescópicas não davam conta, mas ao invés de nos irritarmos, estávamos a admirar aquele povo que provavelmente voava pela primeira vez, e sentimos muito orgulho daquilo. 

Em outra ocasião viajávamos pelo interior quando olhávamos para as pessoas que sempre caminharam ao longo das rodovias à pé. Só que agora elas se vestiam na moda, com jeans, camisetas ilustradas e sapatos tênis. Foi um prazer ver o povo brasileiro do interior podendo se dar ao luxo de sentirem-se parte da sociedade, sem abandonarem seus costumes humildes. 

Nos sinais de tráfego, ao invés de malandrinhos assustadores nos cercarem com os vidros fechados, prontos pra dizer "não", vimos crianças fazendo malabarismos de circo, verdadeiras proezas, enquanto o que poderiam ser seus pais passavam lotados de acessórios para celular, trabalhando. Muita diferença as quais provavelmente não são notadas por quem passa por estes lugares com muito mais frequência do que nós.

Isso foi antes da guinada da Globo na semana passada, que
passou a defender o governo atual por enquanto
Desculpem se já falei sobre estas coisas aqui no blog, é mal de Alzeheimer mesmo...

Ir até o cais observar esculturas sem medo de ser atacado foi outra surpresa agradável, enquanto que para ir para lá, passamos por uma área costumeiramente pobre que agora estava urbanizada e com uma praia decente.

Tudo isso tem nos orgulhado muito nestes anos em que estivemos vivendo fora, infelizmente. Mas, convenhamos, se estivéssemos vivendo "dentro", talvez estivéssemos tão cegos quanto estes participantes de passeatas de protestos.

Então fui olhar o blog do André Falcão e me deparei com um tremendo artigo entitulado "Em Defesa da Presidenta do Meu País", relatando o porque do orgulho de sua presidenta:

http://www.blogdoandrefalcao.com/2015/08/em-defesa-da-presidenta-do-meu-pais.html 

Do blog do André, obtive uma frase significativa de Pablo Neruda logo de cara:

"A pessoa certa é a que está ao seu lado nos momentos incertos."

Virei para minha esposa e falei, quem é que estava do meu lado nos meus momentos incertos (depois da minha família)? Você. E o que acontece com frequência com os outros casais quando o marido enfrenta momentos incertos? A mulher se separa e vai embora.

Pausa para o Chá da Tarde

Quando se quer, pode-se criticar tudo.

Um amigo meu finalizou inocentemente de bom humor o seu email para mim do seguinte modo: beijos nas mulheres e abraços nos homens.

Respondi, e os da coluna do meio, beijo ou abraço? Ou os dois? O brasileiro é preconceituoso. O grego e o russo não! Eles dão beijos em machos. Mas eu mesmo dispenso... e pra falar a verdade, seria melhor abraçar as mulheres de corpo inteiro do que simplesmente dar beijinhos de mentirinha, mas nós fazemos ao contrário... quanto aos da coluna do meio, depende de como eles se apresentam, suponho... 

Emília Duncan, ator Marco Nanini no teatro,
em O Burguês Ridículo, 1996
Parada Gay

Ontem minha mulher viu um jornal inteiro da Globo sobre os protestos que disseram terem sido menores do que o de abril. A briga dos repórteres era dizer os números de pessoas, que era um número contado por sei lá quem e o outro pela polícia. No final, nas tais 205 cidades que eles computaram que tiveram protestos, deu um total de 2 milhões nas contas de não sei quem e quase 900 mil nas contas da polícia. Risos... (esse "não sei quem" é hilário, mas também, que interessa saber se estão mentindo mesmo?).

Pensando direitinho, numa conta e na outra, se o país tem 200 milhões de pessoas, então foram 10 ou 5  por cento apenas que estavam nas ruas. 

Fizeram faixas enormes com as cores da bandeira e tendo escrito "impeachment". Vários cartazes "Fora Dilma", esculhambaram com Lula também, até desfilando um boneco gigante dele vestido com roupa de ladrão. R-I-D-Í-C-U-L-O!

Minha resposta pra ela: Esse pessoal está mesmo fazendo papel de ridículo para o mundo.

Mas não foram 5 a 10%, foram 0.5 a 1%, o mesmo percentual de gays no mundo (exceto no Rio de Janeiro, onde eles são 14%). 10% de 200 milhões seria 20 milhões, houve um "miscalculation" aqui (erro de cálculo), e nem isso eles merecem.

E estes números ridículos, foram mais para 900 mil pessoas mesmo, o que condiz com o percentual da classe média alta e mais uns cachorros e gatos.

Botões de impeachment norte americanos são lugar comum.
Aqui tenta-se "pixar" Reagan, Clinton, Bush, Obama, todo mundo.
Vai uma pixadinha aí?
Mesmo reduzindo 200 milhões para 80 milhões de adultos trabalhadores válidos (tirando crianças, velhos, doentes e inválidos), ainda assim é um percentual ridículo.

É preciso dizer pois ninguém nota, não é? É um percentualzinho minúsculo mas muito barulhento, em busca dos seus direitos de dar um colorido na vida e casar direito com a direita, com cobertura da mídia milionária detentora dos trombones.

Aqui tem uma explicação do que é "impeachment" que não é exatamente "pixar" uma pessoa. Em Inglês, A Importância do Impeachment, Como o Partido do Chàzinho da Tarde Anda Abusando deste Procedimento Constitucional:

http://nomadicpolitics.blogspot.com.au/2014/03/the-importance-of-impeachment-how-tea.html

O movimento Tea Party (Partido do Chàzinho da Tarde) tem sido uma série de protestos de rua realizados nos Estados Unidos desde 2009, a fim de "impeachar" Obama.

Domingão

A reportagem seguinte mostra como os estrangeiros percebem o Brasil, principalmente nesta hora destes protestos inócuos.

Uma das observações mais contundentes com certeja foge completamente da percepção dos brasileiros metidos na sociedade nacional: ele notou que a grande maioria dos manifestantes em São Paulo neste fim de semana eram brancos, enquanto a maioria dos vendedores e dos policiais misturavam raças, principalmente a negra. 

Ele também notou que quase ninguém prestava atenção a um trio elétrico berrando a volta dos militares, mas prestava atenção a outros que tocavam músicas e refrões de times de futebol misturados com frases de efeito zombando de Lula e Dilma, porque é essa a maneira conhecida de engajar as pessoas nos discursos de protestos no Brasil, um verdadeiro carnaval. Não deixou de notar que desta vez a paisagem estava mais repleta de restaurantes ambulantes, um programão de domingo para as famílias brancas que proliferaram desta vez, ao invés de jovens e estudantes.

Outro ponto que lhe chamou a atenção foi a inutilidade dos protestos, exceto que eles evidenciam a real democracia brasileira atual, vibrante e saudável.

O que os Protestos no Brasil Significam Afinal? Pelo historiador Jeffrey Lesser (em Inglês):

http://edition.cnn.com/2015/08/17/opinions/lesser-brazil-protests/

Tomei emprestado esta ilustração do blog do Paulo Henrique Amorim,
sem o seu consentimento. Sim, eu posso desenhar todas as minhas
ilustrações, mas tenho preguiça de aprender a usar os softwares...
É exatamente estes tipos de observações que me encantam na percepção estrangeira não contaminada pela sociedade brasileira. Cabeça fria para captar a realidade sem maquiagens de um condicionamento social, o olho de quem está de fora do panelaço.

Vamos tentar esclarecer mais uma vez. Veja aqui uma reprodução de um artigo da Carta Maior, desta vez em Português, Leblon, o Nome da Crise Não É Dilma, É Dominância Financeira:

http://www.conversaafiada.com.br/economia/2015/05/25/leblon-o-nome-da-crise-nao-e-dilma-e-dominancia-financeira/

2 comentários:

  1. ERRADO O NOME DA CRISE NÃO É DOMINÂNCIA FINANCEIRA, SIM CORRUPÇÃO. FORA corruPTos.

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  2. Oi Victória, porque você não disse isso antes, "fora corrupção"? Ela existe desde que você nasceu. Suponho que só agora você cresceu e sabe que, pra dizer isso, "fora corruptos", é preciso antes saber quem são eles e não sair atacando seu pai e sua mãe... desculpe, mas o nome da crise é "Ignorância".

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