sábado, 24 de outubro de 2015

Bond Street

Clássico Chevrolet Camaro Z28 1970
22 Jump Street (Anjos da Lei 2)

Convidado para assistir a este filme com minha filha (tanto minha mulher quanto minha filha entendem muito bem de bromances), a princípio não gostei desta re-edição de 21 Jump Street (Anjos da Lei), mas depois de superar a repugnância pelos exageros ridículos e confiando em que minha filha gostou do filme (estava assistindo pela segunda vez), acabei voltando a dar crédito ao Channing Tatum, um candidato a meu ídolo dentre tantos outros atores. Não assisti ainda ao seu Mad Max, digo, Magic Mike, que conta sua vida como michê, ou gogo-boy, mas tenho notado que todo filme em que ele trabalha, tem muito "bond" masculino (ligações perigosas entre homens).

Cena de Ela É o Cara; Channing age certo como se ela fosse um
cara mas Amanda não ensaiou direito, ou melhor, tem mulher que
não tem jeito de se passar por homem...
Num de "seus" filmes que mais gosto, ele se apaixona por um colega de classe sem saber que é uma mulher passando-se por homem. Seu bromance torna-se realmente muito confuso, mas no final dá tudo certo como deveria ser, para o alívio de sua masculinidade atarantada. Trata-se de She's the Man (Ela É o Cara), com a adorável Amanda Bynes que para mim não convence como homem de jeito nenhum, mas no filme todo mundo inocentemente acredita.

Sinto-me muito à vontade com o Channing em seus personagens porque acredito que eles se parecem muito comigo. Aquele tipo de amizade, bromance, amor à primeira vista entre dois caras sempre me aconteceu desde meus 4 anos de idade, que é aonde até consigo me lembrar. 

Aos 4 anos tive um primeiro bromance com um cara de seus 16 (sem abuso sexual que naquele tempo isso não existia), e outro com outro garoto de 4 anos do outro lado da rua, aos 5 anos com outro de 5 anos com o quem eu andava colado diariamente, aos 7 anos com mais outro da mesma idade que por vezes me faz muita falta, e daí em diante foram vários "amores" da mesma idade, na escola, na fazenda ou numa casinha de sapê, até quando as idades começaram a variar de novo, depois dos 14 anos. Daí em diante, as idades dos meus companheiros prediletos variavam entre a mesma e mais velho, e depois dos meus 20 e poucos anos, as idades dos bromances começaram a contemplar caras mais jovens.

Lilo e Liam, da banda One Direction
Acredito que, à medida em que fui envelhecendo e amadurecendo, não conseguia mais encontrar quem acompanhasse meu raciocínio, apesar de eu ter tentado baixar minhas expectativas entre os 14 e os 18 anos, sem sucesso, para ver se me tornava mais sociável, o que funcionou mas não me satisfez. De repente ficou tudo muito superficial, medíocre e sem profundidade.

Fiquei com a impressão de que caras mais velhos se cristalizavam e não conseguiam mais raciocinar de cabeça aberta como eu, que exercitava minha criatividade, coisa que faço até hoje, enquanto que os mais novos me elegiam como modelo masculino (role model) e com isso a conversa fluia mais facilmente. Não pude evitar passar a impressão de que era infantilizado ou que gostava de caras mais novos, e ainda bem que aparentemente ninguém pensou coisa pior. Pelo menos meus novos amigos jovens não eram adolescentes nem crianças, eram todos de maior.

Parecem Glenn Greenwald e David Miranda mas são só
jogadores de tênis britânicos bros Ross Hutchins e Colin
Fleming em Loughborough, England, julho de 2005
Porém meus bromances continuaram a vida inteira, mesmo depois de casado e com filhos. Hoje ainda tenho alguns de vez em quando, que envolve jovens de 25 a 35 anos. Pesou o fato de não haver outro cara na família para me suprir esta necessidade emocional por muito tempo, já que meu pai se retirou relativamente cedo, eu não me afinava com meus primos de perto, enquanto meus primos mais afinados viviam em outra cidade. O jeito foi eleger os amigos para substituir irmãos e primos.

Que espécie de papo posso ter com um cara de 20 anos? O mesmo que tenho com meu filho, ou seja, a gente pode baixar o nível e colocar-se no lugar deles, para falar do que seriam suas expectativas pois, afinal nós, mais velhos, temos muita experiência para repassar e já passamos por tudo. A isso se chama "rapport" (harmonia, sintonia ou empatia), ou seja, a capacidade de interagir com qualquer pessoa no nível delas, como crianças e até bebês ou... cachorros. Falar a língua deles... gu, gu, dá, dá...

Contudo, sempre esperei mais dos meus bromances. Eles sempre apresentavam limitações que eu não admitia e queria mais. Este "mais" não implicava em sexo, para aqueles que já estavam se alegrando com minhas palavras ou entronxando a cara. Era uma aproximação mais íntima, mais emocional, com mais confidências, mais abraços físicos, e uma das falhas era minha mesma por não ser atleta esportivo, que não podia dividir as emoções relacionadas aos esportes que mascaram as inibições e dão vazão aos sentimentos sem censura nem estranhamentos.

Concorrência desleal em Anjos da Lei 2: Schmidt, Jenko e Zook
Basicamente o bromance do filme é entre Jenko (Channing Tatum, 35 anos) e Schmidt (Jonah Hill, neste momento com 32 anos), fazendo papéis de 18 desde o primeiro filme, mas no meio do segundo filme aparece um outro cara que ameaça a estabilidade daquela relação, arrebatando o atleta sensual e modelo do rival gordinho e desajeitado. Trata-se de Zook (Wyatt Russell, 29 anos), outro atleta do rugby que acaba levando o Jenko para seu time, com quem permanece horas a fio se divertindo, se exercitando, tomando parte em festas, muito ligados tal como se fossem namorados assexuados mesmo. Isso fatalmente afasta o "diferente" Schmidt, mas por causa do respeito mútuo e dos sentimentos reais e honestos de um para o outro, eles apenas resolvem "dar um tempo" ao continuarem na mesma "investigação", cada um fazendo seu trabalho à parte, pois são agentes de polícia.

Jenko e Zook
Até que no final, as condições de terem sido descobertos como policiais dentro de uma universidade enquanto se passavam por estudantes e irmãos, mesmo sendo totalmente diferentes tanto fisicamente quanto intelectualmente, eles passam por cenas de vida e morte que os reúne de novo por causa da preocupação de um com o outro, enquanto o novo namorado fica a ver navios.

Bem, não é bem assim, o problema foi mesmo que Jenko não poderia continuar no time da escola com Zook porque não era realmente estudante universitário. Se bem que a hipótese de poder vir a ser universitário foi cogitada. Um dos meus "sacrifícios" por um amigo de bromance foi trancar a matrícula da universidade por um ano para esperá-lo retornar do serviço militar e continuar estudando comigo. Sinto falta de todos estes caras... mas não morro não, tem sempre outros pra substituírem.

As cenas finais acontecem no que seria um Spring Break (férias de primavera) dos estudantes em Puerto Mexico, praia fictícia com cenas rodadas em Porto Rico como se fosse México, festa que geralmente é uma orgia de excessos de toda ordem. Enfim, se você conseguir superar as primeiras cenas óbvias e cansadas, você vai curtir um bom filme sobre amizade masculina incondicional, desta vez dividida em dois pares de amigos, sendo que a relação anterior retoma suas rédeas no final por causa de um sentimento maior do que a emoção de um encontro casual. Mesmo os dois Jenko e Zook, sendo bastante semelhantes, como os irmãos gêmeos do quarto da frente do alojamento, que completavam as frases um do outro e muitas vezes ambos falavam as mesmas frases em uníssono, o sentimento real mais profundo acaba ofuscando as paixões instantâneas.

Parece que estou falando sobre o romance entre um homem e uma mulher, mas tudo o que acontece entre estes casais, pode acontecer entre casais do mesmo sexo (não me refiro a gays ou lésbicas, onde o lance é diferente) no mesmo grau, mas sem o componente sexo. Posso falar de cátedra porque tive provavelmente mais de 20 bromances na minha vida, provavelmente lembro de todos eles e um dia farei uma relação.

Johnny Depp and Tim Burton estão aqui para não me deixarem
mentir
Aparência

Suponho que uns caras são mais suscetíveis e vulneráveis de "sofrerem" bromances que outros. Me arriscaria a dizer que tem muito a ver com saúde, físico e aparência, sem querer cair na superficialidade do que esta hipótese lhe parece, mas sem querer deixar também de considerar o óbvio. A aparência abre as portas, e cabe a cada um ter o poder de mantê-las abertas.

Para mim, o bromance é algo a mais do que quaisquer outras preocupações que uma pessoa possa ter, e como sei que as preocupações mais básicas nascem das aparências, a partir do bullying, da rejeição, das zombarias, dos escanteios desde a infância, e da falta de apoio dos pais ou dos adultos conhecidos, acredito que esta seja uma das preocupações básicas de todo mundo que sofreu preconceitos injustos na vida. Embaixo dos preconceitos, é difícil levar-se uma vida saudável e despreocupada para identificar-se o amor nos bromances pois tudo parece uma ameaça.

Mas uma pessoa livre sente facilidade de amar sem pre-julgamentos.

Me orgulho muito de todos os meus bromances, mesmo que eles não tenham durado toda a vida, e nem poderiam, porque no fim todo mundo segue seu destino ou acaba desenvolvendo problemas na vida que acabam sufocando a amizade, quando entra o medo, a vergonha, a competição predatória e quando entram os outros na jogada. Por exemplo, alguns dos meus bromances foram destruídos pelas esposas dos outros, enquanto no meu caso, minha esposa adotou todos os meus amigos que permaneceram, tornando-se amiga não só deles, como também e principalmente de suas esposas, em parte pela minha vontade, e em parte por ela mesma entender a importância deles para mim e suas mulheres serem pessoas de bem, tal como eles. 

Nos tornamos melhores amigos? Simp! Cedo aprendi o
conceito de melhor amigo, e que o melhor amigo do homem
é... o cachorro.
Infelizmente a maioria das mulheres nem é assim tão altruísta e resolvida quanto a minha, e também o motivo talvez tenha sido porque ela foi criada entre homens e por isso deve ter aprendido a lidar com eles. Muitas mulheres não têm a menor noção do que significa ser homem, nem sabem como lidar com eles (conosco).

E graças aos gays, hoje nós podemos assumir nossos bromances sem medo, pois também temos o direito de nos expressar. Mesmo que o que eu escrevo aqui no meu cantinho entre quatro paredes, não falo pra ninguém!

Uma reportagem na revista GoodWeekend duas semanas atrás falou sobre um clube das mães de meninos. Se a mãe tem 3 filhos homens e uma menina, não entra. Se ela tiver uma menina depois, sai. Entre as preciosidades que elas retrataram, uma fala que nós só ouvimos uma informação se nos pararem para ouvirmos, e uma de cada vez, bem clara. Aqui, em Inglês, Boys, Oh Boys (Rapazes, Ah Rapazes):

http://www.smh.com.au/good-weekend/boy-oh-boys-20150901-gjcbxi.html

Outra grande porém quase imperceptível diferença entre homens e mulheres acontece nos programas realidade chamados Bachellorette e Bachellor (Solteirona e Solteirão, dois programas diferentes que mostram na TV australiana anualmente), em que 1 mulher escolhe 1 homem dentre uns 30 no começo do show, ou caso contrário, 1 homem escolhe dentre 30 mulheres. Minha mulher notou que os homens estão sempre todos juntos, enquanto as mulheres se separam em grupinhos de fofoquinhas irritantes. Elas competem muito mais umas com as outras a fim de agarrarem o homem do que os machos fazem para agarrar a mulher. Os machos muitas vezes se divertem muito mais entre eles mesmos, enquanto as mulheres só faltam se engalfinharem como feras no cio. E isso é porque é Austrália, lugar de feministas liberadas...

Em Inglês, artigo sobre bromance no meio do programa, o marceneiro e o encanador do programa Bachelorettes 2015, Davey Lloyd e Dave Billsborrow, desfrutam do mar e gastam o tempo juntos numa praia floreada de morenas de bikini:

http://www.dailymail.co.uk/tvshowbiz/article-3280341/The-Bachelorette-s-Davey-Lloyd-Dave-Billsborrow-enjoy-frolic-sea-spending-time-two-bikini-clad-brunettes.html

João Preto é a morte que veio lhe buscar. Assim você vai?
Encontro com a Morte
Meet Joe Black

Se a morte parece com Brad Pitt, suponho que todo mundo queira ser levado por ela.

Bill Parrish é um cara que tem tudo, rico, poderoso, saudável e bem-sucedido. Porém, dias antes de seu aniversário de 65 anos, ele recebe a visita de um estranho misterioso em sua mansão chamado João Preto (o louro Joe Black) que logo se revela ser o anjo da morte que veio buscá-lo. Porém, em troca de um pouco mais de tempo, Bill concorda em servir de guia para Joe na terra. O lance é que Joe cai de amores por sua bela filha Susan.

Diversão nas suas últimas horas, Brad Pitt e Anthony Hopkins
O lance foi o seguinte: Susan conhece um estranho na rua que a seduz completamente com suas maneiras gentis e cheias de atenção, mas este cara morre imediatamente ao ser atropelado por um ônibus no meio da rua, depois de despedir-se dela no café. O anjo da morte então aproveita seu corpo (de Brad Pitt) para dar uma voltinha na terra como turista. Não sei como foi que ele consertou o corpo todinho...

No mundo de hipocrisias dos países afluentes, Joe consegue passar como sujeito exótico que, por exemplo, prefere mascar pasta de amendoin ao invés de regalar-se com um jantar sofisticado. Com dificuldade, Susan vai assimilando os fatos e o resto eu não me lembro mais, pois assisti só parte deste filme na TV recentemente, embora já tenha assistido a muito mais tempo atrás, quando comprei o CD porque era mais uma história sobrenatural neste mundo afluente que se diz ateu, mas suspeito que a cada dia as pessoas andam capitulando à evidência de algo mais do que simplesmente uma vida com dinheiro e nada mais.

Brad Pitt é um dos meus atores prediletos (principalmente por Tróia e Clube de Luta). O que vejo nele não é aparência, mas sua aparência é realmente estonteante, como devem dizer suas fãs. Para um homem, olhar para aquele rosto angelical que ele faz no filme, apesar do leve ar de capeta, nos faz temer menos a morte de verdade, principalmente quando, como Espíritas, sabemos que os "anjos" são mesmo assim, finos, angelicais e belos. Dizem que Jesus tinha um olhar irresistível, o olhar da bondade, por isso vivia rodeado de bromances.

No Brasil, as coisas espirituais estão tomando um rumo muito corajoso, porém não é de se espantar porque trata-se do país com maiores possibilidades de liderar o mundo no futuro. Admire esse estonteante trabalho de computação gráfica desta vinheta estraordinária de uma novela em sua segunda fase, segunda encarnação dos personagens, literalmente, novela Além do Tempo, da Globo:

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