quarta-feira, 13 de abril de 2016

Carminha Rousseff

Este artigo foi publicado pela CartaCapital no dia 4 de abril, mas minha esposa tem assistido aos jornais da Globo online e disse que quase nada tem sido publicado nela sobre isso.

Panama Papers expõe chefes de Estado e 57 citados na Lava Jato, por Deutsche Welle (broadcaster internacional alemão para outros países), milhões de documentos divulgados mostram que empresa Mossack Fonseca criou ou vendeu offshores para nome ligados a PSDB, PMDB, PP, PDT, PTB, PSB e PSD. Deve ter tido uma falha tipográfica porque está faltando o PT:

http://www.cartacapital.com.br/politica/panama-papers-expoe-chefes-de-estado-e-57-citados-na-lava-jato

Para entender a cabeça dos brasileiros, mais perdida do que nunca, é complicado estudarmos a influência da mídia junto com as redes sociais, mas acho que João Carlos Magalhães, pesquisador doutorando na London School of Economics, onde estuda a ética das plataformas digitais e por oito anos trabalhou na Folha de S.Paulo, vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo, tem mais cacife para tentar explicar melhor do que o ignorante aqui que só confia em seus "guts" (estômago, vísceras, intuição ou coração, como queiram).

Do artigo seguinte, A Grande Mídia Alimentou a Polarização no Brasil, extraímos este texto: 

Um considerável número de documentos e decisões judiciais foram tornadas públicas instantaneamente por meio de um sistema online operado pelo Judiciário. Uma certa transparência disruptora foi a regra – uma tática raramente analisada que mudou a escala do escândalo, na medida em que publicizou um oceano de informação ao qual não apenas jornalistas profissionais tiveram acesso. A Veja está no extremo ruim do espectro. Em espiral negativa há pelo menos uma década, a ainda poderosa semanal se assemelha hoje a um tabloide barato. A revista já publicou histórias delirantes e repugnantes com a única intensão de atacar pessoalmente a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Outro momento de considerável ridículo ocorreu quando a GloboNews cobriu alegremente os imensos protestos contra o governo em uma longa transmissão, quase ininterrupta e acrítica. O Jornal Nacional também gastou uma quantidade de tempo absurda expondo as conversas telefônicas entre Dilma e Lula, sem questionar a forma como elas foram expostas por Sergio Moro, juiz responsável pela Lava Jato. Outros veículos de comunicação têm, contudo, sido mais equilibrados e suas posições anti-governo são mais matizadas. A Folha de S.Paulo e O Globo, por exemplo, têm sido ferozes críticos de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e nemesis de Dilma. A Folha publicou um editorial criticando exageros de Sergio Moro.  No último domingo, em editorial de capa, o jornal pediu, em suma, novas eleições — alinhado-se involuntariamente a grupos de extrema esquerda. 

Em grande medida, a crise tem sido experimentada por meio de e nas plataformas digitais – o que revela algo sobre os descontentes, uma vez que mais de 40% da população brasileira não tem acesso à internet.

Sim, a grande mídia é quem inventou a crise como um “fato” público. E esse grande “fato”, constituído por milhares de “fatos” menores, tem sido uma espécie de fonte oficial de informação, sendo compartilhado, curtido, encaminhado e “memetizado” milhões de vezes. Aqui reside parte da ambivalência que mencionei no início deste texto: o mesmo leitor que odeia a Globo, por exemplo, avidamente utiliza a Globo como uma fonte de informação confiável de notícias sobre a crise. Sem, imagino, perceber a extensão da contradição do ato.

O mesmo leitor que odeia a Globo, por exemplo, avidamente utiliza a Globo como uma fonte de informação confiável de notícias sobre a crise. Sem, imagino, perceber a extensão da contradição do ato.

Redes como o Facebook, que exalta e incentiva identidades “reais”, são menos propensas, ainda que nem de longe imunes, a narrativas degradantes, violentas e lunáticas (através da criação de conteúdo e compartilhamento). 

Aplicativos como WhatsApp, usados em conversas pessoais ou em pequenos grupos que não ocupam um espaço nem sequer semi-público, como as do Facebook, se tornaram um canal importante para rumores alucinantes, sórdidos e apócrifos. No ambiente confortável e privado de um aplicativo de mensagens por celular as pessoas podem soltar suas piores fantasias. Nele, é muito mais simples dizer que comunistas devem morrer, que Dilma é uma “v….”, ou gozar da deficiência física de Lula. E há que se levar em conta a enorme quantidade de “robôs” (contas fantasmas controladas automaticamente por softwares) espalhando esses boatos.

Uma pesquisa liderada por Pablo Ortellado, da Universidade de São Paulo, tocou na superfície deste fenômeno, e mostrou que esses rumores circulando em mídias sociais essencialmente opacas, como o WhatsApp, desempenharam um papel importante em como indivíduos de classe média e formalmente educados se (des)informam sobre as investigações. Além disso, o WhatsApp parece ser a ferramenta mais importante para organizar protestos “espontâneos”. A grande mídia pode cobrir esses protestos, mas não os convocou explicitamente, como pessoas e “robôs” no WhatsApp e outros aplicativos fizeram. No entanto, esse fenômeno é difícil de detalhar.

Como escreveu o teórico de mídia Roger Silverstone: em um mundo em que todos têm alguma voz, todos têm alguma responsabilidade. Em certa medida, todos que postaram, compartilharam, curtiram ou até mesmo silenciaram sobre a crise são parte do cenário que agora repudiam. Mas qual parcela cabe a cada um? Como dividir o peso de forma justa? E qual importância a chamada “nova grande mídia”,  os donos das plataformas, tem? Como as escolhas feitas por essas empresas para criar a lógica computacional de uma rede, determinando o que é visível ou invisível, afetam essa fragmentação moral? Ninguém tem uma resposta minimamente clara.

O sentimento de possuir um poder que não se sujeita a controles externos é uma das razões pelas quais amamos as mídias sociais. Podemos finalmente “ser a mídia”, com poucos limites, sem ombudsmen ou concorrentes, em meio a um excesso de informações que rapidamente apaga os absurdos que proclamamos todos os dias. O que eventos como a crise no Brasil – ou mesmo a ascensão de Donald Trump — demonstram é o que já sabíamos, mas sempre esquecemos: a liberdade de expressão é um direito individual com sérias consequências coletivas. Não temos ideia de como modular os efeitos dessas consequências em uma era de mídias personalizadas. Na verdade, não estamos nem perto.

http://politike.cartacapital.com.br/a-grande-midia-alimentou-a-polarizacao-no-brasil/

Politike é um site sobre política internacional, direitos humanos e economia criado para debater estes temas de forma aprofundada e analítica.

http://politike.cartacapital.com.br/

Politike e OxPol, o blog hospedado pelo Departamento de Política e Relações Internacionais da Universidade de Oxford, criaram uma parceria editorial para publicar uma seleção de artigos produzidos por OxPol, tanto em Inglês e Português; OxPol também publica uma seleção de artigos de politike em Inglês, que está disponível no http://blog.politics.ox.ac.uk.

OxPol visa promover a pesquisa acadêmica realizada por membros do Departamento de Política e Relações Internacionais, bem como para fornecer comentários sobre questões atuais no mundo da política. A Universidade de Oxford é uma instituição de ensino de grande prestígio, frequentemente listada entre as top cinco melhores universidades do mundo. O Times Higher Education ranking para 2015-2016 coloca a Universidade como a segunda melhor do mundo.

A mais de 50 ex-alunos e funcionários da Universidade foram concedidos prêmios Nobel; cinco deles são laureados Nobel da Paz, incluindo Aung San Suu Kyi.

Politike centra-se na análise de assuntos internacionais e questões de direitos humanos, especialmente aqueles do Sul global, e está associada com a revista CartaCapital. Em seu primeiro ano, politike atingiu mais de 400.000 page views. CartaCapital é uma das mais prestigiadas revistas políticas do Brasil - uma das três publicações mais influentes entre os executivos do país. O site da CartaCapital registra mais de 6,5 milhões de page views mensais, e tem uma forte presença na mídia social com 1,6 milhões de seguidores no Facebook e mais de 1 milhão no Twitter.

http://politike.cartacapital.com.br/politike-and-oxpol-begin-editorial-partnership/

Sobre o problema do jurídico no Brasil atual, minha mãe... do seguinte artigo de Tão Gomes, ex-diretor da Isto É e atual autor do Brasil 24/7 (www.brasil247.com), artigo de 13/12/2011, abstraí (ou subtraí?) a seguinte frase super interessante: Meu avô, Joaquim Gomes Pinto, foi juiz em Campinas nos tempos em que ser juiz ainda era uma profissão respeitável. 

Profissão respeitável!

Claro que as coisas mudaram em 2016... não?

O artigo prossegue com a notícia publicada no Estadão de domingo (em 2011), assinada pelo repórter Felipe Redondo, onde ele informa a opinião pública que os tribunais ignoram o teto constitucional e centenas de magistrados ganham mais de R$ 50 mil.

O salário de um ministro do Supremo é R$ 27,6 mensais.

Uma radiografia do problema feita pelo Conselho Federal de Justiça constatou  aberrações tipo um juiz que recebeu R$ 642.962,66. Outro que recebeu R$ 81.796,65. Há ainda dezenas de contracheques superiores a R$ 80 mil e casos em que os valores superam R$ 100 mil. Em maio de 2010, a remuneração bruta de 112 desembargadores superou os R$ 100 mil. Nove receberam mais de R$ 150 mil.

Estão me entendchieeendo?

60 dias de férias? 2 viagens a Miami e uma a Bariloche por ano? Pagamento de vantagens, inclusive auxílio-moradia, que eleva o pagamento de desembargadores, mês a mês, a R$ 41.401,95?

Não estou falando desembarcadores, são desembargadores, aqueles que desembargam...

E ninguém faz nada? A tal Sociedade Civil aceita isso e se cala, pô...

Vocês se esquecem que estamos no Brasil, gente.  Além do que não é recomendável mexer com quem usa saia. Ou seja, mulher, padre e juiz...

http://www.cartacapital.com.br/politica/os-supersalarios-da-magistratura

E para terminar, veja até onde está chegando a insanidade brasileira hoje em dia aqui, AGU Vai Processar Revista que Chamou Dilma de Louca:

http://varelanoticias.com.br/agu-vai-processar-revista-que-chamou-dilma-de-louca/

Imagine então no mês que vem!

Diz Jean Wyllys no Jornal Opção, os tempos mudaram: a canalhice travestida de "jornalismo" terá de conviver com nossa reação imediata! #IstoÉMachismo, comentando o artigo Capa da IstoÉ com Dilma gera polêmica e acusações de machismo:

http://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/capa-da-istoe-com-dilma-gera-polemica-e-acusacoes-de-machismo-62764/

Frase de capa de uma mídia completamente fora de controle, mencionada por por Clarice Cardoso na reportagem abaixo, que cutucou os feministas com vara curta:

"Em surtos de descontrole com a iminência de seu afastamento e completamente fora de si, Dilma quebra móveis dentro do Palácio, grita com subordinados, xinga autoridades, ataca poderes constituídos e perde (também) as condições emocionais para conduzir o País."

Fora de contexto, a frase passaria facilmente como sinopse das atividades da vilã Carminha, na novela Avenida Brasil. A comparação com a personagem não é esdrúxula, pois ilustra o estereótipo da mulher louca, que sob a pecha de histérica, converte-se em antagonista diante de uma plateia de homens desarmados. É apenas um dos incontáveis exemplos possíveis repetidos todos os dias por todo o Brasil.

http://www.cartacapital.com.br/blogs/midiatico/quando-a-misoginia-pauta-as-criticas-ao-governo-dilma

E é assunto que não acaba mais. Enquanto a WikiLeaks, através de seu fundador australiano Julian Assange, diz que o ICIJ (International Consortium of Investigative Journalists) esconde o jogo ao publicar apenas 1% de sua lista de 10 milhões de papéis online, censurando os outros 99%, ele se defende dizendo que está fazendo jornalismo responsável ao evitar expor as intimidades das pessoas afetadas. Entenda-se por pessoas afetadas como não obrigatoriamente gays e mostrar intimidades como dados privados e não partes privadas.

Ora, se eles publicarem tudo, como é que vão receber bolas (propinas para não publicarem certa pessoa)? Contra-producente...

http://www.dw.com/en/wikileaks-slams-panama-papers-trickle-down-strategy/a-19170435

Mas é claro que você é contra Julian Assange também, né?

Que tal Wagner Moura que fez papel de herói em Tropa de Elite?

Dilma É Vítima de um Golpe Clássico, Wagner Moura a Matarlouze em 30 de março de 2016. 

‘O que está em andamento no Brasil hoje é uma tentativa revanchista de antecipar 2018 e derrubar na marra, via Judiciário politizado, um governo eleito por 54 milhões de votos. Um golpe clássico’, diz o ator Wagner Moura; segundo ele, o país vive um Estado policialesco movido por ódio político: “Sergio Moro é um juiz que age como promotor. As investigações evidenciam atropelos aos direitos consagrados da privacidade e da presunção de inocência. São prisões midiáticas, condenações prévias, linchamentos públicos, interceptações telefônicas questionáveis e vazamentos de informações seletivas para uma imprensa controlada por cinco famílias que nunca toleraram a ascensão de Lula”, acrescenta.

https://brasilltda.wordpress.com/2016/03/30/wagner-moura-dilma-e-vitima-de-um-golpe-classico/

Antes de achincalhar com Dilma na última edição, a Isto É já havia se atrevido a achincalhar com o soberano senhor excelentíssimo Dom Cunha, Eduardo Cunha É "O Sabotador da República": 

http://www.brasil247.com/pt/247/poder/133286/Isto%C3%A9-Eduardo-Cunha-%C3%A9-o-sabotador-da-Rep%C3%BAblica.htm

http://www.istoe.com.br/reportagens/352400_HOUSE+OF+CUNHA

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