segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Dia da Reencarnação

Eu chamo "Dia da Reencarnação", mas na realidade seu nome é "Remembrance Day" (Dia da Lembrança). Vocês saberão porque mais adiante, se tiverem saco de ler este post.

Procurando por notícias sobre o Brasil em Inglês, coisa que tenho feito com menor frequência porque estas também têm se tornado contaminadas, vou cair justamente numa notícia sobre assédio sexual de meninas.

Tal assunto me levou à minha vida (de macho) no Brasil desde a infância até a maturidade e me trouxe muitas lembranças de como meus "amigos" todos se comportavam.

Durante toda minha vida, praticamente, eu era o patinho feio da rapaziada. Não, me entendam, eu não era o mais feio, eu era "diferente". Na realidade, se pensarmos direitinho, e se eu puxar por alguns comentários que de vez em quando faziam sobre mim, meus companheiros costumavam me achar algo diferente e superior a eles, mas não chegavam a me escantear, ou seja, eu ainda era "convivível". Isso porque eu andava com eles e tolerava suas grosserias, embora não as fizesse. Eu dava um risinho, eu balançava a cabeça de um lado para outro em condescendência, tal como meu filho faz hoje.

Porque a todo minuto eu era exposto a um ato de grosseria insuportável, e o jeito era sublimar porque não podia mudar o mundo e também não queria ficar sozinho. Eu podia dar o exemplo, mas ao invés de ser tomado como exemplo, era tomado como um "santo", como um cara diferente. Não, "Geninhos" é um cara superior, evoluído, ele não é parte da nossa canzoada, nossa cachorrada. Ele não se mistura conosco, esse cabra é gente-fina, e me abraçavam. É mais ou menos como meu filho, que não bebe e dirigia o carro dos outros levando-os bêbados pra casa, quando não tinha o seu próprio carro.

Cantando mulher na avenida Paulista
Um simples exemplo seria assim: íamos eu e um amigo pela calçada congestionada da cidade quando cruzávamos com uma mulher mais "gostosa" do que as outras. Ele prontamente já a enxergava a muitos metros de distância, e a lambia com os olhos, concentrando o olhar nas partes íntimas da mulher. Quando passávamos por perto, ele sussurrava "gostosa" quase encostando a boca na orelha da mulher, corpo envergado denotando total interesse. Pior é quando ele dizia "boce...da".

Bem, minha mulher me contou que já ouviu todos estes tipos de cantadas na rua, mas ela nunca se incomodou porque isso é o jeito que o brasileiro é. Pois bem, a tal gostosona passava por nós com ar de marota, sorrisinho imperceptível nos lábios, olhar de regozijo, sabendo que estava agradando, e também sabendo que não íamos atacá-la, mas apenas externar nosso prazer de repartir aquela mesma calçada com tal coisa.

Ao passarmos por ela, meu "amigo" se viraria todinho para apreciar o traseiro, e ela geralmente aumentava o requebrado um pouco mais como uma espécie de presentinho. Havia aquelas que ainda se viravam pra mostrarem que estavam sabendo que estávamos olhando. Ninguém atacava ninguém e todos "brincavam" desse jeito.

"Estávamos olhando", vírgula. Eu achava este tipo de atitude muito baixaria, de gente sem educação nem respeito, por isso não me sentia bem em fazer. Além disso, era orgulhoso, não queria me rebaixar nem dar o gostinho. Eu passava mas não olhava pra trás. Passava, olhava discretamente para a figura, mas não dizia nenhuma palavra. Eu podia até mover-me mais pra perto do curso da garota a fim de passar junto e respirar fundo pra sentir que perfume podia ser, mas acredito que ninguém podia dizer que aquilo havia acontecido, tal era minha excelência no disfarce. Só elas próprias sabiam... basta um olhar de mais do que uma fração de segundo e tudo é entendido pelos instintos.

É imoral escrever "moral" na parede dos outros?
Aqui na Austrália, em geral, os homens são como eu, mas suponho que seja por motivos diferentes. Fui criado com moral, educação e respeito, principalmente às mulheres, com quem eu tinha uma relação de igualdade, de mesmo nível, e por isso era muito fácil conseguir o que queria, ou seja, antes de tentar ganhar todo mundo eu tinha que neutralizar quem já tinha ganho. Éramos tão iguais que, quando íamos ao restaurante, rachávamos a conta, para o horror de certos convencionais. 

Mas isso não é como os homens brasileiros são criados. Meu pai era uma figura absolutamente honesta, e como tal, de extrema moral, respeito e dignidade, e minha mãe, de uma honestidade de dar nos nervos, também era decisiva e atuante, apesar de uma clara educação machista que a exigia ser a esposa do marido dominante, mesmo que ela aparentemente dominasse.

Apesar disso, não absorvi o aspecto macho dominante muito bem. Fui além da moral do meu pai e construí a minha própria, montada na justiça e igualdade de todos os seres humanos, ou antes, todos os seres vivos, calcada no Espiritismo desde garotinho. Ele tinha pavio curto, eu sou tolerante, ele se irritava com os ignorantes, eu tenho pena deles. Eu admirava o poder do olhar de Jesus Cristo, como ele era retratado nas aulas de Espiritismo para crianças. Eu imaginava que poder devia ter alguém que, apenas por passar por uma aléia cheia de gente, era capaz de fazê-la cair de joelhos só pela bondade e superioridade que ele emanava, quando até guardas romanos também se curvavam. Eu sabia que aquilo podia ser real, e em algumas raras ocasiões em minha vida, cheguei a sentir-me intimidado pela autoridade moral de alguém.

Por jmquiros em http://www.machodominante.es/
O australiano médio não sabe exatamente o que é moral. O motivo deles respeitarem as mulheres é porque foram criados por elas, segundo me disseram. As mulheres "liberadas" australianas, que competem com os homens abertamente e se acham no direito de fazerem tudo o que eles fazem e mais ainda, criam seus filhos com pouca interferência dos maridos, geralmente manobrados por elas, de modo que seus filhos homens fazem tudo o que elas mandam, a começar pelas tarefas de casa como lavar pratos e cozinhar. Praticamente todos os homens australianos cozinham, mas pergunte qual é esta proporção no Brasil, mesmo hoje em dia quando cozinhar virou moda de cheffs masculinos imposta pela importação dos estilos de vida estrangeiros via televisão? Muito mal eles dirigem o churrasco ao ar livre porque, afinal, comer muita carne é predicado masculino por excelência.

O artigo da internet, em Inglês, que versa sobre desatinos jogados contra uma menina participante do mestre cuca mirim, Campanha Online Contra o Abuso de Assédio Sexual Voltados aos Tweets Explícitos à Estrela do Masterchef Júnior no Brasil http://www.theguardian.com/global-development/2015/nov/11/brazil-explicit-tweets-junior-masterchef-star-online-campaign-against-abuse-sexual-harassment, me levou para um "hashtag", que é como andam chamando as trilhas de discussões em Twitters, Facebooks ou o escambal, #primeiroassédio. E que tal esta outra trilha? #AgoraÉcomElas 

Aqui a coisa é séria, A Primavera das Mulhereshttp://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-primavera-e-das-mulheres-8802.html

Martin Clunes como personagem Doc Martin num dos melhores
seriados de TV da BBC de Londres, a marca da arrogância em
pessoa, por ser realmente superior a todos os moradores da
cidadezinha de Portwenn, na realidade 
Port Isaac em Cornwall,
Inglaterra,
 que tornou-se ponto turístico por isso.
Mas me diga, quem merece ser seguido por mim? Aceita-se sugestões. E por falar em arrogância...

Este conceito massificante me repele porque me leva ao meio das hordas de gente que geralmente não tem nem moral nem inteligência bastante para discutir qualquer coisa, mas confesso que tal meio de comunicação pode ter seu valor. Só vai ser difícil eu entrar nele, e assim como não voto para nenhum programa de televisão realidade, qualquer meio de medir os sintomas culturais de uma população vai falhar porque pessoas como eu, com um certo nível de moral e auto-preservação, jamais irá participar destes movimentos de massa. O resultado é que qualquer medição destas vai tirar resultados da população equivocados, por baixo, enquanto a voz de seus representantes de nível mais alto vai ser ignorada. Então vai-se chegar à conclusão que o brasileiro é assim ou assado, por exemplo, quando aquilo não é verdade. Eles apenas esqueceram-se de perguntar aos representantes das classes mais discretas e satisfeitas da sociedade.

Mais vale acessar blogs de personalidades lógicas para se tirar qualquer conclusão melhor do que apenas observando-se as massas nas ruas. Alí é onde estão os tais "tanques" de guerra pensantes que derrubam e aniquilam todos os passantes das ruas...

O Domo do Reichstag, uma escultura de luz sobre o palácio do
governo alemão. Dizem que falar na segunda guerra mundial na

Alemanha é tabu, é proibido, é embaraçoso, mas o palácio do
governo ainda é o mesmo daquela época...
E fui parar no reichstag, digo, "hashtag" (não sei porque não chamam de "cerquinha", que é o apelido brasileiro, ou melhor, sei...), e na tal sequência de besteiradas o Inglês dominava mais da metade. Ora, como? Alguém ficou traduzindo tudo apenas pra esculhambar com o brasileiro lá fora, fingindo "não sou brasileiro, mas olha como eles se comportam lá naquele chiqueiro da América Latina"! 

Não duvidem, porque é isso mesmo. E com o advento desta nova mídia cachorra onde qualquer um pode publicar o que quiser, eles agora estão competindo com a outra mídia cachorra dos ricos que, antes disso, fazia a cabeça das populações ignorantes, que são a maioria. Agora eles próprios fazem suas próprias cabeças. E tudo continua uma cachorrada só.

Hugh Laurie como Dr House, M.D (Medicinae Doctor),
outro retrato da arrogância também por ser um
extraordinário e inteligente médico que humilha todos
os pacientes que mentem
Minha curiosidade foi chamada para o fato de que parece que as meninazinhas inocentes de 9 anos de idade andam reclamando que tem sido "molestadas" sexualmente nas ruas.

Okay, concordo plenamente, exceto pelo fato de que tais meninazinhas costumam não ser assim tão inocentes, embora uma ou outra possa ser realmente, e estas serão as vítimas reais. Evidentemente que não vou inocentar quem ataca as assim chamadas "novinhas", e nem poderia porque vítima também fui eu. 

Como a "pesquisa" diz, um em cada 5 sofredores é homem. Basta você ser um garoto bonitinho, um pouco mais apanhado do que a maioria, digamos que branquinho fortinho, no meio dos índios baixinhos e dos morenos esguios, que você chama atenção no Brasil e se torna automaticamente alvo de bullying, o que fatalmente inclui assédio sexual do mesmo jeito que as meninas. Mas eu sobrevivi, e sem arranhão. Outro dia achei um forum na net que reunia os abusados que não guardaram sequelas dizendo que muita gente passa por isso e sobrevive sem querer ficar milionário com processos na justiça. Como diz o australiano, "it will be fine" (tradução, "deixa de frescura" ou ao pé da letra "vai ficar tudo bem")...

Porque o brasileiro médio em geral é criado achando que qualquer coisa que cair na sua rede é peixe para ser comido. Então eles não têm o menor pudor de traçar um garotinho, do mesmo jeito que traçariam uma garotinha. E isso é fato, tive várias ocasiões quando isso poderia ter sido possível, embora nenhuma delas se concretizou, tendo sido envolvido de várias formas inteligentes de pescar peixe. 

Uma das formas mais interessantes de partilhar do meu físico com meus companheiros foi quando me chamavam para fazer sexo em grupo. Apesar de eu não ter esse tipo de tara, ficava pensando em qual seria a graça daquilo, e já cheguei até a me presdispor duas vezes, sendo que ambas as vezes deram com os burros n'água. Provavelmente porque não havia "clima". Para mim sexo sempre foi uma coisa íntima a dois (ou a um...). Eu não sabia me tornar um safado e sair do meu padrão de comportamento quando exposto ao baixo nível que todo mundo parecia adorar para compensar suas frustrações e repressões diárias. Eu não vivia frustrado, eu era daquele jeito. E baixar o nível numa casa de prostituição como todos adoravam me enojava. Eu tratava prostituta como gente e não como saco de pancadas, e elas respondiam a mim com respeito (e até com algumas vantagens).

Enquanto "novinha" é a palavra mais usada nas pesquisas pornôs
no Brasil pela net, nos Estados Unidos a palavra é "lesbian" 

(lésbica), mas não é só porque muitos homens gostam de ver 
mulheres se pegando...
Fiquei perplexo com a capacidade de certos homens brasileiros jogarem lérias para meninas tão "novinhas" como 9 anos de idade, mas diante do que vivi na minha vida, não era para me surpreender. O lance é que as lérias agora são registradas para sempre nos meios de comunicação. Ora, porque eles seriam diferentes naquele meio? A diferença é que, por estar provado, agora pode ser levado a uma discussão mais séria, ao invés de ser chutado pra debaixo do tapete como sempre foi em nossa cultura machista através dos séculos, o que parece ser a intenção das feministas nazistas por trás destes reichstags.

De modo que estes tais de reichtags, digo, "hashtags" podem funcionar para alguma coisa boa.

E vou ficando por aqui porque este assunto não é tão interessante para mim. Afinal, não vejo muito problema com a baixaria dos homens brasileiros, eu vejo uma coisa muito maior, uma baixaria como civilização inteira, uma falta de respeito de todo mundo para todo mundo, o que é uma grande lástima. Conhecendo o brasileiro a fundo, sei que ele tem mais conversa do que ação. Quando falo isso hoje em dia geralmente vêm me dizer que agora as coisas são diferentes, pois estas drogas tipo anfetaminas eliminam a humanidade dos criminosos... seria verdade? 

E a realidade é que a sociedade brasileira nunca esteve tão embaixo na escala da decência humana, justamente quando era para estar em alta, depois desta última década de governos que deram o exemplo do que significa ser humano e pensar nos outros.

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