quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Death in Brazil

Este é o nome de um livro do autor australiano Peter Robb, Morte no Brazil, mas o assunto deste post é mesmo um falecimento ocorrido na família.

Uma das grandes desvantagens de se emigrar para outro país, principalmente quando este é muito distante do original das nossas vidas, é ir perdendo pessoas ao longo dos anos sem estar-se junto, sem poder-se fazer absolutamente nada além de curtir as lembranças na solidão sem amigos locais pois estes não conseguem atingir o nível de amizade exigido por um nordestino clássico, fazendo-o sofrer mais do que um sulista.

Quando emigramos, não pensamos nestas coisas. Nossos filhos crescem longe da família, longe dos primos, e não tem contato eletrônico que os mantenha unidos e participantes da mesma cultura. A nova cultura então os impregna de valores diferentes da família e mesmo que eles um dia retornem, jamais será a mesma coisa e a cultura deixada jamais retomará o seu lugar em importância como devia ser caso eles não houvessem emigrado. Melhor ou pior, o fato é que a cultura se modifica e afasta as pessoas mais do que aproxima. A cultura da família grande e unida é substituída pela cultura dos simples casais, com poucos filhos e sem família por perto, onde cada um vive o mais independentemente possível, driblando a solidão com atividades.

Não pensamos na família que ficou, e achamos que férias regulares resolvem a falta e põem os assuntos em dia, mas esta não é a realidade. Por mais contatos diários que se tenha com as pessoas no Brasil, através de WhatsApp, Skype, Facebook, E-mails ou ligações telefônicas, a presença não é a mesma como fisicamente, de corpo presente, com frequência. Não se pode cuidar da pessoa quando ela precisa, dar carinho ou consolar, pois nada substitui o afago. O calor não pode ser o mesmo, o estar-se junto não pode ser substituído por meios eletrônicos, e isso continua fazendo falta.

É por isso que, ao fazermos amizades inicialmente eletrônicas, temos ânsia de encontrar a pessoa fisicamente. E o que sentimos quando não podemos mais nem sequer falar com a pessoa que conhecíamos bem porque ela faleceu?

Mel, o único alimento que não apodrece nunca, é bom pra tosse
E para piorar, a visão do país também muda, se enlarguesse, e passamos a enxergar mais coisas do que as pessoas que vivem imersas na cultura que deixamos, gerando pontos de conflito nas conversações. Mesmo você acompanhando as notícias dentro do Brasil pela internet, enquanto você diz que eles estão presos no cotidiano e não conseguem enxergar adiante, eles dizem que você está fora da realidade, vivendo no bem-bom, no paraíso e não sabe o que é bom pra tosse.

Algumas pessoas sofrem mais esta separação do que outras. Tenho notado que as pessoas nortistas ou nordestinas tendem a sentir mais falta do afeto familiar, talvez porque elas tenham famílias maiores ou mais acesso à intimidade das pessoas do que as sulistas que mais se assemelham aos estrangeiros ocidentais, que vivem mais para si próprios, preocupados com as próprias profissões, e entretidos com suas diversões acompanhadas de suas amizades superficiais que para eles é o bastante, pois é só isso o que eles conhecem. Tem a ver com a situação sócio-econômica, mais dinheiro, mais solidão, pois amor não se compra (terrível chavão, porém verdadeiro).

Sydney, a gaiola dourada
Os nordestinos, principalmente os de origem humilde, são os que mais sofrem o afastamento dos entes queridos. Alguns não aguentam muito e voltam logo, outros não voltam mas jamais se adaptam à nova cultura, sequer aprendendo a língua direito, enquanto outros assumem a vida frívola no capitalismo do primeiro mundo apregoando que isso é que é vida, mesmo vivendo presos numa gaiola dourada.

Vários outros imigrantes de outros países sofrem igualmente, como os gregos.

Já os sulistas não percebem muita diferença cultural, talvez porque eles próprios descendam com mais proximidade dos povos europeus, ou talvez por viverem uma vida mais abastada e com menos necessidades, isso os faz sentirem-se auto-suficientes e julgam que não precisam de ninguém. 

Muitas pessoas emigram fugidas de situações de débito e não podem voltar, enquanto que outras emigram ilegalmente e nem sequer têm liberdade de conversarem com outros brasileiros lá no país estranho, com medo de mostrarem os curtiços onde moram, ou explicar porque seus empregos são os piores possíveis, porque estão ilegais, já que do Brasil não foge ninguém por causa de guerra para procurar asilo político desde a era da ditadura militar nos anos 60-70.

Sub-emprego como faxineiro sem especialização, vai encarar?
Historicamente tem sido os pobres a arranjarem empregos de pouca qualificação, que menos lhes dão retorno satisfatório e bem estar ocupacional, mas capazes de lhes darem o sustento que não conseguiam no Brasil de antigamente. Por este motivo, eles são mais presos ao emprego e menos livres para decidirem ou escolherem retornar, além de não poderem arcar com muitas férias e suas famílias não terem fundos para visitá-los, enquanto os sulistas têm sido mais capazes de arranjar trabalho em áreas especializadas, o que os torna menos preocupados com a subsistência ou com os entes queridos deixados no Brasil. Divertindo-se e gastando nas férias, com movimento familiar daqui pra lá, e de lá pra cá, quando em países mais próximos, suas vidas realmente parecem melhorar.

Gaiola dourada para fazer piriquito escravo cantar mais
Indo Embora

O fato é que fatalmente, em alguns anos, pessoas da família começam a ir embora, adoecerem ou falecerem. O fato de que o emigrante não pode fazer nada o choca, o deprime, e o faz rejeitar ainda mais o país anfitrião e recusar adaptação à sua cultura desumana e utilitária. As pessoas passam a sentirem-se prisioneiras do país para onde emigraram, passam a sentir-se mal e a desejarem que as coisas não tivessem tomado o rumo que tomaram. A tendência é ignorar os ganhos e as partes boas, e exaltar as partes ruins no momento de dor, tal como faz o brasileiro de hoje em dia, que não consegue enxergar o progresso e só se apega aos problemas nacionais, como se só isso existisse. A pessoa perde a noção do todo, global.

Mas muitas fazem das tripas coração e ainda apregoam que vivem no paraíso, para que todos acreditem, mesmo sentindo-se ao contrário, a fim de não parecerem derrotadas. Outras inventam vários tipos de desculpa para retornarem de vez, permanecendo muitas vezes sem emprego, embora apregoando que têm empregos lhes esperando no país para onde haviam emigrado, mas sem conseguirem provar ou terem coragem de ir de novo. Enguanto isso, os filhos no exterior mudam-se para longe dos pais, para onde aparecerem as oportunidades, frequentemente em outros países ou continentes, deixando os pais pastando sozinhos, assistindo Netflix.

A medida física do calor humano.
Raiva, medo, desgosto, felicidade, tristeza, surpresa, neutro,
ansiedade,  amor, depressão, desprezo, orgulho, vergonha,
inveja. Felicidade e amor são muito quentes, mas o amor
esquenta as partes baixas! Depressão e tristeza são frias.
Orgulho e raiva são iguais, exceto pelos pulsos da raiva a
fim de socarem, enquanto vergonha lhe deixa realmente

ruborizado. Ver pesquisa aqui em Inglês:
http://www.gizmodo.com.au/2014/01/where-emotions-hit-you-
visualized/

http://www.pnas.org/content/111/2/646.full.pdf
Para o nordestino, acostumado com muito calor humano tanto dos parentes como dos amigos, a falta e a incapacidade de substituição o torna revoltado e deprimido, por melhor que tenham sido seus ganhos profissionais ou financeiros. Nada substitui o amor.

Quando nos lançamos na aventura da emigração, não pensamos nestes detalhes, e não existe ninguém para nos orientar, desencorajar ou dar conselhos nesta área, até porque a grande maioria das pessoas ignora as consequências de sair-se de seu meio para viver-se em outro que pareça melhor, mas que não tenha capacidade de abrigar suas necessidades emocionais, abandonando suas raízes. Elas simplesmente acham que isso não vai acontecer e que não sentirão falta.

Por ocasião deste falecimento em nossa família, de certa forma inesperado, fui pesquisar na internet material sobre a morte e encontrei os vídeos que re-publico aqui, um conhecimento que todos nós deveríamos ter, independente de religião, raça ou credo.

Cemitério vertical hi-tech para cinzas no Japão chamado Shinjuku
Rurikoin Byakurengedo
Como Espírita, sabemos que a morte não existe, mas como convencer os outros para reduzir o sofrimento deles? Atualmente estamos assistindo a uma pessoa sofrer como uma condenada porque não admite absolutamente que sua esposa que faleceu recentemente na Austrália não tenha virado pó, simplesmente.

Este primeiro vídeo de excelente qualidade faz parte do programa Transição, A Visão Espírita para um Novo Tempo, da TV Kardec online (http://www.kardec.tv/), O que Acontece Depois do Desencarne - Segundo o Espiritismo (alta definição, 27 minutos), realizado pelo Centro Espírita Caminho da Esperança, ligado à Rádio Rio de Janeiro online, A Emissora da Fraternidade. O vídeo explica o que acontece com alguém logo após o desenlace da vida:


Vocês não vão encontrar nada parecido com isso no exterior.

Site do programa Transição:


Twitter do programa Transição:


Este vídeo seguinte passou no Globo Repórter anos atrás, em 2011, Relato de Pessoas que Morreram e Voltaram à Vida NovamenteMorte, e a Vida Depois: Será Que Tudo Termina com o ultimo Suspiro? Ou a Vida Continua... 17 minutos; se morrer é assim, é a coisa mais maravilhosa do mundo:


Transcrição do vídeo acima na página da Globo aqui:


A seguir, um vídeo de animação muito antigo, de 10 minutos e baixa qualidade, mas a informação passada é o que interessa, publicado em 2009 e chamado A Vida após a Morte, Ou Vida Após a Vida! - O Nascimento, em Inglês, com legendas em Português:


Sumário do vídeo acima:
  • O espírito é energia cósmica; 
  • Ele se instala no bebê ainda na barriga da mãe num processo cíclico e não definitivo; 
  • Ele só se instala definitivamente quando o bebê dá o primeiro suspiro ao nascer; 
  • Do nascimento até os 7 anos, a criança tem consciência da fonte da vida; 
  • mente começa a se formar aos 7 anos e está completamente formada aos 14 anos; 
  • intelecto é ativado aos 14 anos e está formado aos 21 anos; 
  • Até os 28 anos há a experiência do corpo, mente e intelecto
  • Daí em diante a vida depende do auto-conhecimento
  • Se a pessoa não tem conhecimento de si mesma, de seu espírito, sua consciência restringe-se ao corpo e à mente; 
  • Por causa disso, a miséria começa; 
  • A pessoa não pode entender as situações, as coisas vão ficando mais críticas e a pessoa acaba aceitando a rigidez que bloqueia o fluxo de energia cósmica; 

  • A mente intelectual em preto-e-branco e o
    desenvolvimento completo depois da iluminação
    da criatividade emocional
  • Desta maneira ela sofre doenças, estresse e tensões;
  • Ela passa os dias sem consciência e não pode entender o propósito real da vida; 
  • Ela passa por todas as fases da vida até a morte sem cumprir o papel que veio fazer no plano terreno; 
  • Mesmo depois da morte, a rididez não permite que a consciência atinga a fonte; 
  • Por causa da compreensão errada, ela cria seu próprio céu e inferno e permanece um ser do baixo astral; 
  • Quando a pessoa começa a viver com consciência, ela está sempre em paz, em todas as situações, mesmo depois da morte; 
  • A pessoa não vai mais estar nas frequências mais baixas e vai retornar para a fonte; 
  • Pela obtenção de elevado conhecimento através do terceiro olho, viagem atral, conhecimento da morte e da vida, a pessoa adquire perfeita compreensão do corpo, da mente, intelecto, consciência e a essência da vida; 
  • Compreende que a consciência é uma combinação de energia e conhecimento; 
  • A consciência vem para este plano para ganhar mais energia e conhecimento, e para criar; 
  • Por viver todo o tempo com este entendimento, a pessoa começa a ter entendimentos mais elevados sobre a existência de toda a criação; 
  • Com este entendimento, ela se torna uma criatura miraculosa; 
  • Então o que a pessoa fala, se manifesta; 
  • O que ela pensa, se manifesta; 
  • O que a pessoa faz, torna-se uma criação; 
  • A isto chama-se "enlighment" (iluminação); 
Verdade ou não, muitas pessoas desenvolvem o intelecto mas não amadurecem emocionalmente. Elas podem tornar-se gênios, porém sem sentimentos, o que é um grande perigo. É o caso dos psicopatas.

O Intelecto

Nesta reportagem levada ao ar no Fantástico deste primeiro fim de semana de outubro, a lógica intelectual criou uma empresa, mas foi o amadurecimento emocional e a consciência que fez o diretor perambular no meio dos empregados para sentir na pele o que é trabalhar para sua empresa. Em meio a muita emoção, ele reconheceu o esforço daqueles mais dedicados e resolveu muitos problemas que para ele, em sua posição, não existiam, mas que atrapalhavam seriamente o trabalho dos empregados. Assista o vídeo aqui, Chefe Secreto Revela Disfarce e Se Emociona com Seus Funcionários:

http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/v/chefe-secreto-revela-disfarce-e-se-emociona-com-seus-funcionarios/4514664

Pedro Stivalli, sócio diretor na Adezan Indústria de Embalagens e Serviços, fabricante de embalagens industriais e prestadora de serviços de logística, foi o protagonista desta aventura (https://www.linkedin.com/pub/pedro-stivalli/84/161/b73).

Agora um filme inteiro, de 1:40 minutos e de graça, E a Vida Continua, com Lima Duarte e Ana Rosa:


Canal Chico Xavier no Youtube. A publicação deste filme no Youtube tem como finalidade única de levar o conhecimento da Doutrina Espírita para os que assim desejarem, isento de qualquer ganho financeiro ou de mérito. As informações nele contidas são de suma importância para a "evolução espiritual". Ricardo Figueira de Oliveira.

Em seguida, mais um filme (esgotado nas lojas quando tentei adquirir), Chico Xavier, completo, com 2 horas de duração:


Morte no Brasil

O livro Death in Brazil (Morte no Brasil) foi escrito por um australiano mas foi tão bem pesquisado que posso atestar que tudo o que está escrito alí é autêntico. Ele foi mais longe do que nós, habitantes do Brasil, pois jamais sairíamos na nossa zona de conforto para enfrentar polícia e pistoleiros no meio do sertão baiano a fim de descobrir mais coisas sobre cangaceiros na terra onde existiu Canudos. Ele é um escritor que realmente trabalha e no livro ele descreve o medo que o assolou ao ser cercado por aqueles, forçando-o a ir embora pastar em outras plantações.

A história se desenrola na era pré-Lula, ou seja, na pior época da história brasileira depois da ditadura militar, época de alta inflação e desesperança do povo brasileiro, cuja juventude atual não foi ensinada por seus pais sobre os perigos de voltar-se àquela situação hoje em dia.

"A Death in Brazil: A Book of Omissions" (Morte no Brasil: Um Livro sobre Omissões) - Peter Robb (nascido em 1950, em Toorak, Melbourne, Austrália).

Um aparte aqui: parece que muita gente anda intepretando estas "omissões" como coisas que ele não escreveu sobre elas, quando na realidade ele quer dizer que o Brasil tem se omitido de muitas coisas durante toda a sua história pregressa... até o governo Lula que resolveu não se omitir quanto às grandes diferenças sociais.

Investigando o passado barroco do Brasil, Peter Robb escreve sobre sua história de escravidão e da sociedade ricamente multicultural, porém conturbada, que foi herdada no rastro de quando aquela prática foi abolida no final do século XIX. Ainda hoje, o Brasil é uma nação de distância quase inimaginável entre seus ricos e seus pobres, um lugar com níveis extraordinários de criminalidade e violência. É também um dos mais belos e sedutores lugares da terra. Usando a arte, a comida e os livros de seu grande escritor do século XIX , Machado de Assis, Robb nos leva em uma viagem em um mundo como "Nostromo" de Josehph Conrad, 1904.

E vocês sabem que o brasileiro hoje é essencialmente imoral, não
(só) no sentido sexual, mas no sentido da ética e do respeito
Um mundo tão absurdamente dramático, como o atual presidente Lula em sua luta pelo poder, que poderia ter saído de uma das imensamente populares novelas de televisão do país, um mundo onde a solução dos problemas só é muitas vezes alcançada com a morte. Como todos os melhores livros sobre viagens, em "A Death in Brasil" (Morte no Brasil) você mergulha profundamente no coração de um país fascinante.

Deliciosamente sensual e fascinante, Robb torna em detalhes vívidos os prazeres intoxicantes do Brasil com relação a comida, música, literatura e paisagem uma vez que ele viaja não só através do interior do país, mas também de volta no tempo - desde os dias da escravidão até a intriga política e os assassinatos modernos. Fascinante e revelador, Peter Robb pinta um retrato multi-camadas do Brasil como um país de extremos intoxicantes e apaixonados.

Morte no Brasil, por Peter Robb, uma terra de encanto, corrupção e assassinato, veja crítica em Inglês aqui:

http://www.independent.co.uk/arts-entertainment/books/reviews/a-death-in-brazil-by-peter-robb-6167389.html

Canudos na Wikipedia:

http://en.wikipedia.org/wiki/Canudos

Crítica do The Guardian, em Inglês:

http://www.theguardian.com/books/2004/may/29/featuresreviews.guardianreview6 

Parte da crítica a este livro escrita nesta página da net, 
https://brasilbritainbridge.wordpress.
com/2010/01/22/a-death-in-brazil-por-
peter-robb/, fala que você sente que pode quase cheirar, degustar e tocar o feijão e a mandioca depois de ler as descrições meticulosas do autor sobre as comidas típicas. E que nós realmente vemos o Brasil pelos olhos do povo – todo tipo de povo – e esta e uma das forças do livro. A Death in Brazil é uma história de muitas mortes. Lendo até o final, você pode até questionar como que alguém sobrevive mais do que alguns anos neste país. Mas, o livro consegue mais do que muitos descrever a fragilidade, beleza e preciosidade da vida que existe neste grande país.

A Folha Ilustrada (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u46684.shtml) escreve: A obra de não-ficção, que recebeu elogios de publicações como "New York Times", narra as impressões do jornalista australiano durante suas visitas ao Brasil nos últimos 20 anos, em três fios condutores. O primeiro é a relação do brasileiro com a violência e a morte. O segundo analisa a importância da obra de Machado de Assis, Euclydes da Cunha e Gilberto Freyre na cultural brasileira. O terceiro reconta, com a visão do estrangeiro, o governo Fernando Collor de Mello e o assassinato de seu ex-tesoureiro, Paulo César Farias, em 1996. É daí que partem as duas acusações de plágio, tanto a de Conti quanto a de Lucas Figueiredo. 

Aqui (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u46683.shtml) encontra-se acusações de plágio pelos dois autores brasileiros, mas enquanto um diz que está sendo perseguido pela Globo, o outro diz que sua denúncia de plágio foi artigo de jornal em Sydney como sendo sua cidade natal, quando não é. Peter mora lá. A polêmica gira em torno do desfecho da era Collor de Mello, o que continua uma polêmica, apesar das explicações difíceis de convencerem.

O Observatório de Imprensa (http://observatoriodaimprensa.com.br/entre-aspas/mario-sergio-conti-26138/) chega a reproduzir as páginas plagiadas, também baseadas nas mesmas obras de consulta do próprio livro plageado. Quem plageou de quem afinal?

Como Sobreviver no Brasil

Para aqueles que realmente têm dúvidas sobre como é que se consegue sobreviver num país como o Brasil, eu vos digo.

O contraste Rocinha pobre e São Conrado rica lá embaixo, no Rio
de Janeiro, dois mundos à parte, porém muito próximos
Existem dois Brasis, o rico e o pobre. O rico inclui as classes médias tradicionais ou aquelas pessoas que galgam posição social através de esforço o que as coloca em subúrbios que abrigam famílias de melhor poder aquisitivo. Este é o diferencial básico.

Os crimes têm mais tendência de acontecerem nas classes mais baixas da sociedade, e eles só atingem as classes superiores esporadicamente, principalmente quando elementos desta sociedade extratificada se mistura com as classes baixas, por exemplo, traficando ou usando drogas, ou quando elas são expostas como alvos em localidades onde elas não deveriam estar, por exemplo, quando trafegam por vias reconhecidas como pontos de assalto e criminalidade.

Luzes, que aqui iluminam a pobreza da Rocinha, a favela ilustre,
me fascinam
Se as pessoas evitam estes locais ou tais exposições, reduzem bastante a possibilidade de serem atacadas ou assassinadas. Evitar estes locais implica em estar-se bem informado no boca-a-boca sobre quais têm sido os locais da moda em que têm ocorrido mais ataques criminosos. Mais um motivo para tornar as pessoas mais "sociais", a auto-proteção de suas classes. As pessoas falam muito e sobre tudo o tempo todo.

Além disso existem outros truques que se pode usar para driblar-se a exposição à alta criminalidade de certos locais no Brasil. Uma das formas é não ostentar. Porém a maioria dos brasileiros bem sucedidos faz questão de deixar isso bem claro para todo mundo, o que se assemelha a imaturidade. Ao desfilarem com seus carros pretos blindados e caríssimos, eles se expõem a sequestros. 

As dicas boca-a-boca instruem as pessoas sobre as mais novas técnicas de assaltos, e em posse destas informações, as pessoas permanecem em alerta e se cuidam para não serem apanhadas nas armadilhas.

Tínhamos que estacionar aqui nesta variante da
avenida principal onde, do lado direito, é o
oceano Atlântico
Certa vez fomos visitar amigos afluentes e fomos instruídos para estacionarmos na frende do prédio, sairmos imediatamente e entrarmos no prédio pela guarita de segurança sem pararmos para conversar ou olhar em volta. Aquilo nos foi transmitido com tanto medo, receio, pavor e urgência que pelo menos eu fiquei muito impressionado. Talvez realmente não fosse preciso tanto alarde, mas as pessoas preferem exagerar do que se tornarem mais vítimas dos assaltos e crimes. Mesmo sendo num bairro chique, justamente por isso suas ruas seriam alvos frequentes de ataques criminosos a pessoas desavisadas que abrem a guarda.

Fora todo o cuidado que se possa ter, de posse de todas as informações possíveis, você não pode considerar-se isento, mas pode-se considerar felizardo e "acompanhado por Deus", caso nada venha a lhe acontecer. Verdade que não se pode entregar-se tudo a "Deus" e viver-se uma vida despreocupada sem estar-se alerta, por isso é melhor ajudar a "Deus" e ficar em guarda para evitar contra-tempos e mais trabalho para Ele. 

Verdade que esta postura na vida nos torna acuados, amedrontados, covardes e ansiosos, mas este é o jeito de se viver naquele país, o que não ofusca a felicidade e alegria. Não é à toa que praticamente todas as instalações têm grades ou arames farpados, quando não circuitos elétricos ou cacos de vidros sobre os muros, para proteger esta felicidade. Visitar o Brasil chega a ser uma experiência chocante. Porém, o choque diminui quando ao longo dos anos passamos a presenciar a mesma coisa acontecendo num país como a Austrália. A 10 anos atrás eu já identificava arames farpados sobre marquises de escritórios no centro de Canberra. Também assistimos às escolas passarem a cercarem-se de grades de ferro altas e com baionetas nas pontas e pequenas mercearias instalarem grades e fecharem suas portas, sendo abertas com alarme.

Auxílio aos criminosos: ninguém vê o que acontece dentro, ninguém
vê o que acontece fora
Hoje as ruas do Brasil se parecem mais com laterais de fortalezas de guerra, com muros altos e guaritas escondidas atrás de vidros negros à prova de bala, fazendo os passantes sentirem-se desamparados nas ruas, enquanto jardins viraram garagens gradeadas e as medidas de segurança tomaram conta de todos os estabelecimentos.

Gente Fina

Quando meus filhos viam uma mulher magra, diziam, mãe, olha a mulher fina. Isso porque eles traduzem "thin" do Inglês para o Português, cujas palavras correspondentes são "fina" ou "magra" quando relacionada a pessoas, sofisticação que eles não pegam imediatamente. Eles mostravam a mulher "fina" à mãe toda vez que a viam porque ela vivia às custas do serviço social empurrando carrinhos de bebês e rodeada de filhos, cada um de uma cor e formato, de pais diferentes, passeando com seu macho alugado, o qual também servia a outras freguesias (outras mulheres que viviam do mesmo jeito) em Canberra. Nós víamos tudo, mas os assistentes sociais não viam nada, e é assim que o sistema de benefícios sociais é ineficiente, dando a quem não precisa, e negando a quem precisa.


Sortudo ou não, na minha vida jovem no Brasil, passei pelo menos por dois sufocos que me surpreenderam. Os agressores sabiam que eu era "gente fina" e me deixaram passar incólume. Em uma outra vez, ao sair de uma boate, estava havendo uma batida da polícia provavelmente à procura de drogas, e eles estavam parando todas as pessoas que saíam, menos eu, que sai normalmente, peguei meu carro estacionado e fui me embora sem que ninguém me interpelasse. Àquelas alturas eu já sabia que não "parecia" criminoso, culpado ou mentiroso, que era definitivamente um "gente fina" e que poucos agressores iriam sequer me interpelar. Outra vez deparei-me com uma gangue de rua armada de correntes e cabelos estilo moicano. Vendo-me indo na direção deles e sem chances de evitar, o jeito foi enfrentá-los e foi assim, com passo determinado e encarando-os que cruzei pelo meio deles sem ouvir sequer uma gracinha.

Tirinhas Gente Fina de Bruno Drummond, publicadas no Globo,
sátira às classes ricas, mas este termo não costuma ser empregado
unicamente para descrevê-la, ele se aplica principalmente a gente
de bem e decente, de caráter honesto.
Ou seja, os criminosos sabem quem deve ser suas vítimas, e procuram não fazer mal a quem não merece. Como eles são capazes de escolher ou detectar quem merece ou não? Para mim eles usam o mesmo "sexto-sentido" ou radar dos bons vendedores que são capazes de identificar potenciais compradores os quais reconhecem pelo jeito da pessoa, baseados em suas práticas de lidar com elas através dos anos.

Certa vez um vendedor me vendeu um carro zero quilômetro sem que eu pudesse comprovar renda, apenas pela "minha cara". Ele sabia que eu era "gente fina" e que não daria calote no financiamento, mesmo sendo aprovado fora dos procedimentos padrões da empresa. Dito e feito, foi tudo certinho para ambas as partes. Ele guiou-se pelo seu instinto de vendedor, sua prática com clientes e se deu bem.

Um detalhe é que, para mim, criminoso também é gente, e como tal, esse é o jeito como eu olho para eles enquanto todo mundo tem suas razões de ser como é.

Mas minhas teorias não devem mais ser válidas, segundo quem me ouve, por causa de drogas como ice, metanfetamina ou cristal, quando os delinquentes perdem o senso crítico e viram animais, tornando-se incapazes de detectarem quem é "gente fina" ou não. Eu escapei porque foi no passado...

O Diretor

Acabei de assistir ao primeiro episódio do seriado de TV australiano chamado The Principal (O Diretor da Escola), no canal SBS do governo. Trata-se de um novo diretor que começou a reabilitar os jovens delinquentes de uma comunidade que reúne habitantes do oriente médio e da África, incluindo muçulmanos, os quais costumam unir-se em gangues e dar dor-de-cabeça à polícia.

O Diretor da Escola. Filmes como este me dão muito orgulho
de ver gente tratando delinquentes como gente igual a eles
próprios, e os recuperando para a vida.
Situado numa escola secundária de rapazes, este drama seriado em quatro partes é sobre Matt Bashir, um professor de história e ex-vice-diretor em uma escola de prestígio de meninas, que é promovido a diretor de Boxdale Boys High. Boxdale Boys High é uma escola notoriamente violenta e difícil e o diretor Bashir é trazido por causa de sua abordagem diferente e radical com relação a reforma. A súbita mudança o coloca em conflito em todas as frentes e até mesmo deixa sua vida pessoal exposta. Ainda assim, Bashir trabalha horas extras para ganhar a comunidade local para o seu lado, prometendo mudanças, mas quando parece que ele está a fazer progressos, um estudante é encontrado morto nas dependências da escola.

No elenco, Alex Dimitriades, Aden Young e Mirrah Foulkes. Assistindo a esta série, você muda de ideia sobre as comunidades muçulmandas na Austrália e passa a entender porque eles são violentos, pela falta de compreensão de todas as partes. Logo poderá ser assistido neste site, em Inglês:

http://www.sbs.com.au/programs/the-principal

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